Entrevista Deezer: Banda do Mar

por Marcelo Costa

Marcelo Camelo e Mallu Magalhães estão felizes. Uma rápida audição de “Banda do Mar”, álbum de estreia do projeto que leva o mesmo nome e une o casal ao baterista e produtor português Fred Ferreira, deixa claro esse sentimento, mas os três não escondem a felicidade, como pode ser notado nesta entrevista, feita por e-mail com apoio da Deezer Brasil, em que cada um dos integrantes respondeu a perguntas do Scream & Yell ressaltando a alegria do encontro, da amizade.

“Estamos felizes com o que criamos juntos”, diz Marcelo Camelo. “O que eu destaco é a parceria em si, a amizade”, explica Fred Ferreira. “A influência para o disco acabou sendo mais o que estávamos vivendo: a gente estava feliz com que estava acontecendo em nossas vidas”, revela Mallu. Tanta alegria surge traduzida em um disco deliciosamente pop, assobiável, sem frescuras ou dificuldades, apenas inspiradas canções pop rock para embalar amizades seja no Barreiro, seja em Maceió, seja em Lisboa, seja no Rio.

Camelo conheceu Fred Ferreira, baterista do Orelha Negra, Buraka Som Sistema, A Miúda e 5-30, em uma das passagens do Los Hermanos por Lisboa, ainda quando a banda estava na ativa. A amizade se fortaleceu com a mudança de Marcelo e Mallu para Portugal, em 2013, e passou com louros pela prova do estúdio após a dupla assinar a produção de “Vazio Tropical”, belo disco de Wado lançado em 2013 (Fred se aproximou de outros brasileiros lançando no primeiro semestre um projeto com Wado, Momo e Cícero chamado O Clube – baixe aqui).

Se no Brasil, Mallu e Marcelo eram foco de uma imprensa sensacionalista (que acredita que Caetano estacionar um carro “é” notícia) que não os deixava em paz, a mudança para Portugal parece ter aberto um horizonte idílico para o casal, que passou a andar na rua e viver a cidade como qualquer pessoa, e essa liberdade surge refletida num disco com várias boas canções de potencial radiofônico, algo que Camelo (responsável por sete das 12 canções do álbum; Mallu assina as outras cinco) não produzia desde “Ventura” (2003), terceiro disco dos Hermanos.

Abaixo, o trio fala um pouco sobre o disco, sobre Portugal, sobre amizade e sobre palco – a Banda do Mar se apresenta no Circo Voador, no Rio, dia 11/10, e em São Paulo, no Audio, dia 31/10. “Em 2014 vamos focar no Brasil e no ano que vem vamos fazer turnê em Portugal e em outros países”, adianta Fred Ferreira. A sensação que os três passam do projeto é de felicidade pura e simples, um item cada vez mais raro no mundo moderno. “Não importa quando, como, onde: somos o nosso próprio rei”, avisa Mallu no refrão de “Seja Como For”. Que o reinado e a felicidade perdurem.

MARCELO CAMELO
Marcelo, quando você começou a se interessar musicalmente por Portugal? Ou primeiro houve uma atração visual pelo país? Como Portugal tornou-se uma realidade para você?
Já faz algum tempo que conheço Portugal. Fui por conta de shows, depois fui a passeio, fui em diversas épocas do ano. Cada vez mais fui gostando do país, das cidades e construindo amizades ao longo desse período. A ideia de se mudar para lá não foi em busca de novidades e sim em busca do que a gente já conhecia.

Você e Fred produziram juntos “Vazio Tropical”, do Wado, e ouvindo o disco da Banda do Mar, senti que “Rosa” soa quase como um prenúncio da linha surf music que move boa parte deste novo álbum (e que não tinha aparecido tanto na sua carreira). Essa paixão é antiga? Como essa levada surgiu para você na hora de compor e arranjar as canções?
Para falar a verdade eu gosto de muitas coisas. Já trabalhei algumas delas, mas nesse projeto a ideia era também fazer o que não tínhamos feito antes. Portanto houve uma busca por novidades, novas influências, experimentos.

Em sua carreira solo, muita gente alegava que você vinha relutando em soar pop – como soava no Los Hermanos, como se protegesse numa redoma de vidro de certa euforia que acompanhou a carreira da banda. As suas canções na Banda do Mar recuperam essa veia assobiável (que, sim, surgiu em alguns momentos solo, mas parece desnudada, ou, sei lá, de bem com a vida neste novo projeto). Você está “de bem” com a música popular?
Nossa ideia geral era ter um disco de rock. Acho que o resultado ficou perto do pop e rock. Mas estamos felizes com o que criamos juntos. Cada projeto tem sua ideia e na Banda do Mar acabou refletindo muito o nosso estado de espírito, nossa felicidade.

O Scream & Yell vem acompanhando, através do repórter lisboeta Pedro Salgado, a movimentação da cena independente de Portugal. Você anda tendo contato com essa nova cena? Ao menos nós estamos apaixonados por nomes como B Fachada, Os Pontos Negros e Samuel Úria, além de Deolinda (a lista é longa)….
Acompanho sim. Muito por conta da relação com o Fred, que já nos apresentou algumas bandas. Tem muita coisa boa por lá.

FRED FERREIRA
Fred, nós conhecemos um pouco do seu trabalho com o Orelha Negra e A Miúda (entre outros) além da produção em parceria com o Camelo do disco do Wado. Você vê alguma coisa desses projetos representados de alguma forma na Banda do Mar? Ou tudo é novo?
Há coisas sim. Acredito que tudo o que fazemos, todos os outros projetos em paralelo, são forças que se somam. Tudo é parte.

Como foi trabalhar com Marcelo Camelo e Mallu Magalhães em estúdio? O que você destaca desta nova parceria?
É muito fácil trabalhar com eles. Eles são parte da minha família. O que eu destaco é a parceria em si, a amizade.

Meses antes de vocês anunciarem a Banda do Mar, você lançou um projeto interessantíssimo com outros músicos brasileiros (Wado, Cícero, Momo), O Clube. Como foi essa experiência e, principalmente, há alguma conexão do Clube com a Banda do Mar?
A experiência foi demasiadamente boa. Trabalhar com amigos é bom. Como havia dito, a experiência que conseguimos com outros projetos acabam adicionando e nos formando.

Como serão os shows da turnê? Apenas Banda do Mar ou os fãs podem esperar coisas solo de Marcelo, Mallu e do Orelha Negra e Los Hermanos adaptadas à banda?
Estamos concentrados apenas na Banda do Mar, nas músicas do CD. Queremos fazer o melhor show para o público. Este é nosso foco. Em 2014 vamos focar no Brasil e no ano que vem vamos fazer turnê em Portugal e em outros países.

MALLU MAGALHÃES
Mallu, a sua parceria com o Marcelo evoluiu calmamente de uma canção (“Janta”), a produção de um álbum (o seu “Pitanga”) e, agora, um projeto conjunto, a Banda do Mar. Como você analisa a influencia do Marcelo no seu modo de olhar a música nesse tempo percorrido juntos?
Eu e o Marcelo dividimos muita coisa, e pra gente é natural falar sobre música. A gente busca preservar autenticidade e individualidade de cada um, mas a convivência traz novidades, conhecimento. Acabou sendo um processo natural cada fase que fomos passando.

Uma das coisas que me chamou bastaste a atenção na audição das suas canções no disco foi uma pegada que me remeteu a Rita Lee & Tutti Frutti. Você se sente influenciada por ela, ou sou eu que motivado pelo som das guitarras e da sua foto daquele ensaio em que você representava a capa do “Fruto Proibido”?
Muitas pessoas estão me confundindo com a capa do disco, mas não sou eu rsrs É um retrato da fotógrafa Bruna Valente, a modelo é a Camilla Baldin. Gosto do trabalho da Rita Lee. Mas a influência para o disco acabou sendo mais o que estávamos vivendo. A gente estava feliz com que estava acontecendo em nossas vidas. Então isso acabou dando esse resultado mais ensolarado, comunicativo que o disco tem.

Como surgiu a ideia e como foi a gravação do clipe de “Mais Ninguém”?
Durante um jantar Marcelo colocou o vídeo do Fezinho, ele já conhecia o trabalho dele. E ao assistir o vídeo junto com a música “Mais Ninguém”, todos tiveram a certeza de que esse seria o clipe perfeito. Fezinho foi incrível. Muito receptivo e foi muito divertido tentar dançar como ele. Ele acabou gravando no Brasil, e nós em Portugal.

Essa mudança para Portugal influenciou em sua maneira de ouvir o mundo e criar música? Afinal a São Paulo (barulhenta?) que você cresceu deu lugar a outra paisagem. Essa paisagem influenciou no disco?
O ambiente acaba influenciando. Com certeza o que estava vivendo, de estar morando em outro país, viajando, com o Marcelo, traz uma influência na hora de criar e sentir a música.

– Marcelo Costa (@screamyell) é editor do Scream & Yell e assina a Calmantes com Champagne

Leia também:
– Projeto Visto I: artistas brasileiros gravam portugueses, e vice-versa. Baixe grátis
– Entrevista: Mel do Monte e Fred Ferreira falam sobre o projeto A Miúda (aqui)
– Wado: “Vazio Tropical” são as minhas canções, com a roupa do Camelo (aqui)
– “Pitanga” é o primeiro passo de Mallu Magalhães em direção a algo (aqui)

11 thoughts on “Entrevista Deezer: Banda do Mar

  1. Ouvi o disco ontem.
    Mais uma porcaria assinada por Marcelo Camelo, incrível.
    Aliás, dá para perceber claramente neste disco a limitação musical do mesmo, tanto em relação às letras, quanto em relação às melodias, que em grande parte remetem a canções da carreira solo do mesmo.
    Incrível ver um artista pretensamente potencial acabar assim.
    Infelizmente aí já deu o que tinha que dar.
    Um adendo: tanto a carreira solo, quanto a postura do Amarante detonam tudo que o Camelo fez depois dos Los Hermanos.

  2. Não consegui terminar de ouvir uma única maçaroca sonora dessa banda. Todas o maior picolé de chuchu musical que já ouvi. Será que é isso que eu necessitoah !?!?!?!?!?!?!?!?!?!?!?!?!?

  3. Eu achei muito foda o disco.A volta pop de Marcelo Camelo desde Ventura,como disseram.E isso é muito saudavel,com certeza.As canções são deliciosas,de fato.Várias das 12 musicas são candidatas a hit,e isso também é saudável dessa mudança de ares pros dois(Camelo e Mallu Magalhães).Enfim,é um dos discos do ano,opinião minha.

  4. Lixo. Marcelo Camelo é um piada. E essa mulherzinha dele enche o saco com essa voz de taquara rachada.

  5. Cara, que respostas ridículas essas, principalmente as do Marcelo Camelo. Chega a parecer desrespeito pelo trabalho do jornalista, ou pode ser só preguiça mental mesmo. Inaceitável que um sujeito capaz de respostas tão rasas, formulaicas, anódinas, seja considerado um luminar intelectual. Cadê o engajamento, a inquietude, o posicionamento do artista diante das questões que lhe são colocadas? Esse cara parece ter um compromisso firmado com a nulidade, vai passar a vida tentando se desculpar por ter feito discos relevantes com o Los Hermanos.

  6. Quando ouvi esse disco me veio na hora uma idéia de Double Fantasy, tem uma Yoko ali estragando a parada…

    O disco tem uma sonoridade bacana, apesar de não ser isso tudo. Os discos solo dele estavam mais interessantes.

    E desde o Los Hermanos ele anda com preguiça de fazer letras, tem poucas realmente legais desde então.

    Mallu, Mallu…fraquinha que só vendo.

  7. “um disco deliciosamente pop, assobiável, sem frescuras ou dificuldades, apenas inspiradas canções pop ROCK” Pô, Marcelo, queima o filme não! o disco é uma falcatrua sem precedentes na carreira dos dois… todas as músicas são harmonias requentadas com letras imbecis. Esses dois já estão há anos marketizando as próprias vidas e isso é só deprimente. Nosso “novo chico Buarque” apenas provou que o lance dele sempre foi mercado e nenhum compromisso real com a música brasileira… pagou tanto de intelectual, mas não conseguiu virar UMA década com postura correspondente. Chico é chico há 50 anos, a farsa do camelo durou três discos, cinco anos e se não fosse o Weezer e os Novos Baianos, nem o Bloco do eu sozinho colaria…

  8. realmente parecem felizes.
    a felicidade talvez atrapalhe o processo criativo.
    as maiores obras GERALMENTE vêm das fossas, dores de cotovelo, insatisfações…
    disco bosta.

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