Entrevista: Tusq retorna ao Brasil

por Marcelo Costa

Em 2011 houve um período em que o Scream & Yell se juntou ao grande parceiro Urbanaque para promover festas, tentar levar algumas das coisas que ambos falavam em seus sites para a rua. Foram diversas festas na Casa Dissenso (que hoje já não existe mais) até que a coisa toda tomou uma proporção maior, e chegou ao Beco SP, na Augusta. Na primeira (de apenas duas) festa(s) que fizemos lá, tivemos o prazer de ter no palco o pessoal da Eletrofan e os alemães da Tusq, que estavam então lançando seu primeiro disco, “Patience Camp” (2010), e fizeram um baita show.

Três anos se passaram, e o Tusq retorna ao Brasil novamente (e finalmente), com disco novo na bagagem, “Hailuoto” (2013, lançado em vinil, digital e CD), para quatro shows na Virada Cultural Paulista, dias 24 de maio em Botucatu, 25 de maio em Jundiaí, 31 de maio em Mogi-Mirim e 01 de junho em Santa Bárbara D’Oeste. Mais maduros e menos influenciados por Franz Ferdinand (do que no álbum de estreia), “Hailuoto” exibe uma banda pop apaixonada por guitarras altas e estridentes, e tem tudo para render muito ao vivo – talvez mais alta do que naquele show bacana de 2011.

“Quando gravamos nosso primeiro álbum, ‘Patience Camp’, em 2010, não feito um único show sequer”, conta o guitarrista Timo Sauer, que relembra a tour brasileira de 2011 (que contou com sete shows) como “uma explosão”: “Nós não teríamos imaginado antes o quão entusiasmado as pessoas responderiam a nossa música”. Agora a banda retorna com a responsabilidade de impressionar não só àquelas pessoas que estavam nos shows de 2011, mas também conquistar novos fãs e mostrar o novo momento sonoro deste grupo de Hamburgo. Timo conta um pouco mais sobre a nova fase do Tusq e as expectativas para essa nova turnê brasileira.

Vocês lançaram “Hailuoto” em 2013, certo. Quais são as diferenças em relação ao álbum de estreia?
Quando gravamos nosso primeiro álbum, “Patience Camp”, em 2010, não tínhamos feito um único show sequer. Foi uma experiência emocionante para nós quando chegamos ao estúdio pela primeira vez. Já quando chegamos para gravar “Hailuoto”, tínhamos feitos muitos shows por todo o mundo e crescemos juntos como banda. Tivemos o nosso tempo para escrever o novo material e conseguimos intensificar a composição que tínhamos começado em nosso álbum de estreia. Quando nos sentimos prontos, fomos para uma ilha deserta no norte da Finlândia e passamos quatro semanas gravando com o nosso produtor Jürgen Hendlmeier. Foi um tempo maravilhoso lá.

Esta será a segunda vez para Tusq no Brasil. Quais são as lembranças da primeira turnê?
A nossa primeira turnê no Brasil foi uma explosão! Fizemos um monte de grandes shows e muitos novos amigos. Nós não teríamos imaginado antes o quão entusiasmado as pessoas responderiam a nossa música. Para nós é simplesmente fantástico poder viajar ao redor do mundo tocando nossas próprias músicas.

E agora, quais são as expectativas para esta segunda turnê?
Estamos muito honrados em ser convidados para tocar na Virada Cultural Paulista, que é um festival importante no estado de São Paulo. Estamos ansiosos para dividir o palco com as lendárias bandas brasileiras de rock e apresentar nossas novas músicas para o incrível público brasileiro.

(Obs: O Tusq vai tocar antes do Titãs (em Botucatu e Mogi-Mirim), Ultraje a Rigor (em Jundiaí) e Ira! (em Santa Bárbara D’oeste)

Uma curiosidade: como anda o cenário musical alemão hoje?
O mercado de música alemão é muito grande. Bandas de todo o mundo lançam seus álbuns aqui e fazem shows. Às vezes tenho a impressão de que a cena musical alemã está desaparecendo por trás de todas essas estrelas internacionais. Claro que o HipHop e a música eletrônica são bastante populares, e na cena indie-rock há algumas bandas bem sucedidas que cantam em alemão. Mas, em geral, é um grande problema, pois muitos clubes não dão oportunidade para bandas novas, que não tem muitas chances de fazer shows. Se você não vender você não vai ter uma chance, e isso é muito ruim.

Quais bandas alemãs que você recomenda para os brasileiros ouvir?
Há uma banda chamada The Notwist, que acaba de assinar com o grande selo-indie americano Sub Pop, para lançar seu novo álbum. Os caras estão aí faz muito tempo e são uma banda muito notável da cena indie alemã. Estou muito feliz por eles porque merecem a atenção internacional. Outras bandas que podemos recomendar são os nossos amigos da Herrenmagazin e Turbostaat. Também vale a pena conferir o Beatsteaks, de Berlim.

O Tusq excursionou com Eletrofan no Brasil e na Alemanha. Como foi a experiência?
Tocamos mais de 20 shows com o Eletrofan na América do Sul e Europa e nos tornamos bons amigos. Nós compartilhamos um monte de ótimas lembranças juntos. Foi uma experiência muito especial, porque mesmo vivendo a milhares de quilômetros de distância, a música é a cola que nos conecta. É ótimo ver como a música pode unir as pessoas.

E você chegou a conhecer outras bandas brasileiras?
Temos muitos amigos na região de São Paulo, como os caras do Nitrominds, que infelizmente se separaram no ano passado, mas os integrantes André e Lalo formaram uma nova banda chamada Statues On Fire. Nós gostamos também dos caras do Dead Fish. Também do Los Hermanos, que são uma grande banda. O seu terceiro álbum, “Ventura”, é um dos melhores álbuns brasileiros que conheço.

– Marcelo Costa (@screamyell) é editor do Scream & Yell e assina a Calmantes com Champagne

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