Entrevista: The Sex Organs aposta na mistura de sexo, sci-fi e fuzz

entrevista por João Pedro Ramos

A banda de garage punk suíça com astral sessentista The Sex Organs tem um visual que não dá para não comentar: Bone (também da banda The Anomalys) se veste como um alien de visual fálico, ereto e furry. Já Jackie Torea (da banda The Jackets), codinome Miss Vagenta Dentata, é um triangulo vaginal alienígena repleto de dentes. A dupla se formou em 2014 e virou um sucesso cult desde seu início, tocando por toda a Europa em festivais garageiros e levando a tríade sexo, aliens e rock’n’roll aos palcos.

O som do Sex Organs é um rock selvagem, barulhento e sujo, vindo diretamente do espaço sideral dos filmes de terror B dos anos 60. A dupla é cria dos Cramps e tem orgulho disso, levando seu som primitivo com bateria de pé e guitarra zunindo a níveis orgásmicos.

Este ano a banda lançou o EP “I Hate Underpants“, sucessor de seu primeiro disco, “Intergalactic Sex Tourists“, de 2017. O novo trabalho, lançado pelo selo Orgtastic Records, traz na faixa-título um lamento sobre tudo que há de errado com cuecas e calcinhas, incluindo aí o tamanho, aperto e até quando resolve adentrar locais não muito confortáveis. O B-side é a suspreendente “Where’s My Dildo”, com vocais da baterista Vagenta Dentata procurando desesperadamente por seu brinquedo sexual perdido. Se você gosta de piadas sexuais e garage punk, o Sex Organs é um prato cheio.

Conversei com a dupla intergaláctica sobre a banda, o novo disco e mais:

Como vocês começaram este projeto intergaláctico?
Tudo começou com uma ideia boba e um show agendado no melhor festival de rock’n’roll do mundo: Funtastic Dracula Carnival, em Benidorm (Espanha). Criamos os figurinos e a música em algumas semanas apenas por diversão. Depois do primeiro show, nunca paramos de tocar e estávamos lotados em todos os lugares: festivais de música, cinema, erotismo, arte ou quadrinhos. O sexo não tem limites, ha!

Vocês receberam alguma reação estranha por causa dos figurinos?
Sim, fomos orgulhosamente banidos do Castelo de Bran do Drácula, na Transilvânia, porque o gerente achou que estaríamos manchando a história da Romênia se tocássemos lá. Ele não gosta de pelos pubianos, com certeza!

Me contem um pouco mais sobre o álbum que vocês lançaram!
O álbum “Intergalactic Sex Tourists” (Voodoo Rhythm Records) é a nossa história vindo do espaço sideral, aterrissando no planeta Terra e como os humanos reagem a nós. O vinil (sold out) inclui 11 músicas criadas como uma peça de rádio, contendo um pôster e um jogo de tabuleiro com figuras recortadas que permitem que você viaje como um órgão sexual através de uma galáxia nojenta em direção ao planeta Terra!

Vocês já pensaram em ter um baixista? Se sim, que órgão sexual seria?
Pelo contrário. Nós pensamos em um cuzão que tocasse baixo. Mas decidimos ficar juntos como uma dupla.

Como vocês definiriam seu som?
Sex’n’roll do espaço sideral! Letras sem vergonha, guitarra fuzz contagiante e um grande toque de atitude garage punk…. com enormes baterias cheias de culhão.

Como vocês estão lidando com a pandemia e a falta de shows ao vivo?
Agora tem mais sexo fora do palco do que no palco. Essa é a única diferença. Entre todo o sexo que levamos para nosso próprio selo, Orgastic Records, está nosso primeiro 45′, chamado “I Hate Underpants”. Passamos algumas semanas no estúdio para fazer um videoclipe em stop motion dele.

Vocês dizem que querem espalhar a mensagem de “bom sexo” e “barulhos altos” para a raça humana. Vocês podem elaborar sobre isso?
A sexualidade humana é muito estranha para nós, é muito séria… Achamos que poderia ser muito mais engraçada e peluda de novo!

O rock and roll está vivo, morto, hibernando, se escondendo ou o quê? Aliás: essa questão é realmente importante para o rock and roll?
O rock and roll está sempre vivo, mas permanece underground para se manter fiel à causa. É considerado perigoso, sexual e excitante. Isso não é algo com que o mainstream esteja preocupado. Está tão vivo quanto você quer que esteja. Você apenas tem que vivê-lo!

Quais são seus próximos passos musicais?
Vamos lançar mais singles!

Vocês conhecem alguma música brasileira? Planejam vir ao Brasil algum dia?
Adoraríamos ir ao Brasil algum dia. Bone fez uma turnê pelo Brasil com sua outra banda, o Anomalys, foi incrível. Eles tocaram com várias bandas juntos em festivais como Curitiba Rock e Psycho Carnival. Conhecemos o Monster Mullet Mafia, Motor City Madness, Chucrobillyman e Xtreme Blues Dog, entre alguns outros. Claro que temos todas as compilações “Hearts of Stone” e as “Brazilian Nuggets” da Groovie Records. Ótimo material dos anos 60. Outro favorito em nosso universo é o lendário José Mojica Marins (o Zé do Caixão), de quem temos muitos filmes! Muhuhuhahahahaaa!

Quais são suas principais influências musicais?
Diríamos que o garage punk e o punk rock dos anos 60 são as principais influências, mas também amamos o surf, rhythm and blues, rockabilly, soul, etc. Somos fãs do Cramps! Mas sim, há tanta música boa por aí…

– João Pedro Ramos é jornalista, redator, social media, colecionador de vinis, CDs e música em geral. E é um dos responsáveis pelo podcast Troca Fitas! Ouça aqui.

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