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O tempo amigo do Pato Fu


Texto: Marcelo Costa / Fotos: Liliane Callegari

O tempo vai, o tempo voa, a poupança Bamerindus nem existe mais e o Pato Fu continua intacto no posto de principal banda do lado debaixo do Equador. Todo ano surgem alguns grandes discos, algumas boas promessas, mas basta cruzar o Pato Fu que fica impossível não se impressionar (mais uma vez) com a qualidade do combo mineiro. Mesmo em um ano sem disco lançado e dedicado à carreira solo de Fernanda Takai, em cima do palco fica difícil não se render ao grupo.

O retorno da banda aos palcos paulistas esgotou duas noites no pequeno, estranho e especial palco do teatro do Sesc Pompéia. Dois shows com repertório clássico para encerrar o ano com chave de ouro. Canções do fundo do baú ressurgiram vivas e fortes e as apresentações solo despertaram a verve de frontwoman de Fernanda, cada vez mais falante, brincalhona e atuante no palco. Dudu Tsuda (Jumbo Elektro / Cérebro Eletrônico) debutou em casa assumindo os teclados.

Quem conhece o palco do Teatro do Sesc Pompéia sabe que ele é bastante particular. O palco fica no centro entre duas platéias e, dependendo do lado que o espectador fique, algo se perde – ou se sobressai. Quem optou por ficar na platéia impar, lado esquerdo, foi presenteado com uma massacrante atuação de Xande na bateria, que por vezes encobria os riffs de guitarra e a voz de Fernanda, mas que – verdade seja dita – era bonito de se ver (e ouvir).

“O Amor Em Carne e Osso” abriu o show de forma quase intimista emendando-se com “Spoc”. Foi quando Fernanda acalmou o público. “Pode deixar, não vamos tocar só lados b”. E então uma leva de hits seguiram-se noite adentro: “Perdendo Dentes”, “Antes Que Seja Tarde”, “Canção Pra Você Viver Mais”, “Made in Japan”, “Ando Meio Desligado”, “Eu”, “Uh Uh Uh, La La La, Lê, Lé”, “Imperfeito”, “Gimme 30” e “Anormal” além de canções do último disco como “30000 Pés”, “Tudo Vai Ficar Bem” e “Nada Original”.

Do fundo do baú (e a pedidos de Dudu) eles tiraram “Mamãe Ama o Meu Revolver”, mas os grandes momentos – como sempre – foram “Capetão” (infelizmente, sem a boa parte cantada pelo Ricardo). “Depois” (com dois convidados da platéia dançando no palco e engordando o vocal no refrão), as aceleradas “O Filho Predileto de Rajneesh” e “Dois Malucos”, e a balada corta coração “Agridoce”, com Fernanda a dedicando para uma garota do interior que reza toda noite para que Roberto Carlos grave uma versão.

Na volta para o bis, Fernanda chamou ao palco a pequena Nina (filha dela com o guitarrista e maridão John) para uma “participação especial” fofíssima em “Mamã Papá” “tocando” o Potchi (Totó em japonês), seu cachorrinho de pelúcia que emite sons de brinquedinhos infantis. Para encerrar, “Sobre o Tempo”, trazendo consigo a lembrança da metáfora bancária (que muitas pessoas nem sequer lembram ou viram a propaganda na época) do início do texto. O tempo, amigo, continua sendo legal com o Pato Fu. Vai, vai, vai, vai, vai… vai.

Leia também:
– “Daqui pro Futuro”, Pato Fu, por Marcelo Costa (aqui)
– “Onde Brilhem os Olhos Seus”, Fernanda Takai, por Marcelo Costa (aqui)
– “Toda Cura Para Todo Mal – DVD”, Pato Fu, por Marcelo Costa (aqui)
– Pato Fu ao vivo em Taubaté, 31/03/00, por Marcelo Costa (aqui)
– “Toda Cura Para Todo Mal” faixa a faixa por Fernanda Takai (aqui)

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