Tributo ao Skank: Seleção dos Convidados

Lançado em junho pelo Scream & Yell, o álbum “Dois Lados”, produzido por Pedro Ferreira em homenagem ao Skank, figurou nos cadernos de cultura dos principais jornais do país, já ultrapassou a marca dos 12 mil downloads gratuitos no Mediafire e das 125 mil execuções no Soundcloud, números que coroam um projeto feito com muito carinho, respeito e personalidade. 12º lançamento do Selo Scream & Yell (conheça os anteriores), o álbum “Dois Lados” reúne 35 artistas envolvidos em 32 versões do cancioneiro do Skank. A pedido do Scream & Yell e do produtor Pedro Ferreira, sete convidados elencam suas faixas favoritas do tributo. E você, qual sua versão favorita?

ALESSANDRA BRAZ, jornalista e produtora (Move That Jukebox / Favorite)

Faixa favorita: “Não Vem Brincar de Amor”, de Rico Dalasam

Acho o Rico Dalasam um dos maiores artistas que essa nova geração está trazendo. Um rapper cheio de atitude que brinca muito com samples e característicos do estilo. Daí, não tem ousadia maior do que ele não só fazer uma versão, mas fazer uma resposta a música “Balada do Amor Inabálavel”. Acho que isso tem muito a ver com o nosso tempo, já que nós não estamos mais no momento do amor romântico, de ficar sofrendo pelo outro, mas sim de se empoderar. Então se é para ficar tirando onda com a nossa cara, amigo, aqui não! Como diz letra do Rico: “Não vem brincar de amor se só for para passear”.

Meus destaques:
O Skank marcou parte da minha infância e adolescência, depois acompanhei os meninos de longe, mas engraçado como grande parte das músicas estão guardadas no meu HD. Escolhi músicas que justamente me fizeram cantar junto e que as versões me lembraram momentos.

Quarup – “Vamos Fugir” (que me fez conhecer a amar um cara chamado Gilberto Gil)
Teago – “Esmola” (que abriu meus olhos para a pobreza que existe no país e me ajudou na formação do meu caráter)
Manitu – “Garota Nacional” (essa foi só alegria mesmo e ficou meio reggae! Boa!)
Jéf – “Sutilmente” (coisa de adolescente que fica ali sofrendo pelo coleguinha que não vê, né?)
Nevilton – “Te Ver” (o mesmo da anterior e acreditar no amor, né)

ALEXANDRE MATIAS, jornalista e produtor (Trabalho Sujo / UOL / CCSP / APCA)

Faixa favorita: “In(Dig)Nação”, por Lulina

Além da versão que Lulina fez para “In(Dig)Nação” fugir da simples adaptação da música ao universo dela, ela ainda atualiza a letra reunindo vários outros indignados de hoje da cultura brasileira, de velhos ícones sempre jovens aos muitos talentos da nova geração

Outros destaques:
Phil Veras – “Vou Deixar”
Wado – “Dois Rios”
Ian Ramil – “O Homem Que Sabia Demais”
The Baggios – “A Cerca”
Rico Dalasam – “Não Vem Brincar de Amor”

CARLOS EDUARDO MIRANDA, jornalista e produtor

Faixa favorita: “Tanto”, por Zé Manoel

Zé Manoel fez o que faz melhor: mergulhou profundamente nas entranhas da canção. Foi fundo em trazer à tona todas as emoções possíveis de uma musica tão bonita, nessa versão cheia de sentimento. Bem diferente da frieza de seu último disco. Nesta releitura reconheci o artista que tanto admiro.

Outros destaques:
– “Homem Que Sabia Demais” por Ian Ramil
– “Tão Seu” por Ana Larousse e Leo Fressato
– “Siderado” por Transmissor
– “Te Ver” por Nevilton

RAKKY CURVELO, jornalista (Tenho Mais Discos Que Amigos / Fã Clube Skankarados)

Faixa favorita: “Formato Mínimo”, por Fernando Anitelli

Lembro que quando o “Cosmotron” saiu, muita gente estava falando da música poema que tinha quase todos os versos terminados em proparoxítonas, uma coisa a lá Chico Buarque / Camões. Aí você vai ouvir e é uma música que fala sobre sexo, de um encontro, uma tacada certeira da dupla Rodrigo F. Leão e Samuel Rosa (como foi “Saideira”, por exemplo, mas agora com menos festa e mais profundidade). A versão do Fernando Anitelli me fez relembrar justamente esse impacto de ver um poema falar de sexo de um jeito tão puro, e ganhou minha preferência justamente por fazer uma releitura da canção original, respeitando sua estrutura e memória. Até voltei a ouvir algumas antigas do Teatro Mágico depois.

Outros destaques
– “Pacato Cidadão” por francisco, el hombre
– “Ali” por Selvagens à Procura de Lei
– “In(dig)nação” por Lulina
– “A Cerca” por The Baggios
– “Te Ver” por Nevilton

RICARDO ALEXANDRE, jornalista e autor dos livros “Dias de Luta” e “Cheguei Bem a Tempo de Ver o Palco Desabar

Faixa favorita: “A Cerca”, por The Baggios

Não é só o fato do The Baggios ser uma das grandes bandas de uma geração de grandes bandas que, pensando bem, é a melhor frente de batalha da história do rock brasileiro. É que a dupla sergipana promove uma dobra eficientíssima entre o rock mais moderno dos anos 2010 com a tradição subvalorizada da psicodelia nordestina do início dos anos 1970. E o Skank, e a geração do Skank como um todo, também fez isso. “A Cerca” era repente com jungle (que era como a gente chamada o drum’n’bass em tempos pré-politicamente corretos) e virou uma bomba de guitarras e groove lisérgico que deixa a briga entre os dois caboclos bem mais agressiva. É muito legal notar que a lição do Skank foi, sim, muito bem assimilada, e está viva e pulsante em gente como o The Baggios, e vários outros do tributo “Dois Lados”.

Outros destaques:
– “Sutilmente” por Jéf
– “Siderado” por Siderado
– “Vamos fugir” por Quarup
– “Esquecimento” por Cobra Coral
– “Amores imperfeitos” por Anavitória

ROBERTA CAMPOS, cantora e compositora

Faixa favorita: “Sem Terra”, por André Abujamra com Sergio Soffiatti

Um dia a banda Skank foi tocar na cidade que eu morava, Paraopeba, em Minas Gerais, cidade pequenina de pouco mais de 20 mil habitantes. Me lembro que a condição que tinha pra ir era que fosse com minhas amigas, mas com meu pai junto, já que eu ainda era adolescente e etc… resolvi não ir, mas não dormi a noite toda ouvindo aquelas canções que tanto gostava desde ali em seu primeiro disco e estavam tão perto… Hoje ouvindo o disco em homenagem aos meninos, me passou um filme na cabeça. Filme bom esse, que me traz boas sensações e lembranças. Viva o Skank que fez e faz, parte da trilha sonora da minha vida. Ouvindo o tributo ao Skank, eu me encantei com todas as versões, que ficaram incríveis. Os músicos levaram pra si cada escolha a ser interpretada. A cada faixa uma surpresa.

Encontrei amigos, como o pessoal lá de Minas Gerais do Cobra Coral, o baiano Teago, o Fê Anitelli, do Teatro Mágico, a Ana Muller, que acompanho faz um tempo… Está tudo lindo demais. E de repente surge o André Abujamra com Sergio Soffiatti fazendo uma versão incrível de “Sem Terra”. Se fosse falar de cada versão e cada interpretação, levaria um bom tempo aqui, pois cada canção merece um texto cheio de amor. Resumo aqui, deixando um grande beijo pra todos que com tanto carinho fizeram parte desse projeto lindo. No próximo eu também vou querer participar! Obrigada a banda SKANK por tantas canções lindas!!

RODRIGO JAMES, jornalista e um dos apresentadores do programa Esquema Novo

Faixa favorita: “Tanto”, por Zé Manoel

A versão de Zé Manoel para “Tanto (I Want You)” é uma das mais arrebatadoras da coletânea “Dois Lados” porque pega a bela canção de Bob Dylan, que ganhou uma letra em português por Chico Amaral, e a transporta para um universo nickcaveano que também encontra ecos no atual trabalho do próprio Bob Dylan. A voz emocional de Zé Manoel aliada ao seu toque no piano completam os elementos que faz da versão mais do que simplesmente uma releitura, mas uma recriação completa não só da canção original como de sua versão. Bob Dylan ficaria orgulhoso. O Skankcom certeza ficou.

Outros destaques
– “Siderado” por Transmissor
– “In(dig)nação” por Lulina
– “Ali” por Selvagens à Procura da Lei
– “A Cerca” por The Baggios
– “Ela Me Deixou” por Seu Pereira e Coletivo 401

BAIXE “DOIS LADOS” GRATUITAMENTE: DISCO 1DISCO 2

Atenção, a faixa 1, “Amores Imperfeitos”, com Anavitória, não está disponível no Soundcloud (a pedido da gravadora Universal), mas está disponível para download gratuito no “Disco 1”.

FICHA TÉCNICA:
Projeto idealizado e produzido por Pedro Ferreira.
Realização: Scream & Yell.
Masterização por Eduardo Kusdra no Estúdio Arte Master (Araras – SP).
Produção artística e executiva: Pedro Ferreira.
Ilustrações: Luyse Costa.
Projeto gráfico: Mariana Viana

“Dois Lados” é o 12º lançamento do Selo Scream & Yell, que lançou ainda “Sem Palavras”, apenas com bandas instrumentais, em abril de 2017 (baixe aqui). Conheça também “Faixa Seis” e “Brasil Tambien És Latino (artistas latinos gravando canções brasileiras),Ainda Há Coração” (em tributo a Alceu Valença), “Caleidoscópio” (em homenagem aos Paralamas do Sucesso), “Temperança” (Um Manifesto Contra o Ódio), “Ainda Somos os Mesmos” (em homenagem ao Belchior), “Espelho Retrovisor” (Engenheiros do Hawaii), “Mil Tom” (a Milton Nascimento), “Projeto Visto” (uma troca musical entre brasileiros e portugueses) e “Somos Todos Latinos” (com 16 artistas independentes brasileiros regravando temas do cancioneiro pop e rock dos países de idioma espanhol). O site também já disponibilizou álbuns de Antonio Novaes, Giancarlo Rufatto, Leonardo Marques, Marcelo Perdido, Natália Matos, Transmissor e Walverdes.

 

4 thoughts on “Tributo ao Skank: Seleção dos Convidados

  1. Minhas preferidas:

    1 – Tão Seu – Ana Larousse e Leo Fressato
    2 – Esquecimento – Cobra Coral
    3 – Ela me deixou – Seu Pereira e Coletivo 401
    4 – Amores imperfeitos – Anvitória
    5 – Tanto – Zé Manoel
    6 – Acima do Sol – Ana Muller

    E, mais uma vez, obrigada pelo lançamento! Me faz muito feliz todos os dias!! 🙂

  2. Eu baixo os álbuns disponíveis, mas não os consigo abrir. Acho que a extensão dos arquivos não abrem em quase nada.
    Como faço?

    1. Lorena, eles estão em zip, e em mais de 15 mil downloads, ninguém reclamou que não estava descompactando. Eu uso o WinRar tanto para compactar quanto descompactar, mas qualquer descompactador de zip, rola.

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