introdução por Marcelo Costa
Faixa a faixa por Bárbara Eugenia
Bárbara Eugenia é uma cantora romântica. Sempre foi. Não é novidade para quem parou para ouvir com atenção algum de seus excelentes sete discos anteriores (entre meus três favoritos, listinha pessoal, estão “É o Que Temos”, de 2013, a colaboração com Tatá Aeroplano em “Vida Aventureira”, de 2017, e “Crashes n’ Crushes”, de 2021), mas quem ainda não tinha se tocado, provavelmente se pegará cantando com ela canções consagradas por Jane & Herondy, Reginaldo Rossi, Wando, Kátia, Odair José, Diana e muitos outros em “Foi Tudo Culpa Do Amor (Pérolas Populares, Vol. 1)”, seu oitavo disco e o primeiro álbum como intérprete.
Com produção de Zeca Baleiro, que também tem forte ligação com esse cancioneiro, Bárbara canta grandes sucessos radiofônicos, entre eles “Gosto de Maçã”, de Wando, que gerou clipe com direção de arte de Filipe Catto e Juliana Robin, dupla responsável por fotos, capa e vídeos do projeto. “Foi muito difícil chegar nesse repertório. Só 10 canções para homenagear a música romântica?? Eu e Zeca criamos uma playlist com 80! Nada fácil, mas acho que fizemos bonito”, revela. Da lista original, ela e Zeca escolheram “Não Se Vá” para cantarem juntos. “Eu já tinha realizado um sonho com a parceria ‘Bagunça’ (do álbum “TUDA”, 2019). Agora, esse dueto é muito especial! Não podia ser de outro jeito”, conta.
Nome de destaque nas paradas de sucesso da década de 1970 e um dos homenageados, Fernando Mendes divide com Bárbara os vocais de “Não Vou Mudar”, parceria dele com Dom Wander. “Pra mim é uma honra imensa tê-lo cantando comigo… um luxo!”, celebra Bárbara, que assume sua veia romântica: “Eu sempre falei de amor, sempre fiz versões nos shows, fosse com banda ou nas apresentações voz e violão. No meu primeiro show eu já cantei um Roberto Carlos. No primeiro disco gravei ‘O Tempo’ do Fernando Catatau, que tem essa pegada, o segundo já veio com a Diana… Mas fiquei mesmo guardando esse repertório, porque quando fosse gravar, seria um disco inteiro!”, relembra a cantora, que comenta, abaixo, as 10 canções escolhidas para o álbum.
“Foi Tudo Culpa Do Amor (Pérolas Populares, Vol. 1)”, por Bárbara Eugênia
01. Gosto de Maçã
Lançada por Wando, em 1978.
Eu demorei pra conhecer o Wando, que adoro. Ele tem umas músicas realmente maravilhosas… essa letra com esse refrão, não dá pra aguentar de delícia. E, mesmo ele sendo um pouco mais “moderno”, entrou pro hall dos clássicos desse disco e ganhou essa versão milongada, ideia genial do Zeca.
02. Impossível Acreditar Que Perdi Você
Sucesso de Márcio Greyck, na década de 1970
Essa eu gravei no Som Brasil em 2012 e meio que de cara já pensamos em repetir o arranjo feito na época, que é uma modernização da canção. Mais minimalista, porém respeitando o formato original.
03. Não Se Vá
Alcançou o topo das paradas em 1977, com Jane e Herondy.
Esse é um clássico que não podia faltar… estava na lista original. E, tendo Zeca na produção, obviamente era a música pra fazer nosso dueto. Zeca veio com as ideias do arranjo.
04. Qualquer Jeito
Estourou nas rádios com Kátia, em 1987
Como não ter Kátia? Como não ter essa música? Minha infância, minha vida, né? Quase que o disco se chama “não está sendo fácil”, mas afinal o outro nome ganhou…
05. Mentira
Lançada em 1971, por Evaldo Braga
Zeca me emprestou essa ideia de arranjo e eu realizei o sonho de gravar um reggae! O ídolo negro não podia ficar de fora também… É um drama mais cômico aqui.
06. Meu Fracasso
Lançada por Reginaldo Rossi, em 1981
A única que mantivemos com o arranjo mais próximo do original. Porque… sei lá, né? Tem coisa que não se mexe. É um brega brega e foi importante manter assim. Chacundum, drama, pandeirola, uma pitadinha de James Bond, aquilo tudo…
07. Não Vou Mudar
Do primeiro álbum de Fernando Mendes, de 1973
Tinha algumas opções do Fernando Mendes… umas mais óbvias, mas esse groove tava bom demais pra deixar de lado. E acabou sendo a faixa que ganhou a participação do homenageado! Adoro pirar em backings e essa foi uma piração mista, minha e do Zeca.
08. Nasce do Silêncio uma Saudade
Gravada em 1969 por Joelma, no álbum “Casatschock”, que pode ser encontrado nas plataformas digitais. A cantora fez grande sucesso popular nos anos 70, inclusive em Portugal.
Ouro puro que me chegou através do Zeca. O que é essa mulher com essa voz? O que é essa música com arranjo meio Burt Bacharach? Amor à primeira ouvida e na hora me veio: versão Abba.
09. Vadiar
Uma das mais tocadas da banda pernambucana Trepidant’s, do LP de 1986
Essa delícia também chegou pelo Zeca. Não conhecia essa banda, cheia de música boa! Apesar de eles terem ficado famosos cantando em inglês, essa letra me ganhou fácil.
10. Foi Tudo Culpa do Amor
Parceria de Odair José e Diana, gravada primeiro por ela no LP “Você Prometeu Voltar…” (1974).
Deu nome ao disco. Homenageia dois ícones, já que é de autoria de Odair e de Diana e foi gravada pelos dois. E, se não fosse o amor, não existiria a música romântica. Talvez não existisse música… e ponto. Zeca veio com um arranjo bem lindo, caipira, guitarra do Rovilson brilhando.
– Marcelo Costa (@screamyell) é editor do Scream & Yell e assina a Calmantes com Champagne. As fotos usadas no texto são de Juliana Robin