Três perguntas: Programa Refrão

por Marcelo Costa

Quem acompanha o Scream & Yell já deve ter esbarrado com algo sobre Dary Jr. nas páginas do site. Músico e letrista de mão cheia, Dary é um dos responsáveis por um dos grandes discos do rock nacional deste século, “A Marcha dos Invisíveis” (2007), do Terminal Guadalupe, um álbum afiado musicalmente e verborrágico tematicamente que discutia política muito antes do tema virar “modinha” entre mortadelas e coxinhas (e ainda bem que virou).

Após o fim da banda, Dary seguiu com vários projetos musicais (logo mais novidades sobre Dario Julio e os Franciscanos, ele promete), mas (mesmo nos tempos do Terminal) nunca abandonou a carreira que escolheu: o jornalismo. “Em quase 30 anos de jornalismo, desde a adolescência, passei a maior parte do tempo em televisão. Trabalhei em todas as funções, de estagiário a diretor, de repórter a âncora”, conta.

Desde julho à frente do programa Refrão, da TV Justiça, em Brasília, Dary Jr. comemora a oportunidade de “conciliar jornalismo e música”. O programa vai ao ar todos os domingos, 21h30, na TV Justiça, e depois divulgado no Youtube. “Vale a pena lembrar que o Refrão está aberto a todos os gêneros musicais”, adianta-se Dary. Abaixo você assiste a episódio gravado no Porão do Rock, em Brasília, e sabe um pouco mais sobre o Refrão pelo próprio Dary.

Eu não conhecia o programa Refrão, muito menos a TV Justiça! Mas gostei do material que vi no Youtube. Há quanto tempo o programa existe e desde quando você está à frente do programa?
Marcelo, o programa existe desde 2009, quando tinha outra linha editorial e analisou a canção “Respeite Meus Cabelos, Brancos”, de Chico César, sobre o preconceito racial. De lá para cá foram mais de 370 edições. Artistas consagrados (Ivan Lins, Beth Carvalho, Milton Nascimento, Fagner) e emergentes (Tiê, Ava Rocha, Scalene, Ellen Oléria) formam o conjunto de entrevistados. Tivemos vários apresentadores e formatos, como é possível conferir aqui. É um espaço em que a TV Justiça dialoga com a sociedade por meio de uma de suas manifestações culturais mais expressivas, a música. Entrei na emissora em julho, quando passei a editar e gravar o Refrão. O primeiro programa que apresentei, com Os Mutantes, foi ao ar dois meses depois. Sou grato ao Refrão pela oportunidade de conciliar jornalismo e música, além de me reconectar a uma cena.

Muita gente o conhece do meio musical (principalmente com o Terminal Guadalupe), mas você já trabalhava há muito tempo com jornalismo televisivo, certo? Conta um pouco disso e sobre algumas entrevistas recentes do programa Refrão que você recomenda o leitor a assistir.
Estou me adaptando, né? Sempre fui o repórter que nunca sorria, o âncora rabugento… Já o clima do programa é uma extensão do ambiente da redação, uma leveza que a equipe cultiva diariamente. Ainda sinto que os artistas ficam mais à vontade do que eu, talvez porque estejam diante de um músico – eles são avisados antes da gravação. Isso tira um pouco do aspecto formal de uma entrevista. A seriedade está mantida na produção, no roteiro, na pesquisa, na edição, na direção, onde buscamos equilibrar forma e conteúdo. Isso pode ser observado nas entrevistas com Xangai e Joe Silhueta, por exemplo. Fora a aula de cultura popular, Xangai diz, sem rodeios, que pensa sobre a chamada música sertaneja atual. Guilherme Cobelo, líder do Joe Silhueta, fala sobre uma certa ingenuidade do rock brasileiro e de como o gênero pode aprender com os rappers. Outras, com Di Melo, Kiko Zambianchi, João Donato e Beto Cupertino, ainda vão ao ar nas próximas semanas e merecem ser vistas pelas revelações pessoais e ponderações sobre o mundo registradas ali.

Quem você gostaria de entrevistar para o programa? Aliás, qual o contato pro pessoal sugerir pauta pra vocês e como assisti-lo?
Se eu pudesse, já teria entrevistado Walter Franco, Grupo Acaba, Pholhas, Belchior, mas as escolhas são feitas em conjunto com a equipe e ainda dependem da disponibilidade dos artistas em Brasília, sede da emissora. Aliás, é um bom momento da música brasiliense. As gerações não podem ser comparadas porque é injusto avaliar alguém fora de seu tempo, mas a cena atual me encanta muito. Vale a pena lembrar que o Refrão está aberto a todos os gêneros musicais. Dicas e pedidos podem ser enviados para refrao@stf.jus.br. No mais, nos vemos todo domingo, às 21:30, na TV Justiça. Para saber como sintonizar na sua cidade, clique aqui. Até mais!

– Marcelo Costa (@screamyell) é editor do Scream & Yell e assina a Calmantes com Champagne. A foto que abre o texto é de Thiago Oliveira / Divulgação

3 thoughts on “Três perguntas: Programa Refrão

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.