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“In Rainbows”, parte 2, a missão

Acaba de cair na web a segunda parte do melhor disco de 2007, e também dois clipes ao vivo em estúdio com a banda matando a pau em duas canções do novo álbum: “Jigsaw Falling Into Place (Thumbs Down Version)” e “Bodysnatchers (Thumbs Down Version)”.

Radiohead – In Rainbows [CD 2]

Tracklist:
Mk 1
Down Is The New Up
Go Slowly
Mk 2
Last Flowers
Up On The Ladder
Bangers And Mash
4 Minute Warning

No Youtube do Radiohead os clipes

Ps: “Last Flowers” é foooooooooooooooooooodaça!

O Radiohead surpreendeu o mundo ao avisar, dez dias antes, que iria lançar seu novo álbum por download em uma época que os discos vazam meses antes de chegarem às lojas. “In Rainbows” foi lançado virtualmente, a banda tomou pra si o Top Ten da parada da rádio on line Last FM (que nas últimas sete semanas estampa as dez músicas do álbum como as dez mais ouvidas por seus usuários cadastrados num total assustador de mais de 13 milhões de execuções) e, agora, é a vez da segunda parte do disco cair na web.

Segunda parte? Isso mesmo. “In Rainbows” é composto de dois discos. O primeiro lançado no mês passado, e o segundo faz parte da edição especial com discos em vinil e outros badulaques que o grupo está vendendo por 40 libras no site oficial. Esta edição especial apresenta, na teoria, oito faixas novas. Na prática são apenas seis, pois “MK 1? e “MK 2? são faixas instrumentais curtinhas (a primeira com pouco mais de um minuto, a segunda com apenas 40 segundos).

Porém, as outras seis faixas mantém a qualidade e o espírito do álbum, com o grande destaque ficando para a balada ao piano e violão “Last Flowers”. A segunda metade de “In Rainbows” é completada por “Down Is The New Up”, “Go Slowly”, “Up On The Ladder”, “Bangers And Mash” e “4 Minute Warning”. Junto com o álbum também caiu na rede os dois primeiros clipes (ao vivo em estúdio) do novo disco.

dezembro 3, 2007   No Comments

Um disco para salvar almas

“It’s Not How Far You Fall, It’s The Way You Land” é o segundo álbum do projeto Soulsavers, capitaneado pela dupla britânica Ian Glover e Richard Machin. O duo usa a eletrônica como ponto de partida para criar climas atmosféricos que se tornam grandiosos com o acréscimo do cantor Mark Lanegan (ex-vocalista do Screaming Trees, colaborador do QOTSA e mais uma dezena de epítetos), que assume os vocais em oito das onze faixas do álbum. Com Mark Lanegan no comando, já dá para imaginar o que vem pela frente: uma voz encharcada de bourbon sobre uma cama de guitarras estridentes, teclados climáticos, backings femininos e alfinetadas de eletrônica que soam como se a soul music tivesse nascido em Bristol, na Inglaterra.

Vai soar exagerado, eu sei, mas a voz sombria de Mark Lanegan esperava a anos por uma cama tão apropriada. Se em seus trabalhos solo, o rock e o blues dançavam de forma etílica por noites a fio, em “It’s Not How Far You Fall, It’s The Way You Land” Mark Lanegan abraça o soul (eletrônico) e, de mãos dadas, saem a bailar por noites sem fim de dias cinzas. Assim como Nick Cave, Mark Lanegan aponta os dedos para o criador e lhe dispara perguntas: “Por que estou tão cego com os meus olhos bem abertos? Eu preciso de você… é pecado pôr fim ao meu sofrimento?”, canta na baladaça “Revival”, de bateria pesada e clima contagiante.

Em “Ghosts Of You And Me” o clima é tão barra pesada (muito pela tempestade de riffs barulhentos que tomam a melodia pra si) que o interlocutor comenta: “Se eu tivesse um gato preto, não estaria tão sozinho”. O clima denso aumenta na faixa seguinte, “Paper Money”, em que Mark Lanegan grita como se estivesse sendo esfaqueado por uma falsa Afrodite enquanto diz: “Você não pode amar como eu”. A tensão se mantém em “Ask The Dust” faixa instrumental que conjuga riffs sujos de guitarra, teclados fantasmagóricos e bateria (eletrônica) quebrada com ênfase nos pratos.

Após tanto sofrimento em forma de barulho, “Spiritual” surge para purgar todos os pecados (deles e nossos). “Spiritual” é uma versão dos Soulsavers para o original do Spain, grupo liderado por John Hades (filho do lendário baixista de jazz Charlie Haden). No começo é só órgão e a voz limpa e cristalina de Mark Lanegan pedindo: “Jesus, não quero morrer sozinho / Meu amor era falso / Agora tudo o que tenho é você / Jesus não me deixe morrer sozinho”. A música cresce, as alfinetas de eletrônica marcam presença, mas é a voz de Mark Lanegan que te leva ao paraíso.

Em “Kingdom Of Rain”, violão e efeitos acompanham a voz. “Through My Sails” é lirismo em forma de canção pop: um teclado gélido, riffs de guitarra pontuando o arranjo e a letra mastigando a brisa marinha. Mark Lanegan sai de cena nas duas faixas seguintes, instrumentais (”Arizona Bay” e “Jesus Of Nothing”), mas retorna para fechar a tampa com uma magnífica versão de “No Expectations”, dos Stones fase “Beggars Banquet”. Sua voz caminha calmamente sobre uma base de órgão (com notas de violão ambientadas ao fundo) enquanto transforma em sons as palavras doloridas de Mick Jagger: “Nosso amor é como nossa música: está aqui e, depois, se foi”. Clap, clap, clap.

dezembro 3, 2007   No Comments