por Marcelo Costa
Eles estão de volta! Após um baita álbum de estreia (“¡CONTRA!”, de 2013) e um poderoso registro ao vivo no Prata da Casa, do Sesc Pompeia, que recebeu o singelo nome de “Giallos at Pompeii” (2014), o trio lançou um EP (“Anjos Negros”, 2015) e um grande disco produzido por Lê Almeida, “Amor de Mãe” (2016). Agora é a vez de “Blaxxxploitation” (2017), o quinto registro do trio de Santo André formado por Flávio Lazzarin (bateria), Luiz Galvão (guitarra) e Claudio Cox (vocais).
“O Giallos faz um som que serviria facilmente como trilha sonora para filmes ultra violentos. As letras se confundem com roteiros cinematográficos e a sonoridade é suja e explosiva”, adiantava Eduardo Henrique Lopes aqui no Scream & Yell em 2014, e o bagulho continua loko 😀 em 2017. “Ganhamos uma diária num estúdio classudo de SP”, conta Claudio Cox sobre o parto não planejado do novo EP. “Eu tinha algumas demos (…) e resolvemos dar vida a elas”.
“Blaxxxploitation” traz três faixas: além da pancada da faixa título seguem “Máquina de Lavar” (“É uma letra sobre essas relações virtuais”, adianta Cox) e “Particular”. No Bandcamp da banda, “Blaxxxploitation” está disponível para download com o acréscimo das tracks vocais de cada uma das porradas. “A ideia é deixar a rapaziada fazer uns remix”, ele explica. “A gente vai soltar esses remix mais pra frente. Mandamos pra algumas pessoas, mas decidimos deixar aberto lá pra quem quiser”, avisa. Ouça o disco abaixo!
Todos os discos do Giallos estão disponíveis aqui: https://giallos.bandcamp.com
“Blaxxxploitation” é o quinto lançamento da Giallos. Como se deu a gravação do EP e as três faixas já estavam na mão ou foram compostas pensando no EP?
Ganhamos uma diária num estúdio classudo de SP chamado C4, no Bixiga, tudo meio que de surpresa, e não tínhamos nada programado. Eu tinha algumas demos de um projeto meu de música eletrônica parado na gaveta, que é de antes do “Amor só de Mãe”, de 2015, e aí resolvemos dar vida a elas. “Pombo Bomba” já era dessa fita, foi giallificada e acabou virando um dos destaques do play. Pensando nas letras, acho que foram o embrião do “Amor’, saca? Aquele peso todo, crueza…
“O fracasso é mais limpo. Seu cu é mais limpo”?
É uma letra sobre essas relações virtuais, as novas angustias existenciais, essa porra toda. Não me lembro o gatilho exato que deu origem ao texto, mas não importa muito, é esse o sentimento. Essa frase no contexto é um xeque-mate na nossa auto-honestidade, nas máscaras sociais (virtuais) que insistimos em usar.
Vocês curtem a vibe de lançar em fita cassete, né? O “Anjos Negros”, o “Giallos At Pompeii” e o “Amor de Mãe” saíram nesse formato. Como vocês pensam essa coisa de formato? E como é a recepção do público para a lojinha de vocês com camiseta, vinil, botom, CDs, cassetes?
O “¡CONTRA!” também saiu em K7!!! Cara, começamos a banda com a ideia de usar essas mídias velhas, vinil, K7 e tal, eu particularmente sou fissurado nessa onda, tenho coleção de fita k7, de vinil, enfim. Queríamos explorar mais o vinil, mas o preço não tem ajudado muito ultimamente, aliás, o preço de nada tem ajudado muito o peão ultimamente, mas agora é aquela nova máxima golpística: “não reclame, trabalhe”. Esse EP novo ficaria perfeito num 7′ polegas, por exemplo, mas o investimento travaria o restante das nossas coisas, então foi descartado, vai ser K7 e CD. O lance da nossa banca também é outra curtição, além de ter as mídias físicas do trampo, nós dos gostamos dessa cultura das “camisetas de banda”, botons, pôsteres e afins. Eu acho que a rapaziada que acompanha a gente também acabou entrando nessa onda, saca? As camisetas são bem procuradas, a gente faz umas edições limitadas, é legal…
– Marcelo Costa (@screamyell) é editor do Scream & Yell e assina a Calmantes com Champagne. A foto que abre o texto é de Fabio Zerbini / Divulgação