Três perguntas: Berg Menezes

por Daniel Tavares

De Fortaleza e com 12 anos de carreira, o cantor e compositor cearense Berg Menezes já tem um trabalho na bagagem, “Pedra”, lançado em 2016, além da participação em elogiados tributos como o “Das Verdades Que Eu Sabia” (organizado por João Pedro Ramos, do blog Crush em Hi-Fi) em homenagem a Guilherme Arantes, e “O Mundo Ainda Não Está Pronto“, com canções do Pato Fu (organizado por Rafael Chiocarello, do Hits Perdidos, e também por João Pedro Ramos, do Crush em Hi-Fi).

Antes da carreira solo, Berg Menezes passou pelas bandas Relicário e Os Coadjuvantes, e também foi membro do Coral da UFC, em Fortaleza. Depois debutou com dois EPs, primeiro “Imperfeito” (2013) e depois “Vagabundo” (2014), que amadureceram o caminho que Berg queria seguir, resultando no álbum “Pedra” (2016), que saiu pelo selo Mocker Discos. Em 2018 será a vez de “Qual é a sua Revolução?”, seu segundo disco solo, atualmente em processo de crowdfunding (que vai até 10 de junho).

Além dos artistas para quem prestou tributo (Guilherme Arantes e Pato Fu), a música de Berg Menezes tem influências de outros nomes do rock brasileiro e do britpop, principalmente Raul Seixas, Los Hermanos e Radiohead. Daniel Calvet (baixo e vocais), Pedro de Farias (guitarra), Artur Guidugli (percussão e synths) e Álvaro Abreu (bateria) são os co-revolucionários que participam com Berg de “Qual É A Sua Revolução”. No bate papo abaixo, Berg fala sobre o que vem por ai.

www.benfeitoria.com/bergmenezes

O disco chama-se “Qual É A Sua Revolução”, certo? Quais os detalhes sobre o disco e como ele se conecta com a realidade brasileira nesse instante.
O disco surgiu de uma necessidade pessoal em falar de toda a confusão que senti ainda no ano passado. Caos político no país e no mundo, pessoas digladiando-se gratuitamente em redes sociais e desumanização nas relações pessoais. A partir daí comecei a pensar se seria o momento para pensar o disco novo e como esse processo ocorreria. No fim de 2017 comecei as composições para o disco e a pensar a campanha de financiamento. A ideia de fazer uma campanha também tinha a ver com o disco, a construção coletiva e participativa. Do ponto de vista musical tivemos a inclusão de percussões e de timbres sintéticos, loops de vozes e mais experimentações que ainda tão sendo feitas nos arranjos. Sobre as temáticas do disco, não existe na minha mente o objetivo de tratar especificamente de política e revolução no sentido de luta somente. As revoluções diárias, íntimas, através do entendimento do outro e das possibilidades em se ver junto e próximo. Tem muito mais viagem que isso… afinal o disco ainda está acontecendo.

Como está indo a campanha para o segundo álbum? No geral, como você vê este tipo de iniciativa?
A campanha para o segundo álbum tem revelado importante parceiros, já temos mais de 40 benfeitores, mas a meta ainda está longe. É um tempo complicado para trabalhar a ideia de construção coletiva, mas acho importante ter uma iniciativa dessa na carreira. Acho que em todos os níveis tem dificuldades para gravar um projeto, mas a maior complicação é realizar o disco enquanto produção e divulgação. Acho que o grande desafio em tempos de “facilidades digitais” é conseguir aparecer de verdade para o grande público. E mais que isso, alcançar as pessoas que se interessam pelo seu som de verdade.

Você continua no Ceará. Tem planos de se mudar para São Paulo para alcançar mais visibilidade nacionalmente, como fizeram Fagner, Belchior, Ednardo no passado e, mais recentemente, Selvagens à Procura de Lei, Jonnata Doll, Cidadão Instigado? Ou acha que isso não é necessário?
Acho que em algum momento pode surgir essa necessidade de sair de Fortal, mas isso tem um contexto. Não é só sair de Fortaleza é se conectar com a cena. Se isso acontecer eu iria pra São Paulo ou qualquer outro canto do país. Mas a cena de Fortaleza é atraente artisticamente e acho massa interagir com a galera. As coisas vão acontecendo e se apresentando, assim como as músicas.

– Daniel Tavares (Facebook) é jornalista e mora em Fortaleza.

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