Faixa a faixa: “Logos Solar”, novo disco do Teco Martins (Rancore, Sala Espacial)

Faixa a faixa por Teco Martins

Em seu segundo álbum solo e nono disco da carreira, Teco Martins une cantos xamânicos, sons de música ancestral, tons de dream rock e pop psicodélico com MPB mântrica e pós-noise japonês. “Logos Solar” celebra uma jornada de quase duas décadas de carreira, onde, nos últimos 10 anos, Martins dedica intensamente à arte de rua no Brasil.

“De todos os projetos e discos que já participei, ‘Logos Solar’ é o que considero o mais valioso e relevante. É o álbum que mais representa a minha existência e é a mensagem que desejo comunicar à humanidade. Começou a ser feito em 2012 e vem sido idealizado na minha mente e coração há sete anos com muita entrega e devoção”, conta ?Teco Martins, que passou a adotar o símbolo próximo de seu nome devido a conexão com sua ancestralidade que o processo de criação do álbum trouxe.

Teco traz em sua trajetória a participação como vocalista, compositor e violonista na Rancore, e, desde 2014, integra também a big-band performática e de influência circense Sala Espacial. Além do projeto solo, ele ainda produz músicas voltadas a rituais xamânicos e trabalhos espirituais no CEU Luz Ametista, com quem já produziu dois álbuns.

Em paralelo a esses projetos, ?Teco Martins viaja em turnê pelo Brasil desde 2009 no formato voz e violão. Já foram mais de 1000 shows realizados em parques e praças de todas as regiões do país. Para o disco “Solar”, seu trabalho solo anterior, ele realizou a turnê Oiapoque ao Chuí, com 111 shows indo de um extremo ao outro do Brasil.

Reunindo 39 músicos de vários lugares do Brasil e de cidades como Tóquio, Berlim e Londres, “Logos Solar” é uma colcha de retalhos que inclui membros de diversos projetos de que o artista participou. Ele foi pensado, desde o começo do processo, para levar ao ouvinte a harmonização e o autoconhecimento. Para isso, foram incluídas em todas as músicas frequências de cura dos chakras, como pílulas medicinais musicais. Também foi utilizada a afinação em 432hz, num processo ligado à expansão de percepção sensorial.

Entre as participações especiais de “Logos Solar”, um dos destaques é a colaboração do produtor musical de noise, pós-noise e experimental japonês Kohshi Kamata, na faixa “| | ?? ??? ??”, que significa algo como “Vá e volte” ou “Ir e Voltar”. Marcando a metade do álbum, esse é um momento de reflexão trazendo elementos novos pro enredo do disco.

“O Kohshi Kamata faz um tipo de música que considero sons do futuro, de noise e pós-noise. Foi um contato muito interessante nesses processo de composição e que nos trouxe uma angústia muito moderna pro disco, uma espécie de aflição urbano-tecnológica destoando dos outros momentos do álbum, ditados pela percussão ancestral e por cantos espirituais”, conta ? Teco Martins.

Os primeiros passos do novo álbum serão uma turnê por diversas cidades da Europa, incluindo Londres, Berlim e Amsterdã, em Agosto. Após isso, será iniciada uma série de shows pelo Brasil em celebração ao nascimento de “Logos Solar” e também aos 10 anos de arte de rua de ? Teco Martins. Disponível em todas as plataformas de música digital, “Logos Solar” conta com produção musical de Toni Rastan, Kohshi Kamata e Guilherme Chiappetta, que também assina a masterização. Abaixo, Teco comenta o disco faixa a faixa!

AMBROSIA
Forró-Punk-Xamânico com guitarras psicodélicas, sanfonas ferventes e uma zabumba entusiasmada. A poesia nos conta sobre a Ambrosia, o alimento sagrado dos deuses que habitam o Panteom: Afrodite, Eros, Psiquê, Perséfone e Zeus se unem à Rainha da Floresta e ao nosso Papaizinho Celeste pra espalharem a brasa que purifica nessa música quente, dançante e envolvente que abre-alas em “Logos Solar”.

MANTRA MIRANTE MANTRA
Nas percussões, temos o encontro de um ogã de terreiro no atabaque e pandeiro com um capoeirista de Angola no xequerê e berimbau. Esse som flerta tanto com raízes musicais afro-brasileiras, quanto com elementos modernos em efeitos no baixo, flautas e nos sintetizadores. As flautas indígenas, corais e sinos tibetanos dão o colorido da harmonia. Uma letra que mistura influências de Shiva e Ganesha, deuses do Hinduísmo, com escritos da mística Helena Blavatsky, e um toque da poesia dos Boiadeiros do cangaço de Pernambuco. Traz influências também de músicas Cariri-Xocó, Pataxó, da Capoeira Iluminada, e de mantras da cultura Hare Krishna.

ANJO SÃO MIGUEL ARCANJO
Um Hinário-Baião com gongos, cristais, viola caipira e acordeom em devoção a esse anjo que abençoa tantas egrégoras religiosa-culturais. Dois pra lá, dois pra cá, vamos bailar em oração e concentração pAra receber as curas divinais desse arcanjo guardião

ÄJNA | FORMOSURA COLORIDA
Diversas influências musicais fluem por esse canto sobre perdão e auto-perdão: Dorival Caymmi, Os Tincoãs, Jimi Hendrix, Fugazi, Serena Assumpção… Um som transcendental que nos remete a Oxalá, Iemanjá, Krishna e Jesus Cristo. Nos traz o colorido do Beija-Flor que brilha no cosmos do céu infinito com nuvens neons e raios solares.

CACTOS NO DESERTO
Música inspirada pelas areias das dunas do deserto por onde passam caravanas nômades do oriente místico. Rabeca, cítara, clarinete, lap steel em uma poética que trata sobre os imensos mistérios da vida, da morte e da eternidade amor que a tudo transcende. Alquimia que gira de geração pra geração.

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Música feita em parceria com o músico japonês de noise pós-moderno Kohshi Kamata, é a composição que mais destoa das outras no disco mas que se faz muito necessária para um momento de reflexão sobre a modernidade. É a música mais tecnológica e urbana do álbum e que marca sua metade. Um diálogo musical com o outro lado do planeta Terra.

SEREIA AZUL
Samples, Berimbau, Synths, Violino, Cítara, Atabaque, Pandeiro, Couro de Casco de Navio se misturam, em estrofes densas misteriosas e em refrões alegres folclórico-festivos. Uma música que morde e assopra (“te machuco, te curo”). Tal qual uma Sereia, essa música tem partes atraentes e envolventes, mas também tem lados mais obscuros e perigosos. Vários recortes sonoros, uma música com muitos detalhes e paisagens, feche os olhos, abra seu coração e navegue.

HINÁRIO
Inspirada nas músicas da doutrina do Santo Daime e da Umbanda Sagrada. Abre com uma oração em homenagem à nossa Mãe Divina feita por crianças. Uma canção em louvor e gratidão à toda espiritualidade que consagra e ilumina o nosso viver; a música que abriu minha caminhada no universo xamânico, a chave que me abriu o portal do “Logos Solar”.

CIGANA
Bandoneom, rabeca e percussão se unem nessa composição inspirada na ancestralidade cigana. É uma música que vai ficando cada vez mais envolvente e que só faz o devido efeito se o ouvinte estiver disponível para dançar até cair. E antes que algum desavisado venha me acusar de plágio, o Xaralalalá não é meu, nem do Gogol Bordello (inclusive só conheci a música deles muito depois de ter composto “Cigana”), mas sim uma onomatopéia que vem sendo cantada há muitos séculos. Compus esse som com minha amada avó, a mesma quem me passou o sangue gitano da Andaluzia. Optchá!

AURORA
Uma super produção com mais de 100 canais. Uma música que mais parece um filme, e que apenas ouvindo em concentração (de preferência em um bom fone de ouvido) pra entender, e pra entender apenas sentindo. Com olhos fechados e coração aberto, se permita a uma intensa entrega e receba. Uma epopéia musical e sentimental transcendental. Com participações de Ale Sater (Terno Rei) no baixo e Voz e Nenê Altro (Dance of Days) na letra e voz, “Aurora” é a grandiosa finalização para o álbum e que anuncia o raiar de uma nova era, para quem ficar pra ver.

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