por Marcelo Costa
Após duas edições em Ribeirão Preto, no interior de São Paulo, o Slow Brew Festival partiu para as montanhas da Serra da Mantiqueira, mais precisamente Campos do Jordão, simpática e agradável estância climática a 1.628 metros de altitude. Ali, no centro do Capivari, agitado bairro comercial e turístico da cidade, o Centro de Convenções recebeu cerca de 3 mil pessoas entre 12h e 20h de um sábado de tempo perfeito para beber e conhecer cervejas, jogar conversar fora com amigos e atualizar contatos.
Como evento, o Slow Brew Campos do Jordão 2016 começou na sexta-feira, 18 de novembro, através de uma sessa?o de negócios com empresas do setor e profissionais da área. No sábado, a versão prática do festival de cervejas, que busca inspiração no Slow Movement, Slow Life, Slow Food, estilo de vida difundido na Europa desde a década de 80 que prega a ideia de viver calmamente, valorizando a experiência e todos os momentos da vida. A largada foi dada ás 11h com um desfile de cervejarias no centro da cidade. Às 12h, portas abertas e hora de beber.
Assim que as catracas do Slow Brew Campos do Jordão 2016 foram abertas ao meio dia, uma imensa fila se formou do lado do fora, contornando todo o quarteirão. Quem esperou um pouco mais entrou sossegadamente sem fila a partir das 13h30. Com solo e subsolo liberados para o evento, a estrutura do Centro de Convenções deu conta do público e exibiu pontos positivos, como separar as atrações musicais em uma área para shows deixando quem quisesse beber e conversar à vontade, sem precisar gritar em meio às torneiras.
Na teoria, festivais de cerveja são um grande contrassenso ao tradicional lema dos cervejeiros artesanais, que pregam “beba menos, beba melhor”. Como beber menos em um evento com mais de 160 cervejas diferentes liberadas a vontade ao bebedor? Entra em cena, então, para cada pessoa o quesito responsabilidade e, sobretudo, a experiência de se entrar na vibe Slow e aproveitar o festival sem prejudicar o corpo. Desta forma, é bastante especial acordar absolutamente inteiro no dia seguinte ao evento após beber 34 cervejas (29 delas diferentes – mas posso ter esquecido alguma, risos).
Os três grandes sucessos do evento foram a paulistana Dogma (presente com a unanimidade Rizoma mais Touro Sentado e as novas Estigma, Alpha Ryeno e Branca de Brett 2), a carioca Quatro Graus (com a sensacional Black Anthrax, uma Russian Imperial Stout de 16% de álcool que divide com Rizoma, da Dogma, e a incrível e fresquissima Juan Caloto Wild West IPA, o posto de melhores cervejas de todo o evento – ao menos para este que vos narra) e a norte-americana Founders, com filas imensas durante absolutamente todo o dia.
Tirando essas três cervejarias (Dogma, Founders e Quatro Graus), disputadas entre o público, as outras 28 cervejarias tinham fácil acesso – um cervejeiro chegou a provar calmamente a excelente linha de sidras da Morada Cia Etílica enquanto esperava a fila da Quatro Graus andar (ele pedia licença na fila para ir ao estande da Morada, exatamente ao lado, colocava meia taça, voltava, experimentava, matava e voltava para a próxima – fez isso quatro vezes. Outro na mesma fila experimentou as duas ótimas cervejas da 3Cariocas, no mesmo esquema).
Ainda que sem tantas novidades no quesito “raridades”, “lançamentos” e “experimentações” (um dos destaques foi a estreia da admirável Imperial Chocolate Pumpkin Porter, da cervejaria Opera, de Araraquara, interior de São Paulo, tanto quanto o serviço caprichado da mineira Zalaz, de Paraisópolis) para bebedores tarimbados e viciados em festivais e confrarias, o Slow Brew Campos do Jordão se mostrou um evento caprichado que serviu para colocar a cidade no mapa dos encontros cervejeiros nacionais.
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