Posts from — agosto 2008
Correndo sem parar
Ando ausente, eu sei. E não é por vontade, mas sim falta de tempo mesmo. Desde que voltei de viagem tudo tem sido uma correria só. Das obrigações, nesta segunda de manhã teremos a entrega do Prêmio Caixa de Jornalismo, do qual sou um dos jurados. Ainda preciso finalizar as minhas leituras (mais uns dez textos), mas a partir de segunda deve sobrar um pouquinho mais de tempo para, inclusive, ouvir a estréia solo do Marcelo Camelo (ih).
Na sexta, pulei de um bar para o outro. Passei com os amigos da “firma” no Drake’s Bar para tomar sorvete de Guiness, e acabei topando três cervejas do meu top ten europeu: Leffe (a Blonde e a Brune), Hoegaarden e a Duvel. Anotações feitas. Agora só faltam sete… De lá, eu e Lili fomos encontrar uma amiga no Bar do Juarez, uma das melhores picanhas da cidade. Foi passadinha rápida (mesmo assim chegamos às duas em casa), pois a sobrinha Gabriela estaria em São Paulo num torneio de xadrez, sábado de manhã.
Deu para dar uma passadinha rápida no Clube Paulistano na hora do almoço no sábado, voltar com mais calma ao Juarez para uma tarde de picanha, e chegar em casa umas 18h para começar a desbravar o box “Anthology”, dos Beatles, que finalmente encontrei em um preço pagável (eu só tinha os CDs e o livro). Deu para assistir aos dois primeiros episódios entre alguns sets do US Open, e não se surpreender muito (é aquilo mesmo, né?).
Domingo é dia de almoçar na casa de amigos. Ainda tenho que terminar de ler os textos (quero linkar um, em especial, aqui), pensar se vou de clássico nacional ou de novidade gringa no disco da semana, e preparar a agenda de shows pessoais. Tem Lestics na Livraria da Esquina, quarta dia 3 (Rua do Bosque, 1254), Laurie Anderson no Sesc Pinheiros, sexta dia 5, e Orloff Festival no Via Funchal no sábado. Repito: Pelle é responsa e o Hives ao vivo é showzão. A gente se vê lá, mas eu volto antes.
agosto 31, 2008 No Comments
“Jukebox”, Cat Power
“Jukebox”, oitavo álbum da carreira de Chan Marshall, chegou às lojas no final de janeiro deste ano, mas não chamou a minha atenção. O segundo álbum de covers da cantora – o primeiro, “The Covers Record”, foi lançado em 2000 – veio na esteira da beleza de “The Greatest”, de 2006, e por alguma conjunção cósmica passou pelo meu MP3 Player voando. Em Londres reencontrei o álbum com capinha metalizada semelhante a dos vinis e um CD extra com cinco faixas bônus. Foi ouvir novamente e… me apaixonei.
Tento rememorar os sentimentos de janeiro, mas poucas coisas daquelas audições retornam a minha memória castigada por aventuras e desventuras. Lembro que o disco soava calmo e elegante no começo, momento em que Cat Power usava para ninar seu ouvinte preparando-o para o final, mais denso. Não sei o que foi que me afastou do álbum naquele período, mas devemos sempre testar o limite de nossas primeiras impressões, para o bem e para o mal.
A construção do repertório de “Jukebox” lembra muito o de “The Covers Record”: nos dois discos temos canções de Bob Dylan (”Paths of Victory” em um, “I Believe in You” em outro), clássicos incontestes em versões deliciosamente pessoais (”I Can’t Get No Satisfaction”, dos Stones em um; “New York, New York”, famosa com Frank Sinatra e Liza Minelli em outro) ou mesmo revisões próprias (”In This Hole”, do álbum “What Would the Community Think?” em um; “Metal Heart”, do “Moon Pix”, em outro).
Porém, se o modo de escolher o repertório atrai semelhanças, a forma com que Chan Marshall recria as canções é totalmente diferente. Se “The Covers Record” era um trabalho mais intimista, centrado no violão da cantora, “Jukebox” é um trabalho conjunto entre artista e banda, no caso a The Dirty Delta Blues Band (quarteto acrescido de mais cinco nomes em estúdio), grupo que a acompanha desde as gravações de “The Greatest”, em Memphis, em 2006.
A diferença do modus operandi faz com que o apelo indie dos primeiros álbuns desapareça cedendo lugar a uma sonoridade classuda que transpira charme, elegância, suingue e romance. “New York, New York”, “Lost Someome” (James Brown), “Aretha, Sing One for Me” (George Jackson), “Ramblin’ (Wo)Man” (Hank Williams) e mesmo o blues tradicional “Lord, Help The Poor and Needy” são convites a dança (com uma pessoa qualquer, com o ar ou uma taça de seu alcoólico predileto).
Interessante: Cat Power precisou parar de beber para fazer música para bêbados (de amor, desamor ou álcool, quando não os três ao mesmo tempo). A cantora abandonou os palcos em 2006 com depressão profunda e tendências suicidas devido ao uso excessivo de narcóticos e alcoólicos. Retornou “limpa” e recuperada (após rehab, psiquiatria e doses homeopáticas de Billie Holiday e Joni Mitchell) com “The Greatest”, de longe seu melhor álbum.
Esse lado lamacento também marca presença em “Jukebox” rendendo momentos memoráveis como a arrasadora “Metal Heart”, que faz a versão anterior soar como demotape; “Don’t Explain” (Billie Holiday), com um piano que parece querer cutucar feridas; como o clima country de “A Woman Left Lonely”, de Spooner Oldham que, inclusive, toca piano e órgão na canção que ficou famosa na voz de Janis Joplin; como o blues”Silver Stallion” (Lee Clayton) ou a densa versão de “Blue”, de Joni Mitchell.
Bob Dylan é homenageado em dose dupla: com uma revisão de “I Believe In You”, do álbum “Slow Train Coming”, que surge amparada por uma guitarra limpa e marcante que contagia; e com “Song To Bobby”, única faixa inédita do disco, uma declaração de amor recheada de frases como “Eu tinha um passe para o camarim em minhas mãos / Te dar o meu coração era o meu plano” ou “Minha chance / No meio do estádio em Paris, França / Eu posso finalmente te pedir / Para você ser o meu homem / Abril em Paris, eu posso te ver? / Por favor, você pode ser meu homem?”.
No disco bônus, mais cinco versões: “I Feel”, do grupo de hip hop Hot Boys, surge densa ao piano; “Naked, If I Want To” (Jerry Miller ), aparece numa roupagem muito mais roqueira que a presente no álbum “The Covers Record”; “Breathless”, de Nick Cave, ganha um caminhar blues com um guitarrinha apitando nos cinco belos minutos da canção; “Angelitos Negros”, famosa na voz de Roberta Flack, são sete minutos de dor de amor em castelhano; e “She’s Got You”, de Patsy Cline, encerra em clima de fim de noite.
“Jukebox” bateu na 12ª posição da Billboard com 29 mil cópias vendidas na semana do lançamento nos Estados Unidos, totalizando mais de 100 mil exemplares vendidos em todo o mundo em duas semanas nas lojas. Quando escrevo “todo o mundo”, por favor, exclua o Brasil. “Jukebox” – assim como “The Greatest” – não ganhou edição nacional (e os dois discos foram lançados na vizinha Argentina pelo ótimo selo independente Ultrapop), e nem deverá ganhar (vide a competência de nossas gravadoras). Uma pena. Esse é daqueles discos que vale realmente a pena ouvir mais de uma vez.
“Jukebox”, Cat Power (Matador)
Preço em média: R$ 50 (importado)
Nota: 9
agosto 26, 2008 No Comments
Uma tarde na Liberdade
Como que nos preparamos para conhecer outros lugares do mundo se nem conhecemos bem a cidade e o país em que nascemos? Toda vez que volto para casa após uma viagem me questiono isso. Como admiro igrejas de outros lugares e não entro na Catedral da minha cidade? Como procuro conhecer os pontos históricos de Buenos Aires, Santiago, Londres e Paris e deixo passar batido a dura poesia concreta de São Paulo?
Pensando nisso, assim que voltei pra casa após minha temporada européia já comecei a planejar passeios imaginários que precisava realizar, desde tentar passar uma tarde gostosa no bairro da Liberdade até fazer o percurso Mariana/Ouro Preto de Maria Fumaça. Este último pode acontecer em setembro. Já o primeiro fizemos neste domingo passando pela Catedral da Sé, desbravando um pouco da culinária oriental, entrando num supermercado e bebendo suco pobá.
Segundo infos da Wikipedia, o bairro da Liberdade é um distrito da região central da cidade de São Paulo. É o maior reduto da comunidade japonesa na cidade, a qual, por sua vez, congrega a maior colônia japonesa do mundo, fora do Japão. Uma multidão de pessoas circula pela rua Galvão Bueno, a via principal, dominada por luminárias tipicamente orientais e por estabelecimentos onde as placas são escritas em caracteres orientais.
Meu plano inicial era levar Lili para experimentar o indescritível suco pobá de frutas tropicais na Padaria Itiriki Bakery (Rua dos Estudantes, nº 24), que já foi premiada pela excelente qualidade de seus pães artesanais. O sabor de frutas tropicias, no entanto, está em falta (“Deve chegar em uns três meses”, informou a balconista) então decidi encarar o de Inhame com Leite, cujo gosto me informaram ser de baunilha.
Lili, decididamente, não gostou. Após experimentar o suco, agarrou sua coca-cola e não largou e nem quis experimentar mais. A característica principal do suco tobá são as bolinhas (tipo sagu, mas beeem grandes) que ficam no fundo do copo, e que sobem junto com o líquido adocicado pelo grosso canudo. Assim, o de frutas tropicais é melhor, mas nenhum deles é delicioso com todas as letras. É… estranho, mas interessante. Numa comparação, prefiro o mate com leite.
Após o lanchinho na Itiriki Bakery voltamos para a Galvão Bueno, descemos à rua e entramos em um supermercado. Em meio ao milhão de ofertas tentadoras e estranhas nas prateleiras (quase todas com uma etiqueta traduzindo o conteúdo descrito em japonês), Lili comprou dois pacotes de balas (um de leite e outro de açúcar mascavo com mel) enquanto eu abracei uma garrafinha pequena de saquê.
O desafio, no entanto, viria a seguir, e perdoem-nos os fãs e apreciadores, mas nem eu, nem Lili, gostamos de comida japonesa. A gente já sabia disso, mas precisávamos confirmar. Nós decididamente tentamos, viu. Entramos no Café Restaurante Banri para um almoço e pedimos um porção de guioza, um banri yi pequeno de sushi com 13 unidades (três niguiri, seis sashimi e três uramaki) e um mini temaki (com um de atum e dois de salmão).
Primeira boa notícia: consegui comer com os hashis. Não manuseei como um mestre, mas acho que dava para tirar uma nota cinco e passar de ano. O guioza estava ok, mas o que eu e Lili comemos na casa do Rodrigo e da Dani meses atrás dava de dez nessa. Esse pastelzinho (no nosso caso, de carne) cozido a vapor é uma boa entrada. Para acompanhar, uma Sapporo (4,9%), cerveja japonesa meio aguada cujo rótulo diz “Japan’s Oldest Brand”, mas que é feita no Canadá.
Até gostei dos sashimis (fatias finas de peixes ou de frutos do mar crus) de salmão, mas não dos de atum. O mesmo vale para os niguiri (bolinho de arroz em forma alongada coberto por uma fatia de peixe cru ou ainda polvo e camarões) e temaki (cone com alga por fora recheado com arroz, peixe, legumes ou cogumelos) de salmão. Os uramaki (arroz sobre folha de alga, tiras de peixe ou outros ingredientes, enrolado de forma com que o arroz fique na parte externa) também desceram ok.
Então você diz: “se a comida desceu ok, então tudo bem”. Mais ou menos. A comida é ok, mas não é um prato que eu tenha prazer em comer. O peixe cru não desce realmente bem (essa é a verdade), pelo gosto (de tempero de shoyo) e por sua tendência pastosa. A temperatura fria da maioria dos pratos também não me agrada. E mesmo tendo aprovado camarão frito em Maceió após muito tempo, e adorar filé de pescada, das águas salgadas continuo gostando mesmo é de sereia. (hehe)
Mesmo assim foi um avanço, vamos admitir. Da última vez que eu havia ido jantar na Liberdade, com a namorada e um casal de amigos, em um restaurante da badalada rua Thomaz Gonzaga, pedi um filé-mignon enquanto eles comiam comida japonesa. Hoje entrei no clima, e a tarde gostosa no bairro da Liberdade terminou com o bom picolé coreano Melona. Tem de vários sabores (banana, morango, abacaxi), mas eu fui no tradicional Melon Flavored Ice Bar, ou seja, Melão. É um sorvete cremoso formato barra (tipo espetinho de queijo) que faz sucesso no bairro. Curti.
Padaria Itiriki Bakery
Rua dos Estudantes, 24, Liberdade
Preço em média do suco de pobá: R$ 7,90
Banri Café Restaurante
Rua Galvão Bueno, 160, Liberdade
Preço em média do almoço (duas pessoas): R$ 40,00
Sorvete Melona: R$ 3,50
Supermercado Narukai
Rua Galvão Bueno, 34, Liberdade
Preço em média do pacote de balas: R$ 4,20
Preço em média do saquê 150ml: 4,00
Crédito das fotos: Wikipedia (primeira) e Lili Callegari (as demais)
agosto 24, 2008 No Comments
Fui comprar cervejas…
já volto.
Bem, é quase isso. Fui convidado para participar do juri do Prêmio Caixa de Jornalismo, o que quer dizer que me afundei nessa semana no meio de mais de trinta reportagens em texto e umas vinte em vídeo. Eu tinha até planejado uma folga para hoje, mas a chefia já havia me escalado para um curso de gerência e liderança (quinta e sexta). Ou seja, não sobrou tempo para nada nesta semana (espera um pouco que vou ali respirar). Só passei para dar um oi e dizer que… lançaram “Asas do Desejo”, do Win Wenders, em DVD.
Aliás, comprei essa semana “Jules et Jim”, do Truffaut, e “Pacto de Sangue”, do Wider, dois filmes que eu sempre sonhei em ver/ter, e que eu namorava fazia tempos, mas não tinha coragem de pagar R$ 40 por cada um. A Versátil – responsável pelos DVDs mais caros do país – fez uma promoção em julho com algumas lojas e pude comprar os dois por R$ 50. Ok, deixei “Um Cão Andaluz / L’Age D’or”, do Buñuel, mas estou de dedos cruzados esperando que até a sexta que vem ainda sobre um por R$ 27 para eu chamar de meu.
Ok, hora de ir, pois o curso começa cedo e a sexta-feira será um loooongo dia. Para o fim de semana, quem sabe, deve rolar um roteiro de cervejas gringas e audições de Francoise Hardy. Descobri uns bares legais e estou querendo beber o meu top ten para escrever com mais propriedade. Eu vou comprar cervejas, talvez eu demore, mas volto. Sinta-se em casa.
agosto 21, 2008 No Comments
Você já tomou Na Bunda?
Calma minha gente, eu tô falando da cachaça. Com todo respeito, por favor. A picante aguardente de cana grossa envelhecida em tonéis de pau barbado e produzida no município de Cacete Armado de pai para filho desde 1924 (clique nas fotos abaixo para ler mais detalhes do hilário rótulo da cachaça) é apenas uma das várias vedetes que circulam nos balcões do Porto da Pinga, cachaçaria de Paraty (endereço no fim do post). Neste caso, porém, a piada é mais importante que a cachaça (de terceira linha), por isso, deixe-a para o final da noite.
Antes, prove nomes como Canarinha, Boazinha, Lua Cheia, Seleta, Prosa e Viola (todas de Salinas, MG), Claudionor e Januária Centenária (Januária, MG), Germana (Nova União, MG), Benvinda (Patos de Minas, MG), Paratiana (Paraty, RJ), Maria Izabel (Paraty, RJ), entre outros, apreciando o sabor, degustando mesmo. Tome uma Providência (Buenópolis, MG) e, se a grana estiver sobrando, pense em encarar uma dose da mítica Anízio Santiago (Salinas, MG), que pode custar entre R$ 20 e R$ 30 (a dose, não a garrafa).
Curta o cardápio escolhendo as pingas pelas madeiras dos tonéis e, quando estiver preparado, tente encarar a botija com aguardente Pirahy (Volta Redonda, RJ) envelhecida com cobra. Você não tem nem tempo de pensar. O barman coloca o jarro na sua mesa e antes de você perguntar algo, ele mesmo enche o copo e vira a dita. Se ele não cair nos próximos dez segundos, não perca o brio: encha o copo, vire de uma vez e bata na mesa. Apenas tenha cuidado quando sair. Caminhar no Centro Histórico de Paraty pode ser uma aventura. Aqueles paralelepípedos…
Ps. Este blogueiro não tomou Na Bunda… apenas deu uma bicadinha nela!
Post escrito especialmente para o blog Bebidinhas (aqui)
Restaurante e Cachaçaria Porto da Pinga
Rua Matriz, 12, Centro Histórico, Paraty-RJ
(24) 99074370 / (24) 99580121
agosto 20, 2008 No Comments
“O Trovador Solitário”, Renato Russo
Ainda hoje, quase no final da primeira década do século XXI, a Legião Urbana é a maior banda de rock deste país. Se é (era) a melhor são outros quinhentos, mas o que importa é que o enorme sucesso conquistado por Renato Russo e companhia nos anos 80 aumentou nos 90, mesmo com álbuns menos “comerciais” e com a morte prematura do vocalista e letrista em 1996, em conseqüência de complicações causadas pela AIDS.
Nos anos 2000, uma série de lançamentos póstumos manteve o culto em alta destacando dois álbuns ao vivo da Legião (”Como É que Se Diz Eu Te Amo”, show de 1994, e “As Quatro Estações ao Vivo”, 1990) e um álbum de raridades de Renato, “Presente”, que compilava versões para “Gente Humilde” (Chico e Vinicius), “Thunder Road” (Bruce), duetos com Erasmo, Leila Pinheiro e Zélia Duncan, além de entrevistas (?).
Diferente de seu predecessor póstumo (que cheirava a picaretagem), “O Trovador Solitário” surge como um resgate histórico que permite diversas avaliações sobre o mito em torno do compositor e sobre o rumo de sua banda. Lançado pelo selo Discobertas, do jornalista e pesquisador Marcelo Fróes, o CD reúne material resgatado de fitas K7 do início dos anos 80 com encarte recheado de desenhos feitos pelo próprio Renato.
A rigor, as onze canções contidas no lançamento já circulavam de mãos em mãos de fãs desde os anos 80, quando álbuns como “Dois” (1986), “Que País é Este?” (1987) e “As Quatro Estações” (1989) tomaram as paradas de sucesso (e os acampamentos) e tocaram, tocaram, tocaram, tocaram, tocaram e tocaram. E tocaram. Tocaram tanto que causaram a síndrome de náusea característica daquilo que ultrapassa nossos limites.
Gravada em seu próprio quarto, em 1982, a fita K7 flagrava a fase solo do cantor conhecida pelo nome que dá titulo ao lançamento (pós Aborto Elétrico, pré Legião). O que impressiona, porém, não é a baixa qualidade da gravação, mas o quanto aquele grupo de canções já exibia corpo, tronco e membros completamente definidos, e praticamente não mudaram quando registradas nos estúdios da gravadora EMI, nos anos posteriores.
Renato “inventa” uma Rádio Brasília e com seu “violão desafinado” apresenta “Eu Sei”, “Geração Coca-Cola”, “Faroeste Caboclo”, “Veraneio Vascaína” (gravada pelo Capital Inicial em 1986) e “Que Pais É Este?” em versões exatamente iguais às popularizadas nas FMs de todo o país anos depois, só que gravadas em um toca-fitas simples num quartinho solitário de um Brasil que ainda vivia sob o comando dos militares.
“Eduardo e Mônica” segue idêntica (melodia e letra) até seu trecho final, quando Renato canta: “Eduardo e Mônica então decidiram se casar / um casamento indiano em algum lugar perto do mar / “O mar tá muito longe”, um deles lembrou / “Vai ser aqui mesmo”, e assim ficou / Foram pra Bahia e hoje Eduardo foi parar lá no Banco Central / Cristalina, Sampaio, Rio de Janeiro / E a Mônica dá aulas na escola normal / Eduardo e Mônica estão no Lago Norte / Ele projetou a casa e ajudou na construção / Só que nessas férias não vão viajar / Porque o filhinho do Eduardo tá de recuperação”.
A fita ainda trazia versões para “Dado Viciado” (que Renato tentou gravar posteriormente, e acabou entrando no póstumo “Uma Outra Estação” em versão voz e violão – semelhante a de “O Trovador Solitário”), “Boomerang Blues” (gravada pelo Barão Vermelho e registrada em outra versão no póstumo “Presente”), “Anúncio de Refrigerante” (gravada pelo Capital Inicial no álbum “MTV Aborto Elétrico”) e “Marcianos Invadem a Terra” (gravada no álbum solo de Dinho Ouro Preto e no póstumo “Uma Outra Estação” em versão voz e violão das sessões do álbum “Dois”). De extra, “Summertime” ao lado de Cida Moreira, em 1984.
Renato Russo ficou à frente da banda comandando-a com pulso forte até 1991, época em que Dado começou a assumir os rumos musicais do então trio (o que ficou evidenciado nos dois lançamentos seguintes, os ótimos “O Descobrimento do Brasil”, de 1993, e principalmente no fantasmagórico e belíssimo “A Tempestade ou O Livro dos Dias”, de 1996). Até ali, tudo que a Legião fez (e copiou dos Smiths e do U2 – sem ranço, por favor) são mérito e culpa do vocalista. Ok, você já sabia disso, mas “O Trovador Solitário” está ai para lembrar aqueles que esqueceram. São muitos…
“O Trovador Solitário”, Renato Russo (Discobertas)
Preço em média: R$ 20
Nota: 9
agosto 18, 2008 No Comments
Josh Rouse ao vivo em SP
Se o consumismo não fosse tão forte, se não existissem paradas do sucesso, jabaculés e afins, se o que importasse no mundo fosse o simples prazer pelo prazer (e não por modismos, vícios ou enganos), Josh Rouse seria um cara muito mais reconhecido. O músico norte-americano, após um auto-exílio na Espanha, prepara sua volta aos Estados Unidos enquanto coloca na web e nas lojas discos cujo cerne é a simplicidade das boas canções.
Em São Paulo, Josh tocou para uma platéia animada que não esgotou os ingressos do teatro do Sesc Vila Mariana (era possível comprar na porta minutos antes do show), mas que conhecia – e bem – o repertório do show, mesmo com seus últimos álbuns inéditos no Brasil. “Vocês compraram pela internet, não é mesmo?”, brincou o músico em certo momento da apresentação, concentrada em material de seus últimos quatro álbuns (“1972”, “Nashville”, “Subtitulo” e “Country Mouse, City House”).
O bonito “Subtitulo” (2006), primeiro álbum gravado por Josh na Espanha, foi responsável por abrir a noite com as encantadoras “His Majesty Rides”, “It Looks Like Love” e “Summertime”, em versões superiores ao álbum (mesmo com o cantor esquecendo um trecho da letra da última). Do álbum ainda marcaram presença “Givin’ It Up” e a belíssima “Quiet Town”.
Seu disco mais recente, “Country Mouse, City House” (2007), foi representado apenas por três canções: a fofa “Sweetie”, a jazzy “Pilgrim” e o rock “Hollywood Bass Player”, em versão urgente. Vestido de jeans, tênis e blazer e alternando-se entre a guitarra acústica e o violão, Josh confessou paixão pela música brasileira, mesmo sem entender a língua: “Como vocês devem ter lido nos jornais, sou fã de música brasileira. Não entendo o que eles dizem, mas tudo soa tão bem. Não é isso o que importa?”.
O show foi estrategicamente dividido em blocos que procuravam representar algum de seus últimos (quatro) álbuns, ignorando totalmente os três primeiros. Desta forma, “Comeback (Light Therapy)” e “Love Vibration”, ambas do ótimo “1972” (2003) chegaram no meio da apresentação para dar um toque mais suingante para a noite (com detalhe para a slide guitar de Mike Cruz – que também tocou teclados – e a linha de baixo marcante de James Haggerty).
A parte final foi inteiramente dedicada ao álbum “Nashville”, um dos discos favoritos dos fãs. “Winter in The Hamptons”, “Carolina”, “Streetlights”, “Why Won’t You Tell Me?” e “It’s The Nighttime” fecharam o show contagiando o público. Para o bis, “Slaveship” (do “1972”), “Sad Eyes” (outra pérola do “Nashville”) e “Directions” (a pedido do público), única concessão do músico a material antigo, neste caso do álbum “Home” (e também da trilha sonora do filme “Vanila Sky”), de 2000, lançado no Brasil pela Trama. Um belo show.
– “Directions” ao vivo no Sesc Vila Mariana, por Marcelo Costa (aqui)
– “Country Mouse, City House”, de Josh Rouse, por Marcelo Costa (aqui)
Fotos: 1) Marcelo Costa 2) Liliane Callegari
agosto 16, 2008 No Comments
Quer ser jornalista na área de música?
Em 1995, quando o André Forastieri escreveu esse primeiro texto para sua coluna Ondas Curtas, no Folhateen, o mundo era outro. Não havia internet e essa liberdade de se escrever sobre música que povoa zilhões de blogs (alguns, dispensáveis, mas muitos sensacionais) ainda era um sonho para todo garoto que sonhava escrever sobre discos, artistas e aquela música que não saia de sua cabeça. O cenário é outro, mas muita gente ainda têm o sonho de trabalhar escrevendo sobre música. Assim, se alguém perguntasse pra mim, hoje, eu diria: desiste.
Desiste do jornalismo musical como profissão. Faça como eu, que o usa como hobby. Escreva por prazer, e não para pagar as contas. Quando a gente trabalha (ou melhor, consegue trabalhar, pois a área é concorrida – e costuma não pagar bem) com jornalismo musical é preciso ver shows que a gente não quer e escrever sobre discos que a gente não quer ouvir. Melhor escrever em um blog ou montar o seu próprio site do que ficar indo ver show do Fresno. Porém, nada mais gratificante do que ter um texto em um grande veículo, com milhares de pessoas lendo sobre aquilo que você está pensando sobre música.
Na verdade, e sempre, você tem que procurar fazer aquilo que gosta, seja em um blog desconhecido, seja na Rolling Stone, na Folha de São Paulo ou na TV Globo. A sua felicidade – profissional ou não – só depende de você. Estes dois textos abaixo (o do Àlvaro, publicado também no Folhatten, mas na “Escuta Aqui”, coluna que substiutiu a do Forastieri) expõe uma série de conselhos bacanas que não devem ser levados ao pé da letra (discordar é, sempre, saudável), mas servem para nortear as idéias de muito jovem que está começando agora. Os do Forastieri serviram para ajudar a definir a minha persona profissional. E eu queria dividir isso com você.
Ps. Você não vai desistir, né?
Ps 2. O texto do Forasta, retirado dos arquivos da Folha, está na integra, sem os costumeiros cortes feitos para encaixa-lo no espaço do jornal (que muda muito entre a pauta do editor e o fechamento). Eu tinha a “original” em um recorte da época, junto com dezenas de outros recortes que se perderam em alguma das minhas mudanças…
Jornalismo musical pode viver só com duas regrinhas básicas
ANDRÉ FORASTIERI
Especial para Folha
29/05/1995
Sei que um monte de gente que lê esta coluna trabalha na área musical. Não só músicos, mas também gente de gravadora, de rádio, de casa noturna, de TV e tal. E sei que tem um monte de gente que lê esta coluna e gostaria de trabalhar na área musical. Sei mais ou menos o que fazer para conseguir se descolar em rádio, gravadora etc. Agora, o que sei direitinho é como trabalhar na minha área, jornalismo, e, especificamente, jornalismo musical (que na verdade só ocupa uns 15% do meu tempo atualmente). Se você quer entrar no mundo glamuroso do jornalismo musical, preste atenção. Tenho só duas regrinhas simples.
Regra número um: tem que saber escrever. Não adianta gostar de um monte de música ou tocar direitinho o solo de Steve Howe em “Gates of Delirium”, se você não sabe escrever.
Saber escrever depende de você conhecer português e a técnica básica de jornalismo (que é baba). Ter um mínimo de cultura geral, que vá um pouco além da discografia dos Smiths, também não atrapalha em nada. Repare, saber escrever não é ter um grande estilo, pessoal e intransferível. O estilo é uma coisa que nasce das imitações baratas que a gente faz dos textos que a gente admira. Eventualmente, isso vai se misturando com o que a gente é, e sendo filtrado pelos lugares onde você trabalha.
Eu, por exemplo, escrevo direto e rápido, porque aprendi o ofício em jornal. Depois trabalhei em revista e soltei a franga no coloquial e na conversa mole. Ninguém me tira da cabeça que um bom texto sobre rock tem que ser parecido com o papo que você tem com os amigos no bar, depois de um show. Tem gente que teve formações diferentes. Daí, escreve diferente. Saber escrever também não tem a ver com ter uma opinião. Opinião todo mundo tem e não vale picas. Você precisa ter uma opinião e saber expô-la de maneira que outras pessoas queiram pagar para conhecê-la.
Regra número dois: você não pode ter medo. Nem de meter a cara, nem medo de trabalhar. A maioria das pessoas que eu conheço, que vivem de escrever sobre essas coisas pop começou metendo a cara. Não tem editor que dispense um bom texto. Mas antes é preciso você fazer o editor ler o seu texto, e editores são pessoas ocupadas. Mete o pé na porta. O máximo que pode acontecer é você levar um não.
Medo de trabalho também é desemprego na certa. Jornalista trabalha pra caramba. Não tem fim-de-semana, hora para sair ou para entrar. Tem um mundo de coisa de fazer o tempo inteiro. E como epílogo, lembro que ter um pouco de caráter também nunca atrapalhou ninguém.
Como você vê, não é tão complicado assim trabalhar na imprensa musical. O que você ganha com isso? Não muito. Você entra em show sem pagar e ganha montes de CDs. Viaja a trabalho para entrevistar uns e outros. É convidado para festas e lançamentos de discos. E, claro, conhece um monte de artistas. Às vezes, até fica amigo de um monte de artistas. Se isso acontecer, está na hora de pedir demissão e mudar de carreira. Ninguém tem coragem de falar mal dos amigos. Ou, invertendo, não tem carreira que valha a perda de um amigo de verdade.
A grana também pega. Tirando meia dúzia de grandes veículos, o salário na imprensa é uma bobagem. Se o teu negócio é ganhar dinheiro a sério, vale mais a pena fazer dez outras coisas, do que ser jornalista. E lembre-se que escrever sobre rock não é exatamente uma carreira. Tem poucas coisas mais rídiculas do que um velhote pai de família que vive de escrever sobre a nova bandinha que despontou nos confins do Missouri. Por isso, os jornais e revistas costuma ter o bom senso de substituir críticos coroas por garotos cheios de gás. Como, talvez, você.
ANDRÉ FORASTIERI, 29, é editor da revista “General”
Sete dicas para quem quer ser crítico de música
ÁLVARO PEREIRA JÚNIOR
Colunista da Folha
28 de julho de 2003
Na falta de coisa melhor para fazer na vida, existe gente que almeja ser crítico de música! E muitos leitores com essa aspiração escrevem para “Escuta Aqui” pedindo dicas. Sempre relutei em fazer esse tipo de “manual do crítico” porque, primeiro, nunca fui nem sou crítico de música em tempo integral e, segundo, desconfio de fórmulas prontas. Mas os pedidos são muitos, então hoje vão alguns toques.
1) Ouça música desesperadamente. Você não precisa ser músico, saber diferenciar um ré de um mi. Mas precisa ter conhecimentos históricos, entender de onde vem o tipo de música sobre o qual você escreve e como as coisas evoluíram até hoje. Só conhecer a discografia completa do Weezer não basta.
2) Leia livros e revistas desesperadamente. Você quer criar um estilo, certo? Então precisa ler montanhas de revistas e livros, de todos os gêneros, para chegar a um jeito próprio de escrever. Não adianta só ler “Escuta Aqui” e a coluna do Lúcio Ribeiro na Folha Online. Assim, acaba virando clone. Mais um.
3) Aprenda inglês. Cerca de 99,99% do que conta no chamado “mundo das artes” acontece em inglês. Se você não sabe a língua direito, arrume outra coisa para fazer. Ser crítico de música não dá.
4) Aceite sua insignificância. Ninguém saudável compra ou deixa de comprar um CD por causa de uma crítica. Em geral, críticas de música são lidas por nerds, músicos e outros críticos de música. O leitor normal -aquele que tem uma vida, família, amigos etc.- está pouco se lixando para o que o crítico pensa.
5) Não fique amigo de músicos. Bandas -principalmente as mais novas- sofrem muito. Dão shows sem ganhar nada, não conseguem divulgação etc. etc. Gravar um disco é mais difícil ainda. Só que é melhor não se envolver com isso, senão você vai ficar com pena dos músicos e fazer sua crítica com base nesse contexto e não na simples audição do CD. Os caras da banda podem ser gente boa, batalhadores e honestos, a baixista pode ser uma gostosa, mas, se fizeram um disco ruim, é isso o que você tem de dizer.
6) Pratique a crítica destrutiva. Enfie uma coisa na cabeça: você e os músicos ou você e as gravadoras não estão no mesmo barco. E você não tem papel algum na construção de nenhum tipo de cena. No Brasil, a prática do compadrio e da “brodagem” é corrente entre jornalistas, músicos e gravadoras. Todo mundo é amiguinho e se ajuda mutuamente. Gente talentosa perde tempo escrevendo só sobre o que gosta ou finge que gosta. Fuja dessa.
7) Prepare-se para a realidade de uma redação. Pense naquele cara -ou moça- inteligente, moderno, que passa o dia escutando música e, de vez em quando, escreve sobre um CD que lhe chamou a atenção. Agora esqueça isso. As críticas assinadas são uma parte muito pequena do que o jornalista faz na redação, o que inclui diagramar páginas, escrever títulos, bolar legendas de fotos, escrever matérias não-assinadas, preparar notinhas, reescrever textos dos outros, ser esculachado pelo chefe etc. Tem mais coisa, mas o espaço acabou.
ÁLVARO PEREIRA JÚNIOR, 40, é editor-chefe do “Fantástico” em São Paulo
agosto 15, 2008 No Comments
20 filmes para o “primeiro encontro”
Quando eu estava voando de Londres para Madri, para passar o tempo, pedi uma edição do The Times para ler. Apesar da manchete ser extremamente interessante (“Archbishop believes gay sex is good as marriage”), deixei de lado e fui direto para a parte de cultura, que destacava uma daquelas listas que nós – filhotes de Rob Fleming – sempre adoramos. Dois jornalistas (um homem e uma mulher, claro) apontam os vinte melhores filmes para assistir em uma noite a dois (um encontro). Tem coisas que conheço, babas melosas e, claro, alguns filmes obrigatórios.
Revi um dos filmes do listão assim que voltei de viagem. Quem pensou em “Antes do Por-do-Sol” acertou. Fui rever em que maldito cruzamento após a livraria Shakespeare and Co eu errei a entrada, e descobri que após as três ruas certas que fiz, o filme corta a travessia da rua e a cena já aparece na quarta ruazinha, mas é por ali mesmo. Na próxima vez que estiver em Paris garanto: vou achar o café! Revi também, hoje, “Como Perder Um Homem em Dez Dias”, que não está na lista e nem deve ser visto no primeiro encontro. Ou deve? Não sei, só acho uma comédia romântica fofíssima.
A lista abre com “Núpcias de Escândalo” no número 1, uma comédia romântica de 1940 com Cary Grant e Katharine Hepburn que o Times define como “inteligente e romântica sem ser melosa”. No segundo posto, “Annie Hall” (1977), de Woody Allen, para mim, a comédia romântica perfeita (eu já falei sobre isso aqui). O Times assume o contra-senso de colocar no segundo posto de uma lista de filmes para se ver a dois um filme que narra o fim de um relacionamento, “mas há algo que transcende, como a cena com os entes queridos ou a da lagosta”, escreve a repórter. Assino embaixo.
Na terceira posição, uma surpresa: “Brokeback Mountain” (2005), o belo filme de Ang Lee sobre o amor entre dois cowboys (escrevi na época). “O filme de Lee é um testemunho do poder do amor contra as probabilidades”, define o jornal. Na quarta posição, outra surpresa: “Digam o Que Quiserem” (1989), filme de estréia do grande Cameron Crowe que até hoje não assisti (agora tenho em DVD). Wendy, a repórter, dispara: “Eu desafio qualquer um a não se derreter na cena em que John Cusack faz uma serenata para sua ex cantando In Your Eyes, de Peter Gabriel, debaixo da janela”.
Cameron Crowe, por sinal, crava dois filmes no Top 20: seu excelente “Jerry Maguire” (1996), uma das raras comédias românticas escritas para homens, aparece em 16º lugar. Kevin, o repórter, reclama das cenas de futebol americano (que eu curto), mas se derrama pela famosa cena final, em que Tom Cruise entra na sala lotada de solteironas e diz, “vai ser aqui mesmo”. Eu tenho uma versão em MP3 de “Secret Garden”, de Bruce Springsteen, com vários diálogos do filme, e sempre me arrepio com a frase final do filme, de Renée Zellweger.
Em quinto lugar aparece “Sideways” (2004), que sinceramente nunca me comoveu e, em sexto, a dobradinha “Antes do Amanhecer”/”Antes do Por-do-Sol” (1995/2004), de Richard Linklater (texto meu da época). Em sétimo, “Amor à Flor da Pele” (2000), de Wong Kar-Wai: “Lânguido, exuberante e recortado por uma requintada melancolia, este é um dos romances visualmente mais deslumbrantes da história do cinema”, diz o Times. Em oitavo, “Acossado” (1960), de Godard: “…um debate sobre felicidade, liberdade e intimidade” (e Jean Seberg… suspiro pra ela aqui).
Na nona posição, outro filme com Cary Grant, desta vez assinado por Alfred Hithcock: “Intriga Internacional” (1960). A justificativa do Times é divertidissima: “É tudo sobre o poder da sugestão. Após duas horas de perseguições frenéticas e espionagem internacional, Cary Grant e a hot blonde Eva Marie Saint entregam-se ao amor num trem transcontinental. Eles se beijam, se abraçam, e imediatamente antes dos créditos finais o trem mergulha em um túnel maravilhoso. Você vira, então, para o seu par. Yep, a noite está apenas começando” (risos).
Para fechar o Top 10, “Pânico” (1996), de Wes Craven. A lista segue – bastante duvidosa – com “Dirty Dancing” (1987), “Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças” (2004 – escrevi aqui), “Ghost” (1990), “Um Casamento à Indiana” (2001), “Gostosa Loucura” (2001), “Jerry Maguire” (1996), “Água Negra” (2002), “Shortbus” (2006), “A Força do Destino” (1982) e “O Clã das Adagas Voadoras” (2004), este último recomendado para pessoas que gostam de pequenas brigas no relacionamento (sim, elas existem).
A reportagem do The Times (e todos os comentários do “casal” de repórteres) só está disponível para assinantes aqui (mas há outro Top 50 aqui). Preste atenção que há links relacionados no texto do The Times com outras três listas, entre elas um Top 10 sobre os filmes que podem matar um encontro, incluindo “Vera Drake” (2004) e “Irreversível” (2002). E qual filme você indicaria para um encontro? Será que “As Pontes de Madison” (1996 – aqui) é muito intenso? E Billy Wider (“Sabrina”, “Se Meu Apartamento Falasse”) é muito leve? Hummm, acho que vou de “Feitiço do Tempo” ou… “Embriagado de Amor”. Será?
agosto 14, 2008 2 Comments
Voltando a programação normal
No segundo semestre do ano passado eu concedi algumas palavras (antes de uma palestra bem bacana) para os jornalistas Itaici Brunetti, Luiza Paiva, Jairo Falvo e Roger Mendes, em Araraquara (SP) versando, quase sempre, sobre a cena independente de música no Brasil. O papo entrou no documentário “Três ou Quatro Riffs”, que além de mim ainda conta com depoimentos de Kid Vinil, Fábio Massari, Lúcio Ribeiro, Supla, bandas como Matanza, Forgotten Boys, Vanguart, Hurtmold e Dance of Days, e outros. Você pode assistir via youtube ou baixar o documentário na integra no site oficial. Assista abaixo:
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Assim que cheguei de viagem, o José Franco Jr. do blog Eu e o Pop me encaminhou umas perguntas para uma seção chamada Talk Show com questões do tipo “Por que o rock?”, “Qual o atual papel da grande mídia”, “Quais as cinco bandas ou artistas que eu traria para tocar no Brasil?” e “Um CD e um filme hoje”. Você pode conferir as minhas respostas clicando aqui, muito embora eu ache que – antes – você deva conferir mesmo as respostas do grande Arthur Dapieve aqui.
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Vou cutucar a onça com vara curta: você está surpreso com o fim do Violins? Alguma coisa saiu de órbita no mundo quando a banda anunciou o fim? Apesar de terem lançado dois álbuns sensacionais, eles têm alguma importância/relevância para a música mundial? Fãs, me desculpem, mas o mundo não pára de girar só porque uma banda bacana desistiu de fazer música. O mundo não pára de girar nem mesmo quando a gente segura na alça de uma caixão e leva um grande amigo para ser enterrado sete palmos do chão (coisa que eu já fiz três vezes na minha vida, antes dos 30).
Então vamos parar com esse lenga lenga porque a vida segue em frente e, sexta, em São Paulo, tem show do graaaande Josh Rouse (que eu saiba, ainda tem ingressos), teremos Vaselines e Breeders nos próximos meses e, domingo, o Lestics, banda querida deste espaço, toca no projeto Folk This Town, no Lado B, ali perto da minha ex-casa, na rua General Jardim, 35, a partir das 19h. Estarei de plantão no fim de semana (você acha que a gente tira 40 dias de férias e não “paga” nada por isso? – risos), mas farei o possível para aparecer no Lado B para beber uma Bohemia com os amigos. Apareça, mas sem lágrimas. A vida é uma festa.
agosto 12, 2008 No Comments