Três discos: Evil Drive, The Amorettes e Anneke van Giersbergen

Resenhas por Paulo Pontes

“Ragemaker”, Evil Drive (Reaper Entertainment)
Death metal melódico com vocais femininos. A comparação com bandas como Arch Enemy parece inevitável, mas para por aí. Enquanto os suecos trazem uma sonoridade extremamente melódica e, ao mesmo tempo, com uma agressividade descomunal, os finlandeses do Evil Drive parecem aproveitar muito pouco o potencial agressivo de suas músicas em “Ragemaker” (2018). Falta peso, falta pegada, falta a fúria tão presentes na banda de Alissa White-Gluz. Aqui, a vocalista Viktoria Viren se impõe, além de todos os músicos comprovarem que são exímios instrumentistas, mas não é o bastante. Pelo menos em boa parte do disco. É claro que temos momentos bons, como, por exemplo, em “The System is Dead”, que possui um ótimo refrão e riffs certeiros. “Fight to Die” também é uma boa composição, na qual as guitarras são os destaques, e a faixa-título também é consistente, mas a banda sofre com a produção e mixagem do disco como um todo. As vozes ficam quase que em segundo plano e o som do baixo é praticamente inexistente. Ainda vale a pena mencionar os vocais limpos insossos e as melodias pavorosas da faixa “Legends Never Die”, pontos que a tornam a música mais fraca de um disco que já não tem muito o que apresentar. Que a banda se encontre e lance, em um futuro próximo, um trabalho a altura de suas habilidades técnicas. Ainda não foi dessa vez.

Nota: 5

“Born to Break”, The Amorettes (Steamhammer/SPV)
Power trio escocês potente formado apenas por mulheres, The Amorettes entrega um som cru e vigoroso, com forte influência das bandas de rock da década de 1970. A banda conta em sua formação com Gill Montgomery (vocal e guitarra) e as irmãs Heather (baixo) e Hannah McKay (bateria) e lançou “Born to Break” (2018), seu quarto disco de estúdio, no meio do ano passado. Rock and Roll sem frescuras, pura diversão com melodias grudentas e capazes de agradar aos fãs do estilo. Tudo soa muito orgânico, básico, porém, externando uma qualidade invejável. Os riffs são excelentes, como os das faixas “Everything I Learned (I Learned From Rock And Roll)” — uma das melhores do álbum —, “Born to Break”, “You Still Got Rock and Roll” e “Coming Up The Middle”, que tem grande influência de Motorhead. Ouvir “Born to Break” foi uma grata surpresa. The Amorettes, com toda certeza, é uma banda promissora e que precisa da atenção de todos. Qualidade, vontade e competência para fazer rock and roll em sua essência, o trio tem de sobra. E como isso faz falta nos dias de hoje.

Nota: 8.5

“Symphonized”, Anneke van Giersbergen with Residentie Orkest The Hague (Inside Out)
Quando uma artista carismática, singular, versátil e com um potencial acima da média se junta com uma orquestra de respeito o resultado só pode ser um: excelente. Seguindo neste lema, a vocalista holandesa Anneke van Giersbergen se juntou à Residentie Orkest para rememorar seus 25 anos de carreira e músicas do The Gathering, de sua carreira solo, do The Gentle Storm, VUUR – entre outros projetos –, estão presentes em versões orquestrais muito bem executadas. Uma verdadeira joia para fãs da cantora, “Symphonized” (2018) que pode – e vai – agradar até mesmo àqueles que não têm intimidade alguma com as vertentes da música pesada. Até porque, vale ressaltar, Anneke já “passeou”, sempre com muita consistência, pelos mais variados gêneros. Destaque para as versões de “Amity”, “Your Glorious Light Will Shine – Helsinki”, a belíssima “Two Souls”, “Travel”, “You Will Never Change” e “Shores Of India”, música originalmente composta para o The Gentle Storm, projeto da cantora ao lado do também fenomenal Arjen Anthony Lucassen e que encerra esse lançamento de forma sublime. Um álbum intimista, que imerge o ouvinte em uma experiência única, “Symphonized” vale cada segundo de sua audição.

Nota: 9

– Paulo Pontes é colaborador do Whiplash, assina a Kontratak Kultural e escreve de rock, hard rock e metal no Scream & Yell

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