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Posts from — setembro 2008

Oito meses de Wonkavision

Desde o começo do ano que o Wonkavision posta mensalmente uma música nova em seu endereço virtual, mas é claro que a gente se perde na correria do dia a dia, e esquece de ir lá baixar. Hoje eles devem estar postando a canção de setembro, mas mesmo assim as outras oito faixas estão lá para download, coisas como “O Impar Perfeito” (uma das cinco grandes canções do ano), “Rebobinar”, “Tanto Faz”, “Double Dealing” e “A Farsa Que Eu Fracasso Em Ser”. Está tudo abaixo:

setembro 30, 2008   No Comments

Uma frase

“Estamos todos na sarjeta, mas alguns ainda olham as estrelas”
Oscar Wilde

setembro 29, 2008   No Comments

Música: “Adorata EP”, The Gutter Twins

Greg Dulli passou os anos 90 infernizando o mundo com melodias apaixonadas entre o rock e o soul, letras surrealistas e pornográficas e muito barulho com sua banda, o Afghan Whigs. Nos anos 00 decidiu começar tudo de novo, engavetou os Whigs e criou o Twilight Singers, que lançou cinco álbuns até o momento. Agora é a vez do Twilight Singers ir para o banco de reservas e ceder lugar para o The Gutter Twins, projeto de Dulli ao lado do amigo Mark Lanegan.

Mark Lanegan, você conhece: é um dos caras acima de qualquer suspeita no cenário rocker mundial. Era vocalista do ótimo Screaming Trees e quando, em 1989, foi gravar sua estréia solo, chamou amigos para participarem da gravação. Na mítica cover de “Where Did You Sleep Last Night”, de Leadbelly, ele conta com o auxilio de Kurdt Kobain (grafado exatamente assim) na guitarra e Chris Novoselic no baixo, núcleo da banda que viria a ser conhecida três anos depois como Nirvana.

Nos últimos anos, Lanegan se especializou em participar de grandes projetos seja ao lado do Queens of The Stone Age (com quem gravou – entre outros – o matador “Songs For The Deaf”, um dos dez melhores discos da década independente dos outros nove), com Isobel Campbell, ex-Belle and Sebastian (parceria que já rendeu dois álbuns), Soulsavers (o belíssimo “It’s Not How Far You Fall, It’s The Way You Land”, de 2007), fora participações em álbuns de PJ Harvey, Melissa Auf der Maur e muitos outros.

Mark Lanegan já vinha colaborando com Greg Dulli nos discos do Twilight Singers e costumava marcar presença em alguns shows do grupo (é famoso o áudio de um show devastador do grupo acrescido de Lanegan em Bruxelas, 2006), o que facilitou o processo de criação do The Gutter Twins, cuja estréia oficial se deu em março com o lançamento do álbum “Saturnalia”, pelo selo Sub Pop, e agora retorna ao mercado – apenas via iTunes – com “Adorata”, um EP caprichado com oito faixas redentoras.

“Adorata”, assim como os shows de Dulli e Lanegan, é recheado por covers inusitadas que vão de Primal Scream e Scottt Walker, passam por José Gonzalez e Vetiver  e inclui uma “Flow Like a River”, do Eleven, banda que conta com Jack Irons, ex-baterista do Red Hot Chili Peppers e do Pearl Jam, e Natasha Shneider, amiga dos músicos e membro do Queens of The Stone Age, que morreu de câncer no começo deste ano. Parte da renda da venda do EP será destinada para a ONG Natasha Shneider Memorial Fund.

Boa parte de “Adorata” foi gravada parcialmente ao vivo durante as sessões de “Saturnalia” com Greg Dulli alternando-se entre vocal, piano, guitarra e, inclusive, bateria, e Mark Lanegan segurando o microfone. O EP abre com a suave versão de “Belles”, do Vetiver (banda próxima a Devendra Banhart), que mantém a leveza folk da canção inserindo uma bateria sincopada, mellotron e harmonium marcantes e uma bonita guitarra espacial afastada na mixagem.

“Down The Line”, um dos cavalos de batalha de José Gonzàlez, surge acelerada numa versão contagiante que destaca belíssimos trechos de violino. “Deep Hit Of Morning Sun” deixa a eletrônica da versão original do Primal Scream para valorizar a linha vocal e a explosão de guitarras no refrão. Por sua vez, “Flow Like A River”, do grupo Eleven e uma das grandes canções de “Adorata”, lembra a versão original de “Deep Hit Of Morning Sun”. Destaque para o poderoso refrão grunge.

“St. James Infirmary” é uma trágica canção tradicional de autor desconhecido composta entre o final do século 18 e o começo do século 19 e que narra a desventura de um homem que ao ir ao hospital descobre que perdeu seu filho e sua mulher no parto. Lanegan já havia gravado uma versão em dueto com Isobel Campbell, mas está versão de “Adorata” impressiona com uma melodia mais forte e densa que materializa sua tragicidade embalada pela marcação blues e com órgão ao fundo.

“Duchess” vem na seqüência numa versão folk tão suave e fiel ao arranjo original que faz sorrir. Gravada por Scott Walker em “4? (de 1969), a canção favorece o tom vocal de Mark Lanegan, que emociona. Para o final, duas belas faixas inéditas gravadas em sessões na California: “Spanish Doors”, com arranjo orquestral e um crescendo mortífero, e “We Have Met Before”, típica canção de Greg Dulli, que começa leve e explode levando todos os instrumentos consigo.

Com “Adorata” e “Saturnalia”, Greg Dulli e Mark Lanegan entram na briga pelo posto de melhor álbum de 2008, o que não chega a ser surpresa para quem acompanha a qualidade do trabalho destes dois interpretes em versões como “Live With Me” (Massive Attack), “Hyperballad” (Bjork) e “A Love Supreme” (John Coltrane), covers registradas em álbuns do Twilight Singers e que já davam uma pequena amostra do que poderia render essa parceria. Aproveite.

“Adorata”, The Gutter Twins (One Little Indian/Sub Pop)
Preço em média: US$ 0,99 por música via iTunes
Nota: 9

setembro 29, 2008   No Comments

Medeski, Martin and Wood em SP

“Por favor, você conseguiria o set list para mim?”, peço a uma das pessoas do backstage assim que o trio Medeski, Martin and Wood deixa o palco do Sesc Vila Mariana na segunda noite (esgotada) de passagem por São Paulo após mais uma apresentação irrepreensível. “Eles não usam set list, usam partitura”, responde um dos técnicos. Sentiu o clima?

Não é o fato minúsculo de usar partitura que faz de uma apresentação do trio de power jazz algo espetacular, mas, sobretudo, saber que eles sabem exatamente o que estão fazendo sobre o palco. E, olha, não deve ser nada fácil. Os arranjos de cada canção são intrincados e complexos, o que não torna o som difícil, muito pelo contrário: o que sai pelas caixas é envolvente e empolgante.

Em duas horas de excelente música, Medeski (alternando-se entre piano de cauda, órgãos e teclados), Martin (com seu kit de bateria cuja até a “lataria” serve como ambiente de som) e Wood (entre o contrabaixo elétrico e o baixolão acústico) confirmaram a expectativa de mais um show para a lista de melhores do ano em uma apresentação mais barulhenta que a de 2006, e tão sensacional quanto.

setembro 28, 2008   No Comments

Gripe, febre e outras cositas

Após dois dias fora do iG e do MSN num curso promovido pelo RH chego em casa completamente detonado. A gripe que me atacou na madrugada e tomou minha garganta já ferve minha testa em febre e me fez ter vontade de ouvir… Raimundos. Vou me enrolar no edredom, colocar algum DVD e apagar deitado na sala. Espero não ficar o fim de semana todo assim. Passei o Skol Beats, mas domingo tem Macalé recebendo Luiz Melodia e Adriana Calcanhoto. Quero ir. Ou ao menos tentar. E quero ainda escrever um texto sobre o “Blindness” além da brincadeira ai debaixo… risos. Deixa só a febre ir embora…

Atualizando o post no domingo à noite:

Ps1: o texto sobre o Blindness está ai embaixo.

Ps2: show solo do Jards Macalé é altos; do Luiz Melodia, idem; da Adriana Calcanhoto já não posso dizer o mesmo (eu morreria de tédio numa apresentação inteira dela, mas quatro músicas até tem como aguentar), mas os três juntos acompanhados por uma banda beeeem mediana e com o filho do Waly Salomão declamando os poemas do pai, desculpa, mas preciso dizer: é chato demais.

Ps3: a febre foi embora…

setembro 26, 2008   No Comments

Cinema: “Ensaio Sobre a Cegueira”

“Ensaio Sobre a Cegueira”, de Fernando Meirelles – Cotação 3/5

Antes de qualquer coisa acho importante dizer: eu não li o livro (ainda). Amigos e muitos críticos reforçam a fidelidade do roteiro ao livro, mas quando digo que não li estou me despindo de uma pretensa comparação entre literatura e cinema, e também de uma expectativa formada no âmago (muitas vezes inconscientemente) que procure respostas emocionais que transformem a ansiedade em algo tocável e reconhecível. 

O desconhecimento da história torna o espectador refém do roteiro, inevitavelmente, afinal ele não sabe o que vem pela frente e por experiência, destreza ou chute forma pequenos núcleos opinativos em sua mente que caminham para lá e para cá conforme a fita vai desenrolando na tela. É um jogo interessante entre diretor e espectador que, quando bem executado, gera filmes inesquecíveis.

“Ensaio sobre a Cegueira” nasce valorizado como história. Baseado na obra homônima do escritor português José Saramago, agraciado com o Nobel de Literatura em 1998, a história é devastadora. Aborda uma epidemia de cegueira em uma cidade qualquer que começa infectando um homem e, depois, toma toda a população e a joga em uma espiral de desencontros cujos valores são esquecidos.

O tema é caro a vários escritores – “A Peste”, de Albert Camus (cujo inimigo também é uma epidemia), “O Macaco e a Essência”, de Aldous Huxley (a fumaça negra causada pela bomba nuclear em uma terceira guerra mundial devasta a civilização) e mesmo “Blecaute”, de Marcelo Rubens Paiva (com três amigos criando em uma São Paulo devastada) – cujo pessimismo em relação à humanidade fica evidente.

Para esta adaptação, Fernando Meirelles cercou-se de alguns dos seus colaboradores (César Charlone na fotografia, Daniel Rezende na edição) e de um time estrelado de atores do qual fazem parte Julianne Moore, Mark Ruffalo, Alice Braga, Don McKellar, Danny Glover e Gael Garcia Bernal. O filme foi rodado em Toronto, no Canadá, em São Paulo e Osasco no Brasil e Montevidéu no Uruguai, e apesar de todo o esforço o resultado soa… incompleto, distante.

Se o roteiro de “Ensaio sobre a Cegueira” é fiel ao livro, e o livro é um clássico da literatura moderna, qual o motivo do filme não funcionar? Talvez seja a opção da direção em torná-lo distante de seu público. A estilização fotográfica é belíssima, mas inibe o espectador que acaba por fim não se envolvendo com a história, por mais que a história seja envolvente.

Colocado na posição de observador, o espectador enfrenta um segundo problema, talvez o maior do filme: a sujeira visual exibida nos corredores, nos destroços de ruas famosas de São Paulo é muito maior do que a sujeira moral proposta pelo roteiro. Fernando Meirelles parece ter amaciado o formato visual do discurso para não chocar o público, e a sujeira moral é um dos grandes atrativos de “Ensaio sobre a Cegueira”.

Meirelles já havia feito o mesmo em “Cidade de Deus” alcançando um resultado excepcional ao contar a história da favela carioca com um certo tom de humor, câmera e edição frenéticas e muita ação, opções que amaciavam a realidade dura de um território dominado pelo tráfico de drogas, vivendo chacinas recorrentes e com “governantes” locais que desafiavam o Estado.

Em “Ensaio sobre a Cegueira”, porém, a opção parece não funcionar. As cenas estão ali, mas não causam impacto. A derrocada da sociedade na visão de José Saramago é completamente pessimista, e não dá para o público ficar alheio a esta visão. Porém, tudo se apóia na belíssima metáfora da cena final, lírica, dos cegos que vêem, pois o espectador deixa a sala achando que a humanidade tem solução, mesmo com toda barbárie exibida minutos antes.

Entre a sutileza do discurso cinematográfico e a metáfora deslumbrante de seu final arrebatador (e talvez rápido demais – o que pode escapar ao público), “Ensaio sobre a Cegueira” está longe de ser um filme ruim assim como também não exibe os dotes tão caros a um filme clássico. Fica no meio do caminho e até pode abrir os olhos de algumas pessoas, mas o mérito será muito mais do paciente do que do médico. Não será sempre assim?

setembro 26, 2008   No Comments

Música: “The Best of The Rykodisc Years”, Josh Rouse

Entre 2001 e 2005, Josh Rouse era contratado da gravadora Rykodisc tendo lançado pelo selo norte-americano três álbuns e um EP. A Ryko ainda distribuiu seus dois primeiros álbuns e o EP “Chester”, em parceria com o grande Kurt Wagner, líder do Lambchop. Afundado em copos de bebida, ao final do contrato com a Ryko, Josh Rouse decidiu começar vida nova longe do álcool em um vilarejo espanhol passando a lançar seus álbuns de forma independente (e dali surgiram preciosidades como “Subtitulo” e “Country Mouse City House”).

“The Best of The Rykodisc Years”, coletânea dupla recém-lançada, deixa de lado esses últimos três anos felizes do compositor (que além dos álbuns citados ainda incluem-se alguns EPs, um deles dividido com a namorada espanhola Paz Suay) e centra-se no que o próprio Josh Rouse define como sua “primeira fase”, período que o levou a ser apontado por algumas publicações com uma mistura bem azeitada do ex-lider dos Replacements,  Paul Westerberg, com a fase jovem de Tom Petty e, ainda, Morrissey.

Entre as faixas de “The Best of The Rykodisc Years” está o “crème de la crème” dos belíssimos álbuns “Dressed Up Like Nebraska”(1998), “Home” (2000), “Under Cold Blue Stars” (2002), “1972? (2004) e “Nashville” (2005). A seleção feita pelo próprio músico foi rigorosa e matemática. São três faixas de cada um dos dois primeiros álbuns mais quatro de cada um dos três discos seguintes e, ainda, “65?, do EP com Kurt Wagner. No total, o CD 1 compreende 19 faixas que resumem a primeira fase de Josh Rouse.

Da estréia surgem a acelerada “Late Night Conversation” e a balada “Invisible”. De “Home” marca presença o pungente hit “Directions”, que até embalou cena de amor entre Tom Cruise e Penélope Cruz no filme “Vanilla Sky”. Já “Feeling No Pain”, de “Under Cold Blue Stars”, traz até microfonia na abertura enquanto o ponto álbum do primeiro CD (e da primeira fase do cantor) se concentra nas oito faixas maravilhosas retiradas da dobradinha “1972?/”Nashville” (o verso de abertura de “Streetlights”, que fecha o CD 1, é de arrepiar).

A segunda parte de “The Best of The Rykodisc Years” é composta totalmente por raridades, entre elas seis versões nunca lançadas oficialmente. As primeiras seis faixas deste segundo CD foram lançadas em 2001 no EP de edição limitada e fora de catálogo “Bedroom Classics Vol. 1? e destaca, entre outras, a primeira versão de “Sad Eyes”, de uma crueza que emociona muito mais do que a versão original lançada no álbum “Nashville”, e o altcountry “A Song to Help You Sleep”.

Aparecem em versão demo “Suburban Sweetheart” (cuja versão final abre o álbum de estréia do cantor), “Flair”, “Christmans With Jesus”, “Be On The Lookout” (que viria a ser “Little Know It All”, do álbum “Home”) e “Camping in Copenhagen” (demo de “Summer Kitchen Ballad”). Dois outtakes inéditos marcam presença na coletânea: “Cannot Talk”, gravada nas sessões de “Dressed Up Like Nebraska” e a lírica “Princess on the Porch”, das sessões do álbum “1972?.

Num total de 32 canções, “The Best of The Rykodisc Years” lança luz sobre uma belíssima obra cuja estréia completou 10 anos em 2008. Apesar de todo esse tempo, Josh Rouse não se transformou em um astro pop, o que pode dizer muito sobre a incompetência da indústria tanto quanto sobre a personalidade fechada desse compositor que aposta na força das boas canções. Um bom número delas está presente nesse disquinho que pode tirar a alma de muita gente da lama. Ou como diria o próprio: “Canções especiais para pessoas especiais”. Ele fez a parte dele. Agora cabe a você fazer sua: ouvir.

“The Best of The Rykodisc Years”, Josh Rouse (Ryko)
Preço em media: R$ 55 (importado)
Nota: 9,5

Leia também:
– Josh Rouse ao vivo em São Paulo, por Marcelo Costa (aqui)
– “Country Mouse, City House”, de Josh Rouse, por Marcelo Costa (aqui)

setembro 22, 2008   No Comments

Jim Morrison vai ressucitar…

… para dar umas bifas no Noel Gallagher. A introdução de “Waiting For The Rapture”, faixa três do novo disco do Oasis, é descaradamente chupada de “Five To One”… ou será uma citação com crédito para os Doors? Duvido, mas vamos ver o que vem pela frente.

setembro 22, 2008   No Comments

Domingo de chuva

Que o dia de hoje seja muuuuuuito melhor que ontem…

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Ok, promete. Vazou o disco novo do Oasis e tem Martin, Medeski and Wood à noite no teatro do Sesc Vila Mariana, concorrente sério entre os melhores shows do ano.

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Ontem revi “Um Sonho de Liberdade”. Que filmaço, hein. Roteiro, interpretações, fotografia, tudo no devido lugar. Vi em casa, mas estou sentindo uma falta danada de cinema. Acho que meu enjôo constante e as dores de cabeça são falta de cinema…

setembro 21, 2008   No Comments

Repostando posts antigos

Ontem o pessoal da firma fez um happy hour para encontrar um amigo querido que saiu do iG e foi para Abril. Entre cervejas mexicanas e burritos conversamos muito sobre Friends e Seinfeld. Eu fiquei horas tentando lembrar de um episódio do Seinfield que eu tinha achado foda quando vi uns anos atrás, mas quem diz que a minha memória funciona? Aliás, sobre o que eu estava falando mesmo? (risos). O fato é que estou com o coração apertado por algumas bobagens, e escrever sempre foi – e sempre vai ser – a maneira de aliviar um dia de merda na vida.

Por outro lad0, desde que estreei a Calmantes com Champagne 2.0, meu modo de lidar com este blog mudou. Antigamente ele era beeeem mais pessoal (e acho que mais divertido) enquanto hoje em dia o vejo mais informativo (e menos divertido). Essa percepção me faz pensar em procurar encontrar o meio termo entre o antigo e o novo, algo que não sei se vou conseguir, mas que vou tentar. E assim que fui procurar por aquele post antigo sobre Seinfield da versão 1.0 bateu uma vontade danada de repostar aquele pensamento aqui. Então vai. Não estranhe se você achar que já leu isso. A chance é grande… (hehe)

De 09/02/2006

Assisti nesta manhã ao episódio piloto da série Seinfeld, que abre o box especial com as duas primeiras temporadas do programa. Acho que devo gostar da série conforme ela engrenar. O episódio piloto tem vácuos e buracos que o próprio Seinfeld assume no making of. Não traz cenas antológicas, mas é bem interessante. No entanto, o que me faz escrever dele aqui é o tema, bem sacado, e bem desenvolvido no final do episódio: como os homens confundem os pseudos-sinais das mulheres.

É mais ou menos assim: Laura, uma garota que Jerry conheceu em uma viagem, liga para ele avisando que estará em Nova York para um seminário, e que gostaria de vê-lo. A pergunta que fica é: “Por que ela ligou? Será que ela está interessada em algo? Será que vai rolar algo?”. Bem, corte para a véspera da chegada da garota. Ela liga à noite perguntando se pode dormir na casa dele, porque não encontrou um quarto de hotel vago. O amigo George dispara: “Devem existir milhões de quartos de hotéis em Nova York. Como ela não encontrou?”. No dia seguinte estão os dois esperando Laura no aeroporto. Jerry a recebe, a leva pra casa. Ao chegar, diz para que ela se sinta à vontade. Ela tira o sapato, coloca os pés no sofá. Ele oferece pão, chá. Ela pede vinho e pergunta se pode diminuir a luz. Ele se empolga. Ela pergunta se pode ficar um dia a mais e eles fazem planos para o dia seguinte. Nisso toca o telefone e é o… noivo de Laura. No monólogo final, Jerry define sabiamente:

– Juro que não faço idéia do que as mulheres pensam. Eu não entendo, certo. Eu não capto os sinais. As mulheres são muito sutis. Tudo o que fazem é muito sutil. Os homens não são sutis. Nós somos óbvios. Elas sabem o que eles querem. Eles também. O que nós queremos? Mulheres. É isso. É a única coisa de que temos certeza. Como conseguir mulheres? Isso não sabemos. Nós ignoramos o passo seguinte. O incrível é que ainda conseguimos mulheres. Os homens estão com mulheres. Você os vê com elas. Como eles conseguem mulheres, muitos se perguntam. Vou contar um pouco sobre a nossa organização. Onde estiver uma mulher, tem um homem trabalhando na situação. Ele pode não ser o melhor dos homens. Há muitas áreas para cobrir, mas alguém da nossa equipe sempre estará no local. Por isso ficamos chateados quando vemos mulheres lendo artigos “Onde conhecer homens?”. Nós estamos em todos os lugares.

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Vamos combinar que a opinião do Jerry Seinfeld é um bocadinho machista (risos). Mas ele têm razão em muitos pontos, principalmente quando diz que nós, homens, nunca entendemos os sinais ou seja lá o que for que vocês, mulheres, deixam escapar aqui e ali. Não entendemos e isso é um fato. Uma amiga querida me prometeu um manual que irá versar sobre ser homem e amigo de uma mulher. De cara me lembro do Harry (de Harry & Sally – Feitos Um Para o Outro) defendendo que homens não conseguem ficar amigos das mulheres. É uma generalização tola, mas que também tem seu fundo de verdade. Acredito que podemos sim ser amigos de mulheres, mas a admiração (tanto física quanto de personalidade) muitas vezes pode levar um casal de amigos a se transformar em um casal de namorados. Há problema nisso? A Cá, que irá fazer o manual, diz que temos que ser mais claros em nossos intentos: ou queremos ser amigos ou queremos ficar com elas. Não vejo isso de forma tão simples. Primeiro porque o interesse pode surgir com o tempo. Segundo porque uma boa parcela de nós homens é romântica. A gente não vai sair por ai dando em cima das amigas apenas porque descobrimos que estamos afim delas. Há um momento x para isso acontecer. A gente espera esse momento pacientemente. E quando acontece a gente erra tudo, mas tudo bem. O problema é sempre o risco de se perder uma amizade especial pelo simples fato de se querer estar um pouco mais próximo do que amigos podem ficar. De repente, aquilo que não era nada pode se transformar em uma bela história de amor. Ou não. O fato intrigante, na verdade, é o quanto confundimos os sinais. Pelo começo que tive em 2006, desisti de entender estes malditos sinais (risos). Só cometo erros, e tudo bem que apaixonados só vivem cometendo erros, mas às vezes tudo parece tão claro, tão claro, mas tão claro, que é impossível imaginar que seja outra coisa. E é outra coisa. Quase sempre é outra coisa. Seria tão mais fácil se tudo fosse mais simples, não? Seria, mas nunca é simples. Depois dizem que nós, homens, não entendemos as mulheres. Eu ainda acho que não precisamos entender as mulheres, precisamos apenas ama-las. Mas para se amar é preciso entender um pouco de sinais. Alguém tem um manual prático ai?

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Me lembrei de Bob Dylan: “É impossível amar e ser esperto ao mesmo tempo”. Anote.

setembro 20, 2008   No Comments