Entrevista: Ugo Giorgetti

por Leonardo Vinhas

Esqueça a história de que Ugo Giorgetti faz filmes sobre São Paulo. O cineasta, paulistano de nascença, usa bastante a cidade como pano de fundo, mas conta histórias sobre pessoas – e comportamentos, os mais assustadoramente comuns. “Uma Noite em Sampa”, seu filme mais recente, traz o apelido da capital paulista já no título, mas é um filme sobre o “medo paralisante” – da violência, do diferente, e também o medo alimentado midiaticamente em noticiários sadomasoquistas. E é uma comédia, quase inocente em sua simplicidade.

Em “Uma Noite em Sampa”, um grupo de pessoas vem do interior (Vinhedo, sugere um personagem) para uma noite com “teatro e jantar”, o clichê do “programa cultural” da classe média. Após a peça, o grupo não consegue entrar no ônibus: o motorista desapareceu, e celulares e outros gadgets ficaram todos trancados no veículo. Conforme as horas avançam, pessoas se apresentam em cenas típicas da madrugada – dois pé-rapados fumam um baseado, um homem passeia com o cachorro, mendigos se deitam – e nada parece tirar os turistas de seu estado de medo e letargia.

Sob algumas camadas de civilidade, os personagens de Ugo Giorgetti ocultam camadas de preconceito, tolice e inconsistências. A encenação teatral, com direito a manequins contracenando com os atores (calma, isso fará sentido no momento certo), e a quase ausência de cenário, dão um aspecto algo “bizarro” (definição do próprio diretor) que pode não agradar a todos os espectadores. Mas não dá para negar que Giorgetti entregou, mais uma vez, um filme provocante, e que, quanto mais se pensa a respeito, mais cativante se mostra.

Em seu modesto escritório na Vila Madalena, que serve até de sala de ensaio para seus filmes, o diretor recebeu o Scream & Yell para falar sobre seu mais recente lançamento. Evidentemente que uma conversa com um dos diretores brasileiros mais apaixonados pelo cinema não ficaria só nisso. Teve espaço para falar sobre os temas de seu filme, a experiência cinematográfica, e o péssimo hábito de fazer cinema “no amor” – isso é, sem remunerar adequadamente (ou de forma alguma) os profissionais envolvidos. E fica o aviso: alguns spoilers do filme estão insinuados em uma ou outra pergunta.

Tanto “Uma Noite em Sampa” (2016) como “Cidade Imaginária” (2014) tem em comum o espaço de tempo: ambos se passam na madrugada, com os personagens trocando suas impressões e expectativas sobre São Paulo. Ainda que sejam expectativas diferentes…
(interrompendo) Foi coincidência total. Nunca tinha pensado nisso. Claro que o tema da espera se dá nos dois. Mas isso não tinha me ocorrido. Não houve intenção, não.

De qualquer maneira, são expectativas diferentes. Os de “Cidade Imaginária” não conhecem a cidade, e em “Uma Noite em Sampa” é dado a entender que todos, ou ao menos a maioria deles, em algum momento morou em São Paulo e fugiu da cidade. O que você acha que a cidade provoca nas pessoas? Por que seus personagens de “Uma Noite em Sampa”, mesmo tendo conhecido a cidade, têm tanto medo do que ela pode oferecer?
Francamente, eu acho que existe esse medo disseminado, geral. Há pessoas que saem muito pouco de casa à noite. Você vê isso pelos muros, pelas grades, pelos portões altos, pelos cachorros, você passa pela frente do prédio e ilumina um treco… Existe uma paranoia. Eu conheço pessoas que procuram não sair de casa, meu prédio tem gente assim. Evidentemente, é uma cidade hostil. Nesse caso, também se aproxima do “Cidade Imaginária”, porque eles [personagens] inventam uma cidade que não há. Nesse caso, eles ficam esperando uma violência que não se dá. Mas podia se dar, claro. Nesse caso, era muito pouco provável que se desse, visto que estão em grupo. Mas você tem que partir do princípio que são personagens que deixaram São Paulo, por isso são mais paranoicos ainda. Alguém fala: “Nós fomos por uma qualidade de vida, segurança etc”. As pessoas se agrupam em torno disso. Mas aí tem um medo que paralisa.

Não deixa de ser interessante notar que esses “apóstatas” da metrópole vão parar em condomínios em busca de maior qualidade de vida e que eles acabam se isolando nesses lugares, em vez de se integrar. É o caso desses grandes condomínios de casas, com muitas áreas de convivência que ninguém frequenta, ou prédios de classe média alta que têm todas as áreas de convivência possíveis mais que são usadas sempre pela mesma meia dúzia de moradores.
Não sei. É possível, é possível. Não frequento condomínios fora, não sei se as pessoas se comunicam ou não. Existe uma identidade de classe, essa que é a verdade. Podem não ser os mesmos gostos pessoais, mas existe uma homogeneidade dentro de classes sociais, sem dúvida nenhuma. Você tem alguns elementos que são comuns a todas essas pessoas: o temor do desconhecido, a exclusão do outro que ela não conhece, a ameaça que uma pessoa que não está estritamente dentro das regras pode suscitar… E às vezes o cara faz parte do meio social deles tanto quanto eles próprios, mas o comportamento fora das regras repele. Então o filme retrata mais do que o medo que paralisa, ele também investiga o comportamento que exclui o outro, o diferente, o desconhecido.

Imagino que seja exatamente por isso que a única personagem do grupo que interage com os outros é a senhora cega…
Exatamente…

…não só porque ela não vê, mas também pelo fato de que a idade dela a coloca em situação de lembrar de uma São Paulo diferente.
Exatamente, exatamente. Essas pessoas são tão imunes a se relacionarem com outras que uma cena que mais gostei de ter feito foi uma das finais, em que os lixeiros passam pelo local onde o grupo está. Eles estão ali trabalhando, e são um auxílio como outro qualquer. Poderiam simplesmente ter se aproximado da boleia e falado com eles, mas isso não ocorre a ninguém. Eles são invisíveis. Os lixeiros passam por lá, e ninguém sequer olha para eles. E essa mulher cega ela faz parte de uma outra cidade que não é essa.

Num primeiro momento, tive dificuldade de entrar no espírito do filme, porque morei anos na Bela Vista, ao lado do Bixiga. E o local onde o filme se passa é logo acima da rua Treze de Maio, onde há bares e até uma academia 24 horas! Fora que há prédios residenciais, empresas, e até vias importantes, como a avenida Paulista e a avenida Brigadeiro Luis Antônio a uma curta distância. Mas com essa cena dos lixeiros ficou patente que estamos falando de pessoas que, mesmo tendo morado em São Paulo, provavelmente nunca caminharam a pé por ali.
Jamais! O filme tem até uns aspectos… eu não diria surrealistas, mas bizarros. Não é neorrealismo. Eu tinha uma produtora na frente do Teatro Ruth Escobar nos anos 90. Quer dizer, não é no século XIII (risos). Eu frequento o Bixiga desde que comecei a trabalhar com cinema, o laboratório era na rua da Abolição, depois passou para a Treze de Maio. Conheço a região desde 1966, por aí. Eu acho que não é o Bixiga o problema. Aquela situação podia se dar até em frente ao Teatro da PUC, que aparentemente é seguro. Mas o fato de você estar à noite, em São Paulo, sozinho, já deflagra o medo. Mas também não acredito em risco ali. Tanto que filmamos lá e não tivemos nem barulho, que era nossa preocupação.

Foram quantas noites de filmagem?
Onze noites. Filmamos rapidinho porque o dinheiro que tínhamos era para isso. Foi filmado no final de julho de 2013.

Outra coisa que me chamou a atenção é que em seus filmes as pessoas costumam ser muito diferentes entre si, mesmo que uma situação em comum as una. Porém, nesse o grupo é muito homogêneo. A gente tem algumas pistas da identidade pessoal de um ou de outro, vemos algum traço pessoal, mas o comportamento, as atitudes e os valores são muito parecidos. Essa autoexclusão em relação ao ambiente que os cerca é o que os torna semelhantes?
Acho que o que torna parecidos é o extrato social no qual você convive. Quer queira ou não, todos fazemos parte de uma classe: eu, você, todo mundo. E são vasos comunicantes: ela influencia você e você a influencia. Então as pessoas são mais parecidas em razão da convivência forçada que você tem que ter com as pessoas da sua classe social.

Esse é um comportamento muito brasileiro ou é mais particular de São Paulo, capital e interior?
Essa é uma pergunta difícil de responder, até porque eu só morei aqui. Nasci no Centro da cidade, sempre morei aqui. Visitei, claro, mas nunca morei fora. Me parece que São Paulo é um pouco mais, claro. Na minha opinião, o retrospecto político de São Paulo é terrível. É uma sucessão de apoios ao que há de pior na política brasileira. E não é de hoje, é de anos. Eu estou falando da República Velha. O conservadorismo dessa cidade vem de uma união do imigrante que aparece no “Cidade Imaginária” com os escravocratas do Império. Porra, velho, isso aqui não é brincadeira! Talvez seja tão conservadora quanto Pernambuco ou Bahia, mas nosso conservadorismo é especial. É complicado!

Bem, e iniciativas como a Virada Cultural? Essas iniciativas que visam levar as pessoas de novo às ruas, especialmente ao Centro, que virou uma área demonizada para muita gente. São atitudes de efeito? Ou são espasmos?
Isso foi inspirado na Nuit Blanche de Paris, que é totalmente diferente, porque lá não tem a insegurança que tem aqui. Eu acho uma coisa que não é nem cultural, pode ser Virada, e só. É uma sequência de entretenimentos, alguns melhores e outros piores, e que atrai fundamentalmente um tipo de gente. Você não vai encontrar um cara da minha idade lá, talvez nem da sua. É um pessoal de 17 a 27 anos, e é um pessoal que se enturma mais, naturalmente. É da idade. Eles já iriam para a rua, impulsionados pela própria idade e pelos contatos que eles têm. E aos 35 anos já não vão fazer nada disso. Eu acho que é um acontecimento mais político, que pode ter sido feito até com boas intenções, eu acho. Mas me parece completamente sem efeito – sem o efeito que se quer, digo. Porque acaba a Virada e o Centro volta a ser o velho Centro, com Cracolândia e tal.

Falando em transformações: em uma entrevista de 2012, você disse que cinema no Brasil era inviável, com o DVD e o Blu-ray virando o meio de preferência dos espectadores. Hoje, com Netflix, filmes online disseminados e as salas de cinema tomadas majoritariamente por produções de apelo massivo, o cinema continua inviável ou algo mudou para melhor? Ao menos uma perspectiva de melhorar?
Depende de como você analisa isso. Do ponto de vista de cinema, acabou. Não existe mais. Do ponto de vista de feitura, o digital trouxe algum tipo de possibilidade. Tem modelos que custam 2 mil dólares, 3 mil dólares, que dá para fazer um longa-metragem muito bem, sem nenhum problema. Montar também ficou muito simples. Você tem um programa de computador e monta um filme. Se você tem um grupo de amigos que são atores, fotógrafos e tal, você faz um filme mesmo. Não é como no meu tempo, que você tinha o 35mm e só de pensar em ir na Kodak você queria morrer. Agora, do ponto de vista do que é o cinema, acabou. O mais grave para mim não é o fato de ser digital, nada disso. É a maneira de ver cinema. O Godard tinha uma frase fantástica: cinema é uma coisa que você vê no escuro, de baixo para cima e você está imerso naquilo. A TV é uma coisa que você vê de cima para baixo, com luz, em um ambiente cheio de barulho. A maneira que você assiste é que dita a experiência. Você não lê um livro no meio de uma baderna, você tem que ter um ambiente para mergulhar no livro. Nesse sentido, a sala [de cinema] é fundamental. Não é porque é grande, com super definição, nenhuma dessas bobagens. Até porque a telinha da televisão tem hoje uma qualidade fantástica. Enfim, é como você assiste um filme.

Não é essa coisa de entrar em um Multiplex, com um saco enorme de pipoca.
(expansivo) Mais ainda! E tem também como a televisão trata o cinema. Eu nunca pensei que na minha vida fosse ver um filme do [Luchino] Visconti ou do [Akira] Kurosawa com uma porra de um logotipo do canal à direita do quadro, com um locutor falando: “daqui a pouco você vai ver não sei o que…” (exaltado) Isso é um acinte! A televisão trata o cinema como ela é, e cinema não é televisão. A maneira de ver, que desloca toda a atenção para uma coisa que não é o velho cinema, que não tem nenhuma possibilidade de ser arte – se é que um dia foi – enfim, o cinema acabou e não se fala mais nisso. (mais calmo) Mas vamos ver. A história se mexe. Podem começar umas seitas, 30 pessoas, 40, que vão para uma sala, veem um filme…

Você acha que seu público tem algumas dessas características, são talvez parte dessa “seita”?
Nem sei se existe meu público (risos). Falando sério, não sei. Espero que sim, porque eu faço os filmes que eu gostaria de ver. Embora depois que faça vejo muitas coisas do filme que eu não gostaria de ter feito. Mas a proposta do filme em geral é algo que eu gostaria de ver. Se tem alguém que se identifica… É difícil aferir, também. A televisão veio trazer uma dificuldade enorme. Quantos espectadores eu tenho? “Boleiros” (1998), por exemplo, teve milhões de espectadores. Milhões! Porque se você for ver quantas vezes ele passou na TV, passou na Globo, na Cultura, no Canal Brasil, foi DVD e VHS, passou em banca de jornal… Porra! O que foi médio foi justamente no cinema, como todos meus outros filmes. Mas é no cinema onde entra a grana. Do resto não entrou nada, nem da Globo. Só o que eles pagam como padrão, o que é pouco. Nesse sentido, qualquer filme faz mais espectadores na televisão. Mas como? Com o cara vendo deitado, de cueca, com a mulher espremendo cravo nas costas? Isso não é ver filme!

Então não é demais perguntar: por que continuar fazendo filmes dentro desse cenário? Além, é claro, de serem os filmes que você gostaria de ver?
Vou dar a resposta de quando perguntaram pro Drummond: “por que você escreve?”. “Porque eu sou escritor”. Eu não tenho outra profissão. Tenho que enfrentar e aceitar os percalços dessa produção. Talvez se eu tivesse 30 anos… Mesmo assim, acho que não. Não é por causa disso que a gente muda de profissão. Mas que é complicado, é muito complicado. Cinema não é igual às outras atividades: é filho da Revolução Industrial, é filho da Técnica. E a Técnica tá pouco ligando para nós. Tem um cara carequinha, com um puta óculos, lá em Los Angeles, que tá pensando num aparelhinho que vai mudar minha vida! Quem é o grande revolucionário do cinema, o cara que usa ou o que inventa a tecnologia?

Bem, a técnica é um meio. Em música se diz que o gravador de oito pistas no qual os Beatles gravaram o “Sgt. Pepper’s”… logo foi superado. Não se pode dizer o mesmo de quem fez o disco.
Isso é verdade.

Já que você falou que, como todo realizador, encontra coisas nos seus filmes que, depois de feitos, gostaria de mudar: está satisfeito com “Uma Noite em Sampa”?
Tô satisfeito, porque tive que adequar o resultado… Cinema é muito complicado, né? Se você me perguntar por que fui fazer esse filme que se parece com uma peça de teatro, te digo que, dentre outras coisas, foi porque é mais barato. A primeira coisa que um produtor que observa um pouco mais a atividade é que é no deslocamento onde o orçamento pode estourar. É equipe, é um carro que arrebenta no meio do caminho. Um mandamento para quem quer fazer um filme de baixo custo é evitar troca de locações. Começa por aí. Não foi uma escolha inteiramente pessoal. Para um filme que está dentro dessa armadura, filmado em 11 dias… E por que 11 dias? Porque eu tinha muito pouco dinheiro. Se eu faço em dois meses de filmagem, ninguém ia aceitar o que eu ia pagar. E nem eu teria coragem de oferecer. Ganharam o digno para trabalharem 11 dias. Então, dentro dessas acomodações, é um filme legal. Agora, abstraindo isso, que eu não sei, acho que tem algumas coisas que eu não gosto, mas que não vou te falar (risos).

A escolha do elenco também tem a ver com essa questão orçamentária? Seus filmes sempre combinam nomes mais reconhecidos do público televisivo com outros mais ligados ao teatro. Neste último, fora a pequena ponta do Otávio Augusto, só temos a Chris Couto como um nome mais assimilável pelo grande público.
As pessoas gostam de ver coisas que já conhecem, então essa escolha pode ter um impacto negativo. A razão neste caso não é o dinheiro. Porque nunca vi um ator me dizer que não ia fazer o filme por causa do dinheiro – por maior que seja o nome, e olha que eu que já trabalhei com vários. Já trabalhei com o Lima [Duarte], o [Antonio] Fagundes… Esse não é o problema. O problema é que os atores mais conhecidos estão no Rio de Janeiro, porque não tem como não estar. Você quer um exemplo? Domingos Montagner. Ele é um cara que conheço há muitos anos, já trabalhou comigo, fez um ótimo papel. Tem uma baita carreira, mas sempre com água por aqui (indica o pescoço). Então teve uma oportunidade e teve que se mudar para o Rio de Janeiro. Esse cara que se mudou para o Rio, você não o pega para ensaiar. Não tem como! O pessoal de São Paulo de teatro tem uma qualidade muito boa, são fantásticos. E estão aqui. No caso do “Uma Noite em Sampa”, se o filme tivesse durado 13 dias, a produtora teria fechado! Eu tinha 12 para filmar, filmei em 11. Claro que tive que contar com a sorte – se tivesse chovido, poxa! Mas eu não podia correr riscos como um cara estar mal ensaiado, não estar tão dentro do papel. Então ensaiamos aqui dentro dessa sala. E todos vieram com aquela postura: “Tem que ser feito!”. E isso continuou nas filmagens. Nos intervalos entre as cenas, o elenco dançava, o Thiago Amaral (ator), que foi para a Índia, trouxe umas músicas muito loucas de lá e pôs essas músicas para o pessoal dançar na rua, para se aquecer. É outra coisa, outra atitude. Não que o pessoal de televisão não tenha isso. Pega um Lima Duarte, um Flavio Migliaccio, eles têm isso.

Como estamos nessa questão de teatro, vale perguntar se essa estética tão teatral de “Uma Noite em Sampa” é uma espécie de metalinguagem para o teatro. Afinal, toda a ação acontece em torno de um teatro, o ritmo, a montagem, também é bem teatral.
Pode ser, pode ser. Tem coisas que a gente faz e não sabe [porque]. Vai entender só depois. Ouvindo você falar, agora me ocorre que essa impressão é porque não tem cenário. É fundo preto, pô! Quando as luzes do teatro apagam, fica todo o fundo da mesma cor. Um filme como o “Festa” (1989) tem a mesma estrutura, são três caras numa sala. Mas tem um cenário! Então é filme. É engraçado isso aí. Talvez seja teatral mesmo.

Sei que seu foco agora é a promoção e distribuição desse filme, mas devido à própria natureza do negócio, imagino que já tenha outro projeto em vista.
Eu tô muito preocupado com tudo isso que tá acontecendo aí. Não politicamente, o Brasil é assim, a cada não sei quantos anos é expulso um presidente da República, outro se suicida, outro vai parar não sei aonde… Tô preocupado é com o cinema mesmo. Tenho projeto! Mas não sei, rapaz… (hesita). Saio desse filme pensando no que vou fazer. Tenho o roteiro, foi devidamente reprovado, o parecerista disse que “a ideia é muito boa, mas está apenas esboçada”. E eu respondi que o roteiro é isso mesmo, senão seria um romance (risos). O que eu não vou fazer são séries para a televisão. Eu não sei fazer isso. O que eles oferecem é um desatino, é um dinheiro que faz você se perguntar o que faz com aquilo. Sem contar que escolhem uns temas que pelo amor de Deus!

Nessa coisa de pagar: pelo que apurei, é algo que você nunca deixou de fazer, de pagar a equipe. Porque existe um vício – bastante nefasto, no meu entender – que é um orgulho de dizer que tudo foi feito “na amizade”, “por amor ao cinema”. O que significa sem remuneração.
Ninguém trabalha de graça. Eu não faço isso. Nem com atores nem com a equipe técnica. Principalmente com a equipe técnica! Maquinistas, eletricistas, todo mundo têm que levar dinheiro para casa!

– Leonardo Vinhas (@leovinhas) assina a seção Conexão Latina (aqui) no Scream & Yell.

MAIS SOBRE CINEMA E FILMES

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.