Três perguntas: Eduardo Sampaio (Synergy)

por Marcelo Costa

Após dois anos como cervejeiros ciganos produzindo suas receitas em fábricas amigas no interior de São Paulo (Brew Center, em Ipeuna; Dádiva, em Várzea Grande; e Cuesta, em Botucatu), a Synergy Brewing Company estreia sua planta própria em grande estilo lançando comercialmente duas cervejas em lata produzidas na nova fábrica em Sorocaba: a Daily Blonde, um American Blond Ale Single Hop (Comet no primeiro lote) e Overbatch, uma Russian Imperial Stout de 12% de álcool, 50 IBUs e mais chocolate do que café.

Os sócios Thiago Garcia e Eduardo Sampaio, mestre cervejeiro responsável pelas receitas, receberam a imprensa no Empório Alto de Pinheiros, em São Paulo, na sexta-feira (24/08) não só para mostrar os lançamentos, mas também comparar as últimas latas produzidas ainda de maneira cigana (Snow Wit e Union Session no Brew Center; Hop It Up na Dádiva) com o chopp produzido de maneira autônoma já na nova cervejaria, mostrando que a nova casa mantém a qualidade alcançada de maneira cigana – em alguns rótulos, até se sobrepõe.

A Synergy ainda mostrou uma colaborativa com a Narcose produzida em Capão da Canoa, no RS: a Half Blind Peach Gose, uma Gose bem leve e saborosa com adição de pêssego (que também ganhará versão na nova fábrica). No bate papo abaixo, o mestre cervejeiro Eduardo conta como foi atraído pelas cervejas artesanais (“culpa” de uma Weihenstephaner), fala sobre um dos novos lançamentos (a Daily Blond, que mudará de lúpulo a cada novo lote) e, também, sobre a nova fábrica: “Esperamos todos vocês lá no nosso taproom –a partir da metade de setembro”, convida Eduardo. Confira o papo.

Eduardo Sampaio e Thiago Garcia / Foto: AllBeers

Como você entrou nesse mundo da cerveja artesanal?
Tudo começou quando bebi a minha primeira cerveja artesanal, a (alemã) Weihenstephaner Vitus, lá por 2007/2008. Como engenheiro de alimentos, sempre estudei fermentação e tudo mais, então quando tomei essa cerveja me deu um estalo e pensei: “Nossa, quero tomar mais disso, quero conhecer mais cervejas desse tipo”. Fui pesquisar na internet cursos sobre produção de cerveja e descobri que era possível fazer cerveja em casa. Conheci um pouco mais também porque fui estagiário da (Cooperativa) Agrária (Agroindustrial), em Guarapuava (PR), onde fiz a faculdade de Engenharia de Alimentos. Lá eu puder conhecer a maltaria da Agraria e os processos de fabricação dos maltes e dai já era um caminho sem volta (risos). Minha primeira receita na panela foi, basicamente, uma Pale Ale tradicional (acho que todo mundo começa com uma Pale Ale logo de cara) com lúpulos Galena e Columbus. Fiquei bem interessante, bebível, os amigos gostaram. E me permitiu ficar mais por dentro dos processos de produção de cerveja artesanal. Para uma primeira vez, foi uma cerveja bem satisfatória.

Eu já conhecia três cervejas de vocês (Snow Wit, Union Session e Hop It Up) e hoje vocês estão lançando uma nova, a Daily Blond, uma American Blond Ale Single Hop! Fala um pouco sobre ela e o que vocês buscam com essa cerveja?
A Daily Blond é a nossa American Blond Ale e nós pretendemos que ela seja nossa cerveja de volume. Como diferencial, queremos variar a lupulagem dela a cada novo lote para que nosso público, e nós também, possamos perceber as nuances que esses lúpulos vão dar para essa cerveja. Para esse primeiro lote escolhemos o lúpulo Comet. Lógico, é importante frisar que nós fazemos cervejas que a gente gosta. Esse é um dos princípios da Synergy. Não é só fazer uma cerveja para vender, mas sim ser realmente uma cerveja que a gente gosta. A Daily Blond está chegando com um preço bastante competitivo no mercado, o latão de 473 ml está custando, em média, R$ 22. Agora que estamos com a nossa planta própria, a tendência é melhorar o acesso do consumidor as nossas cervejas, na medida do possível.

Já que você tocou no assunto, conta pra gente sobre essa história da planta própria? Vocês eram ciganos, já tinham feito cerveja no Brew Center, na Cuesta e na Dádiva, e agora têm uma fábrica própria, de vocês? Como é isso e o que vem por ai?
Primeiramente eu gostaria de agradecer aos nossos amigos da Dádiva, da Brew Center e da Cuesta. São cervejarias amigas que abriram as portas pra gente e isso foi muito importante. Agora com a nossa planta temos a liberdade de produzir cerveja com cuidado, acompanhando todas as etapas do processo produtivo da cerveja. Estamos muito felizes por ter o nosso canto. Já estamos esperando vocês lá! Logo mais teremos a inauguração do nosso taproom (na metade do mês de setembro) e, inicialmente, iremos começar com seis ou sete torneiras oferecendo receitas exclusivas, feitas na nossa fábrica e vendidas / degustadas apenas lá também. Nos acompanhe no nosso Facebook e no nosso Instagram. Queremos trabalhar bastante essa questão do mercado local de cerveja oferecendo diferentes estilos. O que for do nosso alcance, iremos fazer. Queremos que as pessoas nos visitem para conhecer o processo produtivo, as matérias primas, que tenham oportunidade de conversar com a gente olho no olho. Tomar uma cerveja com a gente ali no pé do fermentador! Queremos criar esse vinculo com nosso público.

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