Em São Paulo, Seal pode não ter feito o show do ano, mas encantou

Texto por Renan Guerra
Fotos por Ricardo Matsukawa

Henry Olusegun Adeola Samuel, o cantor britânico de origem nigeriana Seal, veio ao Brasil pela última vez em 2015, no Rock in Rio, mesmo festival que o trouxe de volta ao país esse ano. Para São Paulo, o artista veio como parte do festival Itaipava – De Som a Sol, que trouxe diversas atrações do RiR para o Ginásio do Ibirapuera – como o excelente show do Weezer, no dia 26 de setembro. No domingo (29), Seal levou um público animado, que não lotou o Ginásio (como, inclusive, aconteceu também com o Weezer), mas que manteve o pique nas duas horas de apresentação do cantor britânico.

Ele abriu a noite com duas canções novas, “AIKIN (All I Know Is Now)” e “The Morning After”, e logo avisou que essa seria uma apresentação em que mesclaria músicas novas com sucessos clássicos de sua carreira. O músico deixou de lado as canções standards que compunham seu último disco, de 2017, e que estavam em seu setlist até o início deste ano e optou por um show que passeava pelo rock e pelo soul de forma bem amarrada.

Lá do seu álbum de estreia, “Seal” (1991), ressurgiram várias canções, como “Whirpool”, “Show Me”, “Deep Water”, “Killer”, “Future Love Paradise” e a clássica “Crazy”; já do segundo disco (1994) veio “Dreaming in Metaphors” e o mega hit “Kiss from a Rose”. Ele ainda cantou outra faixa nova, chamada “Person in the Mirror” e apresentou um cover de “Higher Ground”, de Stevie Wonder. Entre as faixas, se ouvia repetidas vezes o público gritar “Seal, I love you”, e era esse amor desmedido que o cantor queria celebrar no palco, por isso mesmo repetidas vezes discursou sobre a importância do amor e da união frente ao ódio.

Buscando fazer um show mais próximo do público, Seal desceu em vários momentos para o meio da plateia (movimento que ele fez também em seu show carioca, no Rock in Rio). O cantor passeava entre o público, subia em cadeiras e de lá cantava várias faixas, inclusive pedindo a ajuda do público no coro de “Love’s Divine” – do disco “Seal IV”, de 2003.

Após a primeira de suas incursões, ele retornou ao palco e questionou a necessidade das pessoas ficarem com os celulares quase no rosto dele, perguntando “vocês precisam mesmo provar que estão aqui?”. Mesmo com o mar de celulares apontados querendo uma selfie, ele seguiu descendo para a plateia: abraçou fãs que choraram em seu peito, cantou olhando no olho de outros que pareciam emocionados e terminou uma de suas canções com um menino a tiracolo.

Foram duas horas de uma viagem no tempo, em que o passado se mostrou dominante no setlist. O show é praticamente dividido em dois momentos: uma primeira parte mais romântica e um segundo momento mais enérgico. No final, canções como “Amazing” e “Killer” fizeram o público levantar das cadeiras e dançar animados, o que seria apenas reforçado quando o cantor voltou para o bis: um cover de “Rebel, Rebel”, de David Bowie energizou a plateia para a finalização com o hit “Crazy”, para que o público voltasse para casa com o ânimo renovado.

Esse show não é nenhum espetáculo de novidades e surpresas, mas é tão redondinho, tão bem amarrado, que encanta, especialmente pelo prazer que o cantor aparenta ter no palco. A cada “obrigado” que ele dizia ou a cada sorriso que dava, ficava claro que ele estava extremamente apaixonado ali naquele palco (seja o palco de verdade ou sobre as cadeiras da plateia que ele não teve medo em pisar). Pode não ser o show do ano, mas é daqueles shows que mostram o poder da música e de uma grande voz, que encanta pela simplicidade que há em alguns acordes, um boa letra e um mar de pessoas conectadas cantando um refrão.

– Renan Guerra é jornalista e escreve para o Scream & Yell desde 2014. Também colabora com o Monkeybuzz

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