Tim Festival: Kanye West faz “showzinho”
O míni dicionário Houaiss define a palavra “show” da seguinte forma: “espetáculo de entretenimento apresentado para uma platéia”. Olhando por este prisma reducionista, Kanye West cumpriu todos os requisitos na apresentação que fez no Tim Festival: era um espetáculo e ele entreteve a platéia. Porém, foi tudo tão pobre (telão, palco, músicas, apresentação) que dizer que foi um show seria exagerado demais.
O público era formado por pessoas que pagaram o superfaturado preço de R$ 250 pelo ingresso e iriam cantar todas as músicas de qualquer jeito. Muitos fãs – pessoas que já saem de casa gostando do show – e curiosos também foram conferir o que revistas gringas apontaram como o espetáculo do ano, e juntos estes públicos deixaram metade da nova Arena do festival em São Paulo – agora no Ibirapuera – vazia.
Não dá para entender o motivo de tanta balbúrdia sobre a turnê Glow In The Dark. O palco tenta criar um território acidentado no espaço, mas não convence e fica parecendo mais uma pista de aeróbica. As imagens no telão em 80% do show são ridículas e lembram tanto telas de descanso do Windows quanto projeções distorcidas e em pior qualidade de um Planetário.
Kanye West passa todo o tempo do show contracenando com o telão enquanto corre de lá para cá na pista de aeróbica. Ele é, segundo a voz do telão, o maior astro pop do Planeta Terra, e talvez se convença disso, tanto que fica sozinho à frente do público enquanto uma banda (hipotética, já que 99,5% do público não a viu) de nove integrantes faz a cama sonora para seu passeio pelo Universo.
A impressão que fica, após o show, é que voltamos dez anos em termos de produção de espetáculos. O show de Kanye West consegue se adaptar ao Houaiss, mas está longe de ser algo que pudesse concorrer ao título de melhor do ano, quando mais ser apontado como tal. É entretenimento que atola os dois pés no piegas enquanto posa de inventivo deixando o mais importante em segundo plano: a música. Quer uma super-produção de verdade? Espere Madonna ou U2. Kanye West é pura enganação.
– Tim 2008: Punk rave do Klaxon vs tristeza de Marcelo Camelo (aqui)
– Tim 2008: Gogol Bordello, National e MGMT (aqui)
– Tim 2007: Björk brilha no fraco Tim Festival SP 2007 (aqui)
– Tim 2006: Patti Smith, Devendra, Yeah Yeah Yeahs (aqui)
– Tim 2006: Beastie Boys são aclamados no Tim Curitiba (aqui)
– Tim 2005: Strokes, Costello e Television (Weezer e Mercury Rev) (aqui)
– Tim 2004: Libertines e Brian Wilson (PJ Harvey e Morrissey) (aqui)
– Tim 2003: White Stripes, Los Hermanos e Beth Gibbons (aqui)
Crédito da foto: Divulgação/Tim Festival
0 comentário
Faça um comentário