Boteco: Jever, Kirin, Corona, Amazônia, Miller

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por Marcelo Costa

Criada em 1993 visando atender o mercado da Europa e da Ásia, a cerveja Amazônia chega agora ao mercado brasileiro numa parceria entre a NewAge Bebidas e a Cervejaria Germânia. É uma Premium Lager que ganhou duas medalhas de Prata em 2014: Blumenau e Portugal. De coloração dourada translucida com creme branco de boa formação e media alta permanência, a Amazônia traz no aroma sugestão bastante perceptível de cereais, feno e cevada mostrando mais presença de malte do que de lúpulo. Na boca, textura suave. O primeiro toque traz rápida doçura maltada acompanhada de leve herbal picante. O amargor é pontual abrindo o caminho para um conjunto com fácil percepção de cereais (o que não é comum no estilo, simbolizado por cervejas com pouco aroma e sabor exatamente para não intimidar bebedores): ervas, cevada e feno. O final é seco e amarguinho. No retrogosto, adstringência e picante. Boa surpresa.

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De Jever, na baixa Saxônia alemã, uma German Pilsner bastante elogiada de uma cervejaria fundada em 1848 (Friesischen Brauhaus zu Jever) – medalha de Prata no International Beer Challenge 2012 na categoria Lager. De coloração dourada cristalina com creme branco de boa formação e permanência, a Jever Pilsener chama a atenção assim que a garrafa é aberta, liberando um aroma marcante de cevada e cereal que, acrescido de notas herbais suaves, domina a percepção do bebedor sugerindo pão, feno e grama. Na boca, a textura é suave. O primeiro toque traz doçura caramelada logo atropelada por um amargor herbal convincente e saboroso, que abre as portas para um conjunto refrescante que reforça a ideia de cereais mais herbal mais doçura. O final junta levemente amargor e doçura, de forma convincente. No retrogosto, cereais, cevada e suave doçura. Muito boa.

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Lançada em 1990 com muito sucesso no Japão, e com versão brasileira produzida desde 2014 em Itu, no interior de São Paulo, pela Brasil Kirin (companhia responsável também pela Nova Schin, Devassa, Glacial, Cintra, Baden Baden e Eisenbahn), a Kirin Ichiban é, segundo o rótulo, uma cerveja 100% puro malte (sem adição de arroz, milho e outros cereais não malteados). Outro diferencial: é uma cerveja First Press, ou seja, que utiliza apenas o mosto da primeira prensagem (evitando lavagem do bagaço para extrair açúcar residual). De coloração dourada com creme branco de boa formação e permanência, a Kirin Ichiban exibe um aroma adocicado, com sugestão de caramelo advinda do malte e percepção nula de lúpulo. Na boca, a textura é suave. O primeiro toque reforça a doçura caramelada do aroma, mas o amargor pontual consegue dar um brilho no conjunto, que é refrescante e esquecível. O final é adocicado. No retrogosto, doçura e frescor.

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Produzida pela primeira vez em 1925 pela Cerveceria Modelo, na Cidade do México, e desde então um estouro de vendas que lidera não só mercado mexicano como também é a marca líder em exportação para outros países, a Corona Extra é a tradicional Pale Lager massificada (com direito a cereais não malteados e antioxidante na receita e quase nada de amargor) que não chama a atenção no paladar e, por isso, é adorada (justiça seja feita: das massificadas ela é melhor que Sol e Dos Equis, o que também não é grande coisa). De coloração dourada com creme branco de baixa formação e curta retenção, a Corona Extra apresenta um aroma pálido, com leve sugestão de doçura caramelada derivada de malte e um tiquinho de herbal. Na boca, a textura é suave enquanto o primeiro toque traz doçura caramelada sem exageros seguida de um amargor levemente herbal. Dai pra frente, caramelo e herbal se alternam até o final, refrescante e seco. No retrogosto, mais refrescancia. Boa para dias calorentos.

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Fechando o com a Miller Genuine Draft, do Grupo SABMiller (segunda maior cervejeira global, atrás apenas da AB InBev), de Milwaukee, no Wisconsin norte-americano, que retorna ao país após 15 anos, agora produzida pela Cervejaria Petrópolis. Na receita, avisa o rótulo: água, malte, lúpulo, levedura e carboidratos. De coloração dourada cristalina com creme branco de baixa formação e rápida dispersão, a Miller Genuine Draft exibe um aroma sacrificado pelos off-flavours de diacetil e DMS, sugestionando manteiga e milho, o que decididamente condena a avaliação e preocupa nesta retomada do mercado brasileiro. A rigor, a Miller é uma Premium American Lager que ameaça a hegemonia de Heineken e Stella Artois no custo, mas perde no benefício até para as secundárias (a Corona Extra, acima, se sai melhor), mas pode (e deve) (re)conquistar adeptos. Porém, antes, precisa verificar eventuais erros na produção, porque esse exemplar, por exemplo, vai para a pia. Impossível de beber.

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Balanço
Boa surpresa produzida pela a Cervejaria Germânia, a Amazônia consegue dar um pouco mais de personalidade e sabor a um estilo extremamente popular (e próximo de água de gás). Uma boa surpresa. A alemã Jever é outro nível, outra escola… e outro preço. Uma German Pilsener saborosa, aromática e refrescante, que consegue entregar todas as qualidades do estilo. Mas está bem acima do preço praticado no mercado (a conterrânea Bitburger Premium Beer é tão boa quanto, e custa menos). Ainda assim, bela cerveja. A Kirin Ichiban é uma Premium Lager caprichada, que teria tudo para competir de igual para igual com Heineken e Stella Artois não fosse o preço (com uma Kirin Ichiban você bebe duas Heineken/Stella). Dai fica difícil. Se o preço fosse similar ouso dizer que preferiria os japoneses de Itu. Importada do México, a Corona Extra é uma Pale Lager bastante simples que não compensa no custo / benefício. Fechando o quinteto com uma enorme decepção, Miller Genuine Draft totalmente defeituosa.

Amazônia Brazilian Beer
– Estilo: Premium American Lager
– Nacionalidade: Brasil
– Graduação alcoólica: 5%
– Nota: 2,71/5
– Preço no Brasil: R$ 3,50 por 250 ml

Jever Pilsener
– Estilo: German Pilsener
– Nacionalidade: Alemanha
– Graduação alcoólica: 4,9%
– Nota: 3,01/5
– Preço no Brasil: R$ 10,90 por 330 ml

Kirin Ichiban
– Estilo: Premium American Lager
– Nacionalidade: Japão
– Graduação alcoólica: 5%
– Nota: 2,61/5
– Preço no Brasil: R$ 5,50 por 330 ml

Corona Extra
– Estilo: Standart American Lager
– Nacionalidade: México
– Graduação alcoólica: 4,6%
– Nota: 2,01/5
– Preço no Brasil: R$ 5 por 355 ml

Miller Genuine Draft
– Estilo: Standart American Lager
– Nacionalidade: EUA
– Graduação alcoólica: 4,7%
– Nota: —–/5
– Preço no Brasil: R$ 3 por 355 ml

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Leia também
– Top 1001 Cervejas, por Marcelo Costa (aqui)
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