Posts from — novembro 2007
Capas de CD com… garotas
O xará Urania levantou a bola ao comentar a capa da Carla Bruni, e não tinha como cortar: essa capa da coletânea do Matthew Sweet (conhece? não? deveria) é Top Ten aqui em casa no que se refere a capa de CDs com garotas. Engraçado que quando eu fui procura-la no Google, o link da imagem era… deste mesmo blog, mas na versão 1.0. Na época, porém, não postei a contra-capa…
novembro 30, 2007 No Comments
Top Ten: 10 shows internacionais
Dias atrás, para justificar meu descontentamento com a fraca temporada de shows deste ano (em comparação com a fartura de anos anteriores), fiz uma listinha com os melhores shows que vi em minha vida, respondendo a um comentário de um leitor, meio como dizendo: “Não sou eu que sou chato, os shows deste ano é que estão muito fracos”. A listinha foi feita em cima da hora, na correria, mas quem leva cultura pop a sério não deve (e não pode) fazer qualquer lista despretensiosamente. A consciência pesa.
E foi assim: acordei na madrugada do mesmo dia em que fiz a primeira lista decidido a fazer uma definitiva. E fiz. Era para ser um Top 10, virou um Top 20, depois um Top 25, em seguida um Top 30 e por fim um Top 50, ou melhor, dois Top 50: um nacional e um internacional. Não foi uma tarefa fácil. Por fim acabei incluindo mais dois Top 10 (isso não tem fim! – risos): um dos shows que eu criei muita expectativa, e me frustei; outro com os shows que eu queria ter visto, mas por algum motivo qualquer, perdi. A lista completa pode ser conferida aqui, mas nas próximas quatro semanas vou resgatar na memória pensamentos sobre cada Top Ten, e publicar um a cada sexta-feira. Pra começar, a lista internacional. E a pergunta: qual foi o melhor show internacional que você viu na vida?
Top 10 Internacional
01) R.E.M. no Rock in Rio, Rio de Janeiro (2001)
Não basta admirar um artista para que ele seja responsável pelo melhor show que você viu na vida. É uma pequena conjunção de fatores que torna um show algo especial. Particularmente, admiro (muito) e já vi ao vivo gente como Brian Wilson, Patti Smith, Neil Young e Echo & The Bunnymen, e apesar deles terem feito grandes shows, nenhum deles está neste Top Ten pessoal. É um preâmbulo necessário para evitar comentários óbvios tipo “esse é o seu show preferido porque você é fã da banda”. Nem sempre as bandas que mais admiramos são aquelas que fazem os melhores shows de nossas vidas. Às vezes são os piores…
Não é o caso do R.E.M. no Rock In Rio 3. O show aconteceu no segundo dia do festival, num sábado, e estava cercado de expectativas. Quando recebi no meio da tarde o set list que a banda iria apresentar mais à noite, fiquei impressionado: era impossível que eles fizessem um show ruim com aquele repertório. O trio havia selecionado um repertório best of para seu show no Brasil, que viria a se tornar o maior público para o qual a banda já tinha se apresentado. Assim que o Foo Fighters encerrou sua apresentação, tratei de arrumar um lugar na “fila do gargarejo” para presenciar o show. E foi… inesquecível.
Michael Stipe estava visivelmente emocionado. O som – que havia derrubado Beck e Foo Fighters – começou ruim, com o baixo à frente dos outros instrumentos, mas em três músicas já estava tudo ok. Daí vieram clássico atrás de clássico: “Fall On Me”, “Stand”, “So Central Rain”, “Daysleeper”, “At My Most Beautiful”, “The One I Love”, “Man on The Moon”, “Everbody Hurts”… Até hoje em dia, quando ouço o CD com o áudio do show, me arrepio quando Peter Buck dispara no bandolim o riff inconfundível de “Losing My Religion”, e ouve-se a massa vibrando (imagine 150 mil pessoas atrás de você gritando insanamente quando ouvem uma das músicas mais lindas já escritas na música pop). No final, “It’s The End” embebida em microfonia e Michael Stipe repetindo “and i fell fine” sem querer sair do palco. Antológico, clássico e inesquecível.
Texto da época especial para a revista Rock Press
02) Page e Plant no Hollywood Rock, São Paulo (1995)
Eu ainda morava em Taubaté, e só consegui ir a esse show porque ganhei o convite em uma promoção do Estadão. O lance era mais ou menos o seguinte: os sorteados se encontravam às 16h na porta do jornal, e um ônibus fretado levaria a turma toda para o estádio do Pacaembu. Claro que a maioria dos ganhadores chegou mais cedo, e a turma foi se conhecendo enquanto biritava num boteco ao lado. Na hora de ir pro estádio todo mundo já se tratava como amigo de infância.
Jimmy Page e Robert Plant chegavam ao Brasil para divulgar o álbum “No Quarter”, baseado em canções do Led Zeppelin e algumas faixas novas. Ao vivo, o repertório do disco que trazia “Kashmir”, “The Battle of Evermore”, “That’s The Way” e “Thank You”, entre outras, recebeu o acréscimo de clássicos como “Imigrant Song” (que abriu a noite), “Heartbreaker”, “The Song Remains The Same”, “Whole Lotta Love” (com Plant inserindo “Light My Fire” e “Break On Throught” do Doors no meio), “Black Dog” e, mama mia, “Rock’n’Roll”.
Além de Robert Plant engasgando para cantar o trecho rápido de “Going To California”, o que permaneceu mais fresco na memória foi o seguinte: após uma versão densa de vários violões para “Gallows Pole”, o palco fica completamente escuro. Permanece assim durante cerca de uns 50 segundos. De repente, as luzes do estádio inteiro se apagam. E surge, cortando a escuridão, o riff poderoso do blues “Since I’ve Been Loving You”. Nada mais a declarar sobre esse show…
03) Elvis Costello no Tom Brasil, São Paulo (2005)
Um show de Elvis Costello no currículo é muito pouco para se falar dele ao vivo. Na verdade, para se falar de um show de Costello e banda é preciso ver, ao menos, quatro apresentações, sendo que em cada uma você fica concentrado em apenas um dos músicos. Ao vivo, ele é acompanhado pelo grupo The Imposters, uma versão atualizada dos Attractions, que como única mudança traz o excelente baixista Davey Faragher no lugar de Bruce Thomas. O baterista Pete Thomas e o tecladista e mago do theremin Steve Nieve estão com Costello desde o início dos tempos.
A banda é tão coesa que fica difícil não se prender a uma linha de baixo por meio minuto para logo em seguida descobrir que Nieve está fazendo alguma maluquice nos teclados ou que o próprio Costello está brincando de guitar hero. O instrumental é tão poderoso que dá vontade de ver o mesmo show várias vezes, para ir colhendo detalhes que possam ter passado despercebidos em uma primeira audição. Costello entregou ao público paulista seu suor, seu melhor repertório em uma execução primorosa. Música da noite: uma versão extensa e violentamente crua de “I Want You”, com citações de U2 (”Ever Better The Real Thing”) e Beatles (”Happiness Is A Warm Gun”).
04) Morrissey no Personal Fest, Buenos Aires (2004)
Antes de abrir a boca, Morrissey reuniu o grupo na frente do público e se curvou em sinal de agradecimento. Suas quatro primeiras palavras: “Cry for me, Argentina”. O local foi ao delírio. Vestido de reverendo, (uma roupa toda preta com um pequeno detalhe branco na gola), Morrissey arrasou com cinismo, clássicos dos Smiths e extremo bom humor. O que dizer de um show cuja segunda música é “How Soon Is Now?”, a quinta é “Bigmouth Strikes Again” e a última (ou décima sexta, como quiseres), “There Is A Light That Never Goes Out”? Ah, teve “Everyday Is Like a Sunday” também…
Texto completo no Scream & Yell
05) Mercury Rev no Curitiba Rock Festival, Curitiba (2005)
Entre o público, pouca gente acreditava que Jonathan Donahue e sua turma conseguissem superar a perfeição indie do Weezer na noite anterior do Curitiba Rock Festival, mas a banda foi além: fez uma apresentação com momentos instrumentais impecáveis, imagens no telão (perfeitamente sincronizadas com as músicas) com citações que iam do filósofo prussiano Arthur Schopenhauer ao piloto norte-americano Michael Andretti; do cineasta Stanley Kubrick, passando por Vladimir Nabukov e Yuri Gagarin até chegar em E.T. e no Mestre Yoda. Inspiradíssimo, o vocalista Jonathan Donahue regeua banda como se fosse um maestro em uma orquestra, cuja batuta fora trocada por uma garrafa de vinho branco. No fim das contas, uma frase no telão resumiu tudo: “O mundo não é feito de átomos. É feito de histórias”. O Mercury Rev fez história em Curitiba.
Texto completo no Scream & Yell
06) The Cure no Ibirapuera, São Paulo (1987)
Meu único show internacional na década de 80, embora eu quisesse (e tivesse tentado) ver outros. A impressão, hoje, é que tudo foi maravilhoso, mesmo com o som estando prejudicado pela péssima acústica do local (embora qualquer acústica fosse melhor que a do TCC, local que abrigava todos os shows nacionais em Taubaté), muito devido ao fato de que era tudo novidade. Claro que não foi só isso. O Cure, quando aportou no Brasil em 87, era uma das maiores bandas do mundo. E Robert Smith estava de muito bom humor. Hoje é impossível cantar “In Between Days” sem soar nostálgico, mas, aos 17 anos, após perambular pela rua matando tempo para aguardar o metrô abrir e voltar pra casa (horas depois), a única coisa que eu conseguia pensar era em assoviar a canção infinitamente.
07) Lou Reed no Credicard Hall, São Paulo (2000)
Ele é aquilo mesmo que você imagina: jaqueta de couro, uma fender jogada elegantemente a sua frente, e um repertório de clássicos que não vão ser tocados no show. E mesmo assim é um show inesquecível. Ele enfia goela abaixo do público uma porção de canções novas – boas, mas sem o brilho das canções do Velvet e de sua carreira solo no início dos anos 70 – e quando você já não está conseguindo mastigar mais, ele saca do bolso “Sweet Jane”, “Dirty Boulevard” e “Perfect Day”, e enfia no meio uma anção nova com cheiro de velha, a bela “Baton Rouge”, e te faz ir sorrindo pra casa.
08) Betty Gibbons no Tim Festival, Rio de Janeiro (2003)
Beth Gibbons, só ela, é um show. A cantora agarra o microfone de um jeito que fica difícil imaginar alguém arrancá-lo de suas mãos. Ela mastiga cada palavra, sente cada sílaba, arrepia quando se encolhe junto ao microfone, parecendo se esconder. E isso acontece praticamente o tempo todo. Ela esbanja carisma tanto quanto timidez. A rotina é quase sempre a mesma. Ela desfia suas letras doloridas. Quando a letra abre espaço para a melodia, a cantora se coloca de costas e toca um singelo pandeiro, acompanhando a bateria. A canção termina, o público aplaude. Alguém grita “Portishead”, e ela, de costas, levanta um copo em sinal de brinde. No final, após toda banda deixar o palco, ela ficou pedindo desculpas pelo seu português, por sua voz. Parecia não ter noção que havia acabado de realizar um dos melhores shows que já passaram pelo País.
09) Sonic Youth no Free Jazz, São Paulo (2000)
Eu não esperava nada desse show. Havia ganho o convite de uma amiga que tinha ficado em casa, e precisou voltar para Porto Alegre na última hora. Sua recomendação: “se eu não voltar pra ver o show, vá você”. E eu tinha medo do Sonic Youth. Achava que seria um show de barulhos e microfonias. Após três dias virando balada, e acordando cedo no quarto dia para uma extensa prova de admissão no saudoso Noticias Populares, cheguei ao Jóquei Clube arrebentado de cansaço. Na hora do show eu só pensava em dormir, mas cada música que surgia me arrastava para frente do palco. Foi um hino atrás do outro. Um sonho em forma de show de rock. Mesmo. Eu sei que para quem viu o show do Claro Que é Rock, anos depois, fica difícil acreditar, mas é sério. Foi um show assustador de tão bom.
10) Pearl Jam no Estádio do Pacaembu, São Paulo (2006)
Eu também não ia nesse show. Acabei convencido por uma amiga, na última hora. Comprei o ingresso na mão de cambista e adentrei ao Pacaembu. Primeira tapa na cara da desconfiança: o carisma de Eddie Vedder é algo impressionante. O repertório foi algo de histórico. Da arquibancada, as cenas mais impressionantes aconteceram logo no começo do show, com o público da pista acompanhando em ondas o crescendo da melodia de “Given To Fly”, e no final, com Eddie Vedder arremessando seu coração para o público brasileiro após exercitar um punhado de frases em português. Emocionante.
novembro 30, 2007 No Comments
A capa de disco do ano?
Pra mim, a capa deste “The Shepherd’s Dog”, do Iron & Wine (banda de um homem só, no caso, Samuel Beam) está entre as mais bonitas do ano, se não for a mais bonita. Eu preciso pensar com mais calma, relembrar, mas fora a capa da Siouxsie e a da Carla Bruni, não lembro de nada que tenha me chamado a atenção… bons tempos do vinil…
novembro 28, 2007 No Comments
Caldo verde saindo da cozinha…
Lili está em vias de terminar seu projeto de conclusão de curso, o que além de significar que logo terei uma arquiteta formada em casa, também quer dizer que ela já está passando mais tempo em frente ao computador do que em qualquer outro lugar da casa, cansada e com o humor abalado (só quem já passou por um projeto de conclusão entende). Resultado mais sério: o jantar sobrou para mim.
Ela foi bem querida e pediu para que eu preparasse uma receita simples de caldo verde que ela fez na semana passada. Porém, qualquer receita simples não é nada simples quando um homem está na cozinha, vamos combinar. No entanto, uns 50 minutos depois de imerso na cozinha, posso dizer: o caldo verde ficou excelente, muito melhor e muito mais barato do que os que costumo comer por ai (o da Bela Paulista é algo).
A receita é tão simples e tão fácil que resolvi dividir com os amigos. Lili a retirou do site da revista Boa Forma (sacumé, sacumé – link direto aqui), e demos uma adaptada desde a primeira vez com base na condição de “casal recém morando junto” que, com a receita na mão, lembra que ainda não tem panela de pressão em casa (tsc tsc tsc). E ainda pretendo experimentar alguns temperos, mas isso fica pruma próxima.
O mais complicado para quem mora sozinho e não tem panela de pressão é cozinhar as 600 g de batata sem casca e cortada em pedaços, mas – no item de facilidades da vida moderna – você pode encontrar em um Pão de Açúcar da vida um pacotinho de batatas cozidas (é mais caro que a batata comprada na feira, mas resolve que é uma beleza) e descascadas. E embora a receita indique o peito de peru light, ainda ficamos com a boa e velha calabreza.
E é isso. Só isso. Confira a receita e se arrisque a fazer em casa qualquer dia. Vale a pena. Não tem como errar. Eu não errei…
Ps. O pãozinho cortado da foto foi feito na hora também; o Pão de Açúcar vende pães pré-assados, que só precisam ficar alguns minutos no forno antes de comer, uma ótima saída para quem detesta pão amanhecido; O queijo também foi ralado na hora. A mãe de Lili sempre traz um queijo mineiro quando nos visita (”Queijo Minas, o original, não essa ricota mole daqui de São Paulo”, esbraveja Lili – nunca discuta com uma mineira sobre queijo, pão de queijo e derivados, nunca), e ralamos na hora quando fazemos alguma massa ou sopa. Tudo fresquinho…
Caldo verde
• 600 g de batata sem casca e cortada em pedaços
• 1 cebola pequena
• 1 col. (sobremesa) de margarina light
• 2 cubos de caldo de legumes
• 1 litro de água
• 60 g de peito de peru light em cubos
• 4 xíc. (chá) de couve-manteiga em tiras finas
Modo de fazer
1) Cozinhe a batata na panela de pressão (ou, no nosso caso, compre a cozida no supermercado).
2) Dissolva o caldo de legumes em água quente;
3) Em uma panela à parte, refogue a cebola na margarina e acrescente o caldo de legumes dissolvido na água.
4) Deixe ferver e, em seguida, bata no liquidificador junto com a batata cozida. Volte a mistura na panela e leve novamente ao fogo para engrossar um pouco.
5) Acrescente a couve e ferva por mais alguns minutos. Volte a mistura ao liquidificador e de uma batida rápida para cortar a couve (algo de dois ou três segundos)
6) Coloque o peito de peru e/ou calabreza na hora de servir.
Rendimento: 4 porções.
Calorias por porção: 185 calorias (a tradicional tem 228).
Tempo de preparo: 30 minutos
novembro 27, 2007 No Comments
The Traveling Wilburys Collection
O encontro em estúdio de grandes astros da música pop – que são amigos – deveria ser algo obrigatório nas tábuas divinas, um décimo primeiro mandamento a ser acrescentado numa futura revisão/atualização dos outros dez. Isso fica evidente quando se tem nas mãos o pacote “The Traveling Wilburys Collection”, que junta em dois CDs a integra dos dois álbuns do grupo (”Vol. 1? e “Vol. 3?), mais quatro faixas bônus e um DVD que conta com um documentário sobre as gravações do primeiro álbum (legendas em português) e ainda cinco videoclipes.
Mas que catzo é o Traveling Wilburys? Bem, o Traveling Wilburys foi um projeto formado em 1988 por Nelson Wilbury, Lefty Wilbury, Otis Wilbury, Charlie T. Wilbury Jr e Lucky Wilbury, codinomes de George Harrison, Roy Orbison, Jeff Lyne, Tom Petty e Bob Dylan, escudados pelo experiente baterista Jim Keltner. Essa turma se encontrou em estúdio para gravar a faixa “Handle with Care”, que faria parte do lado B do single “This Is Love”, extraído do álbum “Cloud Nine”, de George Harrison, mas o projeto foi além.
A química em estúdio deste quinteto de luxo fluiu tão bem que o grupo decidiu arriscar um álbum inteiro, composto e produzido em apenas dez dias (tempo que eles teriam em estúdio antes que Bob Dylan saísse em turnê). O resultado deste trabalho de astros pode ser conferido novamente agora nos dois CDs lançados pela banda em 1988 e 1990 (este último sem Roy Orbison, falecido dois meses após o lançamento do primeiro álbum), relançados agora no pacote “The Traveling Wilburys Collection”.
Porém, se as músicas já estão por ai faz quase 20 anos, o grande achado do pacote é a inclusão do DVD que documenta as gravações de “Vol. 1?. George Harrison toma à frente do grupo como um líder, mas cada membro sabe muito bem o que fazer em estúdio, muito embora Tom Petty assuma: “Nós passamos os vocais de cada um para ver em qual a melodia da música se encaixa melhor, mas como eu posso cantar alguma direito coisa depois de ter ouvido Roy Orbison cantar? Ele faz a gente tremer”, comenta rindo.
O documentário repassa a gravação de várias músicas do primeiro álbum, com cada um dos participantes comentando sobre a maneira de compor do outro. Interessantes takes de estúdio (principalmente de registros vocais) recheiam o DVD. O mais engraçado é que uma das melhores partes do documentário não seja de nenhum dos cinco Wilburys oficiais, mas sim do baterista Jim Keltner, que troca os pratos da bateria por uma geladeira (?!?) em “Rattled”, e grava sua parte na cozinha da casa em que a banda transformou em estúdio para compor o álbum.
“The Traveling Wilburys Collection” flagra a história de um grupo de amigos apaixonados por aquilo que sempre fizeram na vida: música. Canções como o country de boteco do velho-oeste “Last Night”, os rocks da idade pedra (ops) “Dirty World”, “She’s My Baby” e “Margarita”, o twist “Wilbury Twist” (com a seqüência de passos da dança desenhados no encarte), as dylanianas “Tweeter And The Monkey Man” e “If You Belonged to Me”, ou mesmo as inéditas “Maxine”, “Like a Ship”, “Runaway” (de Del Shannon) e “Nobody’s Child” (de Mel Foree e Cy Coben) são momentos em que a música pop manda raros cartões postais do paraíso.
novembro 26, 2007 No Comments
“O Assassinato de Jesse James Pelo Covarde Robert Ford”
“O Assassinato de Jesse James Pelo Covarde Robert Ford”, de Andrew Dominik – Cotação 3/5
Jesse James foi um temido fora-da-lei que viveu no velho oeste norte-americano na segunda metade do século 19 e que ficou famoso por assaltar bancos, trens e matar pessoas com uma frieza rara naquela época. Jesse James ameaçava governadores, prefeitos e xerifes e tinha uma personalidade que dividia opiniões: alguns diziam que ele era um Robin Hood do velho-oeste; para outros, era um assassino frio e cruel. “O Assassinato de Jesse James Pelo Covarde Robert Ford” não se preocupa em desvendar qual das opiniões é a certa, mas sim cavalgar pela história analisando o simbolismo de palavras fora de moda como honra e covardia.
A história flagra os últimos anos de Jesse James, quando ele já era uma lenda no velho-oeste, retratado em milhares de histórias em quadrinhos e reportagens de jornais que traziam todos os detalhes do homem: como ele sorria, como ele empunhava uma arma, como ele sabia a hora certa de atirar, e em quem. Com pouco mais de trinta anos, Jesse James trazia no corpo marcas não cicatrizadas de balas, cansaço nos olhos e vertigens no pensamento. Era perseguido não só pela policial, mas também por caçadores de recompensas que queriam ter seu nome gravado na História por terem assassinado o homem mais temido do oeste.
“O Assassinato de Jesse James Pelo Covarde Robert Ford” conta a história de um primo de Jesse James que cresceu admirando os feitos do fora-da-lei, mas acaba sucumbindo à ganância e ao desejo de ser alguém na vida, nem que seja para ser “o homem que matou Jesse James”. Ou seja, temos aqui mais uma daqueles filmes em que o público já entra no cinema sabendo o final do filme (o que não quer dizer muita coisa, já que o filme recordista de todos os tempos, “Titanic”, também tinha essa característica): Jesse James morre pelas mãos do covarde Robert Ford.
Porém, não é o final que interessa neste western dramático; ou melhor, não só final. O desenrolar da história – adaptada do romance homônimo de Ron Hansen – e, principalmente, suas conseqüências, é que fazem de “O Assassinato de Jesse James Pelo Covarde Robert Ford” um filme a ser visto. O diretor Andrew Dominik perde o rumo em alguns momentos, culpa do roteiro que se complica metade do filme, mas é salvo pela excelente fotografia de Roger Deakins (colaborador de longa data dos irmãos Coen) e pela excelente trilha sonora assinada por Nick Cave e Warren Ellis. Os escorregões, no entanto, não evitam o óbvio: uma enxugada de 20 minutos deixaria o filme brilhante.
Excessos à parte, o filme se vale de uma grande questão: a fama sempre tem um dono, e mesmo que outro queira roubá-la, ele até poderá usá-la por alguns minutos (15, talvez, como professou Andy Warhol), mas ele nunca será o dono. Robert Ford (em excelente atuação de Casey Affleck) chega ao Olímpo após o feito, mas cai como Ícaro que sonhou em voar, voar, subir, subir, mas teve suas asas queimadas pelo sol. “O Assassinato de Jesse James Pelo Covarde Robert Ford” se arrasta por quase duas horas para se fazer valer nos últimos vinte minutos, quando o fora-da-lei já está morto e as conseqüências de seu assassinato começam a surgir nas páginas em branco da História.
Brad Pitt levou a Copa Volpi de melhor ator no Festival Veneza por sua brilhante atuação, e embora tenha sido “esquecido” pela Variety (que publicou uma lista de apostas para o Oscar 2008 com oito nomes colocando Daniel Day-Lewis como favorito e não citando Brad Pitt; Casey Affleck está na lista de coadjuvantes), é tido como nome certo entre os indicados para a premiação (o que alguns julgam um acerto com um dos atores que levam público aos cinemas independente da qualidade da obra, isso em uma época em que as salas enfrentam perda constante de quorum).
Já o filme corre por fora como azarão em um ano de diversas películas medianas, mas pode surpreender, assim como quem não quer nada, atirando pelas costas e saindo com a recompensa. Se isso acontecer, a metáfora da história de Jesse James brilhará novamente. E em dois anos não lembraremos de mais nada. Onde estão os heróis de verdade? Onde estão os clássicos?
novembro 26, 2007 No Comments
Cinema: “Viagem a Darjeeling”
“Viagem a Darjeeling”, Wes Anderson – Cotação 1,5/5
Três irmãos que não se falam há mais de um ano marcam uma viagem de trem pelo interior da Índia com o intuito de se aproximarem e resgatarem a amizade. Simplório, né. Sim, parece, mas tudo que não se espera de um personagem de Wes Anderson é que ele seja simplório. Wes Anderson é meticuloso na criação de seus personagens. Ele vai lá em cima, no inexplorado, e dá aos seus personagens tinturas raramente usadas no cinema. Ele é bom nisso.
No entanto, um filme precisa muito mais do que personagens divertidos e surreais para ser considerado uma grande obra cinematográfica. Dá para se dizer, tolamente, que um grande filme é uma reunião de diversos pequenos acertos. E é mesmo. A história prova que não basta um elenco estelar para se obter um grande filme. E que um bom roteiro não sobrevive a um péssimo ator. Tudo se completa, por mais… simplório que isso possa parecer (e que as belíssimas exceções ousem contrariar).
Após conquistar o mundo com o excelente “Os Excêntricos Tenenbaums” (2001), Wes Anderson tropeçou em seu filme seguinte, “A Vida Marinha com Steve Zissou” (2004), mas não caiu, e cambaleante conseguiu alguns momentos sublimes entre vários superficiais ao contar a história de um lendário explorador subaquático (Bill Murray, renascido após uma gloriosa atuação em “Encontros e Desencontros”, de Sofia Coppola) num filme dedicado ao explorador Jacques Cousteau.
A consagração de um filme muitas vezes é a ruína de um diretor, a prisão que sua obra estará eternamente acorrentada. “Tenenbaums” trouxe ao mundo um bando de personagens deliciosos em seu mundo de problemas emocionais, e os inseriu em um drama familiar interessante e, por vezes, comovente. Porém, enfiou Wes Anderson em uma rotina rocambolesca de autocópia. “Viagem a Darjeeling”, novo longa de Anderson, é um passo à frente se comparado a “A Vida Marinha com Steve Zissou”, e um tombo se tomarmos por base “Os Excêntricos Tenenbaums”.
“Viagem a Darjeeling” apresenta Wes Anderson criando (agora a seis mãos, com auxilio de Roman Coppola e Jason Schwartzman) os mesmos personagens meticulosamente – e deliciosamente – caricatos: Owen Wilson é Francis, o irmão mais velho, aquele que na ausência do pai cuidou dos outros dois, Adrien Brody (Peter) e Jason Schwartzman (Jack). Francis está com a cara arrebentada, pois enfiou sua moto em uma montanha. Peter vai ser pai e Jack está tentando fugir da namorada (Natalie Portman). Os três estão, sem saber, indo atrás da mãe (Anjelica Huston) que os abandonou para virar freira.
O filme começa com um curta-metragem, “Hotel Chevalier”, que serve muito bem para enumerar as surrealidades de um personagem de Wes Anderson: Jack recebe uma ligação no quarto do hotel que está hospedado/escondido em Paris. Sua namorada (que ele abandonou nos EUA) diz que chegará em 30 minutos. Ele arruma o quarto, prepara uma música no iPod (”Where Do You Go To (My Lovely) “, de Peter Sarstedt) e a aguarda. Ela chega com um buquê de flores, um palito entre os dentes, marcas roxas pelo corpo e cabelos curtos. E domina a situação com se fosse o homem da relação.
Essa transferência de papéis acontece em vários momentos do filme. Francis comanda os irmãos, que reclamam do mais velho dar ordens, mas sentem falta de alguém para fazer a escolha certa por eles. Principalmente por que é tudo uma encenação familiar: Francis faz tudo como sua mãe fazia. Mas na ausência dos pais, eles se chapam com xarope, compram cobras venenosas e visitam templos hindus.
São três homens mimados em busca de um sinal, uma placa que os coloque na direção correta. A caracterização dos personagens é perfeita, a fotografia é magnífica, mas a história não convida o espectador a contemplar, muito mais participar. Wes Anderson filma como se estivesse exibindo os defeitos de um homem em um circo de horrores, e como ele já havia feito isso – e de forma mais convincente – em suas obras anteriores, tudo parece menor, rarefeito, desinteressante.
E isso se agrava quando fica perceptível que não há diferenças estéticas entre o personagens de Owen Wilson em “Os Excêntricos Tenenbaums”, “A Vida Marinha com Steve Zissou” e “Viagem a Darjeeling”; que quando uma velha canção dos Rolling Stones (”Play With Fire”) invade o ambiente como personagem principal remete a outras canções dos Stones que procuram causar o mesmo impacto em “Os Excêntricos Tenenbaums” (”She Smiled Sweety” e “Ruby Tuesday”); que quando Anjelica Huston surge em cena, é impossível não se deixar levar pelo deja vu dos filmes anteriores do diretor. E isso tudo apenas diminui as poucas qualidades de “Viagem a Darjeeling”.
Alguém pode dizer que Wes Anderson está criando a sua arte. Ok, eu mesmo já escrevi isso avalizando Woody Allen por se repetir tanto sem, no entanto, o poupar das verdades absolutas (a saber: “Igual a Tudo na Vida”, “Dirigindo no Escuro” e “O Escorpião de Jade” são lixo comparados a “Annie Hall”, “Hannah e Suas Irmãos” e “Crimes e Pecados”). Desta forma, Wes Anderson está criando a sua arte centrifugando o que fez de melhor, e se repetindo, gastando desavergonhadamente a fórmula que o apresentou ao mundo. “Viagem a Darjeeling” não é ruim; é só um lixo perto de “Os Excêntricos Tenenbaums”. Se tivesse sido lançado em 2000 seria um grande filme. Hoje é um pastiche. Fique com o original.
novembro 26, 2007 No Comments
Radiohead na Last FM, em livro e… no Brasil
A essa altura da tarde/começo da noite de quinta-feira você já deve estar sabendo que o Radiohead baixa em terras brasileiras, segundo o guitarrista Ed O’Brien, entre maio e julho de 2008, certo. A integra da nota da BBC é isso aqui:
RADIOHEAD TO INCLUDE SOUTH AMERICA ON TOUR
Radiohead might be playing South America for the first time next year, Ed O’Brien revealed on BBC Radio 1’s Zane Lowe show. Apart from the earlier revealed plans of touring in May, June and July next year; It looks like the band have finally decided to answer the long-time wishes of the South Americans by playing their continent. Although Ed did narrow it down immediately to just two countries: “We’ll hopfully go to Japan and hopefully South America, where we haven’t been before. Well, Argentina and Brazil”.
Já festejando esse anúncio, lembrei de duas coisas que eu estava pra comentar no que diz respeito à banda de Thom Yorke. A primeira são só números:
Faz seis semanas que “In Rainbows” crava as dez músicas mais ouvidas da rádio Last FM. Então você questiona: isso lá significa alguma coisa? Bem, os números respondem isso. Em seis semanas (42 dias), o Radiohead foi executado pela Last FM nada menos do que 11 milhões de vezes (número preciso: 11.594.424 execuções). “15 Step”, a música que abre “In Rainbows”, já foi ouvida 760 mil vezes pelos usuários cadastrados no site. “Videotape”, a faixa que encerra o álbum, teve 620 mil execuções. Esses números são assustadores… pra mim.
A segunda coisa que tenho para falar sobre o Radiohead diz respeito ao livro estampado neste post: “Beijar o Céu”, de Simon Reynolds. O livro traz muitas matérias bacanas, mas a do Radiohead é sensacional. Escrita originalmente para a The Wire britânica, a reportagem (que foi capa da revista) ocupa 30 páginas do livro, e traz dezenas de momentos memoráveis de jornalismo pop. Abaixo transcrevo alguns:
1)
“Talvez seu primeiro pensamento quando pegou este número da The Wire tenha sido ‘que porra é essa?’, e talvez seja uma reação compreensível. Afinal, o Radiohead é um grupo que conseguiu vendas multiplatinadas em 50 países. Não fiz as contas (não sou tão louco), mas considero perfeitamente concebível que as vendas totais de cada artista que aparece nesta edição da The Wire, somadas, talvez não passe as vendas globais de ‘Ok Computer’, o maior álbum do Radiohead. E existe um argumento forte de que uma banda com esse tipo de peso comercial e tal nível de consenso no mainstream simplesmente não tem lugar na capa de uma revista desse tipo, conhecida por lutar pelos dissidentes e pelos que estão a margem.
Só que o Radiohead, eu insisto, fez por merecer. Considere os fatos: no final do ano passado, três álbuns rejuvenesceram o conceito moribundo do pós-rock. ‘Agaetis Byrjun’, do Sigur Ros; ‘Lift Yr. Skinny Fists Like Antennas To Heaven’, do Godspeed You! Black Emperor; e ‘Kid A’. (…) Acontece que só um dos membros desse triunvirato do pós rock entrou no primeiro lugar das paradas de álbuns mais vendidos do Reino Unido e dos EUA. (…) O fato é que o Radiohead opera hoje como embaixador do mainstream para muitas das coisas que essa revista estima”.
2) Jonny Grrenwood fala: “Quando saíram as críticas de ‘Kid A’, nos acusando de sermos difíceis de propósito, eu falei: ‘Se isso fosse verdade, teríamos feito um serviço muito melhor’. O disco não é tão complicado assim – tudo ainda tem quatro minutos de duração, é melódico”.
3) Thom Yorke fala: “Estamos muito felizes porque, dois dias atrás, o Jonny deu uma entrevista para um jornal brasileiro e a primeira pergunta foi: ‘O que você achou do Noel e do Liam dizerem que ‘Kid A’ foi uma monumental covardia?’ Não sei o que isso quer dizer, mas quem se importa, a gente falou YES, finalmente deixamos eles putos”.
4) Talvez o comentário de “covardia” dos irmãos Gallagher esteja relacionado à ideologia central do britpop, de fazer-sucesso-a-qualquer-custo. Essa retórica de ter as paradas de sucesso como alvo, afinal, denigre os velhos ideais do indie rock como derrotista, obscurantista, elitista até. Não só “Kid A” ressuscitou um conceito diferente de ambição – amadurecimento artístico contra explosão comercial – mas também interferiu no destino “correto” do Radiohead: tornar-se uma megabanda tipo U2 fase “The Joshua Tree” (…)
Espécie de álbum semiconceitual sobre a tecnologia e a alienação, a magnitude de “Ok Computer” – em termos de som, temática e aspiração – fez o britpop pagar por seus erros, substituindo seu anti-intelectualismo juvenil e seu hedonismo vazio pelo glamour da literatura e da angústia. Noel e Liam têm razão em se sentirem incomodados: o Radiohead é o anti-Oasis, é o enorme sucesso de “Ok Computer” ofuscando “Be Here Now”, o álbum dos irmãos Gallagher inflado e arruinado pela cocaína.
Ps. Eu queria colocar mais trechos, mas o texto é graaaaaaaaande e tem muita coisa imperdível… risos
Ps 2: já está circulando por ai uma teoria da conspiração envolvendo o álbum “In Rainbows” (tipo aquela do “Kid A” e a “Bruxa de Blair”, que o Pala escreveu aqui pro Scream anos atrás). Leia ambas abaixo:
novembro 22, 2007 No Comments
Pullovers e Bidê ou Balde no Inferno
A Bidê ou Balde ainda é, sobre um palco, uma das melhores bandas de rock do país. Eles podem mudar a formação (perderam o baixista André e o baterista Pedro está fora desde a gravação do Acústico MTV em 2005), se darem ao luxo de tocarem as canções mais fracas de seu repertório (”Vamos Para Cachoeira”, “A-ha”, “Vamos Para Uma Excursão”), e o vocalista esquecer a letra da música que deu a banda o prêmio de revelação no VMB 2001, que mesmo assim o show é poderoso, muito pelo incendiário desempenho de palco de Carlinhos, Vivi, Sá e o novo (velho) guitarrista Pila.
Mérito também para um repertório de canções poderosas como “É Preciso Dar Vazão Aos Sentimentos”, “Matelassê”, “Bromélias”, “K-7?, a versão de “Buddy Holly”, “O Antipático” e “Mesmo Que Mude”, esta última, fácil, uma das dez grandes canções do rock brasileiro nos anos 00. Eles têm o público nas mãos. Vivi sorri. Carlinhos tira o terno, coloca o terno, apresenta os novos integrantes e diz que vai tocar uma antiga, mas “Spaceball” causa um anticlímax na memória: é de uma época em que Bidê e a Vídeo Hits tinham tudo para conquistar o mainstream nacional, e não conquistaram (muito mais por incompetência das gravadoras do que por falta de qualidade das bandas citadas). Essa expectativa não realizada me acorda: já estamos em 2007. E o que a Bidê tem a dizer?
A cena indie nacional descobriu, definitivamente, a MPB. É sintomático – e interessante – o fato do Pullovers, grupo paulista devoto do Pavement e já com três álbuns guitarreiros nas costas, abrir seu novo show tocando “Jorge Maravilha”, de Julinho da Adelaide (aka Chico Buarque), e no meio do set apresentar “Mal Secreto”, parceria de Waly Salomão com Jards Macalé presente no clássico disco de estréia deste último, em 1972. As duas versões juntam-se ao novo repertório do grupo, cantado em português e cheio de possíveis hits.
No entanto, nessa passagem da banda da adolescência para a vida adulta (prejudicada por mudanças constantes na formação), os arranjos ao vivo não estão valorizando o bom (e simples) rock que o Pullovers tem apresentado em estúdio. Canções grudentas e deliciosas como “1932?, “O Amor Verdadeiro Não Tem Vista Para o Amor”,”Futebol de Óculos” e “Marcelo ou Eu Traí o Rock” perdem punch em suas versões ao vivo. Na hora em que o sexteto encontrar o seu som no palco, São Paulo terá uma grande banda para descobrir. Fique atento.
Com esse pensamento, analiso a cena: é uma sexta-feira quente em São Paulo, bebo cerveja gelada na tentativa de entorpecer a memória enquanto uma das bandas mais bacanas desta década do cenário nacional louva o passado (nem tão passado assim) sem dar uma piscadela sequer para o futuro. O último disco da banda, “É Preciso Dar Vazão Aos Sentimentos!”, é de 2004 e, desde então, eles não fizeram nada novo. Amigos se surpreenderam quando a banda anunciou esse show em São Paulo: “Achei que eles tivessem acabado”. O show, no entanto, não desmente isso.
Com três discos na carreira e pouco mais de nove anos de atividade, a Bidê ou Balde parece ter virado um dinossauro indie. Mesmo o show tendo sido bom, foi inferior a qualquer um que a banda tenha feito na cidade entre 2001 e 2005. Pode ser o começo de uma nova fase. Pode ser que os novos integrantes ainda estejam se entrosando. Mas Carlinhos, no palco, lamentando a ausência do baixista André, soa tanto como “os melhores anos de nossas vidas se foram”. Não dá pra fugir do futuro, e a Bidê – que sobreviveu a saída do guitarrista e compositor Rossato após o primeiro álbum – tem estofo de sobrar para sobreviver aos novos tempos. Porém, os fantasmas no palco do Inferno colocam uma grande interrogação no futuro de uma das bandas mais legais que o cenário brasileiro ouviu nos últimos anos.
novembro 21, 2007 No Comments
O Poderoso Chefão
Aproveitei o feriadão (apesar do plantão nesta segunda e terça) para fazer algo que eu queria fazer faz muito tempo: assistir a trilogia “O Poderoso Chefão” de uma tacada só. Na verdade foi um por dia, mas tudo bem. Minha opinião é a óbvia: uma obra prima do cinema. Marlon Brando e Al Pacino sensacionais no primeiro; De Niro e Al Pacino sensacionais no segundo; Andy Garcia e Al Pacino sensacionais no terceiro. Um dos melhores filmes de todos os tempos.
Particularmente gostei mais do primeiro, o que é ir meio contra a corrente daqueles que usam o segundo filme para validar a exceção a regra da frase “uma sequência nunca supera a obra original”. “O Poderoso Chefão II” superou em Oscars, mas prefiro o primeiro. Na verdade, de 1 a 10, “O Poderoso Chefão I” é 10,5 e “O Poderoso Chefão II” é 10 redondo. E “O Poderoso Chefão III” é ofuscado por Sofia Coppola.
Ok, sei que o mundo inteiro nos últimos 17 anos detonou a atuação da filha do seu Francis, com toda razão. Mesmo assim, não paro de me perguntar que catzo ela está fazendo ali???? “O Poderoso Chefão III” é um filmaço cujo único ponto destoante é falta de atuação de Sofia. Já que estamos falando de um filme de mafiosos, porque ninguém meteu um balaço no personagem dela nos dois primeiros minutos de filme??? Ia ser tão bom….
Aproveitando a onda de filmes sobre a máfia, assisti novamente ao sensacional “Os Intocáveis”, de Brian de Palma, um diretor de altos e baixos, mas que aqui rende que é uma grandeza (assim como em “Scarface” e “Dublê de Corpo”). Cada vez que assisto a este filme, gosto mais dele. Uma senhora atuação de Sean Connery. Na sequência, vem por ai “Goodfellas”…
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A discotecagem no CB, sábado passado, foi bem rápida. Gostei do Cassavetes, muito embora eu não entenda como um programa ideal sair à noite para ver uma banda cover de canções indies. Ok, eles toquem bem, os arranjos acústicos são ótimos, é tudo muito bem ensaiado, mas… não dá. Se nem o Nouvelle Vague passou no teste…
Abaixo, o curto set list da noite:
Somethin’ Hot, Afghan Whigs
The Good Life, Weezer
Can’t Stand Me Now, Libertines
Delivery, Babyshambles
Hunting For Witches (Single Version), Bloc Party
Heavy Boots, Cold War Kids
Like a Virgin, Teenage Fanclub
Day Tripper, Nancy Sinatra
(I Can’t Get No) Satisfaction, Otis Redding
It Won’t Be Long, Evan Rachel Wood
Mr. Brightside, The Killers
Bodysnatchers, Radiohead
novembro 21, 2007 No Comments