Três perguntas: Garotas Suecas

por Bruno Capelas

Três anos, várias excursões pelo exterior, um clipe com o dançarino Jacaré (do grupo É o Tchan) e um punhado de shows pelo Brasil separam os dois discos do Garotas Suecas. Depois de “Escaldante Banda”, de 2010, o grupo volta à baila com “Feras Míticas” (disponível para download gratuito), produzido pelo inglês Nick Graham Smith e com participações de Lurdez da Luz, Kid Congo Powers, do The Cramps, e Paulo Miklos, que cedeu ao grupo uma antiga canção censurada dos Titãs, “Charles Chacal”.

Depois do primeiro show de lançamento no Auditório Ibirapuera, no meio de setembro, o Garotas Suecas começa agora a divulgar o novo trabalho pelo país, começando a brincadeira com um show nesta sexta-feira, 11, às 23 horas, no Da Leoni (antigo Studio SP), no centro de São Paulo. Antes do show, o Scream & Yell mandou três perguntinhas rápidas para a banda e o guitarrista Tomaz Paoliello fala sobre “Feras Míticas”, deixar o groove de lado e cantar em inglês para ‘conquistar os gringos’. Chega mais.

Duas das principais novidades do “Feras Míticas” são a sonoridade mais calma, mais relaxada e menos dançante, e a democratização dos vocais – se antes o Guilherme Saldanha dominava as faixas, hoje quase todo mundo tem seu espaço pra cantar no disco. A que se devem essas decisões? O “Feras Míticas” mostra uma nova fase da banda?
Foram ideias que tivemos quando começamos a pensar o disco. Queríamos fazer um álbum que fosse legal de escutar muitas vezes e redescobrir em cada audição. Essas duas características são resultado dessa vontade. Acho que ele é menos dançante porque nos preocupamos em criar climas diferentes. E os vocais divididos são uma forma de dar voz aos personagens diferentes que estão representados em cada uma das faixas. Acho que mais do que uma nova fase, é o resultado de nossa segurança e capacidade de transformar as ideias em música.

A turnê de divulgação do “Escaldante Banda” teve vários shows no exterior, seja nos EUA ou na Europa. O disco novo, por sua vez, apresenta mais canções em inglês que seu anterior. Queria saber se, de alguma maneira, os dois fatos estão ligados, como se cantar em outra língua fosse uma meta ou uma influência da estrada.
Mais influência do que meta. Definitivamente não vamos cantar em inglês para “conquistar os gringos”. Com todos que trabalhamos e fãs que conversamos fora do Brasil, sempre ouvimos que uma das coisas mais legais da banda é o cantar em português. Mas sempre que fazemos turnês, mesmo pela Europa, a língua que usamos é o inglês. Isso faz com que grande parte do nosso convívio em banda tenha sido em inglês. De uma forma ou de outra, as letras dessas músicas em inglês são influenciadas por esses momentos de viagem.

Um dos destaques do disco é “Charles Chacal”, música dos Titãs que foi censurada nos anos 1980 e o Paulo Miklos cedeu à banda. Qual o significado de gravar uma música como essas, três décadas depois? Ela faz o mesmo sentido?
Acho que traz outros sentidos. O fato de podermos cantar essa música hoje já muda seu significado. Um dos temas fortes do disco é vida na cidade e a relação legal/ilegal. Foi por essa via que escolhemos essa música para compor o disco. É interessante que o terrorismo hoje se transformou, mas gostamos da ideia de transportar essa visão da época para a atualidade. Certamente faz pensar.

Bruno Capelas (@noacapelas) é jornalista, escreve para o Scream & Yell desde 2010 e assina o blog Pergunte ao Pop.

Três perguntas para:
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– André Mendes: “Eu queria agora era fazer um disco leve e minimalista. Está feito” (aqui)
– Gaía Passarelli e Chuck Hipolitho falam do canal Gato & Gata (aqui)
– Russell Slater, editor do site britânico Sounds and Colours (aqui)
– Pedro Veríssimo: “A Tom Bloch nunca acabou, como muita gente pensa” (aqui)
– Explosions In The Sky: “Acho que você disse a palavra principal: emoção” (aqui)
– Oy: “Senti que a música deveria crescer, tornar-se mais abrangente” (aqui)
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