por Marcelo Costa
“Demorou um pouquinho (coisa de 10 anos), mas agora o primeiro single do nosso disco novo está disponível pra ouvir e baixar no SoundCloud. Todos a bordo? Aproveitem a viagem = D”. Dessa maneira, Os Gianoukas Papoulas avisam via Facebook que estão de volta. Mas, catzo, quem são Os Gianoukas Papoulas? “Um segredo dos mais bem guardados involuntariamente”, avisa Olavo Rocha, vocalista e letrista, que junto ao guitarrista Umberto Serpieri fundaria o Lestics ainda quando o Gianoukas estava na ativa.
Calhou que o “projeto paralelo” Lestics seguiu em frente e criou personalidade com uma bela discografia enquanto Os Gianoukas ficou pelo caminho. “Acho que a banda foi mal-matada”, brinca Olavo nessa rápida conversa, em que ele fala sobre o retorno desta grande banda, que lançou um EP em 2003 (“Os Gianoukas Papoulas”, cuja foto da capa é de André Takeda) e, em 2005, um baita álbum de estreia, “Panorâmica”, com ao menos dois hinos constantemente tocados em festas e mixtapes do site Scream & Yell: “Ela Se Foi” e “Igual”.
Para os fãs do Lestics, nada a temer. “As duas bandas têm trabalhos bem diferentes, apesar dos muitos pontos de contato”, opina Olavo. “São bandas que andam separadas porque têm efetivamente focos e caminhos distintos”, afirma, adiantando que o sétimo disco do Lestics logo chega aos fãs. Abaixo você pode ouvir, na integra, “Olinka Stutz (Nós Que Nos Amávamos Tanto)”, o segundo disco d’Os Gianoukas Papoulas – o disco está disponivel para download gratuito aqui. Não perca eles de vista desta vez, caro leitor.
Que papo é esse do Gianoukas ressurgir das cinzas (rs)? Como surgiu a ideia de voltar e o que vem por aí?
Acho que a banda foi mal-matada, então nem cinzas ela tinha virado ainda, haha! A gente decidiu dar uma encerrada nas atividades em 2008, deixando pra trás as músicas que vinham sendo trabalhadas pro disco que sucederia o “Panorâmica” (de 2005). As dificuldades pra realizar esse disco foram, de certo modo, decisivas pra gente parar. Aí no ano passado eu e o Luiz estávamos falando sobre essas músicas, e muito simplesmente decidimos reunir a banda e gravar o “disco perdido” dos Gianoukas Papoulas. O Umberto topou na hora, o Bra (baixista) preferiu não participar porque estava envolvido na abertura do Hot Rod Dog (um diner muito preza ali na Mooca). No lugar do Bra entrou o Pedro Canales (que conhecia tudo da banda, até porque é meu filho) e na bateria o Felipe Rezende. Então o que vem por aí é um disco novo e depois alguns shows pra lançar o trabalho.
O retorno do Gianoukas afeta o Lestics? Ou a partir de agora as duas bandas caminham juntas, mas separadas (hehe)?
As duas bandas têm trabalhos bem diferentes, apesar dos muitos pontos de contato (eu sempre estive nas duas bandas; o Umberto Serpieri formou o Lestics comigo em 2007; o Caio Monfort, guitarrista do Lestics, ajudou a produzir, gravou e mixou o disco dos Gianoukas). Mas enfim, são bandas que andam separadas porque têm efetivamente focos e caminhos distintos. Mas a vida é assim (e é bonita): por pura coincidência, o disco dos Gianoukas Papoulas está saindo quase ao mesmo tempo que o novo disco do Lestics. Cada um com a sua pegada, as suas referências e a sua sonoridade. E eu estou indizivelmente feliz (e meio exausto, e quase maluco, haha!) pela chance de ter participado dos dois trabalhos.
Aliás, como surgiu o Gianoukas e como você resume a “primeira fase” da banda, a discografia de vocês?
Os Gianoukas Papoulas surgiu em meados da década de noventa (!). A proposta inicial era de um lance absolutamente sem amarras. Bem primitivo, bem maluco e bem divertido… Se você ouvir a nossa primeira fita demo você cai da cadeira, era muito insana, hahaha! Mas ali já tavam totalmente definidas a pegada lírica e a base do som da banda. A gente ficou nessa de fazer umas demos, umas gravações ao vivo, até que em 2003 fizemos um primeiro disco mais oficial, um EP chamado “Os Gianoukas Papoulas”. Aí depois, em 2005, fizemos o “Panorâmica”. Recuperando o material da banda a gente vê que esses dois discos tiveram uma repercussão bem legal da crítica, mas a real é que pouquíssima gente ouviu. Um segredo dos mais bem guardados involuntariamente, os Gianoukas Papoulas.
– Marcelo Costa (@screamyell) é editor do Scream & Yell e assina a Calmantes com Champagne. A foto que abre o post é de Nelson Xavier / Divulgação
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Gosto das duas bandas..!