Quadrinhos: “Trillium”, “Batman: Gotham 1889”, “Uma Irmã” e “A Vida de Jonas”

Resenhas por Adriano Mello Costa

“Trillium”, de Jeff Lemire (Panini Comics)
A quantidade de trabalhos disponíveis do canadense Jeff Lemire no país só vem aumentado, o que é sempre interessante. Após “Sweet Touth“, “Nada a Perder“, “O Soldado Subaquático” e “Condado de Essex“, outra obra do autor que chegou aqui esse ano foi “Trillium”, uma ficção científica ancorada em dois polos bem distintos: os anos de 1921 e o de 3797. No primeiro ponto temos o soldado William Pike atordoado com os efeitos da primeira guerra mundial, no segundo conhecemos Nika Temsmith, uma cientista em busca da cura para um vírus capaz de acabar de vez com a humanidade. A edição da Panini Comics tem 208 páginas em capa cartonada reunindo a história originalmente lançada entre outubro de 2013 e junho de 2014 nos EUA pelo selo Vertigo, da DC Comics. Lemire constrói uma ponte para unir esses lados e no meio fala sobre amor, medo, xenofobia, preconceito e a inesgotável estupidez humana.

Nota: 7

“Batman: Gotham 1889”, de Brian Augustyn, Mike Mignola e P. Craig Russel (Panini Books)
Mantendo a toada das republicações de materiais dos anos 80 e 90 da DC, a Panini Books lança “Batman: Gotham 1889” em álbum de luxo com capa dura e 120 páginas. Apresentam-se duas histórias: a primeira que dá nome ao título lançada em 1989 e a sequência chamada “Mestre do Futuro”, original de 1991. Ambas já haviam sido publicadas aqui pela editora Abril no início dos anos 90, mas agora estão juntas nessa viagem do roteirista Brian Augustyn dentro da linha Elseworlds que permite essas repaginações meio malucas. O destaque fica por conta da primeira história que conta com os desenhos do grande Mike Mignola e arte final de P. Craig Russell, onde o cavaleiro das trevas se depara com Jack, o Estripador, em Gotham. Com uma toada detetivesca e sem muitas invenções temos uma trama contundente e divertida.

Nota: 7

“Uma Irmã”, Bastien Vivés (Editora Nemo)
No que parece ser umas férias como outra qualquer, o adolescente Antoine embarca com os pais e o irmão mais novo rumo ao litoral. Mas, dessa vez as férias serão inesquecíveis, com direito há aqueles dias que para sempre irão pontuar a memória devido à presença de Hélène, a filha de uma amiga dos pais um pouco mais velha que ele. Esse é o mote de “Uma Irmã”, novo trabalho do francês Bastien Vivès (de “O Gosto do Cloro”) com lançamento nacional no primeiro semestre 2018 pela editora Nemo e 216 páginas. O autor forja um enredo ao mesmo tempo cru e terno, com o despertar do desejo como força motriz e responsável por suplantar problemas pessoais e familiares. Vivès usa de grande habilidade para contar a história desses dois jovens em meio a descobertas, inadequação e crescimento. Bem bonito.

Nota: 7,5 (leia um trecho)

“A Vida de Jonas”, de Magno Costa e Marcelo Costa (Zarabatana Books)
“A Vida de Jonas”, dos irmãos Magno e Marcelo Costa, saiu em 2014, contudo ganhou reedição em 2017 pela Zarabatana Books com 64 páginas. O protagonista que dá nome ao título é um ex-alcoólatra (e a duras penas busca ficar assim) que por conta do vício perdeu a mulher e o emprego, está com a vida ainda jogada para cima e tenta se reerguer como pode. Com o apoio de reuniões do AA e de um amigo, a esperança volta ao peito até ser novamente destroçada em um encontro com o atual namorado da ex-mulher. A partir disso temos uma sequência de acontecimentos que vão definir não somente a vida de Jonas como também daqueles a sua volta. Usando fantoches na arte (como Muppets), a dupla alivia e amplifica ao mesmo tempo questões sérias em uma história pesada e muitíssimo bem construída.

Nota: 9 (leia um trecho)

– Adriano Mello Costa assina o blog de cultura Coisa Pop: http://coisapop.blogspot.com.br

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