Cenas da vida em São Paulo: O acidente
Toca o telefone na casa Callegari Costa. Eu atendo:
– Alô
– Alô. É o Marcelo?
– Sou eu mesmo.
Do outro lado da linha, a pessoa parece gaguejar, mas continua:
– Oi, Marcelo. Aqui é o Antônio. Fui eu… que peguei você na Consolação… na sexta-feira.
Paro alguns segundos e começo a pensar: me pegou na Consolação? Será que eu peguei um taxi? Sexta? Mas eu voltei de Buenos Aires na quinta, e nem foi de taxi. Será que eu esqueci algo no ônibus? Será… ahhhh, o senhor que me atropelou…
– Oi seu Antonio!
– Oi, Marcelo! Eu estava ligando para o seu celular, mas a ligação não estava completando. Então peguei o seu telefone no boletim de ocorrência. Liguei hoje e a sua faxineira atendeu. Ela disse que você devia voltar bem tarde…
– Sim, sim.
– Eu até passei na sua rua, mas não encontrei o número do seu prédio…
– Eu acho que ainda estava meio grogue na hora que falei com o policial…
– É, pode ser. Está tudo bem com você? Não dormi direito esses últimos dias.
– Está tudo bem sim, seu Antonio. Uns arranhões, uns roxos, mas está tudo ótimo. Mais uns dias e estou inteiro…
– Que bom, que bom. Olha, eu dirijo desde 1973, e nunca tinha acontecido isso comigo. Rezei para que você estivesse bem…
– Também nunca aconteceu comigo, mas sem problema, estou me recuperando e o importante é que não quebrei nada…
– Fico mais aliviado, viu. Você está precisando de alguma coisa?
– Não, não, muito obrigado. Está tudo ótimo…
– Se precisar, pode ligar, viu. E eu ainda não sei dizer o que aconteceu…
– Não se preocupe, por favor. Estou bem mesmo. E tinha que acontecer. O importante é que não aconteceu nada mais grave.
– Isso é verdade. Então se cuide. Vou ligar daqui alguns dias para saber se você se recuperou bem.
– Pode ligar. Agradeço a sua preocupação!
– Fique com Deus.
setembro 10, 2007 No Comments