Três perguntas (latino): Masa

por Leonardo Vinhas

Auto-definidos como “um casamento entre Gorillaz e Charly García”, o duo Masa na verdade nasceu de uma união mais simples e menos grandiloquente: do encontro entre o engenheiro de som venezuelano Hector Castillo (que já trabalhou com Philip Glass, Ximena Sariñana, Aterciopelados, Björk, Ziggy Marley, John Legend e outros) com o músico e também produtor argentino Didi Gutman (fundador do Brazilian Girls e responsável por vários discos de Bebel Gilberto) em algum momento do verão de 2010 em Nova Iorque. Ambos associados à música pop “inteligente” (ou “cabeçuda”, ou “xarope”, ou “pretensiosa” – tudo depende do ponto de vista) e a certo apreço pela eletrônica, não seria uma surpresa tão grande saber que do encontro resultou uma banda.

Bem, quase isso. Como conta Gutman ao Scream & Yell, “Masa não é uma banda no sentido literal”. É, sim, um projeto de estúdio, com muitas possibilidades, as quais estão apenas insinuadas nos dois singles lançados até o momento. “Pinos” e “Teki Tek” são bem diferentes entre si, e sinalizam a amplitude sonora que, garante Gutman, encontraremos no EP “PinoTek” e no álbum de estreia ainda sem título da dupla, cujo lançamento deve acontecer, segundo ele, “nos próximos meses”.

O que já se pode escutar da banda é promissor, mas ainda não entrega a prole da ambiciosa união entre o argentino do bigode bicolor e a banda de Damon Albarn. Pode mais facilmente ser entendido como um pop esperto, moderno e essencialmente urbano, que pode pender tanto para o sombrio como para elegante. “Teki Tek”, uma insanidade visual que pode impactar quem ainda não se adequou à velocidade e à renderização imagética da era digital, estreia mundialmente neste 8 de julho, e chega em primeira mão ao Scream & Yell, acompanhado de dois remixes, um a cargo do DJ sírio Psychaleppo e outro pelo colombiano Julio Corral. Aproveitando a deixa, encaminhamos três perguntas a Didi Gutman para que ele contasse sobre o vídeo e os próximos passos do Masa.

De onde saiu o conceito para o vídeo de “Teki Tek”?
Esse vídeo é uma criação do artista venezuelano Victor Morales. Ele inventou um software que permite hackear videogames. O software tem uns algoritmos que fazem com que as imagens respondam a impulsos da música. Victor nos pediu que lhe déssemos pistas multitracks da canção, o resto é uma trip dele.

As duas canções que vocês lançaram até agora têm climas e influências bem diferentes uma da outra. Em “Pinos” dá para sentir claramente a herança da canção pop argentina, enquanto “Teki Tek” é muito mais… europeia, digamos. Em comum, só o fato de ambas serem bem urbanas. Essa variação de climas é algo que podemos esperar das outras faixas que virão?
Com toda a certeza. Temos gostos e interesses musicais bem variados, até mesmo opostos às vezes, e isso se reflete na música que fazemos. As músicas que iremos lançar provavelmente irão despistar a qualquer um que tente catalogá-las e colocá-las em uma caixa de sapatos.

A intenção é usar este formato de “duo de estúdio” para agregar os músicos com quem queiram trabalhar ou Masa é algo mais exclusivo para que vocês possam fazer o que bem entenderem sem interferências externas?
Masa não é uma banda no sentido literal, clássico. É bem mais uma entidade musical que nos permite compor, gravar, editar, produzir, remixar etc… É um outlet musical capitaneado por Hector Castillo e Didi Gutman, que facilita colaborações com músicos e artistas que vão se aliando a nós e se incorporando pelos caminhos que trilhamos.

– Leonardo Vinhas (@leovinhas) assina a seção Conexão Latina (aqui) no Scream & Yell.

Leia também:
– “Somos Todos Latinos”: músicos brasileiros gravam clássicos latinos. Baixe aqui

Três perguntas para:
– Lucas Vasconcellos: “Letuce não é um projeto com uma estética definida” (aqui)
– Lemoskine sobre o novo disco: “Os grooves são a base de tudo agora” (aqui)
– João Erbetta: “O Los Pirata não acabou. Seria legal reatar essa energia” (aqui)
– Aldan: “Viemos todos de classe média baixa. A adolescência não teve Savassi” (aqui)
– Jonathan Tadeu: “Não nos reconhecíamos em praticamente nenhum grupinho” (aqui)
– Dulce Quental: “A sensação é a de que vivemos uma enorme ficção coletiva” (aqui)
– João Marcelo Bôscoli: “Quando Pharrel é indicado a melhor cantor, algo está errado” (aqui)
– Gustavo Duarte: “Temos que criar o hábito de leitura no Brasil” (aqui)
– Far From Alaska: “São Paulo é tão diversa quanto controversa” (aqui)
– Lara Rossato: “Juntando pop e amor você entra mais fácil no coração” (aqui)

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.