Assista ao documentário “Tributo ao Inédito.doc”

Introdução por Julio Barbosa
Entrevista por Leonardo Panço

Esquece rede social, YouTube e crowdfunding! O documentário “Tributo ao Inédito.doc”, feito por Marcelo Pedra, Renato Cantharino e Vitor Rocha, volta no tempo para contar a importância do projeto homônimo que impulsionou a carreira de várias bandas e ajudou a criar uma cena musical no Rio de Janeiro.

Durante pouco mais de uma hora, você ouve dos próprios músicos como a divisão de tarefas multiplicou as possibilidades que levaram os grupos a se apresentarem em pontos distintos do Rio, como Cine Íris, Ballroom e Rato no Rio. Tinha vocalista que descia do palco para ser assessora de imprensa do projeto, baixista que criava as artes dos discos, entre outros exemplos de empreendedorismo colaborativo.

Com depoimentos captados pelos próprios entrevistados, o “Tributo ao Inédito.doc” é ilustrado por músicos que integraram bandas como Leela, Zumbi do Mato, Mandril e Jason, que mostram, às vezes, rindo e, outras, franzindo a testa, as belezas e durezas de se fazer rock no Rio de Janeiro no início do século XXI. Naquela época, os jornais (ainda) influenciavam as pessoas, a Internet engatinhava no Brasil e parte da divulgação era feita através das filipetas dos eventos.

A fome insaciável por fazer música dessa turma começou em 2002 no lendário Rodízio do Rock, numa pizzaria da Zona Norte do Rio, mas esse rock não era excludente, já que o cardápio do projeto tinha sabores para todos os ouvidos. “Tributo ao Inédito.doc” recorda o passado, mas não deixa de ser um link para o futuro, por inspirar e lembrar que o tão falado do it yourself começa com você. Sim, você! Viva o novo! Viva o inédito! Viva o Tributo ao Inédito!

Abaixo, Marcelo Pedra fala sobre o documentário (assista na integra logo abaixo!)

Qual foi o objetivo inicial de lançar o documentário?
A ideia inicial era contar a história de um período que achávamos muito interessante, tanto pela efervescência artística, quanto pela capacidade de realização que os artistas envolvidos tinham aquela altura. Um fenômeno interessante daquele momento no Rio de Janeiro é que muitos artistas passaram a conduzir a sua produção e as suas carreiras de uma forma mais autônoma e organizada. Sem dúvida isso foi efeito do aprendizado de muitos anos tocando no Garage de forma mambembe, o que possibilitou a nossa turma chegar no início dos anos 90 com mais informação e meios para construir um movimento como o Tributo. Mais do que contar a história da coletânea “Tributo ao Inédito”, tínhamos a vontade de registar um período da cena musical da cidade que, na nossa avaliação, merecia um registro.

Em um momento atual em que o rock não está em voga, em que o filme pode ajudar os artistas que participaram do projeto?
Penso que o filme contribui com o cenário atual quando compartilha uma experiência de um trabalho construído 100% de forma colaborativa e solidária. Cada artista contribuiu com alguma habilidade específica (design gráfico, produção de eventos, administração, técnicas de gravação e mixagem, horas de estúdio, etc…). Esse modelo de trabalho é o grande legado do Tributo. Será muito legal se conseguirmos realizar alguns shows com os artistas que participaram na época, para nos divertirmos ainda mais (ainda alimento essa ideia dos shows para 2020).

Vocês criaram uma estratégia de lançamentos ao redor do Brasil com exibição do filme durante 2019. Qual foi o pensamento para essa atitude de ‘segurar’ o filme e só agora colocar disponível na web?
Queríamos que o documentário proporcionasse espaços de convivência e trocas entre as pessoas interessadas. Desde o início nosso propósito era exibir o documentário “ao vivo” e sempre que possível com a nossa presença para promovermos uma conversa sobre o documentário, a cena da época e a atual, seus desdobramentos, os artistas, enfim, queríamos estar com as pessoas e conversar com elas. Nas quase 20 exibições (em quatro regiões do país e em Portugal) estivemos em várias e onde não podíamos estar sempre acionávamos um parceiro local para fazer o debate com a audiência, pois esse foi um valor importante para nós. Além disso, dois diretores (Gustavo Pozzobon e Gabby Vessoni) produziram dois clipes para as duas das músicas inéditas compostas para o documentário (“Massa Grossa” e “Recomeço” – disponíveis para assistir mais abaixo), o que dá uma “outra vida” para o documentário, são novos filhos, gerados no percurso das exibições. Agora passado o ano de 2019 e essa conjunto de exibições faz mais sentido colocarmos no YouTube, para o acesso geral e irrestrito.

Tributo ao Inédito.doc:
Um filme de: Marcelo Pedra, Renato Cantharino e Vitor Rocha
Arte: Flávio Flock
Trilha sonora original: Marcelo Pedra
Direção e edição: Vitor Rocha
Com: Chacal, Alexandre Griva, Flávio Flock, Heron, Marcelo de Souza, Júnior Vernin, Marco Homobono, Gabriel Muzak, Ricardo Dias, PC Stocc, Vital, Marcelo Pedra, Vitor Rocha, Bianca Jhordão, Mariana Eva, Rodrigo Brandão, Dias JR, Larry Antha, Thiago de Souza, Marcelo Xhá, Leonardo Panço, Nelson Burgos, Ricardo Oliveira, Júnior Abreu, Rogério Weimann, Zé Felipe, Renato Catharino, Marcelo Mendes e Cris Lobo.

– Leonardo Panço (https://leonardopanco.bandcamp.com/) é um homem multitarefas: desde o começo dos anos 90 que ele atua em diversas frentes culturais seja tocando em bandas e gravando discos (Soutien Xiita e Jason), seja escrevendo livros (“Jason 2001: uma odisseia na Europa”, “Esporro” e “Caras Dessa Idade Não Leem Manuais”), seja lançando artistas pelo selo Tamborete (com destaque para Gangrena Gasosa e Zumbi do Mato) (continue lendo).

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