Mojo Book 020: “Ziggy Stardust”, de David Bowie, por Maria Lutterbach

15 anos atrás, Danilo Corci e Ricardo Giassetti decidiram fazer uma pergunta: e se um disco virasse literatura? Nascia a Mojo Books, primeira editora 100% digital do Brasil, que de dezembro de 2006 até dezembro de 2012 explorou de maneira diversificada essa possibilidade, lançando mais de 130 volumes de livros inspirados em discos.

O Scream & Yell tem a honra de republicar os livros da Mojo em seu aniversário de 15 anos buscando manter o acervo da editora online (enquanto também estivermos online). Toda segunda, um livro da Mojo novo sobre um disco! O vigésimo volume da série (os anteriores estão aqui) tem como inspiração “The Rise and Fall of Ziggy Stardust and the Spiders from Mars”, quinto álbum de David Bowie, recontado por Mariana Lutterbach.

Lançado em 06 16 de junho de 1972 (feliz 50 anos, Ziggy!!!!), o álbum conta a história de um alter ego de Bowie, Ziggy Stardust, um rock star que age como um mensageiro de seres extraterrestres. O disco e seu personagem ficaram conhecidos pelas influências no glam rock e pelos seus temas, que tratavam de exploração sexual e de visão de vida. E é recheado de clássicos! Baixe o PDF ou leia online o Mojo Book “Ziggy Stardust”!

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O calor que cozinha almas nos arredores da linha do Equador sobe das profundezas do inferno e também deve ser de lá que vêm as centenas de formigas habitués do apartamento de Z. Hoje é o sexto dia do mês de janeiro de 2007 e Z resolveu, nas primeiras horas da manhã, que não está mais disposto a conviver com elas: chega de assistir a essa militância eterna por farelos de comida. No começo, até fingiu indiferença ao ataque, por pura preguiça de tomar qualquer providência contra as miseráveis, mas já são semanas de tolerância, a revanche precisa acontecer.

No quartinho dos fundos em busca do inseticida, corre os olhos sobre uma pilha de velharias. Olhá-las assim formando um balaio de histórias desconexas é intrigante, embora essa talvez não seja a melhor hora pra mergulhar em regressões ao passado. Faz só três dias que Z abandonou o emprego e ele ainda não tem idéia do que vai inventar pra se virar daqui pra frente. Por enquanto, o melhor plano que consegue improvisar tem a ver com a fúria de se ver livre das formigas.

Falar foda-se pro trabalho não era problema, era uma solução. O problema estava em começar a se sentir velho e compreender que suas rotas de fuga agora precisavam ser forjadas com uma dose extra de ousadia. Daquelas coisas no quartinho, saía um eco de displicência. Camisetas velhas guardadas por ranço emocional, uma apostila com uma K7 do curso de italiano que não vingou, livros poucos, já lidos e relidos, e os discos que surtaram a vida dele.

A verdade é que justo na época em que o sangue ainda estava correndo rápido por dentro e as idéias brotavam na cabeça sem tanto esforço, Z tinha perdido tempo demais se distraindo com a boa e velha trinca sexo+drogas+rock. Sem que ele notasse, um certo pó – de preguiça ou covardia – progressivamente cobriu seus sonhos e aspirações. Hoje, a camada de poeira tem uns dois dedos de espessura, fazendo Z cultivar dúvidas cabeludas: ainda existe fôlego pra alguma reviravolta?

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