Radiohead em Berlim
Dois shows do Radiohead em um intervalo de quatro dias. O que pode acontecer de diferente? Olha, nada. Em conceito, a apresentação que Thom Yorke e cia fizeram na terça-feira à noite, em um anfiteatro no meio de uma floresta (literalmente) em Berlim, foi igual a apresentação que o grupo havia feito no sábado passado no Werchter, na Bélgica. Porém, desta vez eu já sabia o que iria acontecer (não havia a surpresa, positiva ou negativa) e… estava bêbado. Cerveja quente (os alemães bebem e a gente vai junto) sobe que é uma beleza.
Quer saber: o melhor lugar do mundo para se estar às 20h do dia 08 de agosto de 2008 era em Wuhlheide, periferia de Berlim, um enorme parque de mata quase fechada que, se você não tomar cuidado, se perde (eu não tomei, e me perdi). Choveu no meio do show, as pessoas se abraçavam e cantavam junto, ingleses, um americano, outro suíço, uma galera de espanhóis, belgas e alemães lavaram a alma com um show extremamente impecável. Cacete, eles tocaram “No Surprises”, “My Iron Lung” e “Street Spirit”… difícil não ser passional num momento desses.
Estávamos uns cem metros do palco, mas mesmo assim o Luiz foi pro gargarejo. Resultado: nos desencontramos na saída. Eu, que adoro inventar novos caminhos, fui pro lado inverso ao qual entrei, e me perdi. Caminhei uns 30 minutos, peguei dois ônibus errados, fui pra lá, voltei pra cá, e quando já estava imaginando que iria dormir na rua na perifa de Berlim, um casal alemão me salvou: “Onde fica a estação Köpenick?”. Ela não sabia, mas ele, que não falava inglês, me indicou o ônibus certo. Da Köpenick voltei para o hostel, e fui dormir às três da manha (para acordar às cinco – sim, estou sofrendo de jet lag…).
Abaixo, o set list dos dois shows do Radiohead que vi.
Setlist Rock Werchter, Bélgica:
01 Arpeggi
02 The National Anthem
03 Lucky
04 All I Need
05 There There
06 Nude
07 Climbing Up The Walls
08 The Gloaming
09 15 Step
10 Faust Arp
11 How To Disappear Completely
12 Jigsaw Falling Into Place
13 Optimistic
14 Just
15 Reckoner
16 Idioteque
17 Bodysnatchers
Bis
18 Videotape
19 You and Whose Army?
20 2+2=5
21 Paranoid Android
22 Everything In Its Right Place
Setlist do show em Berlim
01 15 Step
02 Airbag
03 There There
04 All I Need
05 Where I End and You Begin
06 Nude
07 Weird Fishes/Arpeggi
08 The Gloaming
09 Videotape
10 No Surprises
11 Jigsaw Falling into Place
12 My Iron Lung
13 Wolf at the Door
14 Reckoner
15 Everything in Its Right Place
16 Bangers and Mash
17 Bodysnatchers
Primeiro bis
18 Cymbal Rush
19 You and Whose Army?
20 Paranoid Android
21 Dollars & Cents
22 Idioteque
Segundo bis
23 House of Cards
24 National Anthem
25 Street Spirit (fade out)
julho 9, 2008 No Comments
Andando na Unter Den Linden
Andei tanto nessa cidade nos últimos dois dias que estou até enjoado. Nada contra a cidade, imagina, mas Berlim tem um ar pesado de quem traz marcas da guerra em cada esquina. A localização do hostel em que estou é bem emblemática, pois mostra perfeitamente as diferenças da Berlim Oriental (aqui) e a da Berlim Ocidental, mais… capitalista. Porém, o que me deixou enjoado, provavelmente, não foi o ar pesado, mas como a cidade convive com seu passado.
Duas coisas podem exemplificar bem o que estou tentando falar: no caminho do Muro (há só uns 100 metros dele em pé hoje) existem vários camelôs vendendo badulaques socialistas, de quepes a fardas até… máscaras de gás. Mau gosto pra cacete. A outra coisa foi a seguinte: em um dos memoriais que passei, na Wilhelm Strasse, está em pé um dos poucos prédios construídos pelos nazistas, que na época sediava o Ministério da Aviação do Terceiro Reich. Hoje em dia, o prédio abriga o Ministério de Finanças alemão e, em sua frente, está o Mural de Ruppel, com uma imensa foto dos manifestantes que, em 1953, se uniram contra o governo da RDA (Alemanha Oriental).
Ok, o painel está ali, e algumas meninas (norte-americanas, pelo jeito) não sabiam que não podiam pisar nele (o guia não avisou). No que elas pisam, um senhor grisalho – que estava dentro de um carro parado no meio da rua aguardando o sinal abrir – desce do carro, atravessa a rua e começa a desferir xingamentos contra as meninas, que ficaram completamente sem saber o que fazer (entender o alemão normalmente já é difícil, imagina o cara nervoso, falando pelos cotovelos). Ou seja, há um culto da memória que precisa ser preservado (para que os erros não se repitam), mas que pega pesado no fundo do estômago. É foda conviver com esse passado.
No entanto, a cidade tem muuuuuitas coisas imperdíveis. Caminhar na Unter Den Linden é algo inebriante. Pra mim, foi daqui que Lúcio Costa se inspirou para desenhar o Eixo Monumental de Brasilia. A rua liga o Portão de Brandemburgo ao Palácio Real e entre os dois eixos existem uma dezenas de prédios históricos, de museus a igrejas passando pela Ópera Estatal, a embaixada Russa, a Universidade Humboldt e o museu Guggenheim de Berlim, entre outras coisas. Foda.
Eu e o Luiz (amigo carioca que conheci no primeiro dia do hostel) encaramos um tour “gratuito” (que custou 5 mangos pra cada um, e valeu a pena) e o cara deu uma aula sobre a Alemanha para a turma. Já comecei a entender as linhas de trem e ônibus e estou até falando “Danke” algumas vezes. Como a grana está contada nas moedinhas de cent, estou comendo bobagens e reservando apenas um dia em cada cidade para gastar um pouco. Por isso hoje almocei file mignon com uma salada deliciosa e um batata assada com creme de queijo. Saiu por 23 Euros, mais de R$ 50, mas compensou. Lá pra segunda eu como bem em Glasgow… até lá, pizza e lanches! risos
Fotos da viagem e dos shows:
http://www.flickr.com/photos/maccosta
julho 9, 2008 No Comments