por Leonardo Vinhas
Todo festival tem um objetivo (ou ao menos uma justificativa) que vai além das metas financeiras. O do El Mapa de Todos, evento que reúne artistas de diversos gêneros musicais e países latino-americanos, é proporcionar a integração de nacionalidades e propostas musicais diferentes, tanto no palco como fora dele. Um objetivo tão abrangente quanto ousado, mas que foi plenamente obtido em sua quarta edição, que ocorreu mais uma vez no bar Opinião, e Porto Alegre.
A coisa toda começou de forma meio tímida no dia 26 de novembro, uma abafada terça-feira. Pouquíssimas pessoas testemunharam Ian Ramil, filho de Vitor, desfilar composições que lembram aquela MPB metida a cult do meio pro fim da década de 1990. Mesmo com a audiência limitada (afinal, eram 21 horas de uma terça), o moço, bonito que só, tinha fãs ardorosas pedindo por mais. Mas quem não estava nessa “frequência” viu apenas bons músicos incapazes de dizer claramente a que tinham vindo. Quando a química entre eles ameaçou esquentar, o tempo (rigorosamente controlado pela organização, garantindo a pontualidade dos shows) já havia acabado.
Um número maior de pessoas foi chegando, e pode presenciar o duo Las Acevedo, da República Dominicana, exibir uma proposta bem melhor resolvida. As irmãs gêmeas Cristabel (violão e voz) e Anabel (percussão e voz) têm três EPs gravados, cuja matéria-prima é um folk simples e fácil. Canções como “Reloj de Arena”, “Cena en la Terraza” e “Chaka Chaka” são agradáveis, e os sorrisos algo acanhados das meninas contribuem para seu carisma. Porém, a música delas padece do que o cartunista Caco Galhardo já se referiu como sendo o “fator Vila Madalena”: tudo é muito fofinho, bonitinho, legalzinho – mas, no final, tudo muito “inho” demais. E Anabel não ajudava, errando algumas deixas e cantando fora do tom, azedando a ideia de soar em duas vozes. Apesar disso, a despretensão ajudou a criar um clima descontraído, e em “Chaka Chaka” o duo conseguiu adesão do público, que bateu palmas e até cantarolou junto. “Ficou fofo?”, perguntou, em português, Anabel na penúltima música. Ficou, querida. Um pouco fofo demais, mas tudo bem.
Já os Acústicos e Valvulados sofrem por “excesso de carisma”. A ironia se justifica: o vocalista Rafael Malenotti insiste no nefasto hábito de introduzir cada música com um minidiscurso que termina com o nome da canção inserido em uma “frase de efeito” clichezaça, além de martelar o mesmo papo de “nóis é rock mesmo” típico de saudosista de boteco – expedientes aos que ele recorre desde sempre. Usando basicamente seus hits (cantados em quase uníssono por um Opinião já bastante cheio), a banda entrou em campo com o jogo ganho. Apesar de serem a terceira atração da noite, sua popularidade os tornava uma espécie de “segundo headliner” (tanto que houve quem fosse embora após a apresentação deles). Mas os maneirismos do vocalista e a insistência em dar um “verniz Rolling Stones” (alguns chamariam de cópia na cara dura) à cada tema, com o guitarrista Alexandre Móica beirando o caricato em sua imitação de Keith Richards, dificultava para quem não era fã se sentir atraído pelo show. A única canção nova apresentada – “Meio Doido e Vagabundo”, um xerox fuleiro de AC/DC – não ajudou muito. Uma pena, porque a banda já fez melhor no passado. Ou eu que tinha uma percepção diferente dez anos atrás? É mais provável que seja este último caso.
O uruguaio Max Capote veio na sequência e, em poucos minutos, colocou em prática uma lição valiosa, que os Acústicos teriam feito bem em ter em mente: rock’n roll é uma questão de porra-louquice. Max rasgou a garganta como um Wander Wildner possuído e encharcado de uísque (que ele entornava quase sem intervalo entre um copo e outro), fez sua “Culpable” soar como um hit muito aguardado, desceu do palco e cantou “Ana” (cover dos peruanos Los Saicos) em cima de uma mesa, entoou uma cumbia-rock fúnebre, jogou bolero no punk e fez ares de crooner estoico enquanto os músicos de sua banda desavergonhadamente se entregavam em um gestual de sex symbol de gafieira rocker. Com uma presença de palco que já foi testada no South by Southwest, Capote (“o nosso Eric Burdon”, anotei no bloco de notas, para minha própria surpresa) consegue fazer o público crer que o aparente escracho esconde uma enorme sinceridade. Ou vice-versa. Ele e seus companheiros fizeram um showzaço poderoso, do tipo que vira referência na vida de quem assistiu.
Parênteses pessoal: também foi durante o show dele que me dei conta que crítico de rock é a função menos cool do mundo. Nada mais patético que você estar parado no meio da plateia de uma grande apresentação de rock’n roll com um bloquinho de anotações na mão. Fecha parênteses.
Para fechar o primeiro dia, o Comunidade Nin-Jitsu era outro grupo que subiu ao palco com a vantagem de jogar em casa. Não só têm adoradores na cidade como também gravaram um DVD ao vivo neste mesmo Opinião. Estava fácil, portanto, mas diferente dos Acústicos, entraram com fome de palco e assim permaneceram durante todo o show. Mesmo quem (como eu) nunca gostou da banda, de seu visual ridículo ou de seu batidão, foi obrigado a reconhecer estar diante de uma banda que sabe claramente o que quer fazer, e faz muito bem-feito. Mano Changes (deputado estadual pelo PP, atualmente em seu segundo mandato, e com muitos quilos a mais) comandou um séquito aos pulos, com vários momentos de destaque: enxertou “Bonde do Sexo Anal” (dos inesquecíveis versos “Chatuba come cu e depois come xereca / ‘Ranca cabaço / É o bonde dos careca!”) no meio de “Merda de Bar”, trouxe Edu K ao palco, e também celebrou a presença do guitarrista Erick Endres (filho de 16 anos do também guitarrista Fredi) na banda. Aliás, toca bem, o guri. Enfim, um ótimo show – e frise-se que quem diz isso jamais apreciou a banda. E foi um prenúncio de que dias ainda melhores por vir.
A noite de quarta-feira começou com clima mais fresco (depois de uma providencial chuvinha breve), com mais gente na plateia e no palco (e eu sem meu bloquinho, porque a lição tinha sido aprendida). Os seis músicos do Esperando Rei Zula (banda de Brasília que “divide” integrantes com o Móveis Coloniais de Acaju e o Bois de Gerião) vão do dub à música de baile com a mesma excelência, repaginando um repertório que vai de Roberto Carlos a Villa-Lobos. O convidado Tonho Crocco, cantor do Ultramen, emprestou sua voz para uma boa versão de “As Curvas da Estrada de Santos”, mas a banda é forte mesmo no instrumental, capaz de convidar tanto à dança como à ”viagem”. Graves batendo fundo, trombone (tocado pela simpática Losha, já que o trombonista “oficial” Xande Bursztyn estava se recuperando de uma cirurgia) e sax dialogando com inspiração entre Skatalites e soul: elementos que foram essenciais para um grande show.
Na sequência, a mais poderosa experiência do festival. Os curitibanos ruído/mm costumam ser associados ao pós-rock, mas é mais justo dizer que seu show é “pós-vida” – afinal, o que você pode fazer depois de presenciar daquela intrincada e majestosa alternância entre silêncio, texturas delicadas e explosões épicas? Os acordes que saíam da guitarra de Ricardo Pill no começo da apresentação podiam até remeter ao Explosions In The Sky, mas logo a personalidade do quinteto se fez (oni)presente no Opinião. Foi um dos raríssimos casos em que se pode usar o verbo “mesmerizar” sem medo de soar ridículo. Porque foi isso que o ruído fez com os presentes: Fernando Rosa, organizador do El Mapa de Todos, permaneceu na frente do palco com um sorriso beatífico, interrompendo-o apenas para chamar minha atenção para a audiência emudecida e embasbacada atrás dele. Não se via ninguém mexendo em seus celulares ou mesmo disperso pela casa, admirando as belas paisagens e possibilidades. Ao final da segunda música, o guitarrista André Ramiro perguntou ao público: “vocês estão bem?”. Ele se referia puramente à experiência auditiva, mas a questão podia se aplicar ao sensorial e emocional. Teve até quem precisasse dar um tempo na área externa para processar o efeito que a música deles causa. A verdade é que muita droga boa não faz o que o ruído/mm faz.
O Frida, de Gravataí (RS), não estava nem de perto na mesma frequência, e isso até que foi bom, já que seria tarefa ingrata apresentar uma proposta musical na mesma intensidade. O pop rock da banda é sincero e bem-intencionado, mas você conhece o dito popular e já deve saber que, em música, boas intenções não bastam. As guitarras do quarteto têm seu charme, mas a falta de refrãos fortes (ou mesmo memorizáveis) e a insistência em terminar as músicas abruptamente dificultam que a banda cumpra sua proposta. O vocalista Sandro Silveira parecia estar dando tudo de si e até chorou no palco, emocionado com a ovação do público. Mas ainda falta muito para a Frida ganhar um destaque por seus méritos musicais.
Méritos esses que não faltam aos argentinos do Valle de Muñecas. As melodias da banda são bonitas, realçadas pelos arranjos que permitem que a voz solista do guitarrista e compositor Mariano Esain seja complementada pelos coros de seu irmão, o baterista Luciano. As influências da banda vão de Smiths a Wilco, com acenos ao pop dos Byrds (na empolgante “Dejadez”), e não faltam hits imediatos, como “Mil Formas de Estrellarme” e “La Soledad No Es Una Herida” (que fechou o show). A banda é afiada e acerta sempre que busca o power pop, mas ainda peca um pouco quando tenta ser mais climática. Felizmente, souberam dosar esses elementos para o lado que lhes é mais favorável. O público pode não ter reagido efusivamente (até porque não parece ser essa a intenção da banda), mas aprovou com aplausos animados.
Já o La Vela Puerca meio que reeditou a adoração que o Cuarteto de Nos havia suscitado na edição de 2012. “Meio que” porque desta vez os uruguaios e gaúchos que lotaram o Opinião eram ainda mais numerosos e ruidosos (e mais jovens também) que no ano anterior. Cantos de torcida (como é comum nos pagos charruas), bandeiras do Uruguai (e do Grêmio), camisetas da seleção Uruguaia, do Nacional e do Peñarol (e do Grêmio): reflexos de uma cultura que mistura a adoração futebolística à roqueira. E o octeto não desmereceu tanta demonstração de apreço: fizeram um autêntico show de estádio.
O Opinião poderia muito bem ter sido o Estádio Ferrocarril Oeste, em Buenos Aires, ou o Teatro de Verano, em Montevidéu (onde registraram as imagens que aparecem no DVD “Normalmente Anormal”). Foi o terceiro show da banda que presenciei, e nunca os tinha visto tão animados. O som baixo prejudicou um pouco as primeiras músicas (em “… y asi vivir” haviam quatro guitarras, e só se ouviam duas), mas logo as coisas se ajustaram e Rafael DiBello e Santi Butler estavam conferindo a grandiosidade que as composições merecem, em especial “Todo el Karma”. A apresentação primou pelo ataque mais urgente, com hits acelerados, punk de arena, e até faixas do primeiro disco, o algo esquecido “Deskarado” (1997). “Común Cangrejo” e “Pedro” foram cantadas por Cebolla em dueto com o chefe de palco da banda, Manolo Ferreiro (enquanto Enano, o vocalista principal, tomava o lugar de PP Canedo na bateria). O lado delicado da banda só apareceria na linda “Mi Semilla”, já que até a semiacústica “Zafar” incitou o pogo. O bis foi pedido ao som de cânticos e fortes pisões no mezanino. Uma versão de “Vuelan Palos” (outra de “Deskarado”) só com trompete e violão acendeu o coro de “vamo’ la vela de mi corazón” e a “seguidilla” final (“Por la Ciudad”, “El Viejo” e “El Profeta”) fez a casa transbordar de adrenalina. E pensar que “quinze anos atrás, o La Vela tinha tocado em Porto Alegre para dois uruguaios e dois bêbados”, como declarou ao microfone um comovido Fernando Rosa, antes do show começar. Ao final, a comoção era geral, tanto para o público como para a banda. Coisa linda.
Mantendo a tradição dos anos anteriores, a quinta-feira foi o dia de maior público, e já começou com uma plateia bastante concorrida para ver O Curinga, de Novo Hamburgo (RS). Uma estendida no jantar em companhia de vários amigos jornalistas e produtores atrasou a chegada ao Opinião, e perdi a banda. Mea culpa. “É pop”, disse, sem maiores detalhes e maiores empolgações, um colega que estava ali presente. Fica meu compromisso pessoal de vê-los na primeira oportunidade que surgir.
Entretanto, cheguei a tempo de presenciar toda a apresentação do Finlândia. Felizmente, pois o argentino Mauricio Candussi (acordeão, teclados e programações) e o brasileiro Raphael Evangelista (violoncelo) filtram huayno, candombe, milonga e outros ritmos (brasileiros, inclusive) por uma estética pessoal na qual a energia bruta da música folclórica é potencializada (e não contrastada) pela eletrônica. O resultado é extremamente dançante: viam-se casais e solteiros arriscando passos e requebros na pista, no bar e no mezanino. A voz de Victor Jara apareceu sampleada, mas mesmo antes disso o Finlândia já tinha ganhando o público, primeiro pela surpresa, depois pela energia contagiante.
Mesmo com a experiência dançante recém-ocorrida, Esteban Copete y Su Kinteto Pacífico precisaram superar a resistência da audiência, desacostumada com ritmos do Pacífico como aguabajo, currulao e outros. Aliás, abriram com “Torbellino”, cujo título é também um dos ritmos tocados pelos grandalhões colombianos. O “marimbeiro” Esteban desliza por seu instrumento trazendo o sol a pino e a brisa praiana do litoral colombiano, secundado pela banda de formação atípica (Jeferson Obando no baixo eletroacústico, Sergio Ramirez no bombo, Carlos Loboa nos cununos e Fernando Hurtado na voz e na guasa), Vencido o choque cultural, logo a pista próxima ao palco ficou lotada e em clima de festa. A competência técnica dos músicos era capaz de deixar muito jazzista boquiaberto, mas ela funciona a favor da música, e não da técnica pura e simples. Ao final, a sensação de “quero mais” era inevitável.
E o mais bonito é que na sequência vieram Los Mentas, provando que a tal “integração” não só é possível, como desejada. Ao vivo, os venezuelanos invertem a receita de seus discos: aqui, o rockabilly é apenas um ingrediente acrescentado à massa punk aparentemente anárquica, mas muito bem pensada e executada. Abrindo com a gravação do “hino” “Unidad Educativa Los Mentas” e explodindo em uma sequência de temas que pareciam hits, tamanha a resposta do público, que pogava e pulava sem parar. Depois de Finlândia e Kinteto Pacífico terem derrubado muitos preconceitos, um formato mais reconhecível tinha tudo para levar os presentes ao ponto de ebulição. E Los Mentas, que já haviam tocado na edição de 2011 do festival, sabiam que bastavam talento e competência para conseguir isso. Não se fizeram de rogados, e logo tinha espectador falando que fizeram o melhor show do festival.
Ao Ultramen coube a tarefa de encerrar a noite. Só que ao contrário do Comunidade Nin-Jitsu, o suingue anêmico da banda só convence os fãs locais. É ingrato apontar críticas a quem coloca gaúchas para dançar, mas é necessário fazê-lo: entre tentar honrar a herança de Tim Maia e brincar de ser O Rappa, o Ultramen consegue errar ambos os alvos. Tentei sinceramente encontrar méritos na apresentação por cinco músicas, mas depois me lembrei que a vida é curta e a “integração” pode acontecer por outras formas.
O saldo final dos três dias de festival foi amplo: além de ter cravado vários shows na memória cultural e afetiva de quem ali esteve (músico ou espectador), o El Mapa de Todos estreitou-se ainda mais a ponte que vem sendo criada pelos festivais independentes da América do Sul (com destaque para o uruguaio Contrapedal e o argentino Ciudad Emergente) e tornou possível uma aproximação entre as diferentes manifestações da riqueza musical (e não apenas roqueira) dos países representados. Uma “buenísima onda”, que ameaça ficar mais valorosa a cada edição.
– Leonardo Vinhas (@leovinhas) assina a seção Conexão Latina (aqui) no Scream & Yel
– Todas as fotos por Pedro Henrique Tesch
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Mr Vinhas, odeio ler reviews de shows, mas vc conseguiu me prender até o final com sua objetividade. Direto no ponto, sem elucubrações poéticas e filosóficas. Muy bueno, pibe!
Até que enfim um crítico de verdade surge em POA botando essas bandinhas de couvê no lugar delas, pq o resto é tudo xupasaco ou durango mesmo. Suingue sugado e sem sangue só engana quem não entende nada de música, chega de copiar e vai criar algo com VERDADE. Parabéns!
Ttexto cheio de bobagens e preconceitos.Nota-se uma grande tendencia em erguer a bola das bandas de fora .Parece critica do Régis Tadeu.Ou de quem nao viu todos os shows.Realmente nao é nada cool ficar no meio da galera de bloquinho na mao para criar um texto tao longo e equivocado.Analise aborrecida de critico que vai convidado a festival pra tomar cerveja e nao assiste todos os shows.Clichezaço.
Luis Carlos, o único show ao qual não assisti foi O Curinga – tentei o Ultramen até onde foi possível, só saí porque música não tem que ser sofrimento.
Mas só queria chamar sua atenção para duas coisas:
1) Apontei o ruido/mm (banda brasileira, caso não tenha notado) como o melhor show do festival;
2) Fui enfático ao dizer que meu gosto pessoal não impede uma avaliação adequada. Continuo não gostando da Comunidade Nin-Jitsu, mas o show deles foi excelente, e isso também está escrito no texto. Assim como gosto dos Acústicos e Valvulados e apontei que o show deles foi burocrático.
Assim como não “vi todos os shows”, você não leu todo o texto.
Belo texto! Estive lá no 2º dia e realmente o show do ruído/mm foi muito bom! Que o festival dure muitos e muitos anos!
excelente! sobre o ruído/mm, só digo uma coisa: eu já sabia!
E infelizmente La Vela Puerca não deu um pulinho aqui em SP.