Documentário: “Chorão: Marginal Alado”

por Anderson Foca

Chorão: Marginal Alado” (2021), de Felipe Novaes, é um documentário que retrata a vida e a carreira do cantor brasileiro Chorão, líder da banda Charlie Brown Jr., fundada por ele em 1992, que viria a lançar seu primeiro álbum, “Transpiração Contínua Prolongada”, por uma major, a Virgin, em 1997, alcançando vendas de 500 mil cópias, cravando hits como “O Coro Vai Comê!”, “Proibida pra Mim (Grazon)”, “Tudo que Ela Gosta de Escutar” e “Quinta-Feira”.

Seguiram-se outros 11 discos (três deles ao vivo sendo um “Acústico MTv” – a banda ganharia cinco prêmios VMB na carreira, dois Grammy Latino e dois prêmios Multishow), sendo que o último, “La Família 013” (2013), é um álbum póstumo, lançado após a morte de Chorão (por overdose de cocaína) e do baixista e co-fundador do Charlie Brown Jr., Champignon (que se matou em seu estúdio particular na sua residência em São Paulo).

Além de depoimentos sobre sua vida pessoal e profissional e imagens de arquivo, “Chorão: Marginal Alado” (2021), acompanha a história de uma das estrelas do rock mais marcantes do período no Brasil. Chorão viveu duas décadas intensas de sucesso, cheios de momentos polêmicos, até sua morte prematura. O documentário estreou dia 08 de abril e foi o filme mais assistido do Brasil no final de semana, superando produções indicadas ao Oscar.

Em seu Facebook, o músico e produtor musical Anderson Foca, um dos responsáveis pelo festival Dosol e guitarrista da Camarones Orquestra Guitarrística, fez uma análise de nove pontos do documentário, rememorando ainda uma experiência de ter tocado em um mesmo evento que o Charlie Brown Jr. – a pedido do Scream & Yell, Foca liberou seu texto para ser publicado no site. Confira.

01. Assisti ao doc, nota 05 como cinema, nota 07 como conteúdo, até porque a co-produção da MTV deu acesso a muito material altamente documentado enquanto ele estava vivo.

02. Morreu as 42, sozinho. Triste ver que o tal do “live fast, die young” ainda seduz, mas na real é uma tremenda derrota (pelo menos no meu ponto de vista).

03. O artista “pode tudo” é muito cafona, fora da realidade de qualquer contexto, e ainda tem gente que passa o pano até hoje pra esse tipo de atitude. Todo artista “eu posso tudo” é um prego teitei.

04. Assédio moral com músicos, equipe e afins é muito constrangedor (e tá aí até hoje em muitas crews de artistas).

05. O episódio em que Chorão humilha em cima do palco o Champignon é um dos capítulos mais tristes da história do rock brasileiro, ali mostra muito a decadência de uma vida que parece uma coisa, mas na verdade é bem outra. Um morreu de overdose e outro se suicidou. Exemplo de como NÃO TER UMA CARREIRA NA MÚSICA.

06. Tocando algumas faixas da banda no doc, simpatizei mais com as composições agora do que antes. Chorão tinha a sagacidade da esponja, o que ouvia tentava fazer parecido compondo e fez sim coisas legais nos discos.

07. A história de superação amplamente narrada no doc (e nas músicas da banda) encontra paralelo no Brasil que dá errado. Você luta pra ascender, se ascende vira exceção que justifica a regra e quando chega em cima repete a mesma coisa do seu antigo opressor. Nada mais Brasil.

08. Toquei no show histórico do Charlie Brown Jr. que rolou em Natal. Não tocamos no palco deles, não pudemos nem guardar as coisas em local seguro, fomos tratados como total antipatia pela produção da banda (e do show). Aceitamos tocar porque precisávamos do cachê para viver. Foi a maior demonstração de o quanto aquilo tudo estava muito errado. Briga generalizada na arena, a banda parou o show UM MINUTO, a briga durou UMA HORA, centenas de pessoas se enfrentando e a gente escondido atrás do nosso espaço de tocar para não apanhar. Episódio bizarro que com o afastamento histórico fica mais bizarro ainda.

09. Não sei ao certo o legado que deixa, entristece vê a turma definhar aos olhos do público. Acho que no fim fica como um exemplo de que nem tudo que reluz é ouro e que sucesso massivo / televisivo / internético não garante alegria, grana e paz para quem alcança tal feito. É isso: no fim achei tudo meio triste e decrépito.

“Chorão: Marginal Alado” pode ser assistido no Youtube e no Google Play ao preço d R$ 12,90

– Anderson Foca é músico e produtor musical. Já tocou em diversas bandas e, há 15 anos, criou o festival Dosol, um dos eventos musicais mais prestigiados do Nordeste do Brasil, que costuma revelar talentos locais e também receber atrações internacionais. Hoje, o festival é parte da Associação Cultural Dosol, que produz também o Circuito Cultural Ribeira e Natal Instrumental, entre outros eventos.

17 thoughts on “Documentário: “Chorão: Marginal Alado”

  1. Acho triste quem fala mal de um dos maiores rockeiros de atitude, que sobrava personalidade nas letras de suas músicas aí vem esse Anderson foca que tem essa banda que ninguém conhece no Brasil, toca no show do cbjr, ganha cachê e tem as cara de pau de falar mal do líder de umas das maiores bandas do Brasil. Falar mal de quem já morreu é fácil queria ver falar isso na cara do chorão. Ia levar uma surra.

  2. Eu queria deixar registrado aqui no Vale do Paraiba tem uma Banda chamada o Cerco que são Cover do Charlie Brown Jr e tbem com composições próprias,com muito talento,vale a pena dar oportunidade pra eles…

  3. 1. Conteúdo mal selecionado, ponto de vista de fofoqueiro
    2. Morreu e continua vivo
    3. Como artista o melhor
    4. Nao vi essa parte
    5. O episodio nao e da nossa conta
    6. Composicoes sempre divina
    7. Doc ruim
    8. 9 e 10. Charlie Brown Jr.

  4. mesmo pra quem não gosta do chorão ou do Charlie Brown Jr, é um filme extremamente bem executado, que prende o expectador do começo ao fim.

    já parei por aí.

    o resto é chorume de invejoso. Realmente, não merecia ser republicado.

  5. Achei que fosse encontrar uma critica construtiva e bem embasada.Nao foi isso que achei.Anderson Foca joga seus anos de ralação no independente fora por conta de invejinha escrota contra alguém que deu certo na vida.

    Obs:sendo assim,o independente precisa do Foca?

  6. Ansiosa para ver esse documentário, era outra realidade outras coisas era “permitidas”, hoje trabalhamos o merecimento e vemos coisas maus “politicamente corretas” por conta de toda a midia.

  7. Todo respeito a quem gostava do cara ou sofreu com sua morte e aos familiares. Mas que CBJR é a pior banda de todos os tempos, é, sem sombra de dúvida. Excelentes músicos? Com certeza, mas tocando um arremedo disforme de plágios sobre plágios, nunca teve uma linha, uma base ou identidade, parecia um bando de moleque nerd de instrumento fazendo uma jam com o bobo da sala e cada hora tocando uma banda diferente. A cereja do bolo eram as letras vergonhosas, dignas de um sábio de quinta série, repetindo malandragem rasteira “das rua”, sem cérebro.

    E o pior de tudo, essa desgraça por um tempo se proliferou e pariu outras bandas tão ruins quando, mas há de se reconhecer que, sem chorão e sua turminha, eles não existiriam. Interessante ver que os fãs adolescentes cresceram, mas continuam limitados de tudo, vide os comentários aqui.

  8. Meh. Dou os dois braços a torcer: comparado com as Carol com Q e aberrações que passam por música hoje em dia, Xarli Brau era bom pra caralho. Era e sempre vai ser uma bosta, mas o presente tornou-o bom pra caralho. Que vida surreal a de quem vem do século passado e gostava de música, manolo.

  9. Eu estava nesse show que Foca descreveu aqui, só que estava no público. Não consegui separar a experiência de estar naquela briga generalizada e meu sentimento sobre a banda, nunca consegui gostar deles desde então. Nunca conversou comigo.

    E Foca tem um ponto, já está mais do que na hora de superar essa mítica de artista que pode tudo, que não respeita quem trabalha com ele.

  10. Óbvio que uma análise da Scream & Yell sobre algo relacionado ao Charlie Brown seria tendenciosa e com esse teor hahaha. Não fez nem sentido se darem ao trabalho de publicar, já que todo mundo já sabia o que seria dito. A mesma visão pseudo intelectualóide de sempre, rasa, com bastante síndrome de underground e uma pontinha de preconceito social, claro. Além da incompatibilidade estética, é claro, que é o gatilho disso tudo. O lance aqui sempre foi a linha “café, frio, londres”, a babação de ovo com as “injustiçadas” bandas gaúchas, o endeusamento tudo relacionado a banda do vocalista barbudo e Pato Fu’s da vida, que juram de pés juntos que são/eram originais. Já a análise do Foca claramente está “envenenada” pela experiência no tal show de Natal, além da mesma ladainha típica do pessoal do “underground mêo” e sua ojeriza pelo popular. Mesmo mote da S&Y aliás. OBS: Officina era ruim pra caralho.

    Se o CBJR fosse uma banda gringa ou algo underground perdido no tempo como “o injustiçado rock gaúcho tchê” ou uma daqueles trecos que a Banguela não conseguiu estourar, com certeza a opinião sobre a banda e o legado dela seria bem diferente…

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