Porão do Rock 2019: Uma maratona intensa de shows e reflexões

por Leonardo Vinhas
Fotos: Coletivo NERVO

Dos festivais dedicados ao gênero no Brasil, o Porão do Rock está entre os maiores e mais tradicionais. Com estrutura de palco, som e iluminação muito acima da média em eventos do tipo, e com line ups extensos que não raro somam mais de 12 horas diárias de shows, o evento deixa claro que não tem ambições modestas e que aposta alto em um gênero que, há muitos anos, deixou de ser mainstream no país.

A edição de 2019 – vigésima-primeira de sua existência – ocorreu ao longo de dois dias na Arena Lounge do Estádio Mané Garrincha, em Brasília, que tiveram seu início no entardecer do dia 25 de outubro e terminaram quase ao amanhecer do dia 27. Os planos iniciais previam três palcos, mas diversas circunstâncias impediram que um deles – que seria dedicado a nomes de protagonismo feminino – chegasse a se concretizar.

Um jogo de futebol agendado de última hora mudou a data original, causando prejuízos financeiros à organização, que se viu forçada a reestruturar toda a pré-produção do festival. Alguns nomes foram cancelados devido à indisponibilidade de reagendamento. Ainda assim, 25 bandas brasileiras e uma dos EUA compuseram o line up de 2019. Um ingresso de pista saía por R$ 45, e o passaporte para os dois dias, R$ 80. Isso é parte da política de cobrar valores acessíveis dentro da realidade do mercado, que também se estende para a alimentação no festival.

Moretools

A sexta-feira foi toda dedicada ao som pesado, com metal e hardcore dominando a escalação. E se é verdade a brincadeira que o metal nunca morre, também é possível brincar que, para algumas bandas, os clichês do gênero são tão evidentes que seu som parece embalsamado. É o caso do thrash metal do Moretools, por onde comecei minha maratona festivaleira. Embora os integrantes não sejam velhuscos, a música parecia ter sido inspirada pelas resenhas “épicas” da finada revista Rock Brigade. Pose, mau humor e barulheira, sem nenhuma inventividade.

Ratos de Porão

Já os Ratos de Porão, que vieram na sequência apresentando o show comemorativo do álbum “Brasil” (1989), representam a primeiríssima leva da porradaria brasileira. Porém, o álbum clássico continua soando inventivo, fresco (ui!) e terrivelmente atual. Um dos discos mais violentos e agressivos do rock brasileiro foi tocado com precisão e fúria em formato power trio, já que João Gordo está ainda se recuperando de problemas pulmonares que lhe custaram três internações hospitalares em menos de três meses. O carisma e a garganta de Gordo foram uma ausência notável, mas o guitarrista Jão, macaco velho que é, assumiu a responsabilidade de forma honrada – e xingou o governo federal, o “paisinho falido filho da puta” e a apatia do público (“isso aqui tá menos animado que igreja de crente, porra”), cuja grande maioria parecia desconhecer petardos como “Aids Pop Repressão”, “Amazônia Nunca Mais” e “Farsa Nacionalista” (dos versos “A pátria armada nas mãos dessa cambada / De extrema direita, T.F.P. / Ficará manipulada por burgueses moralistas / E não há lugar para você”), tão ou mais vigentes que há 30 anos. Reações molengas à parte, foi um showzaço.

Edu Falaschi

Mas se o público foi morno com o Ratos, não foi por questão geracional, já que o veterano Edu Falaschi provou, mesmo que em horário adiantado, ser uma das maiores atrações da noite em termos de popularidade. Suas influências – o metal melódico e a new wave of British heavy metal – são duas das vertentes mais fortes no alicerce do metal nacional, e a apresentação, que é parte da turnê ‘Temple of Shadows In Concert”, assumiu essa base com gosto. Falaschi estava solto e à vontade, e os músicos que o acompanham (eles próprios não se referem a si como “banda”, no sentido mais coletivo do termo) não são meras escadas, tendo chance de mostrar sua competência – o baixista Rafael Dafras e o guitarrista Roberto Barros em especial. O som, porém, estava péssimo: o técnico da banda assumiu a mesa de som e, incompreensivelmente, criou uma quizumba na qual os agudos por vezes soterravam todo o resto, inclusive o quarteto de cordas, meio que tornando propaganda falsa o “in concert”. Mesmo criticando bastante o som, fãs e não-fãs aprovaram com entusiasmo.

O Galinha Preta já fez shows melhores, e talvez tivesse funcionado melhor na sequência do Ratos. A fuleiragem assumida da banda brasiliense costuma render apresentações divertidas, mas, dessa vez, soou um tanto fuleira demais, desencontrando-se nas piadinhas e na brevidade de suas canções. Foi uma boa hora para aproveitar a praça de alimentação do festival, que oferecia opções dignas de lanches e porções a preços entre R$ 15 e R$ 20, quase todos suficientes para saciar qualquer um que não estivesse terrivelmente laricado.

Aliás, nesse aspecto de infraestrutura, o festival teve muitos acertos: havia diversos postos de venda de bebidas, além de vendedores ambulantes credenciados, o que fazia com que não houvesse grandes filas nem nos momentos de maior procura. Havia banheiros em quantidade suficiente. os seguranças sabiam a diferença entre uma roda de pogo e uma briga (acredite, essa “confusão” ainda acontece) e socorristas davam conta dos atendimentos necessários por conta de intoxicação alcoólica (a produção informou 13 atendimentos nos dois dias, mas foi possível testemunhar uma quantidade significativa de ocorrências, especialmente no sábado). Acesso para cadeirantes (e, de fato, havia muitos) e cardápios em braile são outras iniciativas que merecem destaque no Porão. Já os brinquedos radicais originalmente previstos (bungee jump e mini ramp) não foram oferecidos devido à ameaça de tempestade de raios (uma ocorrência bastante frequente no Distrito Federal, diga-se).

Escape de Fate

Voltando à arena, duas conclusões se formaram rapidamente na minha cabeça: a primeira foi que o Escape the Fate, dos EUA, goza de enorme popularidade entre a parcela mais adolescente do público, que pulou e se esgoelou como em nenhum dos shows anteriores, provando que sua escalação foi um golaço do ponto de vista comercial. A outra conclusão é que eu deveria ter ficado mais tempo na praça de alimentação: o rock da banda, nascido nos esquecíveis mares do screamo e do pós-hardcore, é tão genérico que parece ter sido montado por marqueteiros, não pelos músicos. Inspirado pelo Jorge Luís Borges, que preconizava que zombar é fácil, e preferível é tentar entender, atravessei o show inteiro com disposição. Mas a única coisa que não entendi foi se o visual do guitarrista Kevin “Thrasher” Gruft era uma homenagem ao Flamengo ou um cosplay do Pica-Pau. De resto, ficou clara a hipótese marqueteira.

Raimundos

Mas a noite foi logo recuperada pelos Raimundos. Pode-se argumentar (com justiça) que as letras envelheceram muito mal, com um sexismo tão latente que incomoda até quem abomina o politicamente correto. É possível ainda dizer que a banda vive do passado, já que esse século só viu dois lançamentos de inéditas. Mas não dá para menosprezar a força de alguns dos melhores riffs e melodias que já foram feitas na porradaria nacional. Por conta da turnê comemorativa dos 25 anos do homônimo álbum de estreia, o baterista original Fred Castro se somou a Digão, Canisso e Marquim, tocando sozinho nas faixas do disco de 1994 e dobrando a bateria com Caio nas demais (OK, “Selim” ainda contou com a fofa – e eficiente – participação da garotinha Alice, filha de uma amiga da banda, nas baquetas). Imensas rodas de pogo se abriram, e foi o único show da noite a unir todas as gerações na hora de cantar junto. Verdade seja dita: no palco, a banda hoje soa muito mais espontânea e afiada do que nos últimos anos com Rodolfo Abrantes (a turnê do “MTV ao Vivo”, de 2000, último a contar com o vocalista, teve shows péssimos). E entre os Raimundos repetindo a si mesmos com qualidade e vontade, e Rodolfo gravando vídeo pedindo apoio a Bolsonaro e chamando-o de “paizão”, não é difícil saber quem envelheceu mais dignamente.

Dona Cislene

Relatos dariam conta de um festival que seguiu animado madrugada adentro, com o roquinho moleque dos candangos do Dona Cislene e o hardcore capixaba do Dead Fish (única banda a, junto com os Ratos, abordar diretamente questões políticas), mas o cansaço era grande, o ouvido zunia e a atenção já entrava em “modo de descompressão”. Caberia aos paulistas do Project 46 fechar a noite, mas não me pergunte a respeito.

Dead Fish

Se na sexta seis mil pessoas passaram pela Arena Lounge, esse número aumentaria significativamente no dia seguinte. Dez mil pessoas cruzaram os portões de entrada, confirmando uma característica comum aos sábados do festival: a rotatividade de público. Muitos iam, assistiam a quatro ou cinco shows de seu interesse, e saíam enquanto novos espectadores entravam.

Surf Sessions

Novamente, entrei no terceiro show da noite: os locais Mariana Camelo e Jambalaia já haviam tocado, e peguei a Surf Sessions fazendo aquele pop praiano típico de cidade que não tem praia. Sabe quando críticos de música escrevem que tal banda é “autêntica”? Pois é. Pena que esse conceito não queira dizer muita coisa na prática, já que a banda acredita numa sonoridade à Maskavo / Natiruts. Bem-intencionado, bem tocado e… sem muito mais que isso.

Canto Cego

Já o Canto Cego foi uma bela surpresa: seus registros em disco não traduzem o poder da banda ao vivo, com riffs truculentos (no bom sentido) e uma excelente trama percussiva na qual os detalhes afrobrasileiros trazidos pelo percussionista Maré se somam às descidas de mão metalizadas da baterista Ruth Rosa. Existe uma crueza ali que tempera a receita de samba, hard rock e canção brasileira, que a produção excessiva dos discos acaba limando. Outro atrativo inegável é a performance tão carismática quanto poderosa da vocalista Roberta Dittz, cuja presença supera as falhas no seu canto (já estava ofegante na metade da apresentação, e em muitas canções a sua voz não dava conta de fazer frente ao instrumental). Afinal de contas, rock não tem a ver com precisão acadêmica.

Rincon Sapiência

Na sequência, os recifenses Academia da Berlinda vieram com muitos riffs – mas inspirados por cumbia, música paraense e brega. “A gente introjetou na nossa formação essa música dos inferninhos das imediações do Centro Histórico de Recife”, me contou após o show o vocalista e percussionista Alexandre Urêa. O resultado é uma espécie de música pernambucana contemporânea, roqueiraça na atitude e bastante plural na musicalidade. Tinha até headbanger dançando com sorrisão no rosto, provando que é difícil resistir ao chamego da banda. Rincón Sapiência sucedeu, mas o som alto demais ofuscava seu maior atrativo, que é sua poesia sagaz e certeira. Seu carisma deu conta de contornar o problema junto aos muitos fãs presentes, mas para quem não conhecia o trabalho do homem, a apreciação soou monocórdica e ficou prejudicada.

Trampa

Logo depois, o brasilense Trampa fez bonito com seu pós-grunge repleto de citações MPBísticas (incluindo uma versão pesadíssima de “Haiti”, de Gil e Caetano, no encerramento da apresentação). Também arengou muito contra o ocupante do cargo de Presidente e sua prole. O vocalista André Noblat (sim, filho do jornalista Ricardo Noblat, caso você esteja se perguntando) mostrou segurança de veterano como frontman, inclusive fazendo com que o público abrisse uma “clareira” na qual ele entrou, e depois convocou os dois “lados” para correr em direção dele em um pogo ensandecido. Acrescentou, ainda, que era bonito demais estar tocando em um festival “com rap, com samba, porque o rock é pra abrir a cabeça”, e disse que o melhor nisso tudo era saber que estavam “todos unidos em um só coro, que é: ‘Bolsonaro, vai tomar no olho do seu cu’”.

Supercombo

O Supercombo veio depois, e o melhor que pode ser dito sobre seu show é que não soa tão intragável quanto seus discos, fica apenas um sonzinho sem graça e fácil de ser ignorado. A banda parece um template de banda de rock para teens, criado por um algoritmo e chancelado por um designer/publicitário/influencer. É a tal “banda numa propaganda de refrigerantes”, conforme cantada por Humberto Gessinger, só que em versão 2019. Tem quem goste, claro, mas nada que o fim da adolescência não resolva.

Ou não: afinal, o Rumbora entrou em cena para agradar aqueles que eram jovens quando a banda lançou seu primeiro disco, há vinte anos. E infelizmente para Alf Sá (voz, guitarra e também diretor técnico do Porão do Rock) e Beto Loureiro (baixo), únicos remanescentes da formação original, esses não eram muito numerosos ali no Mané Garrincha, e o público não se entusiasmou. “Nos shows que temos feito desde a volta em que somos só nós tocando, a experiência tem sido muito emocional”, disse Loureiro. “Mas no festival é natural que seja diferente”. Os riffs continuam soando bem, mas as letras, inegavelmente, ficaram datadas. “O Mapa da Mina” e “Skaô” receberam um pouco mais de participação, mas a verdade é que foi uma festa para poucos interessados.

Marcelo Falcão

E o Marcelo Falcão, hein? Continua igualzinho, mesmo em carreira solo. Isso significa aquele desfile de obviedades que sua antiga banda se especializou em fazer a partir do momento que expulsaram o falecido Marcelo Yuka, além das desafinações de costume. Falcão herdou a popularidade d’O Rappa, e disputava, em pé de igualdade, o status de maior atração da noite com Criolo. Agradou a esse contingente dando exatamente o que se espera dele, mas sua “atitude” é tão fake e plastificada que só sendo muito ingênuo para cair nela.

Jimmy & Rats

Outro que aposta na obviedade é Jimmy London. O ex-Matanza, sempre simpaticão, veio com sua nova encarnação, Jimmy & Rats, na qual explora as “raízes irlandesas”. Que raízes, maluco? É mais fácil falar que bebe nas águas do Irish punk, com um tantinho de bluegrass aqui e ali. Pra quem gosta do que convencionou se chamar “som de pirata”, funcionou, mesmo com o grave tão alto que soterrava os detalhes de acordeão e flauta de Fernando Gajo. Pra quem sabe que mesmo o rock despretensioso pode entregar mais, foi hora de buscar outra cerveja.

Joe Silhueta

Em uma decisão ousada da organização, Joe Silhueta ocupou uma posição de destaque no line up, entre Jimmy e Criolo. Trata-se de uma das bandas mais celebradas da safra recente do DF, e sua popularidade cresce na mesma proporção que seu som e seu show vão se refinando. A apresentação no Porão foi bastante teatral, o que teve seu lado bom: antes o lado mais performático cabia quase integralmente à vocalista Gaivota Naves, e agora, com todos os músicos embarcando na mesma linha, o resultado final fica mais equilibrado. A banda é excelente, mas ao vivo fica claro o quanto ela finca os pés no passado (“cara, isso é ótimo, mas eu não estou nos anos 70”, entreouvi na plateia). Os fãs ocuparam a frente, um bom tanto observou com curiosidade (e desses, um bom tanto aplaudiu) e um número igual se dispersou. Fique registrado, porém, que é um show que vale muito assistir.

Joe Silhueta

Pelo horário do meu voo de retorno, não pude presenciar a apresentação do Criolo, que certamente trazia a maior concentração de público de todo o evento. Quem presenciou, atestou a qualidade. Mas há males que vêm para bem: a partida no meio da madrugada me privou de ver os clichês do Machete Bomb, que tocaria na sequência.

Criolo

Em entrevista ao Scream & Yell, o organizador do Porão, Gustavo Sá, reconheceu que “o festival não pode fechar os olhos para as coisas que estão acontecendo” [musicalmente], mas também reafirmou sua opção por manter uma curadoria com predominância da linguagem mais guitarreira e pesada do rock’n’roll. Nessa difícil missão de conciliar renovação com manutenção do status conquistado, e de ser relevante sem se lançar no abismo comercial, a edição 2.1 teve sucesso – como também teve sucesso na condição de entretenimento, oferecendo um evento de grande porte com boa estrutura e a valores acessíveis.

Porém, é possível refletir bastante depois dessa maratona tão intensa quanto fugaz. Se é verdade que os “camisetas pretas” são um público fiel, também é verdade que, ao menos nessa edição, mostraram-se menos numerosos que o público “geral”, que deu as caras no sábado. E mesmo que sábado tenha trazido algumas apresentações chochas (mas inegavelmente de apelo popular, é importante frisar), foi um dia que mostrou um dialogo bem mais interessante entre as “tribos” (para usar um termo ultrapassado) e sonoridades presentes.

E a partir daí, é interessante, e até prazeroso, especular se – digamos – Canto Cego ou Joe Silhueta não poderiam surpreender na noite do som pesado, da mesma maneira que o Trampa surpreendeu no dia mais “pop”. Também chamou atenção a maior presença de família, inclusive de crianças, no sábado. E se isso não é formação de público – e de cultura – não sei o que é.

A questão não se trata de alienar um público ou outro, mas justamente de aproximar, sem perder a identidade roqueira. Essa é uma jornada que o Porão vem empreendendo em cada edição, e que pode ser ainda mais movimentada em edições futuras. Não é fácil a tarefa a qual o festival se propõe. Mas o rock não nasceu para seguir o caminho mais fácil.

– Leonardo Vinhas (@leovinhas) assina a seção Conexão Latina (aqui) no Scream & Yell.

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4 thoughts on “Porão do Rock 2019: Uma maratona intensa de shows e reflexões

  1. Tenho muito, muito respeito pelos textos do Leonardo Vinhas, mas no caso dessas resenhas ele incorreu nos mesmos erros e defeitos da maioria das bandas que criticou. Fez textos repletos de clichês, pouco elucidativos, com muita má vontade e até arrogância em muitos momentos. Não foram críticas que fazem leitor e bandas pensarem, analisarem, refletirem etc. Lembrou-me muito o que a Bizz tinha de pior, que eram jornalistas tentando brilhar um pouco mais que os músicos retratados. Cheguei ao final dos textos me arrastando, pulando frases, buscando uma centelha de algo a mais. Não encontrei. Sinceramente, e lamento muito, terminei de ler sem que nada me houvesse sido acrescentado e pensando que é preciso também que tenhamos evolução não só nas músicas, bandas, músicos, cenas etc, mas por óbvio, nas críticas e resenhas produzidas.

  2. O jornalista que fala que Raimundos é “datado” tem que ter a sua carteirinha de jornalista devidamente cancelada.

    E que showzão,e há 25 anos não decepciona

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