Mostra SP: “Monogamia para Principiantes”
“Monogamia para Principiantes”, Marc Malze – Cotação: 3/5
Felix tem 29 anos, é fotógrafo esportivo e namora Fabienne, 26, que trabalha numa galeria de arte. Eles namoram há seis anos, já tiveram vários contratempos (inclusive um rompimento em uma época em que Felix se apaixonou por uma modelo), mas vivem juntos uma vidinha feliz em Berlim até que, em férias em Paris, ele decide oficializar a relação e pede Fabi em casamento.
Fabi, com muito mais pé no chão que o namorado, reluta, mas acaba cedendo e ambos seguem a rotina de se armar um casório (avisar as famílias, escolher as flores, conversar com o padre, pensar nos padrinhos, os nomes de casado, essas coisas), e tudo corre bem até que um ex-affair de Felix retorna de Nova York e a cabeça de nosso amigo gira em falso enquanto a data da cerimônia se aproxima.
Em seu primeiro longa, o cineasta alemão Marc Malze fotografa com perfeição aquele momento em que todo homem percebe que ao declarar amor eterno para uma mulher, estará abrindo mão de todas as outras, e o que esse simples gesto acarreta. Em um roteiro simples e bem resolvido (assinado por Lars Kraume), “Monogamia para Principiantes” reluz o brilho inocente das boas comédias românticas.
Felix não sabe direito o que quer da vida. Ama o trabalho de Sebastião Salgado, mas no primeiro momento em que se vê em um campo de guerra retorna correndo para as odiosas pautas de esporte. Ele ama Fabi, mas gostaria de poder se apaixonar por Johanna, embora descubra que a paixão fugaz não substitui um verdadeiro amor numa relação que lembra muito o obrigatório texto “Compromisso”, do livro do Tony Parsons.
Em certo trecho, Parsons diz que “encontros de uma noite nunca deveriam acontecer. Ou a experiência é boa o suficiente que deveria ser repetida. Ou é ruim e nunca deveria ter rolado”. Quando, em certo momento do filme, Felix encontra Johanna, o espectador torce para que ele não cometa o erro (óbvio e clichê), mas erros óbvios e clichês foram criados para serem cometidos, e vai de cada um lidar com as conseqüências.
No fim, o mundo acaba (e não acaba sempre?) para recomeçar um dia (e recomeça, você sabe). Entre as dúvidas eternas do amor eterno e a felicidade de se ver traduzido no olhar de uma outra pessoa, “Monogamia para Principiantes” funciona como um divertido dicionário de erros românticos. Quer saber uma coisa: enquanto você for principiante, você vai errar. Mas não tem problema, a gente nunca aprende mesmo. Amém.
Leia também:
– “Disparos do Front da Cultura Pop”, de Tony Parsons, por Marcelo Costa (aqui)
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