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Pullovers e Bidê ou Balde no Inferno

A Bidê ou Balde ainda é, sobre um palco, uma das melhores bandas de rock do país. Eles podem mudar a formação (perderam o baixista André e o baterista Pedro está fora desde a gravação do Acústico MTV em 2005), se darem ao luxo de tocarem as canções mais fracas de seu repertório (”Vamos Para Cachoeira”, “A-ha”, “Vamos Para Uma Excursão”), e o vocalista esquecer a letra da música que deu a banda o prêmio de revelação no VMB 2001, que mesmo assim o show é poderoso, muito pelo incendiário desempenho de palco de Carlinhos, Vivi, Sá e o novo (velho) guitarrista Pila.

Mérito também para um repertório de canções poderosas como “É Preciso Dar Vazão Aos Sentimentos”, “Matelassê”, “Bromélias”, “K-7?, a versão de “Buddy Holly”, “O Antipático” e “Mesmo Que Mude”, esta última, fácil, uma das dez grandes canções do rock brasileiro nos anos 00. Eles têm o público nas mãos. Vivi sorri. Carlinhos tira o terno, coloca o terno, apresenta os novos integrantes e diz que vai tocar uma antiga, mas “Spaceball” causa um anticlímax na memória: é de uma época em que Bidê e a Vídeo Hits tinham tudo para conquistar o mainstream nacional, e não conquistaram (muito mais por incompetência das gravadoras do que por falta de qualidade das bandas citadas). Essa expectativa não realizada me acorda: já estamos em 2007. E o que a Bidê tem a dizer?

A cena indie nacional descobriu, definitivamente, a MPB. É sintomático – e interessante – o fato do Pullovers, grupo paulista devoto do Pavement e já com três álbuns guitarreiros nas costas, abrir seu novo show tocando “Jorge Maravilha”, de Julinho da Adelaide (aka Chico Buarque), e no meio do set apresentar “Mal Secreto”, parceria de Waly Salomão com Jards Macalé presente no clássico disco de estréia deste último, em 1972. As duas versões juntam-se ao novo repertório do grupo, cantado em português e cheio de possíveis hits.

No entanto, nessa passagem da banda da adolescência para a vida adulta (prejudicada por mudanças constantes na formação), os arranjos ao vivo não estão valorizando o bom (e simples) rock que o Pullovers tem apresentado em estúdio. Canções grudentas e deliciosas como “1932?, “O Amor Verdadeiro Não Tem Vista Para o Amor”,”Futebol de Óculos” e “Marcelo ou Eu Traí o Rock” perdem punch em suas versões ao vivo. Na hora em que o sexteto encontrar o seu som no palco, São Paulo terá uma grande banda para descobrir. Fique atento.

Com esse pensamento, analiso a cena: é uma sexta-feira quente em São Paulo, bebo cerveja gelada na tentativa de entorpecer a memória enquanto uma das bandas mais bacanas desta década do cenário nacional louva o passado (nem tão passado assim) sem dar uma piscadela sequer para o futuro. O último disco da banda, “É Preciso Dar Vazão Aos Sentimentos!”, é de 2004 e, desde então, eles não fizeram nada novo. Amigos se surpreenderam quando a banda anunciou esse show em São Paulo: “Achei que eles tivessem acabado”. O show, no entanto, não desmente isso.

Com três discos na carreira e pouco mais de nove anos de atividade, a Bidê ou Balde parece ter virado um dinossauro indie. Mesmo o show tendo sido bom, foi inferior a qualquer um que a banda tenha feito na cidade entre 2001 e 2005. Pode ser o começo de uma nova fase. Pode ser que os novos integrantes ainda estejam se entrosando. Mas Carlinhos, no palco, lamentando a ausência do baixista André, soa tanto como “os melhores anos de nossas vidas se foram”. Não dá pra fugir do futuro, e a Bidê – que sobreviveu a saída do guitarrista e compositor Rossato após o primeiro álbum – tem estofo de sobrar para sobreviver aos novos tempos. Porém, os fantasmas no palco do Inferno colocam uma grande interrogação no futuro de uma das bandas mais legais que o cenário brasileiro ouviu nos últimos anos.

novembro 21, 2007   No Comments

O Poderoso Chefão

Aproveitei o feriadão (apesar do plantão nesta segunda e terça) para fazer algo que eu queria fazer faz muito tempo: assistir a trilogia “O Poderoso Chefão” de uma tacada só. Na verdade foi um por dia, mas tudo bem. Minha opinião é a óbvia: uma obra prima do cinema. Marlon Brando e Al Pacino sensacionais no primeiro; De Niro e Al Pacino sensacionais no segundo; Andy Garcia e Al Pacino sensacionais no terceiro. Um dos melhores filmes de todos os tempos.

Particularmente gostei mais do primeiro, o que é ir meio contra a corrente daqueles que usam o segundo filme para validar a exceção a regra da frase “uma sequência nunca supera a obra original”. “O Poderoso Chefão II” superou em Oscars, mas prefiro o primeiro. Na verdade, de 1 a 10, “O Poderoso Chefão I” é 10,5 e “O Poderoso Chefão II” é 10 redondo. E “O Poderoso Chefão III” é ofuscado por Sofia Coppola.

Ok, sei que o mundo inteiro nos últimos 17 anos detonou a atuação da filha do seu Francis, com toda razão. Mesmo assim, não paro de me perguntar que catzo ela está fazendo ali???? “O Poderoso Chefão III” é um filmaço cujo único ponto destoante é falta de atuação de Sofia. Já que estamos falando de um filme de mafiosos, porque ninguém meteu um balaço no personagem dela nos dois primeiros minutos de filme??? Ia ser tão bom….

Aproveitando a onda de filmes sobre a máfia, assisti novamente ao sensacional “Os Intocáveis”, de Brian de Palma, um diretor de altos e baixos, mas que aqui rende que é uma grandeza (assim como em “Scarface” e “Dublê de Corpo”). Cada vez que assisto a este filme, gosto mais dele. Uma senhora atuação de Sean Connery. Na sequência, vem por ai “Goodfellas”…

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A discotecagem no CB, sábado passado, foi bem rápida. Gostei do Cassavetes, muito embora eu não entenda como um programa ideal sair à noite para ver uma banda cover de canções indies. Ok, eles toquem bem, os arranjos acústicos são ótimos, é tudo muito bem ensaiado, mas… não dá. Se nem o Nouvelle Vague passou no teste…

Abaixo, o curto set list da noite:

Somethin’ Hot, Afghan Whigs
The Good Life, Weezer
Can’t Stand Me Now, Libertines
Delivery, Babyshambles
Hunting For Witches (Single Version), Bloc Party
Heavy Boots, Cold War Kids
Like a Virgin, Teenage Fanclub
Day Tripper, Nancy Sinatra
(I Can’t Get No) Satisfaction, Otis Redding
It Won’t Be Long, Evan Rachel Wood
Mr. Brightside, The Killers
Bodysnatchers, Radiohead

novembro 21, 2007   No Comments