Faro: Panoramas de Fevereiro na Música e Cultura Ibero-americana

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Nove países (agregamos Cuba a partir deste mês <3) unidos pelo mesmo ideal de compartilhar cultura e, com ela, ideias, sonhos, desejos, revoluções.

ARGENTINA
por Juampa Barbero / do site Indie Hoy

Fevereiro na Argentina teve outra cor. As sombras de 2020 aos poucos começam a desaparecer com os refletores de palco; o sentimento de desolação começa a perder o vigor que há poucos meses nos atormentava. Com o período de vacinação, as agendas culturais foram preenchidas novamente e, portanto, percebe-se um alívio geral, sem perder a cautela. Resta adaptar-se à nova metodologia dos espetáculos: menos espectadores, maior distância, mas o entusiasmo artístico é o consolo coletivo e cada lançamento abre espaço para um encontro real e concreto.

Depois de um solavanco de quase dois anos que nos separou de seu último álbum “Perlas & Conchas” (2019), Fémina mais uma vez nos deu o que falar com a estreia de “Fantástico”. Um single ideal para fãs de sensações na superfície, que refletem sobre a força do amor verdadeiro com um carisma luminoso e necessário para os tempos que virão, combinando elementos do pop, rap e folclore latino.

Lujo Asiático lançou “Ganbare“, a segunda prévia de seu próximo álbum que levará o mesmo nome. Depois de surpreender seus seguidores com “Vidrio Roto”, o trio formado por Andrés Serantes, Cristián García Laborde e Segundo Bercetche apresenta uma peça cheia de arpejos que evocam uma atmosfera enigmática e fazem do ambient techno um estandarte do sucessor de seu álbum homônimo .

Depois de “Teta”, Sara Hebe compartilhou a segunda prévia do sucessor de “Politicalpari” (2019), “Sal Fina“. Uma faixa que passa por uma fusão rítmica que vai do funk ao reggaeton para mergulhar numa dança que envolve perreo e rave. O single foi produzido por Ar13 $ e Rulits TMB e surge acompanhado por um vídeo 3D definido como “fantasia turra e pós-moderna” por N4rf.

Pablo Malaurie voltou a dar corda mais uma vez em seu lado solista com “Enfriamiento Global”, três anos após seu último single, “Frequence De L’Oréal”. O músico portenho não ficou com os braços cruzados todo esse tempo – ele participou do reencontro de Mataplantas – mas agora voltou com essa peça romântica para continuar explorando os ritmos eletrônicos que combinam perfeitamente com ele.

Flemari” é a nova canção da dupla rosarina Lalalas em que elevam seu temperamento pós-punk a um céu tempestuoso de pulsação dançante. Esta faixa energética que nos remete mentalmente aos anos 80 foi concebida em quarentena e integra “Hit With Tits”, uma compilação que reúne vários géneros e artistas, promovida pelas artistas espanholas Lu Sanz e Ada Diez.

Assim como Duki e Ca7riel fizeram em sua poderosa colaboração, “Muero de Fiesta este Finde”, Khea também saboreou uma mudança radical em sua nova música, “tu msg < / 3”, com tons de rock e um refrão explosivo de pura distorção. O artista de trap de 20 anos prova com este single que sua musicalidade não tem limites e que ser classificado em um único gênero é antiquado e entediante para a nova geração.

Lupe foi uma das artistas revelação de 2020: seu álbum “Un Número” alcançou o top ten da nossa lista de melhores do ano. Meses depois, a artista de La Plata mergulhou totalmente na experimentação eletrônica com as DJs Pareja em “Nuestra Forma”, um EP composto por quatro faixas que induzem o movimento frenético de nossos corpos como forma de nos libertarmos de todos os tipos de laços.

 Fin del Mundo conquistou nossos corações com o EP autointitulado que eles lançaram no ano passado em um contexto que fez jus ao seu nome. Agora, a banda de post-rock radicada em Buenos Aires, mas com raízes patagônicas, lançou “El Incendio”, single que começa com um instrumental poderoso e depois acende a chama emocional com a performance escaldante de sua vocalista Lucía Masnatta.

Em comemoração ao 10º aniversário da morte de María Elena Walsh, Maia Basso e Gabriel Schubert reinterpretaram algumas de suas canções mais emblemáticas com uma postura dream pop. De “Canción de la Vacuna” a “Manuelita”, “María” nos convida a fechar os olhos para nos levar de volta à infância em um relâmpago cintilante, evocando um sentimento nostálgico tão doce quanto agradável.

Fevereiro não foi só de lançamentos musicais, já que foi inaugurada uma nova edição do FIBA, festival que expõe as mais variadas propostas cênicas e performáticas. Ao longo de 10 dias, mais de 1.400 artistas e mais de 85 conteúdos virtuais tomaram Buenos Aires em diferentes salões e espaços culturais para cativar o público com suas singularidades artísticas.

O QUE VEM POR AÍ
Com a alegria que a reabertura dos cinemas provocou, algo melhor nos espera no próximo mês: o BAFICI retorna após sua suspensão em 2020 devido à pandemia. O icônico festival da sétima arte acontece de 17 a 28 de março com uma programação repleta de surpresas que envolve relíquias de filmes de vários países e uma forte presença nacional e independente.



BRASIL
por Marcelo Costa / do site Scream & Yell

Enquanto os casos de pandemia começam a ser controlados em várias partes do mundo, e a vacina é uma realidade para diversos países, no Brasil vivemos o auge da contaminação e mortes por Covid-19. Não é uma surpresa para quem leu os panoramas anteriores do Brasil aqui na Faro, pois estamos sendo “liderados” por um governo negacionista e um presidente genocida, que, acreditem, em fevereiro criticou o uso de máscaras. O Brasil fecha fevereiro com 255 mil mortos, e esse número trágico só deve aumentar. A distribuição intensa de fake news por parte de pessoas ligadas ao presidente Jair Bolsonaro colocou o país numa guerra de narrativas que vitima o próprio povo brasileiro. Como sabíamos, 2021 será trágico para o povo brasileiro.

A cultura segue intensa em sua luta por dar material para que não nos afundemos em um lodo de depressão e tristeza. Abaixo, alguns destaques do que aconteceu no mês sem carnaval:

MÚSICA
O BaianaSystem, a grande banda criativa do país na atualidade, anunciou o lançamento de seu novo disco, “OxeAxeExu”, que chegará ao mundo em três atos: o primeiro deles, “Navio Pirata”, saiu em fevereiro e inclui “Reza Forte”, gravada pela banda baiana com o rapper carioca BNegão, e “Nauliza”, feat. Makaveli e Jay Mita – as duas com clipes fortes. A segunda parte do álbum se chama “Recital Instrumental” e chegou ao streaming em 5 de março. Já a terceira e última parte do disco, “América do Sol”, sairá em 26 de março.

O pernambucano psicodélico Tagore Suassuna liberou o single de “Tatu”, primeira amostra de seu vindouro quarto disco, Maya, que sairá ainda em 2021 com produção de Pupillo, ex-Nação Zumbi. O clipe foi gravado em um casarão de tijolos em Restinga Sêca, no Rio Grande do Sul. “É uma espécie de Midsommar Soft”, comentou o diretor Matheus Toledo. Assista!

A carioca Letícia Pinheiro de Novaes, cujo nome artístico é Letrux, um dos nomes em ascensão da nova música brasileira nos últimos 5 anos, lançou “Prantos Pandêmicos”, um EP que revisita cinco faixas de “Letrux aos Prantos“, de 2020, disco que entrou na lista de Melhores do Ano do Scream & Yell, com versões assinadas por cada um dos músicos de sua banda. As músicas também ganharam clipes, como esse de “Salve Poseidon (Roda de Invocação)”.

Após as canções “Vênus” e “Criança Boa”, o artista mineiro Luiz Gabriel Lopes encerra uma tríade de singles lançados neste começo de 2021 com “Costura”, numa vibe “brazilian folk” que conta com a participação do grande artista gaúcho Vitor Ramil. Você pode assistir a um lyric vídeo da canção logo abaixo.

Cult band emocional paulistana, o Lestics encerra um silêncio de três anos com novo single. Em 2020, o líder Olavo Rocha montou o Dolores Fantasma (ouça aqui), projeto paralelo experimental que apareceu em diversas listas de melhores do ano (Scream & Yell incluso). Agora ele retorna com o Lestics, que apresenta “Vício”, primeira amostra de um novo álbum que será produzido calmamente.

Do Distrito Federal, o grupo Joe Silhueta compila um apanhado de músicas remanescentes das sessões de gravação do primeiro álbum, “Trilhas do Sol” (2019) e acrescenta uma versão medley para “Cena Maravilhosa” e “Eternamente”, do saudoso Walter Franco, um dos geniais artistas malditos da música brasileira, no EP “Outras Trilhas”. Ouça e baixe no Bandcamp da banda.

Tema de uma biografia, “Tom Zé: O Último Tropicalista”, o baiano de Irará também aproveitou a pandemia para colocar em ordem seu acervo digital, liberando finalmente para streaming o maravilhoso EP “Tribunal do Feicebuqui” (2013), que nasceu de uma polêmica: por conta da Copa do Mundo de 2014 no Brasil, a Coca-Cola convidou Tom Zé para fazer uma locução para uma propaganda da empresa, e a iniciativa gerou no Facebook críticas indignadas com a participação do tropicalista. A resposta dele foi esse EP sensacional que conta com a participação do rapper Emicida, de Tim Bernardes (e sua banda O Terno), Marcelo Segreto (Filarmônica de Pasárgada), Gustavo Galo (Trupe Chá de Boldo) e Tatá Aeroplano. São quatro músicas que você pode ouvir aqui. No Scream & Yell, entrevistamos Tom Zé em fevereiro.

Em fevereiro, na seara do pop folk, também recomendamos o lançamento do single “Nós”, que antecipa o novo EP de Ale Sater (Terno Rei); o clipe de “Grandeza”, de Sessa, um jovem artista elogiado também pela New Yorker e pela Uncut; e o belo clipe de “Templo de Nuvens”, que traz fragmentos do isolamento de Júlio Ferraz. No hip hop, as combativas mulheres do grupo Rap Plus Size criticam à indústria da moda no clipe de “Só Pago O Que Me Cabe”.

LITERATURA
São vários livros imperdíveis chegando sendo disponibilizados neste começo do ano. Uma das musas da bossa nova e da canção de protesto no Brasil tem sua trajetória recontada por Tom Cardoso em “Ninguém pode com Nara Leão”. Um dos jornalistas lendários do país, também apresentador da MTV Brasil em sua época áurea, Fábio Massari lança “1984, o Álbum Inglês”, em que relembra seu grande ano de formação, no Reino Unido. Em edição bilíngue (português e inglês), já está disponível para venda “Lindo Sonho Delirante 3“,de Bento Araújo, que compila 100 discos raros e corajosos do Brasil de 1986 a 2000! Vencedor da categoria Melhor Livro de 2020 na votação do Scream & Yell, “África Brasil: um dia Jorge Ben voou para toda a gente ver”, de Kamille Viola, ganhou edição em inglês em fevereiro. E no Scream & Yell conversamos com um dos autores de “Império dos Gibis – A Incrível História dos Quadrinhos da Editora Abril”, livro importante para entender a evolução do mercado de HQ no Brasil.

CINEMA
Em fevereiro tivemos a mostra Panorama Internacional Coisa de Cinema, na Bahia, em versão digital aberta para todo o país. Também tivemos a liberação dos novos episódios da série “Hard” (HBO), que foca sua lente para os bastidores do cinema pornográfico, e a estreia de “Doutor Castor”, documentário sobre um dos maiores criminosos do país, que, entre outras coisas, também foi presidente de escola de samba e de clube de futebol.

O QUE VEM EM MARÇO?
Gostaria de dizer “vacina” e “shows presenciais”, mas a única coisa que enxergamos no futuro do país é uma imensa escuridão. Torçam por nós.



CHILE
pela Equipe do site POTQ Magazine

O mês de fevereiro no Chile é caracterizado por ser lento e não muito cheio de novidades. As cidades se esvaziam e o longo litoral do país se enche de gente. A pandemia rompeu com a tradição, ao nível do cancelamento do clássico Festival da Canção de Viña del Mar e estamos nos aproximando deste segundo março pandêmico com aumento de infecções apesar da campanha de vacinação, algumas tentativas de retorno à música ao vivo e um festival para apoiar os trabalhadores da música.

2021 começou com notícias de Gianluca. Primeiro encontramos “Pa Ti” com Pepe: Vizio e durante fevereiro, “Invierno” chegou. Você gostaria de observar seu funeral? Isso faz parte da fantasia que o músico nos apresenta neste videoclipe dirigido por Francisca Matus, a partir de um single que se afasta dos sons que já o vimos perseguir, numa busca por experimentação. Será uma tendência clara de sua nova etapa? Teremos 2021 para provar isso.

Também encontramos uma demonstração de sonho, o mais recente single de Emaflu. “No volvamos a lo de antes” foi uma canção que nasceu no inverno passado, durante a quarentena mais restrita do Chile, mas tanto a artista quanto cuatrobeats, seu produtor, acharam que parecia verão. Por isso dormiu alguns meses e reapareceu em fevereiro. A mesma vibração oferece seu videoclipe dirigido por Loretta Casteletto.

Perrosky sempre se destacou pela simplicidade tanto na letra quanto na música. E em “Uno de Verdad” ele não está longe dessa premissa, com uma guitarra blues simples e um mínimo de percussão. É no vídeo que a banda resolveu surpreender. Certos da qualidade de sua música, a dupla preferiu fazer um vídeo psicodélico-indico onde tudo começa com uma simples caminhada e o barulho da estática de alguns alto-falantes, para terminar em imagens sobrevoando uma Alameda em meio ao período de protestos no país. Uma espécie de devaneio Big Lebowskiano chileno.

Guitarras, sintetizadores e a “velha” vibração do reggaeton juntam-se em “Hechizado“, uma colaboração de Filgueira e Salares. Esta é uma prévia do próximo EP intitulado “Nada Cambia”, que esperamos ouvir na íntegra nas próximas semanas.

O grupo liderado por Macarena Carreño deu-nos um EP dreampop muito bom durante 2020, denominado “La Timidez de los Eucaliptus”, através do selo Caída Libre. Agora eles mostram “Precipicio”, primeira carta de apresentação de um novo álbum que verá a luz no final de 2021, aparentemente, dando continuidade ao pop eletrônico com o qual os tínhamos conhecido. A banda antecipa que este novo trabalho será atravessado pelo conceito de IKIGAI, uma filosofia japonesa que pode ser traduzida como uma “razão de ser”, uma motivação vital ou uma missão.

C-S4R é o último a lançar um single para a colaboração entre o Festival Flecha Solar e o selo independente espanhol Snap! Clap! Club!, que se uniram para celebrar os 10 anos do lançamento do álbum “Mena”, de Javiera Mena, colaborando em um álbum de tributo com cada música sendo interpretada por um artista diferente. C-S4R trouxe sua própria versão de “Sufrir”, que embora indiscutivelmente muito próxima do original, você pode notar a diferença nos novos teclados efervescentes e uma mixagem muito mais atual. E por falar nesse projeto…

Antónima é outro dos nomes do pop independente chileno que contribuiu com uma canção para o álbum de homenagem aos 10 anos de “Mena”. Sua recriação de “Hasta la Verdad” é uma das melhores versões do álbum, já que não só torna a música sua com seu tom de voz característico bem cantado, mas não irritante, mas também pode ver seu desejo de combinar instrumentos eletrônicos e guitarras. A seleção dos sons, o jeito de cantar e aquele excelente solo de guitarra no final da música fazem dele um dos pontos fortes de um álbum que já nos empolgou bastante.

O QUE VEM EM MARÇO

A Associação dos Trabalhadores das Artes e Entretenimento (AGTAE) está se preparando para realizar o AGTAEFest, um festival que pode ser apreciado via streaming nos dias 6 e 7 de março através do Eventrid e Passline. Serão mais de 50 apresentações de artistas como Ana Tijoux, Los Tres, Lucybell, Francisca Valenzuela, entre outros, para ajudar os membros do grêmio e angariar fundos. Lembremos que as perdas do setor de entretenimento no Chile devido à pandemia foram de 18 bilhões de pesos, com uma taxa de desemprego de 90%.

Por outro lado, a Sociedade Chilena de Direitos Autorais (SCD) prepara um ciclo de “Mujeres Musicas” a partir de quarta-feira, 10 de março, em sua sala localizada na Plaza Egaña, sendo a primeira iniciativa de reaproveitar as salas de concerto em um ano de pandemia, cumprindo com a regulamentação em vigor do Ministério da Saúde. Frank’s White Canvas, Ruzica Flores, Nicole Bunout e Marineros estarão se apresentando.



COLÔMBIA
por Fabián Páez López do site Shock.co

Em fevereiro, as águas dos lançamentos musicais da Colômbia começaram a se agitar. Entre novas ondas de violência em Buenaventura e vacinas chegando devagar, muito devagar, começa a borbulhar a trilha sonora de 2021. Este mês nos trouxe muitas boas notícias. Aqui estão nossas recomendações.

DISCOS RECOMENDADOS
Um grupo de jovens de Tumaco, município conhecido como “La Perla del Pacífico Colombiano”, reuniu-se com Iván Benavides, um produtor de longa data por seu trabalho com Carlos Vives, e com membros do selo de Bogotá Llorona Records para construir seu primeiro disco com a assinatura Discos Pacífico. “Batea”, esta primeira produção de 12 cortes do Bejuco, estuda e brinca com os ritmos e canções tradicionais da sua região misturando-os com o jazz e o afrobeat.

Depois de um 2020 em que ambos lançaram músicas como solistas, Juan Galeano e Daniel Álvarez, os nomes por trás do Diamante Eléctrico, sacudiram seus próprios caminhos e lançaram “Mira lo que me hiciste hacer”, um álbum no qual alcançaram um refinamento groovy que sem dúvida os coloca no topo de sua carreira. (A propósito, nós conversamos com eles: leia a crítica do álbum aqui).

Briela Ojeda, uma de nossas apostas Shock 2021, estreou seu primeiro álbum, “Templo Komodo”, uma coleção de canções animadas que carregam o misticismo da região andina de nosso continente. Um exercício paisagístico em que soam pássaros, fantasmas, feitiçaria e alquimia sagrada.

Como bônus aos álbuns do mês, também queríamos recomendar um par de álbuns de rap latino definitivos para 2021. Por um lado, N. Hardem lançou “Verdor”. Por outro lado, Ruzto (que também colabora em “Verdor”) e Soul AM anotaram um tremendo álbum visual gravado pelas lentes de Juan Gordon. Assista abaixo!

CANÇÕES
Armenia, uma banda de rock de Bogotá, está preparando seu novo álbum para o segundo semestre de 2021 e “El Tiempo” é uma prévia substancial do que está por vir. Uma música de guitarras repleta de sintetizadores que fala sobre o uso / abuso das redes sociais. A música também conta com a voz de Tal Cual, popular personagem de animação da televisão colombiana por ter aparecido nos curtas institucionais do Boletim do Consumidor. Ouça e também conheça a história de Tal Cual aqui.

“El pueblo no se rinde carajo” (“O povo não se rende, caralho”) é uma arenga que há vários anos vem sendo cantada nas ruas de Buenaventura para exigir segurança e oportunidades para os moradores da zona portuária. O canto original ganhou uma força especial desde a greve cívica organizada em 2017 e, no último mês, como resultado do ressurgimento da violência na área. A propósito desta situação, um grupo de mulheres da região reuniu-se para cantar “Resistencia”: Cynthia Montaño, Carolina Mosquera, Ikandra, María Elvira Solís, Elena Hinestroza e Nailu Matamba Tierra, Alicia Arrechea e Karysol ecoam a canção hoje popular.

Para mais músicas, aqui está nossa playlist com as novidades completas do mês

O QUEM VEM EM MARÇO
Por falar na Armênia, no dia 21 de março teremos um novo Shock Presenta, ao vivo e de maneira presencial, no Teatro Mayor Julio Mario Santo Domingo. Armênia se apresentará ao vivo após um ano que nos tornou eternos sem música ao vivo.

La Muchacha, cantautora de Manizales e convidada do Shock Presenta em fevereiro, estreia o que será sem dúvida um dos álbuns do ano em 19 de março: “Más canciones crudas”. Será a continuação de um dos nossos momentos favoritos de 2020. Lembre-se desta data porque a crueza e a criatividade de La Muchacha são garantidas.

A previsão é que os cinemas reabram em março e o calendário local de filmes seja reativado. O setor, sem dúvida um dos mais atingidos pela pandemia, ainda não viu a luz.



CUBA
pela Equipe do site Magazine AM:PM

Fevereiro é, desde que o coronavírus entrou em nossas fronteiras, o pior mês da pandemia em Cuba. Em meio ao confinamento — que está se tornando cada vez mais insuportável —, números alarmantes de confirmados com a doença e uma crise econômica crescente, a música cubana busca brechas por onde possa escapar e se reinventar. À medida que continuamos a desejar shows ao vivo, acumulamos horas grudadas em nossos fones de ouvido.

Provavelmente o lançamento mais polêmico em fevereiro foi a estreia do videoclipe “Patria y Vida”, dirigido pelo diretor Asiel Babastro e que reúne vários músicos notáveis do cenário nacional – como Yotuel, Gente de Zona, Descemer Bueno, Maykel Osorbo e El Funky – em uma declaração inequívoca de seu descontentamento com o atual governo cubano.

Em janeiro de 2020, quando a COVID-19 ainda era pouco mais que ficção para os cubanos, Ruy Adrián López-Nussa, herdeiro de uma rica tradição familiar, foi ao Teatro Martí gravar um concerto, sem plateia. Dessa longa jornada nasceu o CD-DVD “Dos Lenguajes” (Bis Music, 2021), lançado neste fevereiro distópico sob a produção musical de seu irmão Harold, e onde o músico tem o luxo de interagir com os instrumentos percussivos que tanto o apaixonam. Dois cúmplices têm este álbum: o piano e a bateria. Apenas um único caminho: a música.

Com uma estética retrô e funky, o videoclipe “La Papa” chegou para apimentar a quarentena: de um lado, o flow do Cimafunk; de outro, a sensual voz de Diana Fuentes. Os dois artistas se juntam nessa música que faz parte do EP “Cun Cun Prá” que o autor de “Me Voy” lançou no final de 2020, e onde ele nos faz dançar de novo, enquanto assistimos da sala os dias passarem por nós. Por enquanto, e felizmente, “la Papa está servida!”

Buena Fe canta mais uma vez sobre desamor e traição. Ele o faz à sua maneira, por meio de um videoclipe, e com o single “Quien Soy Yo”, a oitava faixa de seu álbum “Carnal” (Egrem, 2019). O audiovisual, disponível nas plataformas desde o dia 8 de fevereiro, foi dirigido pelos cineastas Claudia Hernández e Ariam Valdés, que em outras ocasiões colaboraram com o grupo.

Chocolate MC se considera o único presidente da República Repartera. Ele repete isso indefinidamente, em cada uma das 20 faixas de seu novo álbum autointitulado, lançado pelo selo Buya Music Productions, em 17 de fevereiro. O Rei convoca todos os seus súditos e ao longo do fonograma desfilam Wampi, El Micha, Anübix, El Chacal, Yakarta e Fisiko, entre outros expoentes do reggaeton e do elenco da Ilha, para nos trazer de volta os sons do bairro. Não faltam neste álbum as reverências que Yosvani Arismin Sierra Hernández faz ao seu deus: Elvis Manuel.

Se há um músico cubano que tem um público fiel, esse é Waldo Mendoza. E é nele que a canção romântica encontrou um refúgio, um compromisso do qual o cantor-compositor mal pode escapar. Wally sabe disso, seus seguidores sabem disso e a música sabe disso. Por isso, o advento de seu mais recente álbum, “Sin más despedidas” (Egrem, 2021), não passou despercebido ao radar dos enraivecidos amantes da Ilha.

Roly Berrío é um daqueles artistas que só podemos compreender se o virmos ao vivo. O palco é sua melhor arma, ele é o show. Talvez por isso, desta vez preferiu cantar para nós desde o palco onde se sente mais confortável: El Mejunje, e o fez com a estreia do seu single a 14 de fevereiro, um adianto do DVD “Moscas de Fuego”, que vai ser lançado via selo Colibrí. Nesta canção, Roly – que é um romântico incurável – afirma que o Dia dos Namorados só é lucrativo para a indústria do entretenimento e deseja ardentemente seu rápido desaparecimento. Onde assinar?

Voltamos nossos olhos para o cinema por um momento, já que o documentário “Terranova”, dirigido pelos cineastas Alejandro Alonso e Alejandro Pérez, recebeu o prêmio Ammodo Tiger Short do Festival Internacional de Cinema de Rotterdam. O filme é um retrato de Havana com um rigoroso compromisso com o rigor estético onde a cidade, como a conhecemos, começa a se desvendar.

As melodias de Alex Cuba são simples e, por serem simples, bonitas. Acompanhado de seu violão, o músico e compositor artemiseño radicado no Canadá traz ternura a cada música, e seu single mais recente, “Mundo Nuevo”, não foge ao que parece ser sua regra de ouro. Agora ele é acompanhado por uma das vozes mais poderosas da cena mexicana: Lila Downs; entretanto, ele diz que nos próximos meses teremos um álbum para adorar. Espiritualidade, amor, fé, novos começos, é sobre isso que os dois artistas cantam neste single.

Encerramos essas recomendações com uma boa notícia: o professor Chucho Valdés resolveu retomar sua antiga paixão pela docência e anunciou a abertura de uma academia virtual de música. Cursos de piano e improvisação – filmados inteiramente no Adrienne Arsht Center for the Performing Arts do Condado de Miami-Dade – bem como palestras sobre jazz afro-cubano serão o ponto alto desta nova aventura empreendida pelo fundador da mítico Irakere. A Academia Chucho Valdés abre suas portas no dia 15 de março e as inscrições podem ser feitas no seguinte endereço: www.chuchovaldesacademy.com

O QUE VEM EM MARÇO
Dois lançamentos de discos são os mais esperados para o mês de março neste lado do Mar do Caribe. Por um lado, Leoni Torres promete nos entregar um novo álbum, depois de um longo tempo em que o artista se dedicou a lançar apenas singles em suas plataformas digitais. Por outro lado, a cena de trapton está encantada com o anúncio de “Perreo 2030”, o próximo fonograma de Yomil e El Dany – que será lançado oito meses após a morte de Daniel Muñoz, um de seus integrantes – e que, segundo Yomil, busca evoluir a sonoridade do gênero. Como uma prévia, há pouco mais de uma semana saiu o videoclipe da música “Tembleque”, com o qual fechamos este Panorama.



ESPANHA
por Rubén Scaramuzzino do site Zona de Obras

À medida que a terceira onda da pandemia diminui e a vacinação avança lentamente, várias cidades espanholas estão testemunhando nos últimos dias do mês o vandalismo de grupos de manifestantes que protestam violentamente contra a prisão do rapper Pablo Hasél por causa de uma lei que limita a liberdade de expressão e que o governo promete modificar em breve. Neste contexto, destacamos dez propostas musicais e culturais que agraciaram o mês de fevereiro na Espanha.

A monarquia espanhola não vive seu melhor momento. O conhecimento dos escândalos do Rei emérito virou tudo de cabeça para baixo. E para um planeta cada vez mais politizado, a questão não passa despercebida. Assim surgiu o single “El Rey de España”, peça imperdível e nítida com o foco (e o dedo na ferida) no que foi popularmente conhecido por muitos anos como “rey campechano” (“rei folclórico”).

Continuando na trilha planetária, seguimos com Los Pilotos, projeto de Banin e Florent, que apresenta o primeiro single do que será “Alianza Atlántica”, um álbum que reunirá 14 artistas latino-americanos para dar forma a um verdadeiro tratado de música eletrônica popular contemporânea da região. O tema em questão é “El Ciclo de Las Mareas”, no qual Los Pilotos são acompanhados pelo delicioso trio dominicano Mula.

C Tangana é um gênio. Com a seqüência de canções antecipadas do que será “El Madrileño”, disco que será lançado no final do mês de março, ele está se revelando em estado de graça e com um talento transbordante. O vídeo duplo “Nominao” / “Hong Kong” (com Jorge Drexler e Andrés Calamaro), é bom demais. Pura cinematografia para uma festa de madrugada em que há espaço para as atuações de Paz de la Huerta e Julia de Castro, uma alusão a Los Abuelos de la Nada, Drexler fumando em um bar e estrofes de “Jugo de Tomate Frio”, de Manal, banda de rock argentina seminal. Pura arte.

Em março de 2000, Charly García pulou do nono andar na piscina de um hotel. Agora, em 2020, o cantor e compositor asturiano Pablo Und Destruktion toma como ponto de partida aquele salto do gênio argentino para dar forma a “El salto de Charly García”, uma grande canção em forma de impulso à coragem, franqueza e irreverência. O videoclipe, filmado nas montanhas asturianas, inclui, como esperado, imagens do famoso salto.

A pianista e compositora catalã Clara Peya, que no final do mês publica o seu álbum “Perifèria”, junta-se a Alba Flores e Ana Tijoux para apresentar “Mujer Frontera”, uma canção em homenagem às mulheres marginalizadas, mulheres que, apesar de serem consideradas invisíveis, são um pilar fundamental. O tema traz um vídeo sugestivo que serviu para divulgar uma campanha de solidariedade em prol da associação feminista Jornaleras de Huelva en Lucha.

Existem bandas que são literalmente inclassificáveis. Califato ¾ é uma delas, capaz de soar vanguardista, popular e divertida; reivindicando a idiossincrasia cultural andaluza e ressignificando alguns de seus códigos. Seu tão esperado novo álbum é lançado no final do mês, mas antes disso vem “Te quiero y lo çabê”, um hit romântico que combina machacón e rumba e conta uma história de amor, íntima, dark e delirante.

Não há dúvidas sobre o talento e a projeção do Sen Senra. O jovem artista galego dá passos de gigante rumo ao estrelato. E seu single recente apenas confirma isso. “Sublime”, um hit redondo, mostra diretamente seu lado mais pop e dançante, oferecendo algo que pode parecer fácil, mas na verdade está ao alcance de poucos. Para quem quer mais, temos de esperar até 26 de março, data de publicação do seu EP “Corazón cromado”.

Por sua vez, os adoráveis Hermanos Cubero publicam dois discos simultaneamente: “Errantes Tellúricos”, com preciosas canções folclóricas de Josele Santiago, Rocío Márquez, Amaia, Christina Rosenvinge, Grupo de Expertos Solynieve e Nacho Vegas, entre outros; e “Proyecto Toribio”, obra que recupera o cancioneiro de Toribio del Olmo. Uma delícia, como sempre.

Passando para o campo do cinema, os fãs da animação têm um encontro imperdível no Festival Internacional de Cinema de Animação da Catalunha, o Animac. Entre os dias 25 de fevereiro e 7 de março, organizado pela Câmara Municipal de Lleida, o evento comemora 25 anos oferecendo uma viagem pelo passado, presente e futuro do cinema de animação, refletindo sobre o caminho percorrido pelo evento, o mais veterano dedicado à animação cinema na Espanha.

Por último, com exposições, workshops e conferências que configuram um programa com quase 200 atividades que reúnem mais de 500 designers e profissionais do setor, uma nova edição do Madrid Design Festival tem lugar na capital espanhola durante os meses de fevereiro e março. Inevitável para os amantes do design gráfico, moda, arquitetura, design de interiores e gastronomia.

O QUE VEM EM MARÇO
Com uma seleção nos cinemas um tanto instável devido à pandemia, não devemos esquecer a estreia de “Los Inocentes”, a estreia do madrileno Guillermo Benet sobre o despejo policial de um concerto em um centro social em que o impacto de uma pedra mata um agente. Quem jogou a pedra? Quem sabe? Por que eles estão em silêncio? A história do silêncio das pessoas que vivem sabendo as respostas, e também da sua covardia e da sua culpa. Nos cinemas a partir de 12 de março.

No campo literário, ansiamos por “Niños Aparte” (Caballo de Tróia), a estreia na narrativa de ficção da poetisa madrilena Julieta Valero, em que a autora monta o quebra-cabeça emocional que une duas mulheres com uma prosa mágica e sensual.



MÉXICO
por Cynthia Flores do site Indie Rocks!

Em produção


PERU
pela equipe do site Rock Achorao

Em fevereiro, as terras peruanas estiveram quentes – por causa do verão e da turbulência política – e causaram muitos sentimentos contraditórios em nossos artistas e criadores. Na verdade, só na semana do San Valentin foram lançados mais de 30 singles que abordavam temas de amor, ilusão, ressentimento, entre outros. Os ares de esperança continuam presentes na criação independente para tornar o Peru um lugar melhor no ano de seu bicentenário. Mas vamos lá, a música é e sempre será nosso melhor refúgio, então vamos continuar consumindo.

SINGLES
Duas gerações diferentes da música latino-americana unidas nesta canção imponente. “Lo Que Iba a Ser” é uma reflexão que nos convida a abraçar e valorizar o que “sim é” e temos à nossa volta. Um pequeno passeio pelo mundo lúdico de Alejandro e Maria Laura, desta vez pela mão de Andrea Echeverry da Aterciopelados. Um luxo de colaboração.

“Verano Infierno”, o álbum de estreia de Fernanda Perochena, surpreendeu a muitos pelas suas diversas nuances musicais e pela exploração introspectiva que ele incorporou. Deste álbum, entre outras peças, destaca-se “Al Aire”, um R&B que transita entre o pop experimental e o hyper pop caloroso. O surrealismo fez uma música para curtir o verão.

Em 2020, Hit La Rosa surpreendeu ao dar uma reviravolta interessante em sua sonoridade que significou novos desafios e entrar em um novo nicho que definimos como “cumbia escura”. “La Marea” muda de bolero para cumbia psicodélica e reafirma a atitude da banda na busca por uma reinvenção constante. Altamente recomendado.

O terceiro álbum de La Lá está muito perto de se tornar realidade em colaboração com a Rede Altafonte, e “Milagros” é o primeiro avanço. A inquietação criativa de La Lá a levou a incorporar a bachata em sua enorme coleção de gêneros musicais que ela vem criando desde sua estreia em 2014. “Milagros” é uma canção de amor que transcende os planos da vida e nos permite lembrar nossos entes queridos que partiram para a vastidão.

Como o coração e os sentidos não podem acelerar com uma voz e uma peça tão sensuais? O EVAH não se desvincula do gênero pop que vem desenvolvendo com paixão desde o seu início. Porém, notamos muita atitude com esta estreia, “El corazón se acelera”, que sutilmente anuncia uma guinada no estilo da jovem cantora de Lima, que está preparando muitas surpresas para este 2021.

É um tanto incomum ouvir Sebastián Gereda começando suavemente com sua voz. O usual é a música ou um saxofone quente. Mas em “Babi” encontramos uma canção com toques experimentais na voz, bem acompanhada de pedacinhos para mexer os pés em pleno verão. Sebastián se mantém fiel aos seus princípios musicais, colocando sua proposta como marcante no cenário indie nacional.

“Grandes Exploraciones del Mundo”: Que nome bombástico para a novidade pop do grupo Blackthony Startano. Uma peça que corta um pouco o estilo enérgico da banda de Lima, que prepara mais canções neste 2021. Bem, embora o mundo seja bastante estranho, não quer dizer que parem. Com tanto talento, Blackthony Startano não ficará parado e continuará explorando mais sons, como é o caso desta música.

A banda cusqueña La Jenkins apresenta seu primeiro single desde a quarentena. Segundo dizem, “O.K.” foi inicialmente concebida pelo vocalista ‘Dako’ Castro como uma balada de guitarra, mas depois ganhou maior força e intenção com a participação dos demais membros. A letra “recria o diálogo durante o colapso final de um relacionamento.”

Álbuns de longa duração tiveram pouco destaque em fevereiro no Peru, no entanto, recomendamos ouvir essas duas joias essenciais. O lançamento de álbuns completos na época de singles e algoritmos de streaming parece-nos que merece ser aplaudido.

“Mar” contém 16 joias submersas entre o giro bem-sucedido de uma banda experimentada e seu andar sonoro clássico. O videoclipe de “Excesos en Espiral”, lançado através da aliança FARO, é aquele ponto médio entre o passado e o presente da banda. Um trabalho equilibrado onde expõe toda a força musical do Indigo, que tem ido “contra a maré” face à pandemia. Não pararam de produzir, a ponto de superar todas as barreiras. Ouça o álbum. Você não vai se arrepender.

Por fim, o beatmaker, MC e produtor de Lima Pounda (de Pounda & NoModico e Vudufa) estreou “Fireflies”, um EP carregado de muita emoção nas batidas, instrumentais que, embora se apoiem nos clássicos sucessos do rap (muito presentes no DNA desse artista), distanciam-se das propostas clássicas, aproximando-se de gêneros como donwtempo com algumas nuances de ambient, future garage e até synthwave como no caso do single do álbum, que carrega o mesmo nome. Dê play e voe.

O QUE VEM EM MARÇO
A edição virtual do Lima PopFest que reunirá bandas do México, Argentina, Chile, Uruguai e Peru em um só lugar.



URUGUAI
por Kristel Latecki do site PiiiLA

Fechando o mês de fevereiro, o Uruguai finalmente se aproximou da região e recebeu a primeira rodada de vacinas contra a Covid-19. Acredita-se que neste pequeno país a vacinação seja feita rapidamente, mas falaremos sobre isso no próximo mês.

No plano cultural, as demandas do setor continuam pedindo isenções de impostos, abertura de salas e teatros municipais e aplicação de 30% da capacidade real, e não impostos mínimos por palco. As salas privadas abertas desde o início de fevereiro já oferecem uma agenda animada e diversificada para março, e agora que chegamos a um ano de pandemia, mais do que nunca a comunidade precisa do apoio do governo e da presença do público.

Enquanto isso, podemos ouvir o novo.

LANÇAMENTOS
Começando o mês, Ruben Rada apresentou uma nova música de Carlinhos Brown. Com referencias à escola de samba Mangueira e homenageando sua mãe nascida em Santana do Livramento, em “Chão da Mangueira”, o mítico músico experimenta a fusão entre samba e candombe, com letra de Ronaldo Bastos. Esta é a primeira faixa de um álbum dedicado ao seu lado materno, e nem é preciso dizer que essa união entre Uruguai e Brasil soa perfeita.

Continuando com a herança cancioneira da ótima e finada banda Carmen Sandiego, Flavio Lira criou sob o pseudônimo Amigovio um álbum que tem muito synthpop e pop espanhol com ares dos anos 80, humor ácido, relacionamentos que não dão certo e uma ode a estrelas pornôs. Entre as 10 canções há uma espécie de nostalgia, em olhar para trás e contar uma história do passado, mas sem romantizá-la. É dançar trancado na sala lembrando amores fracassados.

Amigovio também acaba de colaborar com Julen y La Gente Sola na música “Animales Lentos”. Inspirado em parte pelo isolamento produzido pela pandemia, a canção mostra um estado de espírito letárgico. “Os dias são eternos / há pólvora no ar”, cantam e se fazem sentir.

A poderosa voz de Lu Ferreira brilha na primeira amostra do que será o seu álbum de estreia. “Ofrenda” é uma forma excelente e entusiástica de iniciar este novo ciclo, trazendo uma entonação com ares flamencos que escala num rock expressivo, e que proclama o direito ao amor que todxs temos.

Por sua vez, La Vela Puerca estreou nas plataformas uma velha canção inédita que apresentaram pela primeira vez em “Donde Estés”, show que ofereceram em streaming em outubro passado. “Mira Cómo Es” evoca fases anteriores do grupo mítico (o fraseado rápido e enérgico) com a força de uma banda de 25 anos que soa muito unida ao vivo.

Outro dos lançamentos do mês que se destacou por seu componente dançante e hiper cativante é “No quisiste escuchar”, de Miranda Díaz, uma cantora muito jovem que vem se exibindo em feats com artistas como Tormenta, Gula, Milanss, Gavo, Berna e Zeballos. Neste single, ela assume os vocais principais em uma excelente faixa criada por um dos hitmakers de sua confiança: o produtor Dubchizza. Precisamos de uma pista de dança para curtir ainda mais essa música.

Se falamos de Dubchizza, temos que falar de seu grupo Los Buenos Modales, que antes de lançar seu prometido segundo álbum mostra uma colaboração com o grupo de cumbia The La Planta. “Hola” está localizada em uma estética pop com toques de eletrônicos hiphop, ideal para pousadas de praia.

Outra faixa de pop uruguaio lançada este mês é “Porfiado”, de Eros White, um dos artistas e produtores que mais impulsionou e aprimorou a sonoridade do gênero no país. Continuando a excelente sequência que começou no ano passado, este novo single é uma faixa sutil hiper-pop com uma clara influência de SOPHIE e Charli XCX e versos de flow trap.

E para ficar dentro do gênero, a dupla NME oferece “Los 2 en el 4to”, uma música eletropop que lamenta o término do relacionamento e relembra momentos melhores e mais sexy. Influenciados por Daft Punk, eles acertaram em cheio com o groove e uma interpretação correta.

Um dos últimos EPs do mês foi “Diplomacia”, de Sáez’93 juntamente com o madrileno Franco Carter. Entre samples da velha escola passados por um filtro minimalista e interferidos por ruído e distorções de bandeja de vinil, os MCs intercalam versos e demonstram sua enorme harmonia e fraternidade à distância.

O QUE VEM EM MARÇO
Como disse no início, este mês estão a reabrir várias salas que interromperam a sua atividade durante o verão e vão oferecer uma agenda de espetáculos bastante movimentada, pelo que felizmente teremos música ao vivo e com os respectivos protocolos.



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