HQs: Vingança, Casanova e Justiceiro

por Adriano Costa

“Vingança”, Joey Casey & Nick Dragotta (Panini Comics)
“Vingança” (“Vengeance”, no original) foi publicada nos EUA entre setembro de 2011 e fevereiro de 2012 em seis edições, sendo que aqui a Panini Comics lançou esse material em 2014 com 140 páginas num encadernado de capa dura. A minissérie nasceu de forma peculiar, pois a Marvel tinha seis capas produzidas primorosamente pelo artista Gabrielle Dell’Otto usando os vilões Magneto, Mercenário, Doutor Octopus, Loki, Caveira Vermelha e Doutor Destino, mas não sabia o que fazer com elas. Joey Casey (Vingadores) foi chamado para montar uma trama a partir dessas capas e convidou o habilidoso Nick Dragotta (Fundação Futuro) para cuidar da arte. O roteiro usa o conceito de uma recente Brigada Juvenil (criada nos anos 60) que se depara contra uma também jovem versão dos Mestres do Terror, com a inclusão de novos personagens no caminho e a inserção de veteranos como a Mulher-Hulk e o Falcão Noturno. Ambientada dentro do contexto geral do Universo Marvel da época, a narrativa usa a aventura com um humor meio cínico, explorando um teor consideravelmente mais adulto do que se está acostumado a ver (a classificação, por exemplo, é para 16 anos) e acaba divertindo sem maiores ambições, pois mesmo que tenha um argumento mediano, o desenvolvimento da trama acaba sendo confuso e a edição serve mais pelas cenas de ação do que pela história propriamente dita.

Nota: 6,0

“Casanova: Gula”, de Matt Fraction, Cris Peter & Fábio Moon (Panini Comics)
“Casanova: Gula” foi publicada aqui no Brasil no início de 2014 pela Panini Books com 164 páginas e capa dura e traz os desdobramentos do que foi visto em “Casanova: Luxúria”, juntando as edições originais de 8 a 14. Matt Fraction continua no comando do roteiro e as cores são novamente de responsabilidade da talentosa Cris Peter, mas a arte desse arco de histórias passa de Gabriel Bá para seu irmão gêmeo Fábio Moon, que opta em manter, basicamente, o mesmo estilo, o que significa um alto nível de qualidade. Dessa vez, Casanova Quinn, uma mistura de espião com um bocado de outras coisas, está perdido, mas não em um lugar e sim em um tempo, o que resulta na pergunta “Quando ele estará?”. Essa é a deixa para Matt Fraction deslanchar a narrativa amalucada e anárquica com ciência, sexo, ação, humor corrosivo e muitas referências. Na leitura há referências ao Strokes aqui, a Francis Ford Coppola acolá, passando por Thomas Pynchon, Apples In Stereo e Beatles. O Casanova em si praticamente quase não aparece – seu pai e irmã comandam essa edição ao lado dos vilões e de novos personagens tão estranhos e surreais como os já conhecidos. “Casanova: Gula” mantém o padrão da série e é uma leitura divertidíssima, onde a estética continua sendo superior aos argumentos.

Nota: 7,5

“Justiceiro MAX: Mercenário”, de Jason Aaron & Steve Dillon (Panini Comics)
A Marvel tem uma linha editorial chamada MAX, onde o conteúdo é liberado para incursões de quase toda estirpe, inclusive explícitas. Frank Castle, mais conhecido como Justiceiro, é um dos personagens mais importantes desse espaço e a Panini Comics colocou no mercado no início de 2015 mais um volume encadernado estrelado por ele. “Justiceiro MAX: Mercenário” reúne as edições de “Punisher Max” de 6 a 11 lançadas originalmente entre junho de 2010 e maio de 2011 lá fora e vem suceder o álbum anterior que trazia os cinco primeiros exemplares e mostrava a ascensão do Rei do Crime ao poder. Ainda parte integrante da excelente fase comandada pela dupla Jason Aaron (Wolverine) e Steve Dillon (da magistral “Preacher”), esse novo arco de histórias supera o começo da jornada e insere o Mercenário no caminho do Justiceiro, com o Rei do Crime como coadjuvante. O Mercenário aparece aqui mais insano do que nunca visto, usando e abusando da violência gratuita a fim de entender o Justiceiro, enquanto o persegue e desmorona toda a sua rede de segurança colocando inclusive a polícia em seu encalço. Com um roteiro básico, porém inteligente, aliado a diálogos eficientes, caminhos narrativos interessantes e uma arte extremamente habilidosa, “Justiceiro MAX: Mercenário” se configura em uma ótima pedida para fãs da nona arte.

Nota: 8,5

– Adriano Mello Costa (siga @coisapop no Twitter) e assina o blog de cultura Coisa Pop

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