Três perguntas: Lemoskine

por Marcelo Costa

“Eu sou o Rodrigo Lemos; um artista, compositor e produtor residente em Curitiba”, diz a apresentação em seu site oficial. Quem acompanha a trajetória musical de Rodrigo Lemos, aka Lemoskine, sabe que estas três atividades (artista, compositor e produtor) se desdobram em diversos projetos singulares que se iniciam lá atrás, na ótima Poléxia, um dos destaques especiais da cena curitibana da década passada.

A partir de lá somam-se aventuras com A Banda Mais Bonita da Cidade, Samira Winter, Ana Larousse, Michelle Pucci, Sabonetes até chegar ao, enfim, projeto solo, Lemoskine, primeiro com um EP em 2010 e depois com o álbum “Toda a Casa Crua” (2012), e que vira mais uma página de sua história hoje, com o lançamento do segundo single de “Pangea I Palace II”, álbum que já está disponível nos portais de streaming e no iTunes.

A faixa escolhida para ser liberada com exclusividade no Scream & Yell é “O Que Eles Têm?”, que, segundo Lemoskine, “pertence ao lado mais duro” do novo álbum, “sublinhando com guitarra fuzz os versos mais agressivos e mantendo o clima bem soturno com uma batida afro blues”. Ouça “O Que Eles Têm?” abaixo (e também “Pedra Furada”, o primeiro single), e prepare-se: vem ai o vinil.

Três anos se passaram desde “Toda a Casa Crua” (2012), seu primeiro disco, e nesse tempo você se envolveu com outras bandas, tocando e produzindo. Está chegando a hora de lançar “Pangea I Palace II”, seu segundo disco: o que quem acompanha seu trabalho pode esperar? Do que ouvi senti uma vibe bem orgânica…
É um gap e tanto, né? Três anos sem lançar meu som… Mas foi um tempo bem aproveitado com outros projetos. Acho que as pessoas entendem e, para minha sorte, têm prestado atenção ao processo todo. Ao contrário de “Toda a Casa Crua”, o novo repertório está bem menos confessional. O que me motivou dessa vez foi o ritmo. As canções foram surgindo a partir de ideias rítmicas… Os grooves são a base de tudo agora. Talvez, por conta disso, tenham lhe causado essa impressão “orgânica”.

Hoje estamos lançando “O Que Eles Têm?” para streaming no Scream & Yell, segunda faixa liberada do novo disco – a primeira foi “Pedra Furada”. Fale um pouco da construção dessas duas faixas. “O Que Eles Têm?”, por exemplo, traz uma conversa sampleada ali no começo, umas guitarras nervosas…
Escolhi as duas para serem singles porque representam bem a dualidade que está escancarada no álbum – a começar pelo título. A primeira, “Pedra Furada”, é bastante sensorial… Fala sobre cuidarmos uns dos outros, ao longo de um caminho cheio de desafios. Logo logo um vídeo dela estará no ar. Já essa nova faixa, que está sendo revelada em primeira mão pelo S&Y, pertence ao lado mais duro, em que o discurso fica mais sócio-político – ao meu modo. Há alguns anos, participei de um projeto em torno do cotidiano de catadoras de lixo reciclável, no município de Piraquara/PR… O sample que rola na abertura da faixa é um depoimento de uma dessas meninas. Ela comenta o preconceito que enfrentavam quando passavam a coleta em condomínios de luxo da cidade: “Querem colocar a gente bem longe, mas quando o lixo fica na frente de casa, incomoda eles…”. E a track segue nessa linha; sublinhando com guitarra fuzz os versos mais agressivos e mantendo o clima bem soturno com uma batida afro blues.

Como vai ser a estratégia de lançamento? Os dois singles ganharam versões em compacto lo-fi, um mimo muito bonito. Você gosta do formato? Pretende lançar em vinil? E online, as plataformas terão faixas bônus?
A masterização do disco já foi feita usando um gravador de rolo, então tudo aponta para a fabricação de um vinil do “Pangea I Palace II”. O compacto lo fi foi uma ideia que tive para ir apresentando os primeiros singles e antecipar minha intenção de finalizar o álbum em vinil… Mas, após um processo viabilizado com recurso próprio, tive que frear os gastos e lancei um crowdfunding para que o “sonho do LP próprio” seja possível até o final do ano. O álbum está nos principais serviços de streaming e para download em versão “deluxe” no iTunes. (incluindo uma faixa extra e um arquivo com arte, letras e créditos).

– Marcelo Costa (@screamyell) é editor do Scream & Yell e assina a Calmantes com Champagne.

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