Três perguntas: Selo Curva

por Marcelo Costa

Existem dezenas, talvez centenas de casos de artistas isolados que conseguiram algum destaque trabalhando sozinho, seguindo o mantra do exercito de um só, livro homônimo de Moacyr Scliar lançado em 1973 que inspirou Humberto Gessinger, dos Engenheiros do Hawaii, na virada dos 80 para os 90. Porém, se um exército de um homem só pode conquistar façanhas isoladas, a união de pessoas em torno de algo comum pode levar todos muito mais longe. Seguindo essa toada, o Selo Curva, do interior de São Paulo, nasceu em 2019 apostando em rock alternativo, neopsicodelia e post rock usando o velho lema de que “juntos somos mais fortes”.

“Entrar para um selo significa entrar para um catálogo de artistas segmentados”, acredita Alexandre Soares, idealizador do selo. “Fortalece a cena, oferece maior visibilidade, parcerias com festivais, distribuição física e digital a nível internacional”, completa. “Um diferencial é que funcionamos quase como um coletivo de bandas”, observa Eduardo Martinez, que integra a equipe de curadoria do selo: “Todos contribuem com suas habilidades para o funcionamento do projeto. Quem entende de design ajuda nas artes, quem entende de audiovisual ajuda nos clipes, quem é da imprensa ajuda na divulgação e assim por diante”, explica.

Apesar do curto período de vida, o selo já conta com nove bandas no catálogo, sendo que seis delas já têm material nas redes somando 40 músicas inéditas, autorais, lançadas. São nomes como a carioca VelhoMoço, que já lançou dois singles, a Melgraon, de Porto Alegre, que lançou o álbum “Travellers and Vagrants” (2019), o rock noventista da londrinense Holdon, mais as bandas Código de Conduta e Extones, ambas de Araçatuba (a primeira lançou o single “Mar de Acasos” no ano passado e a segunda se define como rock rustico e conta com o EP “A Estrada”, 2020), e, ainda, a Igual a Ninguém, de Valparaiso (SP), que estreou com álbum cheio em 2019. Abaixo, Alexandre e Eduardo respondem três perguntas (podem ser sete) do Scream & Yell.

Playlist do selo no Spotify e no Deezer

Como surgiu a ideia de montar o Selo Curva? O que norteou essa criação?
Alexandre Soares: O Selo Curva é um “braço” da gravadora/estúdio TruePeak Studio, de Birigui, fundada há cerca de três anos. O selo de rock alternativo e neopsicodelia surgiu em julho do ano passado por necessidade, ao observar a dificuldade e confusão aqui no interior que as bandas tinham depois que estavam com seus EPs, singles ou CDs em mãos. Observei que parte do processo de inserção, catalogação, registros e gerações de códigos para a distribuição é um pouco complicada mesmo, e este é apenas um dos pontos onde o selo pode auxiliar os artistas. Entrar para um selo significa entrar para um catálogo de artistas segmentados. Fortalece a cena, oferece maior visibilidade, parcerias com festivais, distribuição física e digital a nível internacional.

Eduardo Martinez: Um diferencial do Selo Curva é que funcionamos quase como um coletivo de bandas, todos contribuem com suas habilidades para o funcionamento do projeto. Quem entende de design ajuda nas artes, quem entende de audiovisual ajuda nos clipes, quem é da imprensa ajuda na divulgação e assim por diante.

Você tem ideia de quantos lançamentos já fizeram? E como têm sido a repercussão? Quem tem chamado atenção?
Alexandre Soares: Entre singles, EPs e discos cheios, já foram lançados 6 artistas/bandas, totalizando 40 canções inéditas. Destaco os singles “Mar de Acasos”, da Código de Conduta, “Entre a Cruz e a Estrada”, da Extones, “Lá Vem a Alvorada”, da Velhomoço e “Eu Vou Respirar”, da Igual a Ninguém.

Eduardo Martinez: Hoje, 9 bandas estão no catálogo do Selo. Sendo 5 de Araçatuba/SP, uma de Valparaíso/SP, uma de Londrina/PR, uma de Porto Alegre/RS e uma do Rio de Janeiro/RJ

Como estão os planos do selo nesses tempos de pandemia? Vocês estão preparando material? Há algum planejamento?
Alexandre Soares: Os lançamentos digitais, até então, estão seguindo normalmente. Temos um disco cheio para lançar em maio, da banda VelhoMoço (RJ). Segue confirmado também o EP da Tropicadelia, gravado em fevereiro, que está em pós produção ainda sem data de lançamento.

Eduardo Martinez: O Selo vem fazendo uma ação desde os primeiros dias de distanciamento social que é o “Curva em Casa”. De segunda a sábado postamos vídeos em todas as redes sociais do selo. Devido ao distanciamento social, os vídeos são sempre de algum integrante de alguma das bandas sozinho (a única exceção foi o dos vocalistas da Código de Conduta, gravaram juntos porque são irmãos e moram na mesma casa). O conteúdo vai desde o músico tocando sons autorais ou cover até mostrando o equipamento que usa, ou dando indicações de discos etc. Essa ação tem o objetivo de incentivar as pessoas a ficarem em casa nesse período de distanciamento social e também chamar atenção para a página do selo no apoia.se. Que é uma forma de monetizar as atividades musicais nesse período onde tudo está parado.

– Marcelo Costa (@screamyell) é editor do Scream & Yell e assina a Calmantes com Champagne.

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