Três perguntas: Alambradas, a banda-de-uma-mulher-só, lança novo EP

por Renan Guerra

Alambradas é Nicole Patrício, a tal banda de uma mulher só. Depois de quatro anos do ótimo EP “Cíclica” (2016), a artista lança agora seu novo EP, “Please Get Out of My Casa So I Can Be Doida” (2020). São três faixas produzidas por Nicole em parceria com o músico Siso, que também fez a mix e master das canções.

Alambradas é essa mistura um tanto quanto doida de coisas como Grupo Rumo, pós-rock, baladas melancólicas e outras tags transformadas em delicadas canções com um estilo muito íntimo, que se tornou uma espécie de marca do trabalho de Nicole. “Palco do Meu Quarto”, primeiro single do EP, tem essa cara íntima e ganhou clipe criado à distância, cada um em seu quarto, em estilo colaborativo meets distanciamento social.

Please Get Out of My Casa So I Can Be Doida” tem ar agridoce, que passeia entre uma alegria pop e uma solitária melancolia – ecos da quarentena, tempo em que Nicole se dedicou a produção dessas canções. Curiosamente, diferente do título, esse EP é como um convite para que entremos nesse universo pessoal da Alambradas, da forma mais íntima e caótica que possa haver, como amigos que entram e sem medo mexem no volume da TV ou abrem a porta da geladeira.

Para que esse passeio pelo mundinho Alambradas seja mais completo, fizemos três perguntas para Nicole Patrício, em que ela conta um pouco mais sobre a banda e os futuros lançamentos. Confira:

Foram cerca de 4 anos desde seu lançamento anterior, o que mudou na Nicole e no Alambradas de lá pra cá?
A coisa de “sair da própria cabeça” foi a grande mudança em todo esse tempo; de deixar as criações fluírem sem querer ser “séria” ou “perfeita”. Isso deu muito espaço pra entender de onde vêm e por que vêm minhas ideias e composições. Inda acho que dá pra sair um pouco mais, mas, acho a leveza – e até o alívio, eu diria – que isso deu aparece bem nessas três faixas recentes.

O “Please Get Out of My Casa So I Can Be Doida” tem 12 minutos, porém faz um passeio por universos bem diferentes, desde momentos mais bem humorados até outros bem mais melancólicos. Sendo “doida”, como é pra você conectar todas as referências e os universos que te formam e transformá-los em canções?
Pois é, tem bem a ver com a resposta da primeira pergunta: a partir do momento em que eu parei de querer ser “a artista x” e me aceitei como “doida” (tu pegou o espírito da coisa!), as referências e universos que eu já tinha ficaram muito mais fáceis de desenvolver, ao mesmo tempo em que novas referências chegaram e outros universos, que eu nem fazia ideia que tinha, apareceram.

Você disse que essas três canções surgiram como ideias para um possível álbum cheio, você segue trabalhando nesse projeto de um disco? Quais são os próximos passos do Alambradas daqui pra frente?
Sim e não. Existe aí uma cobrança, talvez mais interna, de “nossa, mas, você só lançou EPs, “, “quase 30 anos nas costas e você ainda não tem um disco”, “quê que cê tá fazendo da sua vida?”. O grande plano, por agora, é passar desse obstáculo, além de redesenhar meus shows. É meio difícil pensar em formatos diferentes quando você é uma “banda-de-uma-mulher-só” – isso sem nem entrar na questão de quarentena, etc. – mas, acho que isso pode ajudar a trazer energia pr’um álbum cheio.

– Renan Guerra é jornalista e escreve para o Scream & Yell desde 2014. Também colabora com o Monkeybuzz.

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