Entrevista: Jota Quest

por Rodrigo Guidi

Gravado entre março e agosto deste ano no estúdio Minério de Ferro, em Belo Horizonte, “Funky Funky Boom Boom”, o novo disco de estúdio do Jota Quest, sétimo na carreira da banda, encerra uma pausa de cinco anos e tem co-produção dividida entre Adriano Cintra (ex-CSS) e o percussionista Pretinho da Serrinha (Seu Jorge), cada uma assinando duas faixas, e o norte-americano Jerry Barnes, conhecido por trabalhos com Chic e Aretha Franklin, responsável pelas outras 10 do álbum.

Somando 14 faixas inéditas, “Funky Funky Boom Boom” reafirma o groove como fio condutor dos mineiros em sua mistura peculiar de black music, pop e rock, e traz ainda colaborações da banda com o cantor (e ex-apresentador da MTv) China (na faixa “Realinhar”), Seu Jorge (em “Jota Quest convidou”) e participação do guitarrista Nile Rodgers, que tocou no Chic e trabalhou com nomes como Madonna, David Bowe, INXS e Daft Punk, tocando o instrumento no single “Mandou Bem”.

A capa reproduz a tela “Martini Miss”, de Mel Ramos, representante da pop art e contracultura norte-americana dos anos 60, que ganhou fama após começar a pintar pinups ao lado de logomarcas famosas (Blur e Rage Against the Machine já usaram obras da artista em discos). Em entrevista ao PLUG, parceiro do Scream & Yell, Márcio Buzelin, tecladista do Jota Quest, falou sobre o novo trabalho e sobre o prazer de ter a participação de Barnes e Rodgers num disco que marca uma volta às origens da banda.

Como surgiu o convite para o Jerry Barnes produzir o disco?
Houve um show em São Paulo em que tocamos ao lado do Chic, e ficamos no camarim deles. Não deixa de ser uma grande influência para a banda até hoje. Quando a banda começou, tínhamos uma pegada muito mais forte da disco e da black music. Aí a gente foi lá conhecer o Nile Rodgers. Nessa oportunidade, o PJ conversou com o (Jerry) Barnes, que é baixista (do Chic) e ficamos amigos. Quando começamos a sentir o momento de gravar um disco de inéditas, chamamos ele para poder participar do início do trabalho e houve uma afinidade muito grande entre a gente. Não só musicalmente, que é o mais importante, mas pessoalmente, que é tão importante quanto.

Como foi essa participação?
Começamos mostrando tudo o que tínhamos guardado. Já eram 15 músicas ao todo. A gente tinha alguns esboços. Aí ele adorou, apontou algumas. A gente não começou do zero porque tínhamos umas ideias. Tocamos juntos no estúdio e aí ficamos com essa pegada da banda ao vivo, com a coisa da disco, que é o início de nossa carreira.

É uma volta às origens?
Sem dúvida, tudo é muito cíclico. E essa veia do funk e da black music sempre esteve muito presente no Jota. Mas assim, assumidamente, no primeiro CD, e agora novamente ficou mais evidente, sem dúvida.

Deve ter sido um marco essa participação do Nile Rodgers?
Foi sensacional. Me lembro do início da banda, quando nem vocalista a gente tinha. Eu ficava gravando em cassete um programa de rádio chamado “Disco 98” e levava para o Marco Túlio ver as guitarras do Nile Rodgers e, de repente, está ele gravando conosco. E ele gravou muito espontaneamente, porque gostou, e isso é legal. O Jerry estava muito empolgado, assim como nós, e foi mostrar o trabalho que estávamos fazendo aqui no Brasil a ele, que geralmente gasta 20 minutos gravando cada música. Ele ficou duas horas tocando a nossa (“Mandou Bem”). Nosso videoclipe que vai sair agora e ficou divertido, com ele tocando guitarra e andando de patins.

Vocês estão com uma agenda de shows bastante cheia. Como está a aceitação do público?
Está sendo muito boa. Colocamos o nome de ensaios abertos, porque ainda não é a turnê nova, que estamos preparando. Logo em março, a gente sai com a turnê deste CD, mas já estamos inserindo algumas músicas novas para ver a reação do público. Está sendo bem mais interessante do que imaginávamos. A energia está tão boa! As músicas são muito dançantes e para cima. Ao vivo está tendo muito boa aceitação.

Como estão as vendas do disco?
Estamos nos adequando à realidade do mercado. Sempre fomos muito atentos a isso. É um aprendizado você lidar com o público e com tanta mudança que acontece. Essa interação com o público no ambiente virtual nos ajudou a ter um feedback do que está acontecendo. Claro que as vendas hoje são pouco representativas em relação ao início da banda em termos de números, mas isso não quer dizer que os shows estejam vazios ou que a banda está tocando menos na rádio. Os critérios mudaram muito.

O consumo de música mudou muito.
Completamente. A música não está sendo menos consumida, ela está sendo mais consumida de uma forma diferente e a gente tem que mudar a forma de entender, observar e interagir. Isso é um aprendizado muito grande para a gente. Colocamos as músicas no Deezer uma semana antes do lançamento do CD físico para as pessoas ouvirem o disco na íntegra e na época foram mais de 200 mil audições, o que é muito representativo e, por mais engraçado que seja, ajudou a venda.

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Rodrigo Guidi (@rodrigoguidi) é jornalista do caderno Plug, do jornal Gazeta de Limeira

Leia também:
– “La Plata”, sexto disco do Jota Quest, mantém a vibe em alta, por Marcelo Costa (aqui)

28 thoughts on “Entrevista: Jota Quest

  1. Não gostar de Jota Quest não implica na banda ser uma merda. Me desculpe marcos.
    Alguém consegue apontar uma banda nacional que faça esse mesmo som do Jota Quest e seja melhor ou mais bem sucedida que ela?
    A banda toca muito bem? Check.
    A banda tem ótima produção? Check.
    A banda sabe escrever hits? Check.
    A banda faz shows excelentes? Check.

    Alguém me aponte qual o problema deles então? A gente não gosta. Ponto. Assim como não gosto de frango cozido, beterraba, Pink Floyd, doces, Osasco ou carros da GM.

  2. Scream&Yell anda fazendo experiências sociais? hehe

    Anita, Jota Quest…hummm

    Agora Vinimzo, seus critérios para uma banda boa são esses? Se for, então você curte Ivete Sangalo ou sertanejos, né?

    A banda deles tocam bem. São musicos contratados.
    Tem superprodução.
    Só escrevem hits (se tem qualidade é outro papo. Bom…Passar Cerol na mão é hit…)
    Shows excelentes? hummmm…Você tem parâmetros comparativos?

    Ia até te convidar para almoçar um filé de frango com jiló, ouvir Yes em Pindamonhangaba num Fiat 147.

  3. pessoal precisando estudar um pouco sobre o que é pop. acho até que tem até um livrinho sobre isso. procurem.

  4. Samuel,
    Não sei de onde voce tirou (a partir do que escrevi) que gosto de jota Quest e por tabela poderia gostar de Ivete.
    Não gosto.
    Mas não gostar de uma banda não significa que ela seja ruim.
    O Jota Quest não está na estrada pra promover reflexão ou revolução. A banda está nessa pra divertir e tem feito isso muito bem. Assim como Anitta, Ivete e tantos outros.
    Peço desculpas se não consigo apontar pra algo que não gosto e dizer “mas que grande merda”.
    Há artistas verdadeiramente ruins? Sim. Mas jota quest ta bem longe disso.

  5. Mas posso ter o direito de não gostar nem um pouco? Respeitá-los como pessoas, mas não como artistas? Acho ruim mesmo. As letras são pueris demais. Prefiro Balão Mágico ou Trem da Alegria. Muito mais profundos.

    Abraços!

    PS.: Sugestão de pauta: Discografia comentado do Fresno ou NX Zero. Eu não gosto, mas tem gente que acha o máximo, oras. Ou Charlie Brown Jr., do maior poeta da nossa geração, Chorão, que deixa no chinelo esse tal de Lou Reed, que nem sei quem é.

    2+2=5
    Ignorância é força

  6. Não entendi Marcelo. Chamei vocês de ignorantes? Nem chamei o Jota Quest de merda. Só disse que na minha opinião é ruim, com letras até constrangedoras de fracas. Nem estou entrando no mérito de eles serem famosos e com sucesso comercial. Li a entrevista, muito boa por sinal e a atenção da banda com as mudanças de mercado, etc…Mas nada disso importa se a música não é boa (para mim). Parece até que eles deviam ser à prova de críticas….pelamor. Tá todo mundo de pá virada essa semana por aqui? Por mim tudo bem ter Anitas, Ivetes e Jota Quest por aí, mas também deviam ter tanta visibilidade quanto eles, gente como Vanguard, Nevilton, Apanhador Só, Ludov, Volver e centenas de muitos outros. Ou não?

    E porque ficou ofendido quanto às sugestões?

  7. J. Quest é uma banda pop de muita qualidade… Coldplay é pop… Madonna é pop… é tudo farinha do mesmo saco. Música para ouvir e esquecer. Não lembro o último disco que ouvi deles, mas me interessei por esse por causa do Nile Roger. Chic é classe demais…

  8. Vou dizer que eu achava J. Quest em começo de carreira bem legal, até mais ou menos a época de “oxigenio”, propaganda de fanta e tals (demérito nenhum o fato deles fazerem propaganda de refrigerante, é só pq é um referencial espaço temporal marcante).
    Mesmo não curtindo mais a banda, achei a entrevista maneira e a iniciativa de entrevistar artistas que não são exatamente o que o indiezinho tenis verde padrão gosta algo digno (prefiro mil vezes isso do que a lógica 89 fm de que só o que é rock presta – e isso tocando Creed e Hoobastank)

  9. Não adianta ter artistas de renome para tentar alavancar a banda se o vocalista tem a mesma pegada antiga e após tantos anos ainda continua com um vocal muito fraco.
    Parece uma tentativa desesperada de utilizar estes artistas apenas como “merchan” , tentando fazer o público esquecer que tanto o vocal quanto as músicas são fracas.
    Falta conteúdo nas letras, falta uma pegada mais original nas músicas, falta aquele “feeling pra coisa”, que, na minha opinião, Jota Quest não tem.

  10. e seguimos, firmes e fortes, rumo a total indigência e insignificância…
    se a música produzida no brasil é esta, melhor seria ser surdo! e, também, no caso, cego…

  11. Acho que o problema maior dessas bandas (fresno, jota quest, nxzero) é que falta uma certa “humildade”, já que são classificadas como “pop/ROCK”. Daí se a pessoa compara com uma Ivete Sangalo ou Anita, que são incontestavelmente populares, neguinho já acha que tá agredindo.
    Pessoalmente, nunca gostei da banda. Até os hits são fracos (e chaaaaatos). Sem contar a falta de personalidade e carisma.

  12. Tô quase colocando “Mandou Bem” no meu Top 5. E nem gosto da banda.
    Não é lindo perder os preconceitos?

  13. Bom!

    As músicas são boas? Eu não acho.
    As letras são boas? Pueris, ao extremo.
    Shows excelentes? Não vi, nem vou ver!

    Não tive preconceito. Ouvi o cd. Minha opinião? Uma verdadeira bosta, como sempre!

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