Entrevista: Stephen Rebello

por Bruno Capelas

Você pode até não ter visto o filme, mas com certeza já assistiu à seguinte cena: uma loira toma banho em um chuveiro, enquanto sorrateiramente um estranho abre a porta do banheiro. A música incidental aparece indicando perigo e a mulher é brutalmente esfaqueada (embora mal se veja a faca), em cortes rápidos que se alternam entre mostrar seu sofrimento e seu sangue que se mistura à água que sai do chuveiro e desce pelo ralo.

A sequência acima é provavelmente a parte mais celebrada de “Psicose”, um dos grandes filmes do diretor inglês Alfred Hitchcock. Entretanto, vale dizer, há vários outros motivos para ter o filme lançado em 1960 e estrelado por Janet Leigh na mente. Um deles, por exemplo, trata-se do belo livro “Alfred Hitchcock e os bastidores de ‘Psicose’”. Escrito pelo norte-americano Stephen Rebello, o volume detalha com precisão e entusiasmo a rotina e os desafios do mestre do suspense durante a produção daquele que é possivelmente seu maior filme.

Publicado nos Estados Unidos em 1990, o trabalho de Rebello ganhou sobrevida em todo o mundo em 2012 por ter servido como base para o filme “Hitchcock”, e ganha edição brasileira via Editora Intrinseca (leia o primeiro capítulo aqui). O filme estreia no país no dia 1º de Março e conta com Anthony Hopkins no papel principal, Helen Mirren como Alma Reville, a mulher do diretor, e Scarlett Johansson vivendo Janet Leigh. Por ocasião deste lançamento, o escritor e jornalista, colaborador de publicações como a GQ, a Cosmopolitan e o Los Angeles Times bateu um papo com o Scream & Yell via email.

Nascido em uma família luso-americana de uma pequena cidade de Massachusetts, Rebello foi uma criança que sempre se interessou pelo mágico e pelo sobrenatural. “Eu poderia dizer que ‘Psicose’ foi o primeiro filme que vi que trazia tudo o que eu já curtia. Mas ele era mais que isso. Era adulto, e verdadeiramente assustador e misterioso”, conta ele. Após se formar em Literatura e Psicologia e trabalhar em Boston como terapeuta durante algumas temporadas, Rebello se mudou para a Califórnia para tentar começar uma carreira no jornalismo – e teve a sorte de conseguir que um de seus primeiros entrevistados fosse ninguém menos que Hitchcock, naquela que seria a última entrevista do diretor.

Anos depois, aquela conversa acenderia uma fagulha no escritor para que ele contasse a história de seu filme favorito: “Durante aquele tempo todo, percebi que toda a fascinante saga da criação de ‘Psicose’ e o que a película significava para a nossa cultura poderia ser perdido, a menos que alguém fosse atrás dessa história. Era um livro que eu queria ter lido. Então, no meio de outros projetos, arregacei as mangas e fui trabalhar”, explica.

Filmado por Hitchcock com baixo orçamento, uma vez de que se tratava de uma história cheia de elementos ousados (leia-se: um grande risco para os grandes estúdios por culpa da censura vigente no cinema norte-americano da época), “Psicose” é, conforme se descobre ao ler o livro de Rebello, uma aula de originalidade e de soluções criativas para o grande cinema.

Na entrevista a seguir, Stephen Rebello comenta algumas das principais lições dadas por Hitchcock na feitura de um de seus grandes clássicos, além de fazer considerações sobre a influência do diretor inglês no cinema de hoje e apontar seus herdeiros. “Hitchcock era único, mas posso dizer que David Fincher, Darren Aronofsky, Tomas Alfredson, David Cronenberg, Paul Thomas Anderson, e até mesmo os irmãos Coen foram os que mais me passaram a noção de terem aprendido algo com ele”, disserta.

O jornalista (e ex-colaborador da Disney) também conta detalhes do processo de pesquisa para escrever “Alfred Hitchcock e os Bastidores de Psicose”, além de avaliar recentes mudanças e processos na indústria cinematográfica dos dias de hoje. “Fico muito ansioso para ver o que as tecnologias a custo acessível e a explosão das redes sociais pode fazer pelo cinema. Antigamente, os meios de produção ficavam todos na mão dos grandes estúdios. Hoje eles estão na mão dos criadores”. Entretanto, o próprio Rebello faz uma ressalva: “Todo bom filme começa por um bom texto”.

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Como o senhor se interessou pela obra de Hitchcock? E por que decidiu estudar o momento dele durante as filmagens de “Psicose”?
Eu cresci sendo o filho único de uma família luso-americana em uma cidade trabalhadora na costa oriental dos Estados Unidos. Meus pais foram fantásticos em me apoiar na ideia de gostar de escrever histórias, programas de TV surreais, canções e shows de horror para as outras crianças da vila no nosso porão. Perto das outras crianças, eu era um lunático. Sempre me atraí pela arte outsider, especialmente quando havia nela algum componente de magia ou terror. Eu poderia dizer que “Psicose” foi o primeiro filme que eu vi que trazia todas essas coisas que eu já curtia, mas ele era mais que isso. Era adulto, e verdadeiramente assustador e misterioso. O assassino não era um fantasma ou alienígena, era alguém que poderia ter vivido na minha cidade. O filme também parecia e soava como nada que eu havia visto antes, ligando sexo e terror de um jeito que era alucinante. À medida que os anos passaram, eu percebi que toda a fascinante saga da criação de “Psicose” e o que a película significava para a nossa cultura poderia ser perdido a menos que alguém fosse atrás das pessoas que tinham participado desse projeto enquanto elas ainda estavam aqui para contar a história. Era um livro que eu queria ter lido. Então, no meio de outros projetos, arregacei as mangas e fui trabalhar. Pensei: “se não eu, então quem? Se não agora, então quanto?”.

Qual foi a parte mais difícil na pesquisa de “Alfred Hitchcock e os Bastidores de ‘Psicose’”? E a mais entusiasmante?
Eu me diverti muito cavando informações no meio de documentos históricos do diretor e da Paramount, entrevistando dúzias de homens e mulheres que trabalharam no filme com Hitchcock, dos atores até o designer gráfico que criou o icônico desenho do título do filme. Os aspectos mais frustrantes da pesquisa foram os buracos e as peças faltantes da documentação, os colaboradores que tinham morrido ou que eu não havia conseguido localizar. Posso citar que ouvir detalhes específicos do dia-a-dia das filmagens, ou achar fotos e notas detalhadas de valor inestimável fazendo a cena do chuveiro estão entre os momentos mais incríveis durante a pesquisa. Infelizmente, o estúdio detém o direito sobre esses arquivos, de maneira que foi impossível mostra-los no livro. Esses tesouros continuam lá, pegando poeira, em arquivos ainda não vistos pelo mundo.

O filme “Hitchcock” tem como foco o relacionamento pessoal entre o diretor e sua mulher, Alma. É algo bem diferente do que acontece no teu livro. O que o senhor pensa sobre isso?
Muitos escritores e diretores dizem que é preciso de um público para poder dizer a eles sobre o que uma peça, um livro ou um roteiro é sobre. Depois de publicar meu livro, comecei a falar com ainda mais pessoas que conheciam intimamente e trabalharam com o casal Hitchcock. Nesse sentido, a importância de Alma Reville para o trabalho e a psique de seu marido ficaram cada vez mais evidentes. “Alfred Hitchcock e os Bastidores de ‘Psicose’” é quase um documentário em forma de livro. É um livro de não-ficção, por certo, mas, por culpa de quem eu sou e de como eu trabalho, ele é escrito em um ritmo, uma linguagem e um nível de detalhamento próximos à de um romance, como disse um generoso crítico. Senti que uma versão filmada dele deveria ser ao mesmo tempo um documentário direto ou um filme dramático que usasse a produção de “Psicose” como pano de fundo. Os produtores do filme que se tornou “Hitchcock” são realizadores de cinema e TV, não documentaristas, portanto…

E como foi o teu envolvimento com a realização do longa-metragem?
Os produtores contrataram um roteirista para fazer um sem-número de rascunhos, para os quais fui consultado. Ryan Murphy [o criador de “Glee”] se juntou ao projeto em 2007 e 2008, e também foi contratado como roteirista. O filme que eu queria fazer deveria usar fatos históricos consolidados como um motor para uma grande história de amor entre o casal Hitchcock. Não é apenas uma história sobre como o relacionamento deles impactou a realização de “Psicose”, mas também como “Psicose” mudou a vida deles. Tudo era sobre diálogos inteligentes e linguagem que fizesse sentido para o fim dos anos 50. O que mais me interessava era ver as cenas entre os atores principais do filme (Vera Miles, Janet Leigh, Anthony Perkins) e o diretor, entre os chefões do estúdio, os censores e Hitchcock. Da pesquisa e das histórias que essas pessoas me contaram, eu me esforcei para criar momentos memoráveis entre Hitchcock e Alma. Certa vez, eu pude ver Alma sorrindo sozinha silenciosamente no canto do lobby de um teatro, enquanto Alfred era parte de um alvoroço causado pelos fãs e pela imprensa. Essa cena me inspirou a criar o desabafo honesto dela quando ela finalmente consegue por Hitchcock em seu lugar. Para falar bem a verdade, eu não estava tão interessado nas conversas imaginárias entre Hitchcock e Ed Gein [o assassino dos crimes que inspiraram o romance “Psicose”, de Robert Bloch], ou em nada que pudesse roubar tempo precioso da ideia de dramatizar os poderes de Hitchcock como cineasta, seus problemas como um ser humano qualquer, e como esses problemas surgiam à superfície enquanto ele filmava determinadas cenas em “Psicose”.

Em uma determinada parte do seu livro, o roteirista Joseph Stefano diz que Hitchcock não estava tentando começar uma nova carreira para ele a partir de “Psicose”, contrariando o que uma série de críticos e especialistas dizem. O que você pensa sobre isso?
Na minha visão , Alfred estava apenas fazendo “o próximo filme de Hitchcock”, mas, ao mesmo tempo, ele estava sempre tentando ampliar as fronteiras do que o público esperava dele. “Psicose” era uma tentativa corajosa – um engraçado, obscuro, perigoso e sórdido mashup de novelas, filmes noir, horror gótico, thriller psicológico e filmes de detetive. Pelo sim, pelo não, “Psicose” redefiniu sua imagem pública e recalibrou as expectativas da audiência de maneiras que Hitchcock nunca poderia ter previsto. Certamente, o gigante sucesso financeiro de “Psicose” permitiu que o diretor fosse ainda mais em frente com a fantasia de “Os Pássaros”, mas nós sempre precisamos ter em mente que fazer thrillers psicológicos e filmes de espionagem eram retrocessos ao começo da carreira de Hitchcock. Ele queria testar sua mão em gêneros como ficção científica, thrillers sobrenaturais, filmes de desastre e ideias experimentais, mas seu estúdio e sua própria insegurança o detiveram muitas vezes.

Para você, quais são os principais conceitos criados por Hitchcock na arte de fazer um grande filme? E por que os filmes dele ainda conseguem capturar a atenção de jovens cinéfilos?
Hitchcock sempre teve seu público na mente. Para ele, o principal era “segurar o público, fazê-lo se entusiasmar com a história e os personagens, e filmar tudo em jeitos ousados e excitantes. Entreter pessoas; fazê-las rir; deixa-las pensando que elas viram algo leve e superficial, mas por baixo de tudo isso, provocá-las; brincar com seus medos e desejos, dar a elas sonhos e pesadelos. Vestir, enfeitar e filmar seus atores de maneiras que eles parecessem impossivelmente belos. Faça o que quiser, mas não entedie a audiência”. Ele sabia que pessoas gostavam de ser assustadas, intrigadas, seduzidas e entusiasmadas – e ele sabia exatamente como entregar isso a elas. Ele sempre tentou ser um ponto fora da curva. Olhe só: em 1950, Alma Reville e o [roteirista] Whitfield Cook trouxeram à tona a ideia de usar flashbacks mentirosos e um narrador pouco confiável para “Pavor nos Bastidores”. Os críticos detonaram-no por isso. 45 anos depois, os críticos incensaram Christopher McQuarrie e Bryan Singer por fazer exatamente o mesmo em “Os Suspeitos”!

Qual é o seu filme favorito de Hitchcock, tirando, é claro, “Psicose”?
Isso é algo que muda em qualquer dia… “Intriga Internacional”, “Um Corpo Que Cai”, “Janela Indiscreta”, “Pacto Sinistro” – eles estão sempre em altas posições na minha lista. Talvez, por causa de um roteiro que eu estou desenvolvendo, “A Sombra de uma Dúvida” é um dos meus favoritos agora. Eu adoro suas sombras e luzes, seu senso de “bem” contra mal, a noção do que é ser uma família americana normal e proteger um perigoso assassino em seu seio. Tudo isso graças às contribuições de Thornton Wilder ao roteiro do filme.

E qual é o colaborador mais importante de Hitchcock ao longo de sua carreira?
Acredito que, além de Alma Reville, os mais importantes e cruciais colaboradores de Hitchcock foram seus melhores roteiristas, homens como Ben Hecht, John Michael Hayes e Ernest Lehman. Assim como muitos grandes diretores hoje e naquela época, Hitchcock teve problemas quando não encontrou bons roteiros. Como Ernest Lehman disse a mim certa vez: “Eu suei e trabalhei por muitos meses em coisas que muitos críticos depois chamaram de ‘gestos típicos de Hitchcock’”.

Seu livro traz à tona a ideia de que Hitchcock estava instigado a fazer de “Psicose” um filme melhor que “As Diabólicas”, do diretor francês Henri-Georges Clouzot, antecipando algo que aconteceria anos depois, quando toda uma geração de cineastas, atores e roteiristas foi altamente influenciada pelo cinema europeu. O que você pensa sobre isso?
Antes de ser conhecido como “As Diabólicas de Clouzot”, o projeto era conhecido como “As Diabólicas de Pierrie Boileau e Thomas Narcejac”. Hitchcock tentou comprar os direitos do filme para o cinema, mas perdeu a batalha para Clouzot. Depois, ele acabou por comprar alguns contos dos mesmos autores, em algo que se transformaria em “Um Corpo Que Cai” posteriormente, mas ele assistiu muitas vezes a “As Diabólicas”. Não há como não ver a influência do filme francês em muitos elementos de “Psicose”: ela está lá na montagem encardida, no enérgico p&b, no motel, nos personagens prosaicos, no detetive, nas cenas com água e mais além. No que toca ao cinema europeu, me limito a dizer que artistas sempre foram e sempre serão influenciados pelo trabalho de outros, às vezes conscientemente, às vezes não.

Quem são os cineastas herdeiros das principais ideias de Hitchcock hoje. E por quê?
Muitos diretores contemporâneos devem parte de seu trabalho a Hitchcock, mas é bom lembrar que ele era único. Seja como for, diretores como David Fincher, Darren Aronofsky, Tomas Alfredson, David Cronenberg, Paul Thomas Anderson, e até mesmo os irmãos Coen foram os que mais me passaram a noção de terem aprendido algo com Alfred. Os filmes desses homens são belamente feitos, e também são cheios de algo único, pessoal, obsessivo, obscuro e cheio de humor irascível. Assim como Hitchcock, estes também são artistas que contratam os melhores colaboradores, encorajando-os a fazer seu melhor trabalho. São diretores que tendem a fazer filmes cheios de camadas, sendo capazes de responder bem a repetidas execuções muitas interpretações. Eles não soletram ideias ou tornam as coisas fáceis para a plateia. Eles realmente acreditam no poder dom som e da imagem, e fazem filmes que atingem pontos nevrálgicos das relações humanas. [O cinema de] Hitchcock não é apenas sobre tensão, suspense e ângulos de câmera – isso é algo fácil e superficial de fazer. Acredito que os diretores que eu mencionei compartilham com Hitchcock o amor e a ciência de continuar a fazer filmes instigantes para o público, obras que tenham algo a dizer em um nível profundo.

Além de “Alfred Hitchcock e os bastidores de ‘Psicose’”, o senhor também trabalhou na Disney. Essa experiência profissional mudou o jeito que você via a indústria cinematográfica?
Eu escrevi o roteiro para um musical de TV da Disney, e também trabalhei no desenvolvimento de argumentos para muitas animações que o estúdio nunca chegou a produzir – embora eu ainda receba algumas ligações sobre eles de vez em quando. Fico muito agradecido de poder ter trabalhado com gente incrivelmente inteligente e talentosa nesses projetos. Por outro lado, ver tanto potencial indo por água abaixo foi desestimulante. A Disney tinha alguns conceitos sobre personagens, temas e estruturas de roteiro que me ensinaram muito, mas todos os projetos em que trabalhei aconteceram antes da era Pixar, infelizmente. Eles [a Pixar] são pessoas que sabem fazer filmes clássicos com um toque contemporâneo.

Nos últimos dez anos, vimos muitos estúdios de Hollywood abandonando suas divisões independentes, o que forçou muitos cineastas originais a lidar com baixos orçamentos, da mesma maneira que Hitchcock fez em “Psicose”. O senhor acredita que trabalhar com pouco dinheiro pode vir a ser uma solução para a indústria cinematográfica nos dias de hoje?
Obviamente, grandes orçamentos podem ser uma dádiva, mas também uma maldição. Pessoas talentosas, apaixonadas e comprometidas trabalhando de maneira econômica ou fora do radar de Hollywood podem ser capazes de produzir fantásticos longas-metragem. É o caso de “Indomável Sonhadora”, “Lunar”, “Amnésia”, “Pi”, “Fome”, “Todo Mundo Quase Morto” e “Mother – A Busca pela Verdade”. Acredito que é tudo uma questão de ter bom material. Se você tem algo que é insano, brilhante, enriquecedor e que foge ao senso comum, você será um foco de atração para bons colaboradores. Estou entusiasmado com o que pode acontecer a partir de tecnologias digitais a preços acessíveis e da explosão das redes sociais. Acho que filmes interessantes e pouco ortodoxos podem aparecer agora. Estamos em uma grande época para artistas que querem se engajar e têm algo a dizer. Antigamente, os meios de produção ficavam todos na mão dos grandes estúdios. Hoje eles estão na mão dos criadores. É, acho que isso parece correto para mim.

Em uma época em que a televisão era pouco valorizada como forma de arte, Alfred Hitchcock surpreendeu muita gente ao utilizar boa parte de sua equipe de “Alfred Hitchcock Apresenta…” [um programa de TV do qual o diretor era anfitrião no final dos anos 1950] em “Psicose”. Hoje, entretanto, a TV norte-americana e Hollywood competem para ter os melhores profissionais por perto. O que o senhor acha disso?
Eu aplaudo isso. Por décadas, a televisão foi considerada um degrau abaixo dos filmes de cinema. Vou te contar uma história que me contaram certa vez. Em 1959, o ator Steve McQueen fazia um grande esforço para se tornar uma estrela apenas trabalhando na TV, enquanto Anthony Perkins estava trabalhando em diversas produções cinematográficas, sendo um grande nome da Paramount Pictures. Todo mundo queria ser grande no cinema, e McQueen é conhecido por sua ambição. Para ele, Perkins era um competidor de nível altíssimo. Pois bem: McQueen estava filmando um show de TV no estúdio da Universal, e casualmente encontra Perkins, que o avisa que estava trabalhando para Hitchcock. McQueen fareja sangue e diz algo como: “Oh, você deve estar fazendo algo no programa de TV dele. Que pena que o projeto do filme não foi em frente”. Hoje, tudo isso mudou. Alguns dos melhores trabalhos em direção, atuação e roteiro são feitos na televisão, assim como muita gente boa está fazendo filmes de baixo orçamento. “Hitchcock”, por exemplo, atraiu um elenco extraordinário, tem o diretor de fotografia de David Fincher e quase toda a equipe técnica já foi indicada e venceu vários prêmios. Mas, vale ressaltar: tudo começa com um bom texto.

– Bruno Capelas (@noacapelas) é jornalista, escreve para o Scream & Yell desde 2010 e assina o blog Pergunte ao Pop.

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