Três perguntas: Verônica Ferriani

por Marcelo Costa

A cantautora ribeirão-pretana Verônica Ferriani estreou oficialmente em 2009 com dois discos de interprete: “Verônica Ferriani”, que reunia composições de Gonzaguinha, Marcos Valle e Paulo Sérgio Valle, Paulinho da Viola e Assis Valente; e “Sobre Palavras”, disco dividido com Chico Saraiva, com composições inéditas dele.

O primeiro disco totalmente autoral surgiu em 2013: “Porque A Boca Fala Aquilo do que o Coração tá Cheio” (download gratuito no site oficial da cantora) traz Marcelo Cabral e Gustavo Ruiz na produção e, respectivamente, no contrabaixo e na guitarra. Ainda participam do álbum Guilherme Held, Regis Damasceno, Pepe Cisneros e Mauricio Takara.

Em seu novo single e clipe, “Varre e Sai” (download aqui), Veronica resgata uma parceria de Romulo Fróes, Clima e Nuno Ramos, e está presente no álbum “Um Labirinto Em Cada Pé” (2011), de Romulo. Segundo Veronica, a canção ganhou um arranjo num “formato samba punk ou samba industrial”, e já vem sendo executada ao vivo pela banda.

Abaixo você confere o clipe de “Varre e Sai” e Verônica ainda fala do projeto Novas Vozes do Brasil, que a levou para diversos países, e opina sobre o mercado musical na atualidade. “Existe público para nosso trabalho e não é pouco”, ela avisa. Com vocês, Verônica Ferriani.

No disco “Porque A Boca Fala Aquilo do que o Coração tá Cheio” todas as composições são suas. Como é para você interpretar uma canção de Nuno, Clima e Romulo? Como surgiu essa oportunidade?
Esse registro é uma volta a meu papel de intérprete. Venho de uma história muito próxima ao samba e este, que o Romulo apresenta como um afrosamba, me chamou especial atenção em seu disco “Um Labirinto Em Cada Pé” (2011). “Varre e Sai” é o nome da cidade natal de Baden Powell, daí partiu a letra do Nuno e Clima. Pensava em gravá-lo neste meu último disco, mas tinha muitas canções prontas e bastante conectadas entre si, por isso (Marcelo) Cabral, Gustavo (Ruiz) e eu escolhemos o caminho do disco totalmente autoral. A temática de “Varre e Sai” conversa perfeitamente com meu disco e logo ela entrou no show, arranjada em conjunto pela banda, num formato “samba punk” ou “samba industrial” que nos instigou a registrá-la agora. Minha vontade maior é essa, não deixar de gravar os compositores de minha geração, juntando a eles minhas canções.

Como foi a experiência de se apresentar na Colômbia, Portugal, Espanha, Rússia e Japão pelo projeto Novas Vozes do Brasil?
A cada lugar temos uma experiência diferente, sempre inesquecíveis. Este projeto é valioso principalmente por apresentar o que está sendo feito no Brasil atual, por essa geração tão produtiva e criativa. Nossa música é reconhecidamente uma das mais respeitadas do mundo, por isso correria o risco de ser reapresentada à exaustão no formato que a consagrou. Ser escolhida pra representar o Brasil levando novas canções, em ótimas condições de divulgação, público e estrutura, em palcos como a Casa da Musica, no Porto, e o Palau de la Musica Catalana, em Barcelona, graças ao apoio do Itamaraty e das Embaixadas do Brasil lá fora, é um presente a essa música pela qual lutamos. No fim do mês iremos a Israel, ansiosos já.

Como você se sente integrando este cenário da nova música brasileira, repleto de artistas excelentes, mas que não conseguem tanto espaço em rádio? Tocar em rádio é importante?
Por sermos uma geração independente e pouco ligada a fórmulas comerciais, realmente há pouco espaço para nossas experimentações nas rádios. Por outro lado, existe público para nosso trabalho e não é pouco. Mas é claro que sentimos falta deste veículo para ampliá-lo. Ao mesmo tempo, temos cada vez mais canais na internet, como o Rdio, Spotify, Deezer, Youtube, Soundcloud, entre outros, em que o ouvinte escolhe o que ouvir. E um público a fim de fugir do apelo, do óbvio. O maior dano dessa repetição à exaustão de algumas poucas canções e estilos musicais na maioria das rádios, baseadas em audiência e portanto em potencial de apelo, é a dificuldade que o público vai criando em reconhecer outras referências como sendo suas. Vai-se restringindo o papel cultural amplo e diversificado da música, para além do entretenimento. E obviamente já se sente o impacto disso.

– Marcelo Costa (@screamyell) é editor do Scream & Yell e assina a Calmantes com Champagne

Três perguntas para:
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– Juliana R: “Projetos de versões me ajudaram a crescer enquanto intérprete? (aqui)
– Selton: “Não sabemos dizer exatamente para onde vai o nosso som? (aqui)
– Nevilton: “Ficamos muito felizes com a boa recepção do “Sacode!”? (aqui)
– Gustavo Galo: “Apesar do disco levar o meu nome, “ASA” é coletivo? (aqui)
– Erika Martins: “Modinhas” é  uma volta as minhas origens portuguesas (aqui)
– Will Prestes: “O WAHGEE nasceu móvel e completo? (aqui)
– Jair Naves: “Dessa vez quero tentar algo diferente? (aqui)
– Giallos: “Não precisa baixar as calças pra fazer um disco” (aqui)
– The Baggios: “Se você ouvir nossas musicas irá notar Alceu, Raul Seixas…” (aqui)

One thought on “Três perguntas: Verônica Ferriani

  1. Samba, punk, industrial. Você lê isso e pensa em pretensão, mas ao ouvir vê que entregam isso mesmo. Há um movimento paulista com essa sonoridade torta que pareci vir de Tom Zé e é radicalizada pelo Passo Torto e Metá Metá. Pena que não chega nas ondas mais amplas.

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