introdução por Diego Albuquerque
Faixa a faixa por Tauana Queiroz
Tauana Queiroz é cantora, compositora e percussionista, nascida em Teresina (PI), que começou na música com a banda de forró As Fulô do Sertão em 2014, onde deu início também a produção de músicas autorais, lançando em 2021 os primeiros EPs da banda. Paralelamente, em 2016 participou da fundação da Banda de Pífanos Caju Pinga Fogo, com quem lança o disco “Rosa dos Ventos” (2019). Em 2020 foi a vez de mergulhar na carreira solo com o projeto “Canções Que Me Dão Asas”, com lançamentos em redes sociais.
As experiências deste projeto – com canções sobre o amor entre mulheres, maternidade e processos de autodescoberta na percepção de medos e desejos – culminaram em “Meteórica” (2023), seu primeiro álbum solo. “É minha criação mais madura, desnuda e íntima. São meus pensamentos, meus amores, minhas questões com a vida que serão apresentadas para outras pessoas e isso em um contexto pessoal tem sido transformador”, explica.
A faixa título do álbum, “Meteórica”, foi vencedora na categoria Melhor Canção no 1º Festival Música da Gente, realizado pela Rádio FM Cultura em novembro de 2022 em Teresina. Abaixo, Tauana comenta as nove faixas do álbum, que vão muito além da música regional que ela faz com suas bandas. No trabalho, temos canções pops, com meandros da MPB e que vez por outra adentram um regionalismo, mas sem perder essa contemporaneidade da música atual e global. Ouça o disco e leia o faixa a faixa abaixo.
01) Meteórica – Música que abre caminhos, traduzindo a passagem de um amor que atravessou o céu da minha vida, com força e luz. Desde que a compus sabia que a partir dela, muita coisa seria ressignificada na minha vida. Foi com ela que ganhei o prêmio de Melhor Canção no Festival Música da Gente, em 2022 e vi tanta gente se emocionando comigo.
02) Certezas de Bem-Te-Vi – Essa nasceu como uma prece, um chamado pra olhar pra dentro e para o que realmente importa. Foi inspirada pela sabedoria de Krenak, que fala sobre a urgência desse pertencimento à natureza, que escrevi essa letra. Embalada pelo canto dos Bem-Te-Vis, recolhida em mim, numa casa que faz parte da minha memória afetiva, que pensei acordar para levitar sonhos e desabrochar desejos num tempo tão devastador.
03) Vazanteiro – Foi meu processo mais longo de composição. Demorou um ano até que eu retornasse ao local onde comecei a compor para terminá-la. São sentimentos vazando por um corpo cansado de semear a dor. Para essa música convidei Daniel Filipe, amigo e artista de Parnaíba cujo trabalho tanto me inspira. Ele veio com arranjo e voz para celebrar esse encontro!
04) Madura Fruta – Amor-fruto-tempero que dá gosto e alimenta. É pra mim uma música cheia de sensações, sensualidade, uma experiência sensorial sonora do amor de duas mulheres.
05) Lar – Amor-casa-lar. A mais curtinha em letra e que tem um tamanho gigante no meu peito. Foi a última a entrar no álbum, criada poucos dias antes de começar os ensaios para a gravação. A música seguiu novos rumos quando convidei Isabely Fonseca, amiga, escritora, educadora e mulher lésbica para recitar uma poesia dela. Ouvindo o resultado desse encontro, a sensação que tive é de que a poesia nasceu para a música, de tão harmoniosa.
06) Dengo Meu – Das nove, a única que já foi gravada. É um pedido de permanência, de acabar com a distância que separa. Convidei Gabriel Divé, amigo e artista de Juazeiro do Norte para juntos cantarmos essa canção e ele imprimiu uma identidade muito gostosa nela.
07) Titata – A maternidade veio como uma surpresa na minha vida. Construção diária (sujeita a deslizes e acertos) de uma mãe com outra mãe e duas crianças. Expôs a minha pele aos medos, a questões profundas que precisei analisar e ressignificar, ao total desconhecido e ao amor que só a criança tem e traz. “Titata” é como meus filhos me chamaram por um bom tempo, até então chamarem “MÃE” e ser eu. Me emociona saber do amor genuíno que eles trazem e lembrar que cuidar dessas duas pessoas diariamente é o maior presente da vida. Eternizo nessa canção a voz e a risada deles que me fazem mãe.
08) Pé do pescoço – Essa música tem cheiro de comida, café quente na cozinha, tem a luz da manhã e o abraço-lar de quem semeia a vida junto, num tempo que passa devagarinho.
09) Tornozelo – Essa é a mais dançante do álbum. Enquanto escrevia imaginei a cena de um encontro, em um dia quente em que aqui no Piauí a gente costuma servir café e conversar. Um flerte, uma paixão solar. O refrão “chega mansinho” e não sai mais da cabeça!