O grande momento da música sergipana

por Carlo Bruno Montalvão

A música sergipana finalmente ganhou vida! Ganhou formas diferenciadas, um corpo, dois braços, duas pernas e uma cabeça para pensar, tem até coração e ele tá pulsando forte… Ganhou boca, língua e dentes e agora quer falar ao mundo!

Em menos de 10 dias, foram lançados 04 discos que refletem muito esse encorpamento da música em Sergipe: Primeiro veio o The Baggios com seu novo disco “Brutown” (uma pedrada sonora de 45 minutos, cheia de participações especiais, e com uma baita produção assinada pela turma linda do Estúdio Toca do Bandido) que vai consolidar a banda como um dos maiores nomes do rock nacional, com certeza (baixe gratuitamente aqui).

Depois foi a vez da estreia belíssima da cantora Héloa, que lançou seu primeiro disco “Eu” e chamou atenção com seu sotaque lindo e canções tão bonitas quanto, um disco para se saborear aos poucos, com bastante atenção e o coração leve (ouça no Youtube). No dia seguinte, veio o grande Arthur Matos com o seu “Homeless Bird”, um disco de folk lindo, que apresenta o que há de melhor na música feita por Arthur: canções profundas, violão folk e um flerte fatal com os anos 60, afinal, olhar para trás é bom, pois prepara o salto pro futuro (ouça no Spotify).

E então veio ao mundo o novo disco da banda Coutto Orchestra, que soltou “Voga” (projeto que foi contemplado pelo prêmio Natura Musical) um disco que nasceu de uma viagem quase saltimbanca pelo interior do Nordeste (Sergipe/Alagoas), beirando e singrando as águas do Rio São Francisco, que serviu de fonte de inspiração para os cantos e sons que são enxertados e mixados perfeitamente no caldeirão sonoro apresentado com vigor pela banda sergipana (ouça no site da Natura Musical).

Além desses 04 nomes, ainda temos muito mais em Sergipe: temos o grande Alex Sant’Anna (vocalista da banda NaurÊa e que também tem sua carreira solo bem bonita), SandyAlê (que também concorreu ao prêmio Natura, junto com a Coutto, e se destaca por belas canções), Patricia Polayne (que sempre encantou e encanta, a nossa MUSA, a nossa DIVA, a nossa VOZ), Ato Libertário (que junto com a Reação Banda Reggae, OGANJAH e Guerreiros Revolucionários, fazem o reggae sergipano ser um dos melhores do Brasil, procurem saber!), Thiago Ruas (que além de cantar na Oganjah, lançou há pouco tempo o lindo disco “Receita do Dia”, que flerta com mpb, reggae e funk num lindo caleidoscópio sonoro)…

Há ainda a Plástico Lunar (que bebe alucinadamente na psicodelia dos anos 60), Lacertae (que é uma das bandas mais inventivas de Sergipe, misturando psicodelia com agreste sergipano, criadores da Berimbateria), Alberto Silveira (que apresenta um trabalho belíssimo calcado num violão profundo, maravilhoso e com vigor nordestino incomum, escute o álbum “Baleadeira” e depois tire suas próprias conclusões, é música de Sergipe para o mundo) e The Renegades of Punk (que já fez tour na Europa, é uma das bandas mais correria de Aracaju e tem um som que é uma verdadeira trituradora sonora, liderados pela vocalista Daniela Rodrigues).

Isso sem falar nas novidades que estão chegando agora já com bastante força e frescor, como Lau e Eu (um fenômeno de apenas 18 anos, que lançou a sensacional canção “Macabéa“, já com mais de 45 mil streamings no Spotify Brasil), Tori (ainda não conheço, mas me foi muito bem indicado, é o primeiro trabalho da cantora Vitória Nogueira) e Yves Deluc e a Cidade Dormitório (novidade que ainda preciso ouvir, mas também foram muito bem indicados pelo amigo Arthur Matos)… Enfim, a música de Sergipe agora tem um corpo, já respira, anda sozinha, é dona de si e pede passagem.

É possível ainda citar alguns bons nomes que saíram de Sergipe em busca de novos ares, experiências, profissionalismo, oportunidades e trocas sonoras como Bicicletas de Atalaia, Marcelle Equivocada, Rios Voadores, Marco Vilane, entre outros, mas isso mereceria um outro texto para falar mais a fundo sobre a trajetória de cada um deles, aqui preferimos nos ater ao que está rolando por agora, lá em Sergipe.

Lógico que me esqueci de citar muitos outros nomes, alguns essenciais para a construção disso tudo (e, nesse post inicial, queria citar apenas os que “ainda” estão em Sergipe), mas faz mais de 15 anos que estou longe da minha Terra Natal, Aracaju (Sergipe) e a memória falha um pouco… Faz muito tempo que vim para São Paulo em busca de sonhos e da possibilidade de criar uma ponte entre essa Selva de Pedra louca e a calmaria brejeira de Aracaju.

Fica aqui o convite, a hora é agora: A música de Sergipe quer caminhar por novos mundos, abram-se os caminhos, a Caravana Sergipana vai passar!!!

– Carlo Bruno Montalvão (fb.com/brain.productions) é produtor e responsável pela Brain Productions

8 thoughts on “O grande momento da música sergipana

  1. Cara, que orgulho da música sergipana, e agora então que tá ganhando muita força e notoriedade, sempre teve muita qualidade, mas faltava esse empurrãozinho. <3

    E bem lembrando, John. O disco do Pedro Luan está excelente, as releituras ficaram maravilhosas, fora as duas últimas músicas do álbum que são de composição do próprio Pedro.

    1. “fora as duas últimas músicas do álbum que são de composição do próprio Pedro.” (Que são excelentes também)

  2. Desses daí citado conheço o Marcos Vilane, que se apresentava no Sarau Politheama aqui em São Paulo, puta compositor

  3. um salve a música sergipana! mto bom descobrir novos sons longe dos grandes centros.

    pena q algumas iniciativas bacanas virem meros caça-níqueis (Coutto Orchestra, apoiadores do Catarse)

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