“Goiânia Noise é rock, barulho, sangue no olho”, diz Leo Razuk

por Marcelo Costa

Um dos grandes momentos do calendário anual nacional de festivais, o Goiânia Noise chega com força em sua 23ª edição, que irá acontecer entre os dias 18 e 20 de agosto no Jaó Music Hall, em Goiânia Rock City. Desta vez, o line-up caprichado (com 53 artistas divididos em dois palcos) traz nomes como Camisa de Vênus, Raimundos, Pato Fu, Colerá, Odair José, Nenê Altro e Relespública com participação do guitarrista do Ira!, Edgard Scandurra.

“O Noise é um festival de rock. É barulho, é grito, é sangue no olho, mas isso está não só no estilo, no peso das bandas, mas também na atitude, no conceito e na forma como os artistas conduzem suas carreiras”, explica Leonardo Razuk, um dos sócios responsáveis pelo evento (e também pelo selo Monstro Discos) ao lado de Leo Bigode e Márcio Jr.  “A resposta do público tem sido bem positiva”, completa.

Além dos nomes nacionais, o Goiânia Noise 2017 terá a presença dos argentinos do Las Diferencias, dos ucranianos do Stoned Jesus, dos portugueses do The Dirty Coal Train e do finlandês Bob Malmström. “Já é uma tradição”, diz Leo Razuk sobre a presença de nomes gringos no line do festival. “É um intercâmbio bacana que tem rendido muito”, comenta. Confira abaixo o line-up dia a dia do Noise 2017 e o bate papo na integra.

Chegamos ao 23º Goiania Noise! Me parece um dos line-ups mais variados da história do festival. Como vocês pensaram o Noise para 2017?
Na verdade, ao longo desses 23 anos, tivemos muitas edições com programação bem variada. Já teve ano que numa mesma noite tocaram o Ratos de Porão e os Dharma Lovers. Ou tivemos atrações como Hermeto Pascoal, Siba, Gerson King Combo, Instituto, Black Alien, Sepultura, Gilberto Gil… Enfim, o Noise é uma grande festa da música independente e, numa mesma noite, você consegue ver artistas dos mais diferentes estilos, linguagens, calibres e sotaques. Todo ano a gente se esforça pra ser assim. O Noise é um festival de rock. É barulho, é grito, é sangue no olho, mas isso está não só no estilo, no peso das bandas, mas também na atitude, no conceito e na forma como os artistas conduzem suas carreiras. Pensar a programação é sempre complicado até porque a gente tem de dosar o que a gente gosta com o que o público gosta, sem perder o principal que é a essência do festival. A programação desse ano tem esse equilíbrio. Artistas consagrados nacionalmente, nomes fortes do underground, boas novidades, apostas… e a resposta do público tem sido bem positiva.

Essa é a primeira vez no Jaó Music Hall? O que fez vocês optarem por este local nessa edição?
Não. O Noise de 2011 também foi no Jaó. O festival sempre teve essa característica de se movimentar pela cidade. Já teve edição até em cinema pornô! Ano passado fizemos no Centro Cultural Oscar Niemeyer, que já foi palco de cinco edições. Mas este ano o espaço entrará em reforma e inviabilizou. Chegamos a cogitar fazer no estacionamento de um grande shopping daqui, mas depois optamos pelo Jaó que é um lugar tradicional da cidade e oferece conforto e segurança para público e artistas. Tem uma estrutura legal lá e vamos fazer uma ocupação bacana, montando outro palco espelhado ao já existente, uma área com o Mercado das Coisas, um festival de food trucks e o Estúdio Noise, que ganha um formato diferente, com as bandas fazendo um mini show, com a presença do público dentro do estúdio. A ideia depois é lançarmos um álbum com essas gravações. Um Bootleg Sessions.

O que há mais além dos shows no Noise deste ano?
Além dos shows, a gente também fará a Conferência Noise, com debates e oficinas para discutirmos e qualificarmos melhor as pessoas envolvidas com a música independente. E ainda teremos uma série de quatro shows em bares aqui de Goiânia, o Drops Goiânia Noise, que será uma prévia do festival.

Há bandas da Ucrânia, Argentina, Portugal e Finlândia este ano entre as 53 atrações do festival. Como vocês chegaram a essas bandas e o que vocês esperam de cada uma delas no festival?
Temos sempre colocado bandas estrangeiras no Noise. Já é uma tradição. Então, várias bandas e produtores já pensam turnês pelo Brasil visando passar pelo festival. Temos quatro nomes bem legais. Stoned Jesus é uma banda muito foda e que tem tudo a ver com o Noise! Bob Maslmstrom também é porrada e a cara do festival. O Dirty Coal Train tocou ano passado e fez um puta show. Tanto eles quanto nós adoramos a ideia de repetir a dose. E o Las Diferencias faz parte de uma parceria que temos com a Scatter, selo da Argentina. A gente sempre tenta colocar algo deles no festival e eles se esforçam para levar bandas da Monstro pra tocar por lá. É um intercâmbio bacana e que tem rendido muito.

A Monstro Discos segue firme e forte lançando álbuns e agitando a cena local e nacional. O que movimentou o catalogo de vocês neste ano? E o que vem por ai?
Cara, a Monstro segue firme sim no esquema de selo. Nos últimos anos a gente andou mais lento devido a alguns problemas internos. Mas este ano retomamos o selo com força total e grandes parcerias. Já lançamos alguns discos bem legais este ano: Monstros do Ula Ula, Sheena Ye, Canábicos, Mice Mob, Sapatos Bicolores, Nenê Altro, Os Gringos… tem o da Tati Bassi que chega este mês… tanta coisa que acho que até esqueci de alguém (não fiquem bravos comigo!). A Monstro tem esse sufixo Discos e a gente se orgulha demais disso. Então, queremos manter isso. Lançar discos! CD, vinil, digital… mas sempre lançar, apresentar, fomentar bandas novas… e temos um puta projeto em andamento. Um vinil que sairá em breve, mas que estamos mantendo sob sigilo. Será uma grande surpresa e temos certeza que muita gente irá delirar com este lançamento. E ele dará início a uma série de outros. Um projeto novo nosso, todo em vinil! Aguardem!!!!

– Marcelo Costa (@screamyell) é editor do Scream & Yell e assina a Calmantes com Champagne.

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