Posts from — outubro 2008
Mudhoney em São Paulo
Na porta do clube Clash, em São Paulo, na noite de sexta-feira, um tumulto de camisas de flanela e cabeludos fazia parecer que estávamos todos fazendo parte de uma locação do filme “Singles”, de Cameron Crowe (com muito menos garotas do que na película). Dentro do Clash, a sensação se amplificava e a máquina do tempo musical parecia ter jogado todo mundo nos primeiros meses de 1992. The grunge is not dead, baby.
Poucas horas antes, na região do ABC paulista, terminava de forma trágica o mais longo cárcere privado acontecido no estado de São Paulo: Lindemberg atirara na cabeça de sua ex-namorada, Eloá, e da amiga dela, Nayara. O caso vinha sendo acompanhado por todo o país e lembra uma das primeiras coberturas nacionais feitas nos EUA (retratada por Woody Allen em “A Era do Rádio”) de uma menina que caíra num fosso, e não sobreviveu ao resgate numa “vitória” da tragédia sobre a fé.
Algumas pessoas podem argumentar que não conheciam Eloá (assim como não conhecem os pedintes na rua) e que tem mil outros problemas seus para resolver, um gesto meio umbiguista que podem funcionar tanto como proteção quanto como egoísmo, cada um com a máscara que melhor lhe cabe. Em São Paulo, de duas a três horas após a tragédia, Ana Carolina, Ed Motta, Beth Carvalho e Mudhoney tentavam entreter seus públicos tocando a vida para frente.
O que diferencia o Mudhoney dos outros artistas que tocavam no mesmo horário em São Paulo é que uma das principais formações de Seattle leva ao palco uma usina de barulho com o poder de expurgar demônios. Diante de um mundo tão violento, diante de crimes brutais, diante da fome e da miséria, admiro aqueles que consigam sair de casa e cantar: “Há quem acredite em milagres / Há quem cometa maldades / Há quem não saiba dizer a verdade (…) / Eu não sei parar de te olhar”. Mesmo.
A passagem dos norte-americanos pelo Brasil visava divulgar o novo (e ótimo) “The Lucky Ones”, oitavo disco de inéditas do combo liderado por Mark Arm, que abriu o show pontualmente às 22h com três porradas, incluindo a excelente “I’m Now”. O som, no entanto, não colaborava. Era possível ouvir tudo com perfeição, mas o volume estava baixo demais para quem já havia presenciado a destruição rocker que o Mudhoney promoveu no Olympia, alguns anos atrás.
O público, hipnotizado, estava pouco ligando para o volume. Bastou Mark Arm assumir a guitarra base e soltar o riff da esporrenta “Suck You Dry” que todos foram ao delírio. Corpos flutuavam sobre cabeças enquanto a bateria de Dan Petters fazia da canção um dragster desgovernado descendo a rua Augusta a 300km por hora. Outro clássico, “Sweet Young Thing Ain’t Sweet No More”, foi recebido com flashes de celulares e mãos levadas ao alto louvando o metal.
“Touch Me I’m Sick” surgiu em uma versão mais limpa com o público cantando toda a letra assim como fez em “Hate The Police”, que encerrou o show. No bis, após a tempestuosa “Here Comes Sickness”, Mark Arm pedia encarecidamente para a galera maneirar no pogo e na porrada. “Tem gente se machucando aqui na frente, por favor, cuidado. Nós não estamos mais em 1992”, dizia o vocalista. Quase errado. Dentro do Clash, na noite de (quinta e) sexta, era 1992. Lá fora, na violenta São Paulo, já estávamos em 2008. O mundo não nos deixa esquecer…
Fotos: Liliane Callegari (http://www.flickr.com/photos/lilianecallegari/)
Leia também:
– Duas vezes Mudhoney, por Marcelo Costa (aqui)
outubro 19, 2008 No Comments
Palestra na Sercom 2008
outubro 17, 2008 No Comments
Quadro de medalhas
Participei neste domingo da 5ª Corrida Santos Dumont, em São Paulo. Eram dois trechos e, totalmente fora de forma, aceitei o convite de Lili – que vem treinando faz alguns meses – para encarar a corrida de 5 quilomêtros. Acordamos às 6 e pouco da manhã (fui dormir quase às 4h após assistir o excelente GP do Japão – que corrida!), Lili tomou um rápido café, encarei um leite frio – que sempre ajuda a diminuir a força da gastrite – e lá fomos nós para o Campo de Marte.
Não lembro a última vez que havia corrido uma prova dessas, mesmo descompromissadamente. Faz um tempo que estou buscando uma atividade para fazer amparado naquela velha máxima de que é melhor cuidar do corpo, já que a alma já era (risos). Pensei no futebol, mas é preciso uma boa turma, sem panela, que não faça você correr a toa na quadra, e isso é difícil. A natação sempre foi vista com carinho por estes lados, e ainda devo encarar uma piscina. Só preciso encontrar um bom lugar, perto e… barato.
Ainda tem o squash, inspirado no começo de “Annie Hall”, do Woody Allen. Já acertei com um amigo, já vimos o preço da quadra, mas – putz – as raquetes são caríssimas. Ainda não dispensei a idéia. Nessa vontade danada de praticar um esporte diferente de levantamento de copo e arremesso de tampinha de garrafa, correr voltou a parecer uma boa solução. Isso de manhã. Agora, com a virilha detonada e o dedão inchado, começo a pensar duas vezes (hehehe).
A corrida fluiu super bem. Acompanhei Lili, e não quis forçar muito exatamente por não ter a mínima idéia do quanto meu corpo pode aguentar depois de tanto tempo sem fazer nada (e bebendo razoavelmente). Terminamos o trecho estipulado (ainda havia uma turma de 10 quilomêtros) em pouco mais de 35 minutos (fiquei em 177 na minha categoria, Lili em 78 na dela), o que pareceu bastante razoável, mesmo com o fato do vencedor da meia maratona do Rio de Janeiro, hoje, ter feito o mesmo trecho em 14 minutos. Como lembrança da prova a organização presentou os participantes com medalhas e, então, comecei a relembrar quantas medalhas já ganhei, e foram bem poucas, viu.
Tenho uma de bronze pelo terceiro lugar nos jogos escolares de Taubaté, mil novencentos e oitenta e pouco. Eu era goleiro do time de futebol de salão, e nossa sorte poderia ter sido diferente se não tivéssemos pegado o time do Industrial (colégio famoso de Taubaté, em que vários jogadores do time treinavam no time do Taubaté num ano em que o Taubaté ainda estava na primeira divisão do Paulistão). Seguramos a pressão até os 6 minutos, quando tomamos o primeiro gol e uma avalanche na sequência: 9 a 1. Fomos disputar o terceiro lugar, e vencemos.
Outra medalha, de prata, foi de uma gincana municipal muito bacana, daquelas que movimentam a cidade e tal. Ficamos em segundo, e nunca mais me devolveram um guia de todas as Copas do Mundo que emprestei para a equipe em um quesito que dizia que tinhámos que levar uma foto da Seleção Brasileira campeã em 1970. Fora isso, tem um quarto lugar em tênis de mesa em dos jogos universitários (mas nem conta muito pois eu era reserva e joguei só uma partida), e um quinto lugar em xadrez, também nos jogos universitários.
Na verdade, meu “grande prêmio” é um pequeno troféu que ganhei na Semana de Comunicação de 1996, o de dupla campeã do 1º Campeonato de Truco da Comunicação Social. \o/. É sério. E foi muito legal ter vencido. Primeiro que as oito duplas que passaram para as oitavas de final eram duplas do curso matutino, o que permitiu muita tiração de sarro com o noturno. Segundo que joguei com um japonês do terceiro ano, pois meus dois principais parceiros – Pinda e Dadá – jogaram juntos.
A final fomos nós dois contra o Pinda e o Dadá, e mesmo eu conhecendo todos os sinais, truques e manhas dos dois, sabia que vence-los em uma melhor de três seria muuuuuito difícil. Mas o legal do truco é que você pode derrubar favoritos com blefes e, principalmente, com um casal preto. A jogada que nos deu o título é histórica na turma, por um fato inusitado. Pelo vidro da sala de aula, o Pinda conseguia ver minhas cartas, mas só foi perceber isso na última mão. Ele viu que eu estava com casal preto, e percebeu o que eu estava armando, mas não podia fazer muita coisa.
Ou melhor, podia: torcer para que o Dadá não viesse me trucando no fecha da segunda passagem. E ele veio. O Pinda quase levantou do seu lugar para tapar a boca do Dadá, que se empolgou e gritou nove após o meu seis, que já garantia o título, mas não impediu de berrar “doze, vice”. Saímos, se não engano, com algumas caixas de cerveja – que foram distribuidas para a turma – e o troféu de Campeão, o único troféu pessoal que tenho guardado em casa. Nem sei mais onde foram parar as medalhas, mas sei que, sábado que vem – se a dor na virilha deixar – vou correr no Ibirapuera de manhã. À tarde, uma cervejinha, pois ninguém é de ferro…
outubro 12, 2008 No Comments
Opinião do Consumidor: 8.6 Red
Teste de Qualidade: 8.6 Red
– Produto: cerveja
– Nacionalidade: holandesa
– Graduação alcoólica: 7,9%
– Nota: 3/5
Da cidade de Tilburg, na Holanda, surge a 8.6 Red, variante adocicada da popular 8.6, uma das marcas holandesas mais famosas no mundo. Fabricada pela cervejaria Bavaria NV, a mais antiga da Holanda (aberta em 1719, mesmo ano da produção inicial da 8.6), esta versão vermelha é uma cerveja de baixa fermentação cujo gosto artificial de cereja marca o paladar.
De sabor (que, segundo três amigos que a experimentaram, lembra muito a nossa Malzibier) e cheiro adocicado, toques levemente amargos no final e uma belíssima coloração vermelha natural, a 8.6 Red é uma cerveja com notas de malte e caramelo que, a exemplo de várias cervejarias européias, também utiliza trigo em sua fórmula, embora este ingrediente não se pronuncie. O gosto artificial de cereja marca mais.
Seu teor alcoólico elevadíssimo (7,9%) em contraste com seu sabor adocicado (apesar do amargor final) pode enganar o consumidor: cuidado, uma latinha de 500 ml (como costuma ser importada para o Brasil) pode deixar os menos experientes “altinhos” com bastante facilidade. É uma cerveja interessante para se beber de vez em quando, principalmente como acompanhamento de peixes, carnes e queijos.
No Brasil, a lata de 500ml pode ser encontrada em empórios e lojas de bebidas entre R$ 8 e R$ 11.
outubro 6, 2008 No Comments