Posts from — setembro 2007
Cenas da vida em São Paulo: Woody
Sexta-feira, pouco mais de sete da noite, escuridão. O cara sai do trabalho cansado pela semana intensa, mas feliz pelo sábado e domingo pela frente. Segue pela Rua Amauri atolada de carros importados, atravessa a movimentada Av. 9 de Julho, e quando está no meio do canteiro, no cruzamento com a Av. Europa, é abordado por um ambulante. De bermuda (apesar do vento frio), camiseta rasgada e pacotes de balas que ele procura vender para os passageiros dos carros parados no sinal vermelho, o ambulante todo animado puxa papo:
– Cara, eu adoro esse cara ae – diz ele apontando para a camiseta do rapaz.
O rapaz, sem entender muito o que está acontecendo, pensa que ele deve ter confundido a pessoa desenhada na camiseta, mas o ambulante continua:
– Os filmes dele são muuuuuito doidos. Me amarro.
– Eu gosto muito – responde assustado o rapaz; está escuro no cruzamento da duas grandes avenidas, mas o papo começa a ficar interessante.
– Onde você comprou essa camiseta?
– Ganhei da minha namorada…
– É lindona, viu. Esse cara é bão.
– É mesmo – responde o rapaz, e emenda – mas nem todo mundo gosta dos filmes dele…
– Eu me amarro. São doidos pra caralho. E os livros também são muito bons!
Nesta hora, o rapaz trabalhador quase tem uma sincope. “Como assim, os livros dele? O cara leu os livros dele que eu mesmo não li?”, pensa, sem humildade. Consegue apenas responder, no momento em que o sinal verde passa para o amarelo antes de se transformar em vermelho:
– Os livros eu ainda não li!
– Pô, você passa sempre aqui? Olha, na segunda eu não vou vir, mas qualquer coisa, passa aqui na terça que eu te empresto. Eu tenho os três!
O rapaz atravessa a rua totalmente sem entender os dois minutos que se passaram passos atrás. Agradece o ambulante e não diz se vai passar na terça para pegar o livro; sorri desajeitado e caminha sobre a faixa de pedestres enquanto o ambulante, também sorrindo, leva seus pacotes de balas para os carros que estão parados no sinal.
– Valeu pelo papo, abraço! – diz o rapaz quando está chegando ao outro lado da calçada. O ambulante é todo sorrisos. Elogia novamente a camiseta antes de se perder em meio aos automóveis…
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Em homenagem a cena acima assisti, neste sábado, “A Última Noite de Boris Grushenko” (“Love and Death”, 1975), comédia menor – mas muito divertida – do diretor citado. O filme conta a história de Boris, um russo que, na véspera de ser executado por soldados franceses por um assassinato que não cometeu, recorda toda a sua vida desde criança até o momento derradeiro. Neste emaranhado de lembranças, citações de filósofos, inserção de personagens de Dostoiévski na trama, a descoberta de que não existem garotas na vida após a morte, e teorizações sobre o amor, o sofrimento e a morte, ao menos um momento antológico: Boris dançando com a morte, reeditando a descoberta clássica de seu diretor favorito, Ingmar Bergman, cujo personagem desafiou a morte para uma partida de xadrez, mas descobriu que não se pode confiar no anjo vestido de preto.
setembro 29, 2007 No Comments
Mais coisas…
Fui ao VMB ontem e me surpreendi com o baixo nível da cena nacional. O que é possível dizer rapidinho é que a produção do evento é acachapante, mas a premiação é terrível. Juliette and The Licks fizeram uma grande apresentação (na TV foi uma só, mas lá eles tocaram três ou quatro) e até o Marilyn Manson me convenceu. Mas o resto… muito vestido, muita beleza, muito roqueiro de butique e pouca inteligência.
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Antes que alguém se engane, vou torcer para o “O Ano Em Que Meus Pais Sairam de Férias”, na minha modesta opinião, um grande filme, mas inferior a “Tropa de Elite”. E vou mais alem: os dois são inferiores a “Saneamento Básico”, mas a metáfora do filme é para poucos – embora acredite que mesmo isso não deveria impedi-lo de ser o concorrente nacional – enquanto “Tropa de Elite” pega na veia. Qualquer um dos três seria um bom representante.
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Momento Herbalife: meu medido garantiu que tudo está em ordem com meu estômago, que o problema é mais em cima, na cabeça mesmo. Receitou uns chazinhos e comprimidos naturais. Fiz a primeira sessão hoje de manhã, e foi surreal. É uma salinha no centro da cidade, com palavras para melhorar a baixa-estima, em que um homem serve os chás naturais para os clientes. O programa inicial leva oito dias, e são três copos de chá cuja rotina me lembrou as histórias do Santo Daime. Apenas lembrou. Surreal demais para um cara que, um dia, cogitou ser junkie…
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O todo poderoso Billy Corgan liberou a integra de dois shows novos de 2007 para download no site oficial dos Pumpkins. O primeiro show data de 22 de maio, no Grand Rex Theatre, em Paris, e traz 33 músicas, entre elas hits como “Today”, “Bullet with Butterfly Wings”, “Tonight, Tonight” e “Disarm”. O segundo show aconteceu em 25 de julho, no famoso Fillmore, em São Francisco. O áudio captura 27 músicas da apresentação que junta hits com faixas novas como “That’s The Way (My Love Is)” e “Tarantula”, entre outras. Além dos dois shows recentes, a página de downloads do site dos Pumpkins ainda disponibiliza mais de 15 apresentações entre 1988 e 2007. Aqui.
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O programa Alto-Falante e o bar A Obra comemoram, a partir desta sexta-feira, dez anos de atividades. A data especial é o ponto de partida do Festival Garimpo, que leva para a capital mineira gente como o duo Lucy and The Popsonics, Terminal Guadalupe, Macaco Bong, Vanguart e Montage. Fica aqui os parabéns do Scream & Yell para estes dois grandes sinônimos de cultura independente do País. Mais sobre o Festival Garimpo aqui.
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E o disco do Babyshambles, hein. Já virou vício agora. Ouço no computador no trabalho, no celular quando estou indo pra casa, e no computador em casa. Já está na seleção da próxima discotecagem que irá acontecer em Curitiba, qualquer dia do mês que vem…
setembro 28, 2007 No Comments
Disco da Semana: “Magic”
setembro 26, 2007 No Comments
O que é a gastrite?
Segundo a Wikipedia, a gastrite é a inflamação da mucosa que reveste internamente o estômago, também conhecida como epitélio estomacal. Os dois tipos mais conhecidos de gastrite são a crônica e a aguda. Eu carrego esta segunda, que aparece quase sempre por estresse, físico ou psíquico. Os sintomas são perda de apetite, azia, dor e queimação no abdômen. Essa tal queimação parece uma estática de rádio em tom beeem baixo que fica zunindo no lado esquerdo da barriga (no meu caso, desde os 21 anos).
Bem, tudo isso é meio blá blá blá, né. Fica mais fácil assim:
Gastrite é o seguinte:
Três amigos saem de um show e planejam a balada. Ela diz que irá beber algo que tem chocolate e Tequila. Um dos meninos diz que irá de Bloody Mary com alguma outra coisa. O terceiro, salivando, abre mão do esquenta e diz que vai direto pra casa, mas que vai pegar uma Xingu para aplacar o desejo.
Isso é gastrite?
Não, caro leitor, quem dera. Gastrite é, na última hora, você trocar a cerveja por suco de maracujá…
Ps. esse post é em homenagem a minha 10ª endoscopia (em 17 anos), a ser feita nesta terça… 🙂
setembro 24, 2007 No Comments
Pato Fu num dia, Jards Macalé no outro
No palco do charmoso teatro do Sesc Vila Mariana, o Pato Fu fez na sexta-feira mais uma apresentação memorável, desta vez focando-se no repertório do recém lançado “Daqui Pro Futuro”, mas sem abrir mão do passado. Nas minhas contas, foi o décimo show do Pato Fu que assisti nos 15 anos de vida da banda, e foi o melhor show de todos (até agora).
O show começou com “Mamã Papá” do novo disco (a pequena Nina, filha de Fernanda e John, estava na primeira fila acompanhada da avó), emendou com uma bonita versão de “Perdendo Os Dentes” e virou barulho com “Gimme 30?, do álbum de estréia, “Rotomusic de Liquidificapum” (1993). Esse trio de abertura se repetiu no show: canções novas, hits e umas “velharias” escolhidas a dedo.
Entre os hits destaque para “Sobre o Tempo”, com intensa participação do público. Das canções novas, “Tudo Vai Ficar Bem” e “Vagalume” chamaram a atenção (a última com um momento “bateria de moedinhas” tocada por Ricardo Koctus). Das raridades no repertório, “Um Ponto Oito” e “Vivo num Morro” mantiveram o clima em alta. Ao contrário do álbum, que é bem lento, o show do Pato Fu continua acelerado. E divertido. E praticamente perfeito nos detalhes. Ao final, só uma certeza: eles são a melhor banda do País.
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No palco do teatro do Sesc Santana (na verdade, quase todos os novos teatros do Sesc em São Paulo são charmosos), Jards Macalé, sozinho com seu violão, fez mais uma vez um grande show. Foi diferente do show do Theatro Municipal (melhor show nacional que assisti em 2007 até agora – e um dos melhores que vi na década até aqui), mas mesmo assim foi bem especial.
Macalé brindou o público com pequenos sets homenageando amigos. Waly Salomão foi relembrado em versões matadoras de “Mal Secreto”, “Anjo Exterminado” e “Vapor Barato”. O mestre Moreira da Silva foi relembrado com “Acertei no Milhar”, o divertidíssimo samba de Gordurinha “Orora Analfabeta”, e a parceria “Tira os Óculos e Recolhe o Homem” (com direito a história que rendeu a parceria na época da ditadura), com direito a citação do samba “Olha o Padilha” (e mais história).
O Brasil foi outro homenageado. Na verdade, os políticos brasileiros foram lembrados com sambas magníficos de Noel Rosa: “Onde Esta a Honestidade”, “Com Que Roupa” e “Positivismo” (dos versos que citam o lema da bandeira brasileira: “o amor vem por principio, a ordem por base, e o progresso é que deve vir por fim, desprezaste esta lei de Augusto Comte, e fostes ser feliz longe de mim”). Os pontos altos foram as arrepiantes versões para “Consolação” (de Baden e Vinicius) e “Contraste” (de Ismael Silva), com os versos:
“Existe muita tristeza na rua da Alegria
Existe muita desordem na rua da Harmonia
Analisando essa história
Cada vez mais me embaraço
Quanto mais longe do circo
Mais eu encontro palhaços”
O show terminou com “Gotham City” e a promessa de “Movimento dos Barcos” para o show de domingo… até estou pensando em ver de novo…
setembro 23, 2007 No Comments
500 Toques e mais Tropa de Elite
500 Toques sobre Paula Toller, George Israel e Maria Rita
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Assisti a versão pirata do badalado (e ainda inédito) “Tropa de Elite” na noite passada. A versão que comprei – R$ 8 – é a tão famosa que circula por ai, com intertítulos em inglês e sem os créditos finais. O longa de José Padilha estava previsto para estrear em novembro, mas a produção antecipou a estréia para 12 de outubro devido ao “sucesso” do filme no mercado negro. Suas primeiras exibições públicas acontecem na noite de quinta (20), para convidados do Festival de Cinema do RJ, e outra na sexta (21), às 23h45, no Espaço de Cinema, a única aberta ao público (mas os ingressos esgotaram em uma hora).
Padilha diz que a versão que circula é o terceiro corte, e que o filme passou por 16 cortes até o final de montagem. Isso só poderá ser comprovado após uma comparação do que foi visto no DVD pirata e do que estará nas telas de cinema no próximo dia 12. O que dá para dizer é que, do jeito que está circulando em versão pirata, “Tropa de Elite” é sensacional. Bate “Cidade de Deus” em vários quesitos, e Wagner Moura impressiona com uma atuação eletrizante. Agora, a pergunta que fica é: será que a versão final vai ser tão boa quanto esta cópia pirata do terceiro corte?
Dúvidas a parte, a única coisa que dá para garantir é o grande sucesso que espera o filme. Assim como acontece com os CDs vazados na web, que ganham uma exposição gratuita, “Tropa de Elite” chega aos cinemas com um público garantido. Duvido que as pessoas que assistiram ao DVD (como eu) vão deixar de ir ao cinema para ver a versão final do melhor filme brasileiro dos anos 00. É uma tremenda tolice gastar tempo questionando se esse ou aquele é culpado na distribuição do filme. A propaganda gratuita só deve fazer de “Tropa de Elite” a grande bilheteria do Brasil em 2007. Merecidamente.
setembro 19, 2007 No Comments
Entrevista ao Pop Indie
Entrevista concedida a Maikol Paolo Vancine (agosto de 2006)
Hoje estréia a série de entrevistas (tomara que realmente vire uma série), feitas por e-mail, com poucas e simples perguntas, até porque não tenho prática nisso, pra matar a curiosidade, e saber mais um pouco sobre grandes pessoas que se movimentam para trazer um pouco de diversão e cultura para nós, apaixonados. E hoje, mais do que merecido, o primeiro convidado foi o jornalista Marcelo Costa, editor do site Scream & Yell, e um grande apaixonado pela cultura pop.
Marcelo também é editor de homes do iG, BRTurbo, iBest, e escreve para as revistas Rock Press, Rock Life, Pipoca Moderna, e estreou na semana passada sua coluna no iG chamada Revoluttion. Marcelo fala aqui sob sua estréia, um pouco da sua vida, seus pensamentos, etc.
Quem te conhece sabe da sua paixão pela cultura pop, você acha que é possível viver fazendo somente tudo aquilo que você gosta, desde trabalho até estilo de vida? E no seu caso em especial você se sente realizado, e acredita que ainda hoje é possível viver de cultura pop?
Possível é, mas é bem difícil também. Eu gostaria muito de poder viver só de cultura pop, do site que eu edito, dos textos que escrevo para algumas revistas, mas isso ainda é impossível. O meu trabalho no iG, por exemplo, nada têm de cultura pop. E é este trabalho que possibilita que eu pague as contas, me alimente, ou seja, viva a vida normalmente. Viver só de cultura pop não daria, mas não é impossível. É preciso, talvez, um tato maior para negócios, para fazer o dinheiro render. Particularmente tenho medo de dizer que me sinto realizado, sabe. Eu tenho 36 anos, só (risos). Se me sentir realizado agora, o que é que vou fazer com os outros 54 que ainda pretendo viver? Ficar vendo a vida passar é que não dá. Poderia dizer que me sinto orgulhoso com as conquistas, mas ainda falta muita coisa para se conquistar e viver. É só sair pra rua e dar uma boa olhada ao seu lado. O mundo precisa melhorar muito, e isso faz parte de se sentir realizado, sabe: desejar o bem estar de todos. Não dá para se sentir o cara mais bacana do mundo com tanta desgraça por ai. Seria muito “umbiguismo”.
E para quem está iniciando, principalmente na área jornalística, ainda existem chances de ter toda a carreira voltada para essa área, já que toda a “magia” de publicações impressas de fanzines, jornais e revistas especializadas de décadas passadas, se perdeu um pouco, principalmente pelo surgimento da internet e as facilidades que ela proporciona?
As chances sempre existiram e sempre vão existir. Apesar das facilidades da Internet, acho que fazer fanzines em papel deve ser muito mais sedutor e mágico hoje em dia do que um dia foi. Eu ainda quero fazer umas edições do Scream em papel novamente, mas seria voltar estágios, já que comecei a me envolver com revistas, e você acaba enxergando a coisa como um todo. Acaba sendo mais exigente, mesmo sendo um fanzine. No entanto, com tantos sites surgindo por ai, o fanzine em papel é um diferencial que deve ser explorado.
O Scream & Yell surgiu como um fanzine, e durou pouco tempo, houve uma necessidade de se digitalizar, ou foram outros os motivos?
Foram acasos, apenas isso. Eu editava ele (o fanzine de papel) inteiro no pagemaker, sozinho. E continuaria editando, mas um amigo se empolgou com o fanzine em papel, e me “deu” um site. Ele fez tudo. E depois teve a Zero, que foi um projeto que nasceu dentro do S&Y. Ou seja: era um fanzine, virou site, e dali surgiu uma revista. São passos naturais.
Cultura é coisa de rico?
De maneira alguma. Eu, por exemplo, não sou rico. Com muito jeito dá até para dizer que sou classe média, média mesmo (e baixa records, como escreveu o Mini na letra da música do Walverdes). Passei em um concurso para trabalhar na faculdade, e ganhei uma bolsa de 50% para cursar Comunicação Social. Isso me permitiu ter um diploma de bacharel. Nunca cheguei a prestar Federal, mas acho que eu nunca iria passar. Faltou base no colégio. Mesmo assim, era rato de biblioteca e lia tudo que pintava pela frente. Ou seja, a cultura está na própria pessoa. Na vontade dela conhecer mais coisas. Tem gente que tem dinheiro e prefere gastar com iates, helicópteros, jatinhos e coisas e tal. Tem gente que não tem e prefere comprar CDs, filmes e livros. O dinheiro não serve como paralelo. A cultura está na própria pessoa.
Política e futebol te interessam, ou você foge do comum?
Política deveria interessar a todos, mas as desilusões foram me colocando mais distante. Assim como vários amigos, pela primeira vez estou pensando seriamente em votar nulo. Havia uma meta sonhada, e essa meta foi conseguida, mas não mudou nada. Então acho que precisamos de medidas sérias para mostrar aos governantes que estamos infelizes. O voto nulo é uma destas medidas. Já o futebol… eu era completamente fanático, corintiano roxo e tal. Mas depois de um certo dia (uma oitavas de final da Libertadores com o Palmeiras), nunca mais fui o mesmo. E, cada dia que passa, perco mais e mais o prazer em assistir e acompanhar os jogos. Hoje em dia o futebol me interessa com os amigos…
Você se sente indo contra a corrente, como você disse na Revoluttion em relação aos nomes de suas colunas (Revoluttion, Calmantes com Champagne, L’âge D’or)?
Na maioria do tempo, mas existem coisas que me surpreendem. Às vezes acho que só eu detestei uma coisa, e quando comento vejo que mais pessoas achavam aquilo também (como quando critiquei negativamente o “A Ghost Is Born”, do Wilco). Mas também não é uma corrente tão forte assim… (risos).
Em sua página no Orkut você dá a entender que não assisti televisão, ou que não gosta. Chega a ser um “radicalismo”, uma aversão?
Dá a entender isso mesmo? Bem, é só por falta de tempo mesmo. Em São Paulo existem sei lá quantas salas de cinema. Tem shows todo dia. Eu tenho mais de 80 discos novos para ouvir (sem contar os 5 mil da minha estante). Tenho que escrever para alguns lugares, editar o site… e tem os DVDs. A televisão acabou perdendo a sua função para mim, assim como o rádio. Se eu quero ouvir uma música, eu vou e pego o CD na estante. Não preciso ficar procurando ela numa FM. Acho que aconteceu o mesmo com a TV…
Sua coluna, Revoluttion, estreou dia 05 desse mês no iG, além disso você tem outros trabalhos em revistas, além do site. Como você faz para não se tornar repetitivo, e administrar o seu tempo em torno de tantos projetos?
Existem muitas maneiras de se falar a mesma coisa sem se repetir (risos), mas na verdade são coisas diferentes. O blog Calmantes é extremamente pessoal, eu com meu leitor; a coluna Revoluttion será uma coisa mais centrada na informação e na poesia do texto, assim como é a coluna de cinema no site da Rock Press. Cada coisa tem seu foco. E administrar o tempo é sempre um problema. Um dia de 24 horas é muito curto para tanta coisa… Não há uma fórmula. Você vai fazendo e fazendo e fazendo.
E quais são suas expectativas diante dessa nova empreitada?
Acho que é um espaço bacana, num lugar bacana, com uma exposição ótima. Tem tudo para render.
Pra finalizar: Morrissey é o maior inglês vivo da história, e Chico Buarque o melhor letrista do nosso país?
Letrista, sem dúvida. No rock sempre tivemos bons nomes, mas Chico é imbatível. Só não sei se ele é o maior brasileiro vivo. Tem vários nomes para essa lista…
setembro 18, 2007 No Comments
Entrevista ao Yer Blues
Entrevista concedida a Jonas Lopes (07/2004), do Yer Blues
Para aqueles que gostam de ler e-zines, provavelmente nunca haverá tão cedo um período fértil como o de 2001/2002, quando ótimos sites como o Scream & Yell e o Quadradinho nos ajudavam a entender um pouco mais esse bicho tão abrangente quanto pouco compreendido chamado cultura pop.
Claro que hoje há alguns zines de alto nível, e isso só comprova a minha teoria, pois várias das pessoas que escrevem neles eram leitores ou escreviam para o S&Y nesta época áurea. Liderado e idealizado por Marcelo Costa, o Scream & Yell impressionava pela qualidade e produtividade – tinha texto novo praticamente todo dia, graças ao batalhão de colaboradores do site.
No fim de 2002, Marcelo anunciou o fim do zine, para surpresa dos leitores. A comoção foi geral. Mac ensaiou uma volta no ano passado, que durou alguns meses, mas não vingou completamente. Hoje ele mantém um blog na página principal do S&Y. Nesta entrevista ele conta algumas histórias curiosas da trajetória do zine e até vislumbra uma possível volta, entre outras coisas interessantes. Vamos torcer.
Uma pergunta vaga e bem pessoal: pra você, o que é cultura pop e que importância devemos atribuir a ela?
Putz, pegou pesado para começar, hein (risos)? Bem, entendo cultura pop como um braço mais deslocado da cultura, um caminho mais leve, desencanado e que permite muito mais maneirismos do que a cultura sedimentada. Vai desde gibis, revistinhas Tex (Sabrina e Julia também), passa por discos e chega ao cinema. É tudo de uma leveza e uma urgência que demarcam muito o tempo que vivemos. Fico cá imaginando a atemporalidade dessa cultura, mas se um livro do Marcelo Paiva de 1982 ou um disco dos Beatles de 1967 continuam atuais, acho que não temos muito com o que nos preocuparmos, né? Quanto à importância, putz, vai da vida de cada um. Conheço muita gente que não sabe nada de Belle & Sebastian, nunca passou perto de um livro de Salman Rushdie e deve achar que Matrix é um xingamento, e essas pessoas são felizes. Cada um tem que se satisfazer e descobrir o que pode retirar de bom da vida. Na verdade, e chulamente falando, cultura pop se assemelha ao futebol. De que adianta ficar se remoendo, torcendo, brigando por 22 homens peludos correndo atrás de uma bola e que ganham em um mês a grana que eu deverei juntar trabalhando a vida toda? Adianta porque é passatempo, é diversão, é emoção. Faz a vida valer a pena, faz o mundo pessoal de cada um ter sentido. A importância cada um dá.
Como e quando surgiu a idéia do Scream & Yell?
Foi um tremendo acaso. Eu sempre fui bicho do mato. Tinha centenas de vinis e passei a adolescência toda lendo, ouvindo música e jogando jogo de botão, sempre sozinho, muito pelo fato da minha família se mudar constantemente, o que me atrapalhava em fazer novas amizades. Isso tudo para dizer que quando o Scream & Yell surgiu eu tinha noção quase zero do que era um fanzine. Mas eu gostava de escrever, era metido a enciclopédia de música, tinha uma coleção invejável de vinis e muitas pessoas próximas freqüentavam a minha casa ou para ouvir um som ou para gravar fitas. Na época, eu estava cursando o segundo ano de publicidade e propaganda na Universidade de Taubaté, local onde eu trabalhava também (era auxiliar de biblioteca na faculdade de Direito de lá). E foi lá que eu conheci o João Marcelo, um cara que amava Metallica e Engenheiros do Hawaii em proporções iguais (risos). Foi ele que em plena tarde de 25 de dezembro de 1996, apareceu na minha casa com a idéia de fazer um fanzine. O pessoal da minha sala da faculdade já tinha feito um, o Gambiarra, bem bacana por sinal, então as idéias brotaram com facilidade. Ali mesmo, ouvindo Smiths, Jesus & Mary Chain e Smashing Pumpkins, rascunhamos o número 1. O problema foi que ambos eram muito perfeccionistas. O João estava aprendendo a mexer em pagemaker e toda vez a gente mudava algo, tinha uma nova idéia, e tudo mudava. Fizemos um zine profissa, com espaços para anunciantes e tudo mais. Outro grande problema é que, já na fase de acabamento, o João se acidentou. Enfiou a moto no meio de uma Brasília amarela e se foi. Fiquei sem chão pela perda do amigo e nem quis mais saber do projeto. Um ano depois o retomei, por uma paixão enlouquecedora pelo álbum Carnaval na Obra, do Mundo Livre. Daí tem um intervalo, né, entre o fanzine sair do papel e virar site. Eu tinha vindo para São Paulo já, e conversava sempre por email com um cara politizado e bem bacana, chamado Hugo. Quando mostrei o Scream & Yell em papel, ele pirou.Tinha planos de fazer um site e fez mesmo. O Scream & Yell que está hoje no ar ainda é o mesmo HTML que o Hugo colocou no HPG em novembro de 2000. Mudei alguns detalhes depois, mas em essência é a mesma coisa.
No zine você já fez coisas como entrevistar o Ian McCulloch, que é um grande ídolo seu. Que outros momentos você destacaria em toda a trajetória do site?
A entrevista com o Lambchop que o Leonardo Vinhas fez, é muito melhor que a publicada em qualquer grande veículo, mesmo. Tem muita coisa no site que bate material publicado na grande mídia, mas eu sempre curti mesmo dar aos colaboradores a oportunidade de falar sem rabo preso. Mas o que mais me emocionou neste tempo foi uma história bem legal. Estava eu bebendo cerveja em um boteco na Augusta com alguns amigos quando me liga uma grande amiga para contar uma novidade: ela estava vendo o DVD do filme Concorrência Desleal e, na parte dos extras, um atalho leva para os comentários da imprensa e tava lá, entre Folha, Veja e Estadão: “Um filme inesquecível” – Marcelo Costa, do Scream & Yell. Foi muito legal ter esse reconhecimento. Meio que mostrou que o site era uma fonte de referência. Mas, sobretudo, acho que o grande momento do site aconteceu quando anunciei seu fim. Não me passava pela cabeça que tanta gente lesse e se importasse com o Scream & Yell. Foram três dias seguidos chorando. Toda hora que eu abria o email tinha uma mensagem linda, emocionada, que me chapava.
O Scream & Yell conta com textos de vários colaboradores. Como você fazia a seleção do que dá pra entrar e o que não dá? Rolava muito de você discordar completamente da opinião de algum colaborador e mesmo assim publicar o texto?
Essa sempre foi a parte mais simples do negócio, e você mesmo pode contar melhor que eu. Na verdade, muita gente tem o S&Y como um grande veículo. É sério. Tem gente que já colocou em currículo! Mas sempre foi simples. A pessoa entra em contato, passa a pauta (na maioria resenhas, pouca gente oferece uma pauta de entrevistas ou de pesquisa, por exemplo) e eu analiso mais o texto e a viabilidade da idéia. Por exemplo, discordo muito tanto do Leonardo Vinhas quanto do Diego Fernandes, mas os textos deles são tão bons que fica impossível não publicar (risos). É básico. Não basta dizer que Radiohead é chato, tem que explicar. Se explicar bem, de maneira convincente, sem ataque gratuito e tal, entra, mesmo comigo amando Radiohead.
Quais eram os pontos fortes e fracos do site? Que outros zines você curte?
O grande destaque do Scream & Yell é poder falar de tudo e todos. Poder ter uma boa entrevista com Renato Teixeira, uma boa entrevista com o Interpol e uma boa entrevista com o Autoramas. É não se prender a nichos. Falar do que der vontade, porque uma pessoa faz um zine para falar do que der vontade, não para ficar atendendo a expectativas alheias. O ponto fraco era a falta de uniformidade nos textos. Adoro o HTML do site, mas ele não funciona em vários aspectos, como busca. Sem contar que, como foi feito tudo no braço, para alterar ou corrigir alguma coisa é um trampo. Quanto aos e-zines, puxa, são tantos que até dá medo de citar e esquecer de algum.
Muito se fala na decadência do jornalismo musical e até cultural no país. As poucas revistas não são tão lidas, a qualidade dos textos vem caindo bastante. De quem é a culpa: leitores que não correm atrás, jornalistas que têm se achado tão importantes quanto os artistas ou editoras que não deixam o produto se firmar? Você enxerga melhoras para o futuro?
Cara, há muito de nostalgia ai, sabe? As coisas não estão tão ruins agora quanto estavam dez anos atrás, ou vinte, ou cinqüenta. Pega um jornal dos anos 60 que você vai encontrar muitos erros também. O que acontece é que, hoje em dia, tudo é mais visível, muito pela internet. E quase todos os bons textos e jornalistas sensacionais que eu admiro nem jornalistas são. Como explicar que os jornalistas que melhor traduzem a música não são jornalistas? Ou seja, vai muito do feeling. Do jeito do cara se expressar. Então, o presente está maravilhoso como sempre esteve. Não é apologia da cegueira. Também tem essa dos jornalistas superstar (risos), mas é a indústria. Cara, como dizia um filme, todo mundo precisa de um guia, “seja ele Buda, Jesus ou Elvis”. Ou Álvaro Pereira Júnior (risos). Cada pessoa tem o guia que merece, pode ter certeza…
Você fazia parte do projeto inicial da Zero e saiu por “diferenças profissionais”. Que diferenças foram essas e o que você acha do rumo que a revista vem tomando?
Primeiro é bom que se esclareça que eu não saí da Zero. Eu fui “saído”. Seria altamente nobre da minha parte dizer que saí por não concordar com diversas coisas da revista e blá blá blá, mas, infelizmente (risos), não foi isso que aconteceu. O que aconteceu é que, no final de 2001, quando o número 0 da Zero estava sendo feito, eu descobri uma série de coisas erradas no que diz respeito a honestidade e idoneidade de uma das pessoas do grupo. E isso, simplesmente, me bloqueou. Aquela época foi a que menos escrevi na vida, por absoluta falta de tesão. Não me via fazendo uma revista que iria contar com matérias duvidosas. O certo, claro, seria reunir o grupo e abrir o jogo. Mas faltou culhão da minha parte em jogar sucrilhos no ventilador. E também da parte deles, afinal, eu era um nome no projeto, participava de reuniões com editoras, mas não estava rendendo como jornalista. Nisso fui me afastando, e eles se unindo. Colaborou para a minha saída o fato de eu assinar um contrato de um ano com o UOL para editar um site parceiro de esportes. Ou seja, eu estava cada vez mais fora da revista, mas só fui saber que estava fora ‘de fato’ quando recebi o release da número 1 e eu não estava lá. Ao contrário de ficar chateado, eu comemorei, afinal, estava livre. No fim, ficou todo mundo em paz, claro, eles por um tempo, como conta a história (hahahaha).
Quanto ao rumo que a revista tomou, isso me dá um alívio. Imagina se eles vão e fazem uma puta revista bacana? Eu ficaria mordido de vontade de estar lá (risos). Mas, como demonstra a história, não foi bem isso que aconteceu. A Zero é uma revista absurdamente sem foco, sem ideologia. Sem rumo musical, político ou social. É claro que tem o seu valor. Se uma pessoa não consegue comprar revistas gringas (Q, Mojo, Uncut, Rolling Stone, etc…), não tem acesso à internet (para se informar em sites de música, e-zines, sites dos próprios artistas, etc…), não consegue acompanhar os cadernos culturais dos principais jornais do país (Caderno 2, Ilustrada, Segundo Caderno, Zero Hora, etc…), uma revista como a Zero terá a sua utilidade. E eu seria altamente maldoso se dissesse que a revista toda é ruim. A coluna do André Fiori é muito boa, a melhor coisa da revista (e nem é por ele ser um grande amigo – risos). E tem gente muito boa que colabora com a revista, como o Jardel Sebba, o Luciano Vianna, o Alex Antunes. Na edição passada, com Caetano e Gil na capa, o resgate daquelas fotos merece aplausos. É claro que, para isso, eles poderiam ter feito um álbum de fotos e não uma revista, mas está valendo. Com certeza deve dar para salvar uns dois ou três textos por edição. E, por mais que isso venha a soar rancoroso, é só uma análise fria e séria da publicação, e só quem me conhece sabe que eu não brincaria com um assunto desses. No mais, o esforço deles em manter a revista nas bancas é louvável. Só é preciso deixar claro que isso não justifica a qualidade questionável da publicação. Interessante é que acho o site deles mais bem definido.
Dizem que os blogs mataram os zines, que por sua vez mataram as revistas. Até que ponto isso é verdade e qual seria o espaço de cada um destes veículos?
Quem está dizendo que os blogs mataram os zines que, por sua vez, mataram as revistas, está completamente enganado. Primeiro: as revistas não morreram. Segundo: os zines não morreram. Terceiro: os blogs são apenas mais uma fonte de informação. Para provar que as revistas não morreram é só pegar a tiragem de uma Caras, de uma Veja, de uma Playboy, de uma SuperInteressante, de uma Vip. O problema não é com o mercado de revistas. O problema é com a indústria musical no Brasil. É esta indústria que dificulta a existência de revistas de MÚSICA, porque é tudo uma engrenagem só.
O Skank está feliz da vida porque vendeu 100 mil cópias do Cosmotron. E eles já venderam 2 milhões de cópias do Calango. O Caetano estava festejando as 50 mil cópias do A Foreign Sound. E ele vendeu 1 milhão de cópias do Prenda Minha – Ao Vivo. Transponha isso para o mercado: imagine uma revista de música para um público que compra 2 milhões de discos e a mesma revista de música para quem compra 100 mil. A distância é enorme. O que significa que a indústria musical brasileira está falida e absurdamente perdida. Como uma revista de música pode ter uma vida saudável em um país que não tem uma vida cultural saudável? Você sempre irá escrever para os mesmos gatos pingados. A indústria musical colocou tudo a perder com preços abusivos, jabás em excesso e nenhuma noção de mercado. As gravadoras são culpadas pela programação ‘flashback’ das rádios. Não há espaço para o novo. E se não há espaço para o novo, como a massa de 170 milhões irá ter acesso ao novo? No Domingão do Faustão que não será. Eu assisti a uma palestra do André Midani no ano passado e ele dizia que a idéia das majors era de deixar o preço de um CD nacional equivalente com o de um CD gringo. Então, você chega para comprar o novo álbum da PJ Harvey e está R$ 39, aproximadamente US$ 13, preço de um CD nos Estados Unidos. É preciso muita percepção para notar que não é possível comparar a economia norte-americana com a brasileira? Que pouca gente tem condições de pagar esse preço por um CD no Brasil? E se formos comparar um CD independente (por exemplo, da Monstro Discos) com um CD de uma major, não veremos nenhuma diferença: a qualidade de gravação, a arte gráfica, o produto é totalmente equivalente. E um CD independente sai exatamente pela metade do preço. O Wander Wildner vende o CD dele por R$ 15!!!!!
Então esse papo de que a Internet colaborou para o fim das revistas é uma tremenda balela. Por exemplo: enquanto eu tiver uma grana sobrando, eu vou comprar uma Uncut, que, para mim, é a melhor revista de música do mundo. Só que seria utopia acreditar que uma revista como essa cresça no Brasil. É preciso começar de cima. É preciso reestruturar o mercado, gravadoras, rádios. Se nós tivéssemos um mercado cultural saudável, teríamos boas revistas com grandes tiragens.
Existe alguma chance, ainda que remota, de o Scream & Yell voltar enquanto zine?
Eu, sinceramente, espero que o Scream & Yell volte. O que acontece é que eu sempre consegui conciliar o tempo no emprego que paga as contas, as cervejas e os CDs com um tempo de folga em que eu editava o Scream & Yell. Mas ultimamente não estou conseguindo. O meu trabalho é absurdamente envolvente, não há como me desvencilhar, não sobra tempo. Então quando chego em casa não quero saber de jornalismo (risos). Mas a idéia é ter um trabalho mais leve que permita pagar as contas e manter o Scream atualizado. Eu sempre disse que o Scream & Yell era um site tosco e passional demais, o que soava um tanto desrespeitoso da minha parte com algo que me surpreendeu mais do que qualquer coisa na vida. De um tempo para cá tenho admirado demais esse projeto que nasceu tão idiotamente (em um dia de natal) e, depois de quase oito anos, após ter se envolvido na vida de tanta gente, me orgulha demais. Ele vai voltar sim, provavelmente reformulado visualmente, mas com as mesmas ideias editoriais. Não dá para dizer ao certo se será em uma semana, um mês, ou até o fim do ano. Mas ele voltará.
setembro 18, 2007 No Comments
Downloads e Disco da Semana
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Wander Wildner colocou seus quatro discos para download no iJigg. Eu não entendi como se baixa algo ali, mas descobre lá
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O Lasciva Lula (que faz show no Cinemateque na próxima quarta-feira) também está liberando seus discos para download, incluindo o excelente “Sublime Mundo Crânio”, um dos dez grandes álbuns do rock nacional em 2007. Link
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No meio de tanta gente bacana e genial que conheci em oito anos de São Paulo, o chapa Eduardo Fernandes (EduF para os “íntimos”) tem um lugar de destaque. Quando o S&Y ainda era um recém-nascido, e eu tentava descobrir que loucura era aquela chamada HTML (que até hoje eu não entendo direito), era para o EduF que eu pedia um help. “Cara, como faço para criar uma tabela?”, “Putz, deu um pau fudido num lance aqui, o que eu fiz de errado?”, e algumas coisas desse naipe. Além de tocar vários lances legais, o EduF tem um projeto musical chamado Peruano Saudita (achei a demo de 2002 dia desses em casa), que é beeeem legal. Ele regravou uma das músicas, a ótima “10%”, e acabou de disponibilizar para dowload. A letra é ótima. “É uma breve história de um sujeito tentando (não) comprar um mp3 player dos coreanos. A gravação original tinha quatro guitarras. A nova nenhuma. A lógica é um pouco aquela do Primus, baixão com slap e em primeiro plano. Mas há uma porrada de detalhes, como cantos de índios americanos, percussões latinas e uma série de frescuras”, diz EduF. Baixe a música
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Vi “Bird”, filme do Clint Eastwood sobre o genial Charlie Parker. Pesaaaaado, viu.
setembro 17, 2007 No Comments
Nashville Pussy no Inferno
“A melhor banda do mundo não é o Rolling Stones… nem o Led Zeppelin… poderia ser o AC/DC… na real, a melhor banda do mundo, aqui e agora, é o Nashville Pussy”, esbravejou o barbudo (e careca) vocalista Blaine Cartwright. Já havia passado das duas da manhã no Inferno, o estoque de cerveja do bar tinha sido consumido com voracidade pela grande maioria dos presentes, e o Nashville Pussy estava fazendo um dos melhores shows do mundo naquele lugar, naquele momento. Blaine tinha razão.
Eu abracei uma garrafinha de água e me lembrei de um trecho do livro “Barulho”, de André Barcinski, em que ele falava do show do Mudhoney com o Nirvana no Paramount, o maior ginásio de Seattle, após a banda de Kurt Cobain virar mega. Lá pelo meio do texto ele escreve algo tipo: “Amigos pulando do ombro de outros amigos. Cerveja pro alto. Valia a pena estar sóbrio só para observar a cena”. Foi mais ou menos isso. Ruyter Suys, esposa de Blaine e excelente guitarrista, fazia gargarejo com uísque e cerveja, e dava um banho de álcool no público. Copos de cerveja eram arremessados de volta ao palco e molhavam os músicos. Uma bagana de cigarro que fosse e tudo aquilo iria em chamas. Rock.
O baterista Jeremy Thompson parece o menos insano da trupe. Parece. Na rodada de Jack Daniels (solenemente ignorada pela bela baixista Katielynn Campbell) no gargalo que rodou o palco, Jeremy bateu Ruyter na poderosa golada. Katielynn foi ao microfone e pediu “caperinha, caperoska”. Dois copos chegaram para a baixista, e não duraram cinco músicas. Tudo isso é extra-show, você deve estar pensando, já que o que interessa é a música, certo. Bem, mais ou menos. Ao vivo tudo muda de figura, e o ingrediente punch de palco pesa pra caralho. Não dava para esperar menos de uma banda que faz 200 shows por ano…
O repertório foi dividido entre todos os álbuns do quarteto destacando as faixas redentoras do álbum “High As Hell”, representado pela faixa título e pelas esporrentas “Rock’n’Roll Outlaw”, “Piece Of Ass”, “Struttin’ Cock” e a matadora “She’s Got The Drugs”, sem contar as covers do Turbonegro e do AC/DC. O vocalista Blaine terminou o show sem camisa. Ruyter também, mas ela estava “protegida” por um sutiã de couro. Na volta para o bis, veio carregada no colo por um segurança. E terminou entornando uma garrafa de cerveja e solando como se fosse Angus Young. Um show para lavar a alma de cerveja, ou se preferir, de Jack Daniels.
setembro 16, 2007 No Comments