Quadrinhos: “Bloodshoot Renascido Vol. 1”, “Devaneios: A Estrada Até Aqui”, “Como Uma Luva de Veludo Moldada em Ferro” e “Os Últimos Dias do Xerife”

Resenhas por Adriano Mello Costa

“Bloodshoot Renascido Vol. 1”, por Jeff Lemire, Mico Suayan e Raúl Allén (Editora Jambô)
Bloodshot foi criado nos anos 90 por Kevin VanHook, Don Perlin e Bob Layton. Inserido no universo da Valiant Comics é uma “arma” criada por um projeto privado que ao despejar vários nanites no sangue o tornaram super-humano com diversos poderes como o da regeneração. “Bloodshoot Renascido Vol. 1 – Colorado”, que a editora Jambô publicou no final de 2018 com 144 páginas, apresenta as cinco primeiras edições lançadas em 2015 nos EUA com roteiro do Jeff Lemire e arte do Mico Suayan e Raúl Allén, trazendo o personagem escondido em uma cidade pequena onde tenta levar uma vida normal depois que os nanites saíram da corrente sanguínea. Lógico que isso não dura e ele volta a caçada com toda a violência que tem direito. É um reinício mediano comandado por Lemire que serve para quem não conhece e preparar para o filme do ano que vem com Vin Diesel estrelando.

Nota: 6

“Devaneios: A Estrada Até Aqui”, de Yorhán Araújo (Independente)
Yorhán Araújo é carioca de Volta Redonda e, desde 2015, faz a tirinha “Devaneios com Sigmund e Freud” onde um cachorro, um raposo, uma capivara e um gato muito diferentes entre si conversam em poucos quadros sobre questões cotidianas, de comportamento e existenciais, indo também para outras esferas de vez em quando. Com quase 500 mil seguidores espalhados entre Facebook e Instagram, o autor promoveu uma bem-sucedida campanha de financiamento coletivo no ano passado para publicar a primeira coletânea física do trabalho. O resultado foi “Devaneios: A Estrada Até Aqui” com 140 páginas que reúne conversas humoradas sobre as nossas neuroses diárias e pequenos e simples prazeres da vida como comer e dormir. A diferença das personalidades dos personagens é que transforma a dinâmica em algo bacana, contrastando de modo interessante o cachorro meio preguiçoso, o raposo intelectual, o gato mal-humorado e irônico e a simpática e prestativa capivara.

Nota: 6,5

“Como Uma Luva de Veludo Moldada em Ferro”, de Daniel Clowes (Editora Nemo)
Daniel Clowes publicou na revista Eightball entre os anos de 1989 e 1993 os 10 capítulos de “Como Uma Luva de Veludo Moldada em Ferro”, que a editora Nemo lançou aqui no ano passado com tradução de Jin Anotsu e 144 páginas. A obra do conceituado autor de “Ghost World”, “Wilson” e “Paciência” já tinha recebido uma edição nacional anteriormente pela Conrad. Na trama, Clay Loudermilk assiste a um filme sado-masoquista no cinema com uma ex-namorada como atriz, o que o deixa intrigado para saber mais sobre a produção. Essa busca envolve o protagonista em situações estranhas e bizarras ao extremo, com figuras excêntricas ao seu redor. Underground e nonsense até a alma com o surrealismo ditando as ações sem qualquer tipo de pudor ou controle, a obra até hoje é citada como influência por diversos autores no meio dos quadrinhos alternativos e só por isso já vale a conferida.

Nota: 7 (leia um trecho)

“Os Últimos Dias do Xerife”, de Thiago Ossostortos (Independente)
“Os Últimos Dias do Xerife” traz o quadrinista e músico paulista Thiago Ossostortos se debruçando sobre o relacionamento com o pai seja no decorrer da vida ou nos últimos momentos passados com ele antes do seu falecimento. Bem diferente do clima de “Kombi 95” (2017), que trazia o humor como carro-chefe, o novo trabalho publicado de maneira independente por financiamento coletivo no finalzinho de 2018 tem a contemplação e o lirismo como condutores de uma história pautada por silêncios, pequenas brigas, diferenças de pensamento, mas com o amor sempre por trás. Nas 200 páginas em preto e branco o autor analisa uma relação que exibia poucos pontos em comuns com o pai como o gosto por filmes e questiona a validade de tudo até ali. É uma obra poética que encontrará identificação em vários e vários leitores com o poder de fazer algumas lágrimas caírem no meio da leitura.

Nota: 8,5 (Instagram)

– Adriano Mello Costa assina o blog de cultura Coisa Pop ( http://coisapop.blogspot.com.br ) e colabora com o Scream & Yell desde 2009!

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