Entrevista: O Bardo e o Banjo

por Paulo Pontes

Uma mistura de bluegrass, música tradicional irlandesa e norte-americana tocada com instrumentos inusitados. Assim pode ser definido o som praticado pelo Bardo e o Banjo, quarteto paulista formado em 2012, e que lançou em novembro do ano passado seu primeiro disco, ”Homepath”.

Formada por Wagner Creoruska (banjo, percussão, vocais), Markus Zambelo (mandolin, vocais, sapateado), Antonio de Souza (fiddle) e Maurício Pilcsuk (baixo, vocais), a banda tem se apresentado em várias regiões do país, em shows que contam também com releituras de clássicos do rock (de Beatles a Black Sabbath) em versões bluegrass.

“Sempre fui muito fã de uma banda chama Hayseed Dixie e eles fazem exatamente isso: versões bluegrass de clássicos do rock”, conta o fundador Wagner Creoruska, que lista suas influências e diz andar ouvindo muito Old & In The Way, banda dos anos 70 com Jerry Garcia, Peter Rowan e David Grisman. “É simplesmente maravilhoso ouvir esses caras tocarem”, diz.

No papo abaixo, Wagner fala sobre a trajetória, a música e os desafios do Bardo e o Banjo.

Conte um pouca da história do “O Bardo e O Banjo”. Como surgiu a banda?
O Bardo e o Banjo nasceu da ideia de tocar bluegrass e música tradicional norte-americana pelas ruas de São Paulo. Em 2012 eu comecei sozinho a me aventurar nesse estilo de vida “músico de rua” e foi a partir dessa experiência e dos frutos dela que o Bardo e o Banjo chegou hoje a ser uma banda. Do projeto solo (bardo, eu, banjo, meu instrumento) comecei o duo com o violinista Antonio de Souza, depois um trio com Marcus Zambello e finalmente a banda que temos hoje com o Maurício Pilcsuk.

Vocês lançaram recentemente o ótimo disco “Homepath”. Como foi o processo de criação das canções do álbum?
Desde o lançamento do nosso primeiro EP em fevereiro de 2013 eu comecei a compor novas canções já pensando na gravação desse álbum. Todas as canções nele (tirando “Greasy Coat” e “Hangman’s Reel” que são temas tradicionais) foram compostas por mim em um processo bem natural, ao longo das experiências que fomos vivendo.

Alguns sons inusitados foram utilizados no disco, como por exemplo, colheres e sapateados. Poderia nos falar um pouco sobre os diferentes “instrumentos” utilizados no álbum e como foram gravados?
A ideia do álbum era exatamente poder incluir todos esses sons e elementos da cultura tradicional norte-americana. Além das colheres e sapateado trouxemos uma gaita, uma tin whistle e a presença do violão em quase todas as músicas. Essas participações levaram o álbum exatamente para onde nós queríamos, transformando ele numa experiência de imersão nessa cultura que exploramos. As gravações foram feitas no estúdio, normalmente, trouxemos pessoas que sabem tocar esses instrumentos, ou nós mesmo aprendemos a tocar e colocamos nas músicas.

A faixa “Music is My Business” trata de uma turnê da banda que aconteceria este ano pelos EUA, mas que foi cancelada. O que aconteceu?
Tínhamos uma tour de 1 mês pelos EUA. Começaria em um festival em Indiana, passando por Oklahoma e depois Kentucky. Infelizmente fomos barrados na imigração por não temos os vistos apropriados para a entrada no país. Ficamos presos em Chicago e quando voltamos compus essa música que fala um pouco dessa experiência.

Quais são suas músicas favoritas de “Homepath”?
Eu gosto de todas, mas tenho um carinho muito especial por “You Need Some Hope” e “Go Away”.

Vamos falar de influências. Quais são as maiores da banda?
Bill Monroe, Old & in The Way, várias outras bandas de bluegrass e country como Johnny Cash, Charlie Daniels Band. Além disso somos todos muito fãs de rock clássico e metal. Tudo isso acaba influenciando bastante no som.

Vocês já gravaram algumas versões bluegrass de clássicos do rock, que vão de Beatles à Black Sabbath. Como surgiu a ideia de realizar tais versões?
Sempre fui muito fã de uma banda chama Hayseed Dixie e eles fazem exatamente isso: versões bluegrass de clássicos do rock. Para tocar em pubs e outros lugares a gente começou a incluir esses sons no repertório e têm sido realmente muito bom, as pessoas podem cantar junto e ficam curiosas com as versões de músicas já conhecidas.

Imagino que a banda enfrenta algumas dificuldades por praticar um som pouco convencional em nosso país. Quais são os maiores obstáculos que O Bardo e O Banjo precisa enfrentar?
Nosso maior obstáculo não chega a ser exatamente um obstáculo, mas sim um desafio, de manter sempre uma boa qualidade nas apresentações e fazer um show que sempre transmita essa nossa vivencia com a música tradicional que estamos tendo no dia a dia. Com o Bardo e o Banjo eu não tenho realmente do que reclamar, o público sempre foi maravilhoso e receptivo, não precisamos de muito para fazer nosso som (todos os instrumentos são acústicos e fáceis de lidar) e temos a oportunidade de trabalhar com pessoas incríveis que somam muito mais ao time. Não almejamos o “mainstream” e essa coisas, então nosso obstáculo principal é conseguir continuar vivendo disso que fazemos e amamos.

Que bandas ou artistas você tem escutado? Existe algo novo que vem chamando sua atenção?
Não de novo, mas de velho! hehehe Estou ouvindo bastante uma banda chamada “Old & In The Way” formada na década de 70 com grandes nomes como o Jerry Garcia, Peter Rowan e David Grisman. É uma banda de bluegrass e é simplesmente maravilhoso ouvir esses caras tocarem.

Quais são os planos e expectativas que a banda tem para o ano de 2015?
Queremos levar o show e nosso novo álbum a todos os estados brasileiros, viajar pelo pais e ter a oportunidade de levar nosso som a novas pessoas. Sejam em shows ou tocando na rua mesmo, esse é nosso principal objetivo esse ano!

– Paulo Pontes é colaborador do Whiplash e assina a Kontratak Kultural

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