Três cervejas da Evil Twin (Parte 5)

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por Marcelo Costa

Com John F. Kennedy no rótulo, homenagem ao discurso “Eu sou um berlinense” (Ich Bin Ein Berliner), feito em 1963 em Berlim Ocidental, a Evil Twin Brazil (produzida na fábrica da Tupiniquim, em Porto Alegre) apresenta sua linha brasileira de Berliner Weisse. A versão tradicional, Ich Bin Ein Berliner, sem nenhuma adição extra, faturou a medalha de Ouro na South Beer Cup 2015 e a de Prata no Festival Brasileiro da Cerveja 2015. De coloração amarelo palha com uma fina camada de creme branco de rápida dispersão, a Evil Twin Brazil Ich Bin Ein Berliner apresenta um aroma acético antecipando azedume, ainda que mais comportado que a Berliner Kindl Weisse Das Original, uma das estrelas do estilo hoje em dia. Na boca, a textura pinica a língua com acidez pronunciada, o que também pode ser percebido no primeiro toque, que ainda traz leve lembrança cítrica de limão. Azedume, salgado e acidez dominam um perfil arisco e interessante. O final é levemente ácido, salgado e láctico. No retrogosto, adstringência suave, cítrico e láctico. Gostosa (mas cuidado).

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Como o ataque de uma Berliner é seco e intenso, costuma-se, em Berlim, adicionar xaropes para adoça-la num drink inusitado e colorido. A Evil Twin Brazil Ich Bin Ein Berliner Maracujá, porém, segue por outra via, acrescentando a fruta tropical sem apagar a característica seca, salgada, azeda e acética da receita original. De coloração amarelo palha com um creme branco de média formação e rápida dispersão, a Ich Bin Ein Berliner Maracujá mantém características da versão original acrescentando a sugestão de maracujá, deliciosa. Na boca, textura tiquinho mais acética. O primeiro toque traz a fruta adicionada seguida de acidez, azedume e salgado, que seguem dominando o perfil – tal qual a versão original – mas, aqui, precisam dividir a atenção do bebedor com o maracujá, que acrescenta personalidade tropical ao conjunto, sem, no entanto, desvirtua-lo. O final é seco, salgado e com uma leve sugestão de maracujá. No retrogosto, adstringência suave, maracujá e láctico. Gostei muito.

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Fechando o trio da Evil Twin Brazil com a Big Bang Lager, uma Imperial Pilsener, lançada em agosto de 2014, que carrega as características de uma India Pale Ale (alta fermentação), mas passando pelo processo de uma Lager (baixa fermentação). De coloração amarela com leve turbidez e creme branco de ótima formação e longa retenção, a Evil Twin Brazil Big Bang Lager apresenta um aroma intensamente lupulado, com um caminhão de notas cítricas (maracujá, manga e tangerina) sobre uma base maltada de mel e caramelo. Há herbal suave e uma leve sugestão de resina e álcool (são 8%). Na boca, textura picante. O primeiro toque traz amargor cítrico intenso com percepção leve de álcool, o que auxilia no aumento do amargor. A doçura caramelada dos maltes fica na base e é quase imperceptível frente ao caminho de lúpulo que dá as cartas e domina todo o conjunto distribuindo notas cítricas, leve herbal e um pouco de resina. O final é seco e amargo enquanto o retrogosto reforça o caráter cítrico da cerveja. Boa.

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Balanço
A versão original da Evil Twin Brazil Ich Bin Ein Berliner me soa uma Berliner Weisse mais comportada que a Berliner Kindl Weisse Das Original, o que acho interessante, já que ela mantém as características de azedume, salgado e acético da original berlinense, mas só não carrega tanto na radicalização, o que é bom para neófitos que estão tentando descobrir novos estilos. Já a versão com maracujá é um grande acerto (e só fica atrás da versão Original alemã) porque consegue combinar as principais características do estilo com a fruta sem apagar o que cada uma tem de melhor a oferecer. Uma bela junção resultando numa Berliner excelente. A Big Bang Lager leva a sério os exageros da escola norte-americana colocando um caminhão de lúpulos numa receita de baixa fermentação. O resultado é uma cerveja extrema, com muito cítrico, leve herbal e bastante álcool. O sabor, no entanto, fica devendo tanto para a Imperial Pilsener da Rogue (Morimoto) quanto para as belas DUM Jan Kubis e Hamurabi India Pale Lager.

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Evil Twin Brazil Ich Bin Ein Berliner
– Estilo: Berliner Weisse
– Nacionalidade: Dinamarca
– Graduação alcoólica: 4%
– Nota: 3,01/5
– Preço pago: R$ 15 (310 ml)

Evil Twin Brazil Ich Bin Ein Berliner Maracujá
– Estilo: Berliner Weisse
– Nacionalidade: Dinamarca
– Graduação alcoólica: 4%
– Nota: 3,28/5
– Preço pago: R$ 15 (330 ml)

Evil Twin Brazil Big Bang Lager
– Estilo: Imperial Pilsener
– Nacionalidade: Dinamarca
– Graduação alcoólica: 8%
– Nota: 3,25/5
– Preço pago: R$ 16 (330 ml)

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RANKING PESSOAL: EVIL TWIN
4,26/5 – Evil Twin Yin & Yang (Cocktail Version)
4,19/5 – Evil Twin Yin
4,01/5 – Evil Twin Molotov Cocktail
3,95/5 – Evil Twin Yang
3,93/5 – Evil Twin Ashtray Heart
3,93/5 – Evil Freudian Slip
3,93/5 – Tupiniquin Eviltwin Lost in Translation IPA Brett
3,90/5 – Evil Twin I Love You With My Stout
3,82/5 – Evil Twin Lil’B
3,77/5 – Evil Twin Brazil Metro Man
3,75/5 – Tupiniquim Eviltwin Extra Fancy IPA
3,71/5 – Evil Twin The Cowboy
3,68/5 – Evil Twin Ryan And The Beaster Bunny
3,65/5 – Evil Twin Low Life
3,47/5 – Evil Twin Hipster Ale
3,45/5 – Evil Twin Falco
3,38/5 – Evil Twin Brazil Easy Come Easy Go IPA
3,28/5 – Evil Twin Brazil Ich Bin Ein Berliner Maracujá
3,25/5 – Evil Twin Brazil Big Bang Lager
3,01/5 – Evil Twin Brazil Ich Bin Ein Berliner

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Leia também
– Top 1001 Cervejas, por Marcelo Costa (aqui)
– Sobre todas as cervejas da Evil Twin (aqui)
– Leia sobre outras cervejas (aqui)

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